O etanol na matriz energética brasileira
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- João Guilherme Washington Madureira Bergler
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1 O etanol na matriz energética brasileira Sergio Valdir Bajay Unicamp Luis Augusto Horta Nogueira Unifei Francisco José Rocha de Sousa consultor da Câmara Federal de Deputados, na área de energia
2 Evolução futura da matriz energética no Brasil o problema do planejamento O planejamento da evolução desta matriz é um problema que envolve múltiplos m ltiplos objetivos, dentre os quais podem ser destacados: suprimento da demanda energética a custos razoáveis; diversificação das fontes de energia e dos suprimentos, de forma a diminuir riscos de desabastecimento e minimizar o poder de mercado de alguns supridores grandes; e minimização de impactos ambientais e sociais negativos Como ocorre com todo problema multiobjetivo envolvendo objetivos conflitantes, deve-se buscar soluções de compromisso entre estes objetivos As fontes renováveis veis de energia, de uma forma geral, e as mais competitivas, em particular, desempenham um papel fundamental na busca destas soluções de compromisso
3 Evolução futura da matriz energética no Brasil alternativas de suprimento O Brasil dispõe de inúmeras meras alternativas para aumentar o seu suprimento energético a partir de fontes próprias; prias; poucos países ses no mundo são aquinhoados com tal diversidade e disponibilidade de recursos naturais que podem ser utilizados como combustíveis, ou para gerar energia elétrica De fato, analisando a série s histórica de dados disponíveis no Balanço o Energético Nacional, constata-se se que tem havido uma diversificação das fontes de energia de 1970 até Segundo as projeções do Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030), esta diversificação deve continuar aumentando até 2030
4 Evolução futura da matriz energética no Brasil fontes renováveis veis de energia Por outro lado, a participação de fontes renováveis veis na oferta interna de energia diminuiu de 57,7% em 1970 para 45,9% em 2007 e, segundo as projeções do PNE 2030, deve diminuir mais ainda, para 44,7%, em 2030 Embora o País s detenha uma participação de fontes renováveis veis em sua matriz bem superior à média dia mundial (12,9%, em 2007), está se caminhando na contramão da maioria dos demais países, que estão adotando uma série s de políticas ticas de fomento para incrementar a participação das fontes renováveis veis em suas matrizes energéticas
5 Evolução futura da matriz energética no Brasil impactos ambientais Um dos principais objetivos das recentes políticas ticas de fomento a fontes renováveis veis de energia no mundo tem sido a busca de reduções dos impactos ambientais negativos decorrentes da produção e do consumo de energia, sobretudo de diminuição das emissões de gases que causam o efeito estufa No Brasil, o inverso tem acontecido nos últimos ltimos anos, particularmente após s os resultados dos últimos ltimos leilões de energia nova, em que capacidades substanciais de geração termelétrica trica a óleo combustível e a carvão mineral, de elevado potencial poluidor, foram contratadas
6 Evolução futura da matriz energética no Brasil - custos Os custos marginais de suprimento dos principais combustíveis e da energia elétrica trica têm se mostrado, via de regra, crescentes nos últimos anos no Brasil Além m disso, háh muitas incertezas hoje em dia sobre os custos unitários de produção de várias v rias fontes e/ou tecnologias, como, por exemplo, petróleo e gás g s natural oriundos das camadas de pré-sal recém m descobertas, biodiesel,, usinas nucleares, usinas termelétricas tricas a carvão nacional, etc. Logo, para minimizar o custo do suprimento energético no País, o governo brasileiro deve fomentar a expansão de fontes energéticas de baixo custo unitário de produção, como as usinas hidrelétricas pequenas e grandes e o etanol, fontes que propiciam ao Brasil grandes vantagens competitivas
7 Evolução futura da matriz energética no Brasil planejamento energético O Brasil avançou no planejamento de sua matriz energética nos últimos anos, com a criação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que prepara os planos decenais e de longo prazo para o Ministério de Minas e Energia (MME) Avanços adicionais, no entanto, encontram hoje uma formidável barreira, que é a falta de políticas energéticas de longo prazo, que ainda precisam ser definidas pelo órgão rgão competente na administração federal, que é o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), presidido pelo Ministro de Minas e Energia e do qual participam os principais ministros afetos à área energética no País
8 Evolução futura da matriz energética no Brasil políticas e metas de longo prazo O País s se depara atualmente com duas grandes opções ões em relação à evolução futura de sua matriz energética Se forem mantidas as atuais políticas energéticas, a maior parte delas com uma perspectiva de curto ou médio m dio prazo, e com as regras de funcionamento dos mercados de combustíveis e de energia elétrica vigentes, a tendência é que a participação das fontes renováveis veis na oferta interna de energia diminua ainda mais que o previsto no Plano Nacional de Energia 2030 Se, por outro lado, o governo brasileiro quiser reverter este quadro, passando a fomentar de uma forma consistente e contínua nua as fontes renováveis veis de energia, sobretudo as mais competitivas como o etanol, ele terá que estabelecer políticas ticas e metas de longo prazo para balizar os novos exercícios cios de planejamento
9 Biocombustíveis vs. petróleo: perspectivas futuras no Brasil Depois de décadas d de desenvolvimento pioneiro de um mercado energético renovável vel no Brasil, em que dois biocombustíveis (etanol e biodiesel) ) são hoje largamente empregados, é importante avaliar as novas perspectivas que trazem o expressivo crescimento das reservas provadas e da produção de petróleo no Brasil até 2020 Há intenção de se ampliar a capacidade de refino em cerca de mil bpd até 2014, elevando em 67% a capacidade de refino nacional existente em 2008, para minimizar a exportação de petróleo bruto e agregar valor ao petróleo nacional
10 Biocombustíveis vs. petróleo: perspectivas futuras no Brasil Dessa forma, segundo os planos governamentais se propiciará a geração de grandes excedentes exportáveis de gasolina e de óleo diesel a partir de As condições destas exportações evidentemente dependerão do mercado externo na época Mantido o cenário de preços ao consumidor de gasolina e de etanol hidratado dos últimos anos, a grande maioria dos veículos com motores flexíveis vai continuar a ser preponderantemente abastecida com etanol Para assegurar a oferta necessária, vultosos investimentos na ampliação da capacidade de produção de álcool vêm sendo realizados pela iniciativa privada
11 Biocombustíveis vs. petróleo: perspectivas futuras no Brasil Um outro fator que atua no sentido de manter e até mesmo ampliar o espaço o do etanol diz respeito à perspectiva de significativos ganhos de produtividade do etanol no futuro, inclusive com o aumento de excedentes de energia elétrica É possível, no entanto, que a demanda por etanol seja fortemente afetada caso sejam implementadas políticas equivocadas, como por exemplo: a promoção do consumo de gasolina nos motores flex e do uso de óleo diesel no mercado atual do ciclo Otto, ou mesmo, se faltarem políticas claras no mercado energético para manter equilibrado o uso dos biocombustíveis
12 Biocombustíveis vs. petróleo: perspectivas futuras no Brasil Uma legislação específica para os biocombustíveis que tenha uma perspectiva de longo prazo, como ocorre nos EUA, por exemplo, seria uma seqüência natural às s legislações recentes propostas para o gás g s natural (já aprovada pelo Congresso Nacional) e para a exploração de petróleo e gás g s na camada do Pré-Sal, na costa brasileira Isto poderia assegurar um desenvolvimento futuro harmonioso da produção, consumo e exportações de biocombustíveis no País, vis-à-vis seus concorrentes de origem fóssilf
13 Leilões de energia nova: o cálculo c do ICB Modificações no cálculo c do Índice de Custo Benefício (ICB) das usinas termelétricas, tricas, utilizado nos leilões de energia nova no Ambiente de Contratação Regulada do mercado atacadista de energia elétrica no Brasil são necessárias, incluindo: levar em conta as condições de despacho fora da ordem de mérito, m utilizadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS); o fator de capacidade crescente destas usinas ao longo do período de seus contratos de suprimento; e refinar o cálculo c da Garantia Física F (GF), para plantas de biomassa (CVU nulo) e para usinas com elevado custo variável vel unitário (CVU), como as usinas a carvão importado e a óleo combustível
14 Necessidade de políticas de longo prazo para balizar a realização dos futuros leilões de energia nova O Ministério de Minas e Energia precisa implementar políticas de longo prazo que levem à inserção gradual de: usinas termelétricas tricas e unidades de cogeração que atendam a base da curva de carga do Sistema Interligado Nacional (SIN) com recursos não renováveis veis de CVU não muito elevado (usinas nucleares, centrais que consomem carvão nacional, e plantas de co-gera geração com gás g natural); centrais que utilizem fontes renováveis veis de energia e complementem a geração hidrelétrica nos períodos de baixa hidraulicidade (como plantas de cogeração com bagaço o de cana na região Sudeste Centro-Oeste), ou que atuem na base da curva de carga (PCH s s e plantas de cogeração consumindo resíduos da biomassa, incluindo os da cana de açúa çúcar); e parâmetros padronizados por tecnologia/combustível que reflitam os custos e benefícios sócios cio-ambientais das diversas opções de geração de energia elétrica no cálculo c do ICB
15 Uma nova regulamentação para os biocombustíveis no Brasil As condições atuais do mercado de combustíveis, diversificado em produtos e com importantes volumes de biocombustíveis sendo produzidos em centenas de unidades distribuídas das pelo País, aportando benefícios sociais e ambientais relevantes e com um parque consumidor com crescente grau de flexibilidade de escolha do combustível, é completamente diferente do contexto nos anos setenta, quando se regulamentou a introdução do etanol hidratado no País É preciso, frente à nova realidade e novas exigências, atendendo o interesse da sociedade, assegurar as perspectivas de sustentabilidade dos biocombustíveis no Brasil, cuja matriz energética deve manter-se baseada em uma elevada participação de recursos renováveis veis
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