Protocolo de cimentação de coroas unitárias: relato de caso

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1 Protocolo de cimentação de coroas unitárias: relato de caso Cementation protocol of single crowns: case report MARTINS, Lara Caroline Stival ; ARRUDA, Farid Jamil Silva ; BOER, Nagib Pezatti ; FERNANDES, Samuel Lucas 1. Graduanda de Odontologia, Universidade Camilo Castelo Branco, Fernandópolis, SP, Brasil. 2. Mestre em Prótese Dentária. Professor da Disciplina de Prótese Dentária do Curso de Odontologia, Universidade Camilo Castelo Branco, Fernandópolis, SP, Brasil. 3. Doutor em Ciências da Saúde. Coordenador do Curso de Odontologia,Universidade Camilo Castelo Branco, Fernandópolis, SP, Brasil. 4. Mestrando em Endodontia, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. Endereço para correspondência: Samuel Lucas Fernandes Faculdade de Odontologia de Bauru USP Disciplina de Endodontia Alameda Octávio Pinheiro Brisola, 9-75 Vila Universitária Bauru São Paulo Brasil samuel.fernandes@usp.br Recebido: 30/09/2014 Aceito: 28/11/2014 RESUMO Os dentes anteriores têm fundamental importância na estética da face, no entanto, a estética só poderá ser alcançada se houver conhecimento dos princípios básicos, como diagnosticar e traçar um plano de tratamento de acordo com as necessidades técnicocientí cas exigidas de cada caso. É imprescindível o exímio conhecimento dos sistemas cerâmicos oferecidos para a resolução de cada caso clínico. A cimentação adesiva nas restaurações cerâmicas esta diretamente relacionada ao tipo de cerâmica utilizada e à técnica de cimentação utilizada. A grande variedade de sistemas cerâmicos com composições distintas di culta a escolha do tratamento super cial aplicado. Assim, a compreensão das variáveis envolvidas nesse processo abrange uma vasta área do conhecimento. Este trabalho tem como objetivo revisar a literatura sobre os tipos de cimentos resinosos usados na cimentação de peças protéticas, e ilustrar a técnica e seleção de cor do cimento dual Variolink II (IvoclarVivadent) na reabilitação do elemento 21 com o sistema cerâmico E-Max (IvoclarVivadent). Palavras-chave: Cimentos dentários. Polimerização. Coroas ABSTRACT Anterior teeth are extremely important in facial aesthetics, however, aesthetics can be achieved only if there is knowledge of the basic principles, how to diagnose and outline a treatment plan according to the required technical and scientific needs of each case as well as the expert knowledge of ceramic systems offered for the resolution of the case. Adhesive cementation of these ceramic restorations is directly related to the type of ceramic used and cementation technique. A wide variety of ceramic compositions with different systems complicates the choice of surface treatment applied. Thus, understanding the variables involved in this process covers a wide area of knowledge. This paper aims to review the literature on the types of resin cements used for cementation of prosthetic pieces, and illustrate the technique and color selection of dual cement Variolink II (IvoclarVivadent) in the rehabilitation of the element 21 with ceramic system E-Max (IvoclarVivadent). Keywords: Dental cements. Polymerization. Crowns. 91

2 Protocolo de cimentação de coroas unitárias: relato de caso INTRODUÇÃO A busca frequente por tratamentos estéticos em Odontologia tem incentivado os fabricantes de materiais odontológicos utilizados em reabilitações estéticas a aprimorar seus produtos, visando trazer um sorriso mais harmônico, estético e funcional, devolvendo ao paciente, qualidade de vida e autoestima. As porcelanas e os cimentos resinosos, ano após ano, vêm sendo melhorados, atingindo um alto patamar de sucesso na reabilitação oral. Entretanto para se obter sucesso clínico é necessário um correto diagnóstico, planejamento e execução, associado ao 3,15 conhecimento dos materiais e técnicas utilizados. Os cimentos resinosos são indicados para cimentação nal de próteses unitárias e parciais xas com ou sem estrutura metálica, próteses parciais xas adesivas indiretas 4 e retentores intra-radiculares.a cimentação adesiva contribui para aumentar a resistência à fratura e minimizar a 10 microin ltração. Outro aspecto importante são as diferentes opções de cores, que viabilizam um melhor 1,3,5 resultado estético nas coroas cerâmicas. Essas opções são importantes para a realização das próteses de cerâmica pura, pois a cor do cimento utilizado exerce um efeito decisivo no resultado estético nal, principalmente quando a cerâmica de eleição apresentar alta translucidez, sendo necessário, requer cores especí cas do agente de cimentação para 6 maximizar a estética. Para auxiliar o clínico na escolha apropriada da cor do cimento, alguns sistemas possuem um material solúvel em água, chamado Try-in, com as mesmas cores do cimento. O material é aplicado como o cimento e o processo pode ser repetido até que se obtenha uma estética satisfatória. Além disso, é importante salientar que a espessura da cerâmica interfere diretamente na escolha da cor do cimento 2,6 resinoso.o propósito deste artigo é de relatar um caso clínico com um protocolo de cimentação de coroas unitárias elucidar a técnica de seleção de cor e de cimentação do Variolink II (IvoclarVivadente) em uma coroa metal free (E-Max) do elemento 21. moldagens foram encaminhadas ao protético para confecção da peça protética e foi confeccionada uma coroa provisória (Figura 2). Figura 1 - A. Aspecto inicial do sorriso. B. Aspecto inicial do elemento 21. Figura 2 - A, B. Aspecto do sorriso após a confecção da coroa provisória. Na segunda consulta foi realizada a remoção da cora provisória, com o objetivo de alcançar ótimos resultados nais, foi feita a prova da coroa de nitiva checando a adaptação, ajustes proximais com papel carbono. Foi realizada a seleção da cor com o auxílio da pasta de prova Try-in do Variolink II, que simula a cor do cimento póspolimerização. Os testes com o Try-in foram feitos nas cores transparente (TR), white opaque (OP) e yellow/universal (A3), sendo que a cor julgada mais ideal para o caso foi o white opaque (OP) (Figura 3). Para realização da cimentação adesiva, foi realizado o isolamento do campo operatório com dique de borracha, seguido da limpeza do preparo com escova de Robson e pedra pomes (Figura 4), lavagem e secagem. Colocou-se o o retrator #000 no sulco gengival para controlar o exudato e efetivar a cimentação da peça protética. Em seguida realizou-se a prova da peça veri cando-se a interferência do o na adaptação da peça (Figura 5). RELATO DE CASO Paciente de 36 anos de idade, gênero masculino, clinicamente saudável, procurou atendimento odontológico relatando insatisfação com a aparência estética do seu sorriso (Figura 1). Após exame clínico e radiográ co foi apresentado um planejamento clínico para confecção de coroa cerâmica IPS E-Maxno dente 21. Após a anuência do paciente com o plano de tratamento foram realizadas fotos e uma moldagem inicial para melhor comunicação com o protético. Foi feito o preparo do dente com pontas diamantadas e moldagem do preparo. Na sequência as Figura 3 -Seleção da cor com a pasta de prova Try-in.A. Cortransparente(TR). B.Cor yellow/universal (A3). C. Cor white opaque (OP). Figura 4 -A. Isolamento do campo operatório. B. Limpeza do preparo com escova de Robinson e pedra pomes. 92

3 Martins LCS, Arruda FJS, Boer NP, Fernandes SL Figura 5 -A. inserção do o retrator. B. Veri cação da adaptação da peça. Na técnica de cimentação adesiva é necessário o tratamento preliminar da restauração e do preparo dental. Foi realizada a limpeza da peça protética com spray de água para total remoção do Try-in. O tratamento da peça protética seguiu-se com o condicionamento com ácido uorídrico 10% por 20 segundos, lavando a mesma abundantemente com spray de ar/água e secagem, seguindo de banho ultrassônico por três minutos (Figura 6). Após a aplicação do silano (Monobondplus), aguardou-se um minuto e a peça foi seca com spray de ar para evaporar o solvente (Figura 6). O tratamento preliminar do dente se deu após a colocação do o retrator. Foi realizado o condicionamento com ácido fosfórico 37% por 15 segundos em dentina e 30 segundos em esmalte, seguindo de abundante lavagem e secagem. Aplicou-se o sistema adesivo (Excite DSC), secando com spray de ar (Figura 7). para evitar a interferência do oxigênio do ar na polimerização do cimento (Figura 10), seguindo com a polimerização em cada face por 40 segundos, iniciando pelas margens proximais (Figura 11). Sequenciando a técnica de cimentação, foi feito o acabamento e polimento da restauração com pontas diamantadas de granulação em torno de 25 um e discos exíveis, retocando as zonas proximais com tiras de acabamento e polimento.foi realizado um ajuste oclusão e polimento da margem cervical da restauração com pontas montadas de silicone ou discos de polimento (Figura 11). Figura 8 -A. Assentamento da peça e remoção dos excessos. B. Utilização do o dental para auxiliar na remoção de bolhas na linha de cimentação. C. Aplicação de glicerina (liquidstrip) na linha de cimentação. Figura 9 -A.Fotopolimerização nal da peça iniciando pelas faces proximais. B. Polimerização nal da peça por face palatina. Figura 6 -A. Condicionamento interno da peça com ácido uorídrico. B. Banho da peça em cuba ultrassônica. C. Aplicação do silano. D. Condicionamento com ácido fosfórico 37%. E. Aplicação do adesivo. Figura 10 -A. Ajuste oclusal com papel carbono. B. Polimento da restauração. Figura 7 -A. Disposição do cimento para manipulação. B.Inserção do cimento na parte interna da peça. C. Aspecto nal após a inserção do cimento. O cimento resinoso dual foi espatulado por dez segundos na proporção 1:1 de pasta base (na cor escolhida através da pasta de prova Try-in) e catalizadora, com tempo útil de trabalho de 3.5 minutos. O cimento foi aplicado com espátula na parte interna da peça protética (Figura 8). A peça foi colocada em posição delicadamente mantendo-a com uma ligeira pressão, eliminando os excessos com microbrush e o dental, mantendo a pressão digital (Figura 9). A linha de cimentação foi coberta com glicerina (liquidstrip) Figura11 -A. Aspecto inicial, antes da confecção da peça. B. Aspecto nal, após a cimentação de nitiva da peça protética. 93

4 Protocolo de cimentação de coroas unitárias: relato de caso DISCUSSÃO No caso clínico apresentado a porcelana pura foi o material de escolha uma vez que tem alta capacidade de mimetizar as características naturais dos dentes possibilitando o restabelecimento funcional e estético de dentes anteriores. A técnica de eleição deve ser a menos invasiva, contudo, é indispensável ter uma espessura adequada da porcelana, devido à possibilidade de melhor estética e estabilidade do material, permitindo a devolução da forma, função, contorno, textura super cial, alinhamento e a cor original do dente, comprovando ser uma alternativa 3,7,12 muito plausível e e caz. Como pode ser visto o uso das pastas Try-in na escolha da cor do agente cimentante foi uma condição sinequa non para o sucesso estético alcançado pela reabilitação desse elemento conferindo uma cor similar aos dentes vizinhos conferindo naturalidade ao caso, mostrando a importância 6 do uso das pastas Try-in. Dentre todos os outros cimentos existentes os que mais evoluíram foram os cimentos resinosos, principalmente por constituírem-se em materiais insolúveis e compatíveis com os sistemas adesivos, o que tornou possível a cimentação 12,14 adesiva para várias indicações. Os cimentos de dupla ativação ou presa ("duais") são indicados para cimentação de restaurações com maior espessura, a qual impediria a fotopolimerização nas camadas mais profundas de 16 cimento. Como podem ser observados no caso os cimentos resinosos duais permitem um bom tempo de trabalho, permitindo ao clínico um tempo de 3 a 5 minutos para 13 manipular e inserir o cimento na peça protética. Apesar disso, esses cimentos tem um ponto crítico que é a contração de polimerização visto que contrai a medida que 8 polimeriza. Sendo assim quanto melhor o preparo, moldagem e adaptação da peça, o risco de falhas adesivas torna-se menor. Como no caso em questão o cimento de escolha foi um cimento de cura dual, uma vez que esse cimento pode atingir a cura total mesmo que em sua totalidade não for sensibilizado pela luz. Essa é uma propriedade importante desse cimento que tem em sua carga partículas de ativação da polimerização em cadeia. Por outro lado os cimentos fotoativados estão contraindicados para a cimentação dessas peças protéticas umavez que a luz não consegue ultrapassar a camada opaca presente impedindo sua completa 9 polimerização. O sucesso da cimentação de uma peça protética não está somente ligado à escolha do tipo cimento ou da cor do mesmo. É necessário que o clínico tenha um bom conhecimento dos sistemas cerâmicos e suas indicações, bem como conhecimento dos princípios de oclusão e preparo da estrutura dentária. Lembrando sempre que a cimentação de nitiva das restaurações indiretas apresenta características únicas relacionadas aos comportamentos clínicos distintos de cada material. O fracasso clínico está muitas vezes relacionado à escolha errada do agente cimentante, sendo assim, o pro ssional não poderá utilizar o mesmo agente de cimentação em todos os casos, devendo estar atento às características inerentes a cada situação clínica, para que faça a escolha correta do material 11 cimentante mais adequado. No caso clínico apresentado, foi proposta a reconstrução do elemento 21 com coroa livre de metal IPS E-Max (ivoclarvivadent) e cimentação de nitiva com o cimento resinoso dual Variolink II (IvoclarVivadent), que teve sua escolha, não somente pela aparência estética desses materiais, mas devido as suas melhores propriedades físicas e químicas e, principalmente, pela forma biomecânica que os mesmos se comportam em relação aos elementos dentários. Diante do exposto, ca claro que a sequência correta, assim como a realização dos passos de modo cuidadoso, torna o procedimento clínico mais previsível, levando a resultados melhores e com maior longevidade. CONCLUSÃO A técnica de cimentação adesiva deve ser seguida de acordo com o protocolo de cimentação, para que haja uma longevidade da reabilitação estética. A prova da cor é um passo importante antes da cimentação de nitiva. A utilização correta dos materiais colabora diretamente com o sucesso desta etapa clínica. O cimento resinoso dual Variolink II constitui-se atualmente uma excelente alternativa em cimentação de coroas metal free. REFERÊNCIAS Archegas LR, Freire A, Vieira S, Caldas DB, Souza EM. Colour stability and opacity of resin cements and owable composites for ceramic veneer luting after accelerated ageing. J Dent. 2011;39(11): AzevedoCubas GB, Camacho GB, Demarco FF, Pereira-Cenci T. The effect of luting agents and ceramic thickness on the color variation of different ceramics against a chromatic background. Eur J Dent. 2011;5(3): Badini SRG, Tavares ACS, Guerra MA, Dias NF, Vieira CD. Cimentação adesiva - revisão de literatura. 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5 Martins LCS, Arruda FJS, Boer NP, Fernandes SL Cardoso PC, Decurcio RA, Lopes LG, Souza JB. Importância da pasta de prova (Try-In) na cimentação de facetas cerâmicas - relato de caso. ROBRAC. 2011;20(53): Clavijo VGR, Souza NC, Andrade MF. IPS e.max: harmonização do sorriso. R Dental Press Estet. 2007;4(1): D'Arcangelo C, De Angelis F, D'Amario M, Zazzeroni S, Ciampoli C, Caputi S. The in uence of luting systems on the microtensile bond strength of dentin to indirect resin-based composite and ceramic restorations. Oper Dent. 2009;34(3): Gonzalez MR, Ritto FP, Lacerda RAS, Sampaio HR, Monnerat AF, Pinto BD. Falhas em restaurações com facetas laminadas: uma revisão de literatura de 20 anos. Rev. Bras. Odontol. 2011;68(2): Kilinc E, Antonson SA, Hardigan PC, Kesercioglu A. Resin cement color stability and its in uence on the nal shade of all-ceramics. J Dent. 2011;39 Suppl 1:e30-6. Livaditis GJ. A chemical etching system for creating micromechanical retention in resin-bonded retainers. J ProsthDent. 1986;56(2): Magalhães AP, Cardoso PC, Souza JB, Fonseca RB, Pires-de-Souza FC, Lopez LG. In uence of activation mode of resin cement on the shade of porcelain veneers. J Prosthodont. 2014;23(4): Oliveira M, Cesar PF, Giannini M, Rueggeberg FA, Rodrigues J, Arrais CA. Effect of temperature on the degree of conversion and working time of dual-cured resin cements exposed to different curing conditions. Oper Dent. 2012;37(4): Pegoraro TA, Silva NR, Carvalho RM, Cements for use in esthetic dentistry. Dent Clin N Am. 2007;51(2): Sakamoto AS, Yuen MSY, Liu CH, Hirata R, Gomes JC. Clínico para laminados cerâmicos - relato de caso clínico. J ILAPEO. 2012;06(01): Souza TR, Leão JCB Filho, Beatrice LCS. Cimentos auto-adesivos: e cácias e controvérsias. Rev Dent [Internet] Apr [cited 2014 J a n 1 2 ] ; 1 0 ( 2 1 ) : A v a i l a b l e f r o m : Warnock RD, Rueggeberg FA. Curing kinetics of a photopolymerized dental sealant. Am J Dent. 2004;17(6):