Curso: Formação dos Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para a promoção da Agricultura Familiar Sustentável
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- Lorena Prado Eger
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1 Curso: Formação dos Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) para a promoção da Agricultura Familiar Sustentável
2 Com a aceleraça o do aquecimento global e o crescimento populacional, cada vez mais, o mundo pede um modelo de desenvolvimento sustentável e resiliente, baseado na conservação dos recursos naturais, na diminuição das desigualdades sociais e na redução do desperdício de alimentos. Sem dúvida, esse modelo de desenvolvimento tem sido o grande desafio dos governantes e de diversos segmentos da sociedade civil. Uma das alternativas adotadas para seguir esse caminho, é apoiar a agricultura familiar, com foco nas relações de gênero, geração e etnia visando à promoção da igualdade; na segurança alimentar e nutricional; e na inclusão social e produtiva dos agricultores no processo de desenvolvimento sustentável, com atenção especial para a redução do desmatamento e produção sem uso do fogo e sem agrotóxicos. Para essa transição agroecológica, a SOS Amazônia, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), por exemplo, vai realizar na região do Juruá o Projeto ATER Agroecologia, destinado a 800 famílias agricultoras. Mais de 40 comunidades serão beneficiadas com o projeto nos municípios de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo. O projeto terá duração de 36 meses e tem por objetivos trabalhar a produção agroecológica e orgânica nas Unidades de Produção Familiar (UPF), e destacar a necessidade de alternativas que visem a melhoria da produção rural, de olho no uso sustentável dos recursos naturais, ambientais, sociais e econômico.
3 Técnicos são capacitados para atuação diferenciada A equipe técnica da SOS Amazônia é composta por engenheiros florestais, assistentes sociais, técnicos agroflorestais, florestais, agroecológicos e agropecuários. Entre os dias 7 e 11 de outubro, no auditório da Embrapa/Cruzeiro do Sul, 27 técnicos participaram do curso Formação dos Agentes de Assistência Técnica e Extensão Rural para a promoção da Agricultura Familiar Sustentável, realizado pela SOS Amazônia, em parceria com o MDA. Ministrado pelo consultor Lucas Henriques, da Coordenação de Formação, Inovação e Sustentabilidade do MDA, o curso teve por objetivo possibilitar nivelamento conceitual e prático sobre temas importantes da extensão rural e colaborar na qualificação dos Agentes de Ater que vão atuar na Chamada Pública de Agroecologia. Com carga horária de 40 horas/aula, a formação dos agentes foi desenvolvida em eixos temáticos, com processo pedagógico favorável à construção coletiva do conhecimento e ao aprofundamento conceitual e metodológico. Dentre os temas estudados, estão o Histórico da Agricultura Familiar e sua contextualização regional, Agroecologia e Sustentabilidade, Pedagogia e Metodologias de ATER, Políticas Públicas da Agricultura Familiar, Inovações, Noções do Sistema Informatizado de ATER, Gestão de Contrato e Avaliação.
4 Depoimentos dos participantes do curso
5 Temos que conciliar o conhecimento que nós temos com a prática dos produtores, respeitando sua cultura, os saberes e o modo de vida deles. A ideia é levar alternativas para a melhoria da produção e, consequentemente, aumentar a qualidade de vida deles. Com a participação dos agricultores, vamos analisar alternativas para diversificar a produção, sem o uso do fogo. Sabemos que nessa região (Juruá), a produção de farinha é muito presente, então a diversificação ajuda na melhoria da renda e possibilita uma alimentação mais saudável. Outro ponto que marcou foram as ideias de Paulo Freire aplicadas na extensão rural, de como é importante termos sensibilidade e olhar crítico das coisas, sempre respeitando a forma que as famílias vivem, ou seja, valorizando a realidade local. A importância também de termos humildade e de nos indignar com as injustiças. Por exemplo, não podemos nos calar diante da violência contra a mulher, do desmatamento, da poluição dos rios, da centralização dos benefícios, porque há produtores que se sentem donos dos equipamentos que chegam para as comunidades, e muito mais (Maria Francisca Técnica Florestal).
6 É sempre bom ter instrução para levar ao produtor. Aprendi muito sobre o tema agroecologia, a importância do envolvimento das mulheres, dos jovens. Com o conhecimento que a gente teve no curso vamos ter muito a contribuir com os produtores rurais, ajudando a eles aumentarem sua renda sem agredir a natureza. Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi promover o envolvimento da mulher nas questões produtivas, sociais e culturais. O curso me deu segurança para ir a campo, com boas respostas e alternativas para o agricultor. Antes a gente ia com a ideia de que precisaríamos convencer os produtores a aderirem uma nova forma de plantio, mas o importante mesmo é o trabalho conjunto, sem imposição, valorizando o que ele já faz e propor inovações. Ou seja, temos que ter a humildade de reconhecer as limitações e a visão para reconhecer as oportunidades (Silvana Rebouças Técnica em agropecuária).
7 Percebi que, para a extensão rural, não existe um método que não possa passar por modificações, ou seja, temos que atuar com liberdade, respeitando a cultura, a diversidade de gêneros, principalmente, envolvendo as mulheres e os jovens nas atividades produtivas. A extensão rural deve ser sempre participativa, que permita o técnico e a família dialogar na busca de melhores sistemas produtivos, em compartilhar conhecimentos. A forma de atuar do técnico é por meio do bom diálogo, ou seja, nunca chegar com uma ideia pronta. E a partir de um consenso entre as partes, buscar uma forma de solucionar os problemas. O que mais me chamou atenção também foi a metodologia de ensino de Paulo Freire. Ele acreditava numa metodologia emancipadora, onde a construção da sociedade precisa ser feita pelo diálogo, e assim também deve ser feita a extensão rural (Paulo Monte de Souza Engenheiro Agrônomo).
8 Foi muito bom ouvir pessoas com experiências em diversas áreas. Aprendi mais sobre roçados sustentáveis e agora podemos trabalhar de forma mais adequada. A forma da abordagem junto aos produtores também é muito importante, onde devemos nos igualar aos produtores porque esse momento é uma troca de conhecimento. Então, posso dizer que o ponto de partida do nosso trabalho é a igualdade, procurando ser o mais simples possível (Aladin Costa de Menezes - Técnico em agroecologia). O aproveitamento do curso foi muito bom. Gostei, principalmente, de ver a integração do grupo com objetivo de levar melhorias para o campo e fazer uma extensão diferente (Evangelina Nascimento de Jesus Técnica Florestal).
9 Que todo esse conhecimento adquirido não possa ficar somente na teoria, que realmente possamos contribuir para a transição agroecológica, melhorando e diversificando a produção familiar e qualidade de vida das pessoas. Enfim, que esses ensinamentos reflitam em bons resultados (Davi de Lima Alemão Técnico em Agroecologia). O treinamento foi bom, o que mais me chamou a atenção foi a forma de abordagem junto aos produtores, tendo em mente de que os produtores rurais também são formadores de opinião. Então, devemos dialogar e não fazer imposições (João Félix Pinho Neto Técnico em Agropecuária). Quando nos envolvemos com a extensão rural, nos envolvemos também com as famílias. Então, temos que ter uma boa convivência em campo, priorizando a participação de toda a unidade familiar (Thauana Ariana Xavier - Engenheira Florestal).
10 Sem du vida, a gente tem que estar sempre se atualizando. Isso é o primeiro passo para sermos bons extensionistas. Devemos estar nas comunidades para conversar com os produtores, ouvir a opinião deles e nunca devemos chegar impondo o que pensamos. Mais do que nunca, devemos respeitar suas tradições e chegar às conclusões de melhorias em comum acordo com eles (Marnilda Correia de Souza Técnica em Agroecologia). Percebi que os ensinamentos foram de fundamental importância para a equipe. Vamos a campo capacitados, com novos conhecimentos e novas alternativas, e isso favorece e fortalece a agricultura familiar sustentável no Juruá (Maria Gleiciane de Oliveira Cruz Técnica em agroindústria).
11 Aprendi muito sobre a questão ambiental, principalmente, sobre a técnica dos roçados sustentáveis. Outro ponto que o instrutor do MDA nos passou é que a forma de se comunicar com o produtor é muito importante, ou seja, saber se expressar e ouvir. O curso também nos possibilitou a ficar um pouco por dentro dos conflitos agrários, que são muitos, e entender sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), os benefícios desse cadastro para a propriedade e para o produtor (Francisca de Souza Lima Técnica em agroecologia). Conhecimento nunca é demais. Tivemos uma troca de experiência muita rica, essencial para nós, extensionistas. A parte do curso que mais gostei foi a explicação das concepções de Paulo Freire, referente a educação na extensão rural. Então, para transmitir a importância da união visando fortalecer nosso trabalho, cito uma frase dele: Ninguém liberta ninguém. E ninguém se liberta sozinho. O ser humano se liberta em comunhão (Marcos Santos - Técnico em Agroecologia).
12 Cruzeiro do Sul, outubro de 2014
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