INSERÇÃO DOS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO

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1 INSERÇÃO DOS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO Cristiano Zandoná (UNICENTRO), Franciele Soares Da Silva (UNICENTRO), Simão Ternoski (Orientador), Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Ciências Econômicas Economia Economia dos Recursos Humanos Mercado de Trabalho; Política do Governo Palavras-chave: Diferença-racial, Racismo, Negros. Resumo: A inserção do negro no mercado de trabalho brasileiro tem sido precário e dificultoso, na analise de 2012 a 2013 eles tiveram melhorias, mas ainda não conseguiram um lugar firme no mercado de trabalho, em sua maioria trabalhavam na construção civil e como empregadas domésticas, no caso das mulheres, sem contar que a maior parte dos negros recebeu no período, uma remuneração inferior ao do trabalhador branco. Observado a dificuldade enfrentada pelos negros na inserção no mercado de trabalho brasileiro, o artigo levanta a seguinte questão: no mercado de trabalho Brasileiro os negros seriam discriminados? Observando os dados históricos apresentados pela DIEESE sobre inserção do negro no mercado de trabalho brasileiro, é suposto de que mesmo nos dias de hoje o cenário ainda seja o da discriminação racial. É justificada a importância do estudo do tema, pois uma vez estudado o caso pode-se levantar soluções para combater o problema. O artigo apresenta em seu referencial teórico uma abordagem sobre a inserção dos negros no mercado de trabalho, cujo objetivo foi analisar a discriminação racial, especificamente analisar a visão da literatura que discute a discriminação racial. O método utilizado foi pesquisa bibliográfica. Introdução Apesar de todas as conquistas da raça negra durante os dois últimos séculos, ainda é evidente a existência de uma grande discriminação por parte da população brasileira. Fazendo com que os negros sejam colocados em patamares inferiores aos brancos. Em 2001, segundo IBGE (2003) a população de cor negra e parda representava cerca de 46% da população total no Brasil, enquanto a branca correspondia a pouco mais de 53%. Entre os que estão trabalhando, a proporção de negros e pardos ocupados é maior nos ramos agrícola, construção civil e prestação de serviços. A população branca, por sua vez, estava mais presente na indústria de transformação, no comércio de mercadorias, na área social e na administração pública. A Fundação Seade e o Dieese elaboraram um estudo sobre os negros no mercado de trabalho da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), com informações da Pesquisa de Emprego e Desemprego (SEADE, 2013). Os dados do estudo demonstrou melhorias em diversos indicadores, como por exemplo, no crescimento do nível de ocupação para os negros, no aumento de seus rendimentos e na expansão do contingente de trabalhadores com carteira assinada (SEADE, 2013).

2 O aumento de ocupados no mercado de trabalho na RMSP entre 2012 e 2013, tanto para mulheres como para homens foi em torno de 1% (EM QUE TEMPO ANO MÊS ETC...). Já entre os não negros, o nível ocupacional diminuiu, também para ambos os sexos. No último ano, 35,2% dos ocupados eram negros, sendo 16,4% mulheres e 18,9% homens. (SEADE, 2013 e DIEESE, 2013) A permanência desta situação é destaque em estudos sobre o racismo no mundo do trabalho, que vêm sendo realizada a partir dos dados colhidos pela PED - Pesquisa de Emprego e Desemprego, realizados pelo convênio DIEESE/SEADE/MTE-FAT e instituições regionais nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e no Distrito Federal. As elevadas taxas de participação observadas entre os negros contrariam a versão, ainda muito veiculada, de que eles não se dedicam ou não se dispõem a trabalhar, levando a associação direta entre a presença no mercado de trabalho e a realidade socioeconômica desfavorável vivida pela maioria da população negra brasileira. Nas regiões metropolitanas, é sempre mais intensa a incorporação de negros à força de trabalho, destacando-se o caso do Distrito Federal, onde a taxa de participação da parcela negra da população chega, em 2002, a 64,9%. Sabendo dos casos de racismo no Brasil o artigo levanta a seguinte questão: no mercado de trabalho Brasileiro os negros são discriminados? Dado os acontecimentos históricos supõem que existe a discriminação entre os negros no mercado de trabalho. Estudos indicam que nas áreas de trabalho como: construção civil, empregada doméstica e no ramo agrícola os negros estão em maior numero, no entanto, os trabalhadores brancos ocupam, na grande maioria, vagas com nível de hierarquia superior. A importância desse estudo se dá devido a necessidade de despertar várias visões que busquem combater a discriminação racial, não só no mercado de trabalho, mas também na escola. Materiais e métodos Segundo Gil (2008) a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, com informações de livros e artigos cientifico principalmente. Desta forma foi utilizado esse tipo de pesquisa como fonte de dados que permitiram verificar as hipóteses do estudo e cumprir com os objetivos. A pesquisa bibliográfica, para Macedo (1994, pg 69) é dividida em dois conceitos, um restrito e outro amplo. O conceito restrito é definido como a busca de informações bibliográficas, seleção de documentos que se relacionam com o problema de pesquisa e o respectivo fichamento das referencias para que sejam posteriormente utilizadas. Este é o primeiro passo para qualquer tipo de pesquisa, com o fim de revisar a literatura e não redundar o tema. O conceito amplo, segundo (Rodrigues,2007) é definido como planejamento global inicial de qualquer forma de pesquisa, o qual envolve uma serie de procedimentos metodológicos. Rodrigues (2007) complementa que a pesquisa bibliográfica é recuperar o conhecimento cientifico acumulado sobre um problema. Resultados e Discussões

3 Em se tratando do racismo no Brasil, são utilizados todos os tipos de argumentos que dizem respeito à habilidade, capacidade intelectual, formação, etc., para legitimar a não inserção do negro em ocupações qualificadas no mercado de trabalho. A ausência incontestável da população negra nos postos de trabalho mais qualificados e, portanto, nas classes de nível econômico mais elevado, e a divulgação destas informações que impõe a mídia, a academia e ao governo a emergência moral, mesmo que superficial, de promover propostas que visem em longo prazo a promoção da igualdade nacional. (Valenzuela,1993) No entanto, não deixam de ser ações imediatamente realizáveis, escolhas possíveis no interior das restritas alternativas socialmente criadas. Valenzuela (1999, p.173), socióloga e consultora da OIT (Organização Internacional do trabalho), afirma que essas medidas se concentram na orientação, na intermediação e na capacitação para o trabalho, com admissão focalizada. Em se tratando da inserção da população negra no mercado de trabalho no ano de 2012 e 2013, o DIEESE levantou dados nas principais capitais do Brasil, sendo elas. Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, São Paulo e Distrito Federal. (DIEESE PED/BELO HORIZONTE, 2014). Em Belo Horizonte, as informações captadas mostram um aumento na proporção de negros com 10 anos ou mais no mercado de trabalho, que passou de 56,6% em 2012 para 58,6% em Contabilizando mil pessoas negras ativas economicamente. Na situação de desemprego, constatou-se que a desigualdade entre negros e brancos se manteve no período analisado. Entre 2012 e 2013, as taxas de desemprego tiveram um crescimento tanto para negros quanto para não negros, porém a dos negros se manteve superior, em 7,2%. O aumento total de desemprego dos negros e não negros aumentou, os não negros desempregados apresentavam 4,8% em 2012 e em ,2%. Já os negros desempregados somavam 5,3% em 2012 e foram para 7,2% em As mulheres negras apresentaram as maiores taxas de desemprego, aumentando de 6,4% em 2012 para 8,1% em (DIEESE PED/BELO HORIZONTE, 2014). Na região metropolitana de Fortaleza, a taxa de desemprego total diminuiu, eram 8,9% de desempregados em 2012, passando para 8,0% em 2013 retomando uma trajetória de retração dos últimos anos. Essa redução de desemprego decorreu tanto pela maior oferta de vagas quanto pela redução da procura por trabalho, independendo de raça ou cor. Cabe ainda destacar que a redução de desemprego atingiu ambos os sexos, embora este fenômeno ainda recaia com maior intensidade sobre elas, as mulheres não negras de forma principal, passaram a deter a maior taxa de desemprego total sendo 9,8%, as trabalhadoras negras tem uma taxa um pouco abaixo das não negras sendo de 9,6%, e sobretudo, os homens negros 6,6% e não negros 6,8% (DIEESE PED/FORTALEZA, 2014). Na Região Metropolitana de Porto Alegre, de 2012 para 2013, a participação da população negra no mercado de trabalho teve uma leve redução, de 56,1% em 2012 diminuiu para 55,8% em Enquanto a não negra se elevou com mais 9 mil indivíduos trabalhando. Portanto, deu-se uma relativa estabilidade uma compensando a diminuição da outra. (DIEESE PED/PORTO ALEGRE, 2014). A taxa de desemprego apresentou diminuição entre 2012 e 2013, em ambos os casos analisados. Os negros tiveram reduzida a taxa de desemprego total

4 de 10,5% da respectiva População Economicamente Ativa (PEA) em 2012 para 8,7% em 2013, enquanto, entre os não negros, esta passou de 6,5% para 6,0% da PEA não negra no mesmo período. A variação das taxas de desemprego total para os negros foi maior (-17,1%) do que para não negros (- 7,7%). Esses comportamentos contribuíram para reduzir a diferença de incidência do desemprego entre os dois grupos populacionais. Ocorreu também diminuição no desemprego aberto tanto para negros como para não negros. (DIEESE PED/PORTO ALEGRE, 2014). Na Região metropolitana do Recife, a População Economicamente Ativa (PEA) é representada em 74% por negros conjunto de ocupados e desempregados. No conjunto de ocupados estão sobrerrepresentados em 73,6% e desempregados 76,9%. Para o primeiro segmento, essa sobrerrepresentação diz respeito a ocupações mais precárias, as quais não têm proteção social e com jornadas de trabalho mais extensas tendo menor remuneração. A taxa média de desemprego total no Recife cresceu para ambos os segmentos, os negros foram de 12,6% em 2012 para 13,5% em 2013, os não negros de 10,5% para 11,6%. Porem essa foi a segunda menor taxa já registrada de desempregados negros desde (DIEESE PED/RECIFE, 2014). Na Região Metropolitana de São Paulo, em 2013, a proporção de desempregados negros esta sobrerrepresentada em 41,6%, e da População Economicamente Ativa (PEA) (35,9%). Entre 2012 e 2013, a taxa de desemprego total declinou, para não negros foi de 10,0% em 2012 para 9,4% em 2013, a taxa dos negros teve pouco decréscimo de 12,4% foi para 12,0%. Apesar da taxa de desempregados negros ainda ser maior do que a de não negros, nos últimos anos, a diferença das taxas vem diminuindo, em 2002 a diferença era de 7,2 pontos percentuais, o que reflete em uma importante retração ao longo do período de 11 anos. (DIEESE PED/SÃO PAULO, 2014). A taxa de participação dos negros no mercado de trabalho, ou seja, a proporção da População Economicamente Ativa PEA em relação à População em Idade Ativa PIA era de 62,4% em Para não negros, a taxa era de 60,1%. Para ambos os grupos as taxas apresentaram redução entre (DIEESE PED/DISTRITO FEDERAL, 2014). Considerando informações de cor e sexo, a taxa de desemprego entre as mulheres negras ainda é mais elevada dentre os demais grupos. Em 2013, notou-se uma diferença de 7,5 pontos percentuais entre as taxas de desemprego das mulheres negras (15,9%) e homens não negros (8,4%). Comparado a taxa de desemprego entre as mulheres não negras e negras, as quais têm as mais elevadas taxas de desemprego, há diferença de 3,3 pontos percentuais. (DIEESE PED/DISTRITO FEDERAL, 2014). O racismo também inferioriza os gêneros por meio de privilégios que advêm da exploração e exclusão dos gêneros subalternos. Institui para os gêneros hegemônicos padrões que seriam inalcançáveis numa competição igualitária. A recorrência abusiva, a inflação de mulheres loiras, ou da loirização, na televisão brasileira, é um exemplo dessa disparidade. (CARNEIRO, 2003, pg. 119). CONCLUSÕES

5 O estudo buscou uma análise a respeito do racismo no mercado de trabalho, a metodologia empregada foi a bibliográfica e após a análise de dados do Dieese (2014) constatou-se que mesmo nos dias atuais os negros ainda não conseguiram uma inserção efetiva no mercado de trabalho, mas obtiveram melhorias de inserção em boa parte dos Estados estudados. As investigações permitiram verificar que os trabalhadores negros vem conseguindo se inserir cada vez mais no mercado de trabalho, porem, ainda são discriminados, ao passo que os percentuais de negros desempregados é maior que dos brancos. Do total de negros que estão inseridos no mercado de trabalho, boa parte estão inseridos no mercado informal (sem segurança de registro em carteira), ou como autônomos em serviços como de pedreiro, carpinteiro e faxineiras no caso das mulheres. Apesar das melhorias, os negros continuam sendo discriminados no mercado de trabalho sendo a maioria entre os desempregados, sendo assim confirma-se a hipótese. REFERÊNCIAS CARNEIRO, Sueli. Mulheres em movimento. Estudos Avançados, São Paulo, nº DIEESE. A inserção dos negros no mercado de trabalho em Belo Horizonte 2012/ < Acessado em 06 out. DIEESE. A inserção dos negros no mercado de trabalho em Distrito Federal 2012/ < >. Acessado em 07 out. DIEESE. A inserção dos negros no mercado de trabalho em Fortaleza 2012/ < >. Acessado em 08 out. DIEESE. A inserção dos negros no mercado de trabalho em Porto Alegre 2012/ < Acessado em 09 out. DIEESE. A inserção dos negros no mercado de trabalho em Recife 2012/ < >. Acessado em 10 out. DIEESE. A inserção dos negros no mercado de trabalho em São Paulo 2012/ < Acessado em 13 out. VALENZUELA, M.E. Igualdade de oportunidades e discriminação de raça e gênero no mercado de trabalho no Brasil. In: Abertura e ajuste do mercado de trabalho no Brasil: políticas para conciliar os desafios de emprego e competitividade. Brasília: OIT e MTE; São Paulo: Ed.34, p