Campus São Cristóvão II Coordenador Pedagógico de Disciplina: Shannon Botelho 8º ano. TURMA: NOME: nº SISTEMAS CONSTRUTIVOS DO BRASIL COLONIAL
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- Sebastião Thiago Aragão Ferreira
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1 Colégio Pedro II Departamento de Desenho e 1 Campus São Cristóvão II Coordenador Pedagógico de Disciplina: Shannon Botelho 8º ano. TURMA: NOME: nº SISTEMAS CONSTRUTIVOS DO BRASIL COLONIAL Quando em 1500 a Frota de Cabral avistou as terras brasileiras, iniciou-se oficialmente a posse de um vasto território. O que fazer? Como povoar toda aquela vastidão territorial? Como proteger? Ou melhor, como construir casas, igrejas, fortes e outros prédios, que garantissem a proteção e o povoamento daquele lugar e de seus novos habitantes? Na praia, os homens que já habitavam a terra, possuíam respostas iniciais para um rápido assentamento de todas as pessoas que vinham com Cabral. Mas como fundar uma Colônia de Portugal apenas com casas compridas, de madeira e bambus, cobertas de palha? Seguramente, estes materiais seriam muito utilizados durante todo o período colonial para a construção civil garças à sua fartura na natureza. Madeira, palha, pedra. Faltava apenas o barro para completar a lista de materiais com os quais os portugueses edificaram uma nação, agenciando-os de formas variadas, incorporando e sincretizando técnicas de povos conquistados em suas viagens ultramarinas 1 Era necessário povoar, viver, construir de forma rápida, ocupando as terras com feitorias. Nem tudo dava certo, por vezes as construções ruíam, eram tentativas com erros e acertos, até que fosse definido um sistema de construção eficiente, resistente e duradouro que atendesse ao clima tropical desconhecido pelos portugueses. O desafio estava posto. Como construir um modelo que estivesse definido, quando ao sul não houvesse a matéria prima necessária para a execução do projeto? A riqueza de nossa arquitetura colonial reside justamente na criatividade e inventividade dos povos indígenas, africanos e portugueses que somando seus conhecimentos e tradições, deram soluções a todos os tipos de desafios que o novo território lhes impunha. 1- Arquitetura Civil TIPOS DE ARQUITETURA A arquitetura civil pertence ao período colonial brasileiro é composta por modelos arquitetônicos distintos e específicos. Ainda que em pouca quantidade, cada edifício possuía uma função específica dentro do sistema sociopolítico. Podemos destacar, entretanto, as tipologias que figuram em maior importância dentro deste cenário. 1 Mendes, Francisco Roberval. Arquitetura no Brasil: de Cabral a D. João VI. Rio de Janeiro: Ed. Imperial Novo Milênio, pg. 73 Equipe de 8º ano/2016: Profs Ana Céli Pimentel, Leandro Zamboni, Wânia Miranda.
2 Colégio Pedro II Departamento de Desenho e 2 2 Casas de Câmara e Cadeia Possuía função administrativa e representava o poder real sobre a colônia. Acumulava além de suas funções administrativas, funções judiciárias e penitenciárias. Dependendo das necessidades, o projeto arquitetônico poderia ser muito extenso, incluindo salas de audiência, arsenal de milícia, sala do juiz, plenários, etc. 3 Casa Térrea e Sobrados As casas térreas, ou habitações urbanas de único pavimento, eram residências de cidadãos da colônia. Possuíam janelas e porta para a rua, com telhado predominantemente dividido em duas águas. Janelas de madeiras pintadas com verniz de navio e paredes brancas (caiadas). Os sobrados por sua vez, constituíam a moradia de cidadãos com maiores recursos financeiros. Neles, as salas da frente do piso superior tinham a função de receber. Percebem sacadas das quais as pessoas que frequentavam a sala de receber poderiam observar a movimentação da rua. 4 - Arquitetura Religiosa Os primeiros templos religiosos construídos no Brasil seguiram o estilo tardio-renascentista ou maneirista português. Este estilo é caracterizado por possuir fachadas geometrizadas, com formas geométricas básicas, frontões triangulares, janelas simples e paredes marcadas pelo contraste entre pedra e superfícies brancas (paredes). A decoração, inicialmente, é quase inexistente. Os elementos Equipe de 8º ano/2016: Profs Ana Céli Pimentel, Leandro Zamboni, Wânia Miranda.
3 Colégio Pedro II Departamento de Desenho e 3 decorativos existentes estão normalmente fixados nas portadas, nos altares interiores com pinturas e azulejos. * Ausência de ornamentação na fachada, inspiração Maneirista. * Austeridade, rigidez formal. * Traçado geométrico, arcos plenos, linhas retas, frontão triangular, janelas retangulares. 5 - Arquitetura Militar * Simplicidade das Formas * Ausência de Decoração. * Racionalidade. * Emprego de formas geométricas. * Formas Estáticas, Regulares e Equilibradas. Nos primeiros anos da colonização uma das maiores preocupações da metrópole portuguesa era asseguração a vigilância e proteção da do território, ou seja, a posse das terras brasileiras. As primeiras fortificações foram povoadas com muralhas. Os fortes ou fortalezas apresentavam simplicidade em suas formas, ausência de decoração e contraste entre paredes brancas e pedras aparentes. TÉCNICAS CONSTRUTIVAS As Fundações A maneira mais simples e rápida de assentar paredes era o pau a pique, sistema utilizado pelos povos indígenas. Este consistia no fincamento de varas ou toras de madeira muito próximas, cujas bases eram queimadas no fogo para evitar o apodrecimento pela umidade. Existiu também a fundação corrida, denominada baldrame, confeccionada por pedras brutas, dispostas em uma cava de largura variável de 1,5m de profundidade, aplicada para receber as paredes em cima de si. Neste caso, para proteger a fundação e as paredes da água da chuva, a última fileira de pedras dispostas nesta cava, era elevada em relação ao terreno, formando um degrau acima do chão, impedindo assim, que a água umedecesse a parede e a fundação. Equipe de 8º ano/2016: Profs Ana Céli Pimentel, Leandro Zamboni, Wânia Miranda.
4 Colégio Pedro II Departamento de Desenho e 4 Tipos de Paredes As paredes, ou elementos verticais, podem ser classificados segundo suas características estruturais. Elas são: Paredes Autoportantes, que acumulam função de vedação e sustentação do edifício; e, Paredes de Vedação, possuem somente função de vedação. 1- Paredes de Pedra As paredes de pedra (autoportantes) foram largamente utilizadas na Colônia tanto por sua abundância como pela resistência às intempéries. Este método de construir resultava em muros e paredes de grande largura, que resistiam a alturas superiores a de outras técnicas. * Paredes resistentes, grande largura, alturas elevadas. * Mão de obra numerosa, comandada por mestres de obras especializados. *Dificuldade para abrir grandes vãos (janelas e portas pequenas como resultado). 2- Adobe e Tijolo As peças de Adobe ou Tijolos eram paralelepípedos que mediam em torno de 20 cm x 20 cm x 40 cm. Eram compactos e maciços, feitos de barro, fibras de vegetais e água, prensados manualmente em formas de madeira. Este material era conhecido há muito tempo pelos construtores e mestres de obras. Foi utilizado desde a Mesopotâmia, e assimilado pelos romanos em grandes construções, graças à sua resistência e força. A diferença entre as peças de adobe e os tijolos esta no modo de preparo. Os Tijolos são cozidos em fogueiras ou olarias, enquanto as peças de adobe são secas primeiramente à sombra e depois são colocados ao sol. Entre estes dois, o mais resistente é o tijolo, pois devido à queima, apresenta maior resistência à umidade. No Brasil colonial, a escolha entre os dois decorria principalmente da disponibilidade de madeira para a queima das peças. Equipe de 8º ano/2016: Profs Ana Céli Pimentel, Leandro Zamboni, Wânia Miranda.
5 Colégio Pedro II Departamento de Desenho e 5 * Feitos de barro, fibras de vegetais e água. * Prensados em formas de madeira. *Resistência e força. 3- Taipa de Pilão Esta técnica também é milenar. A taipa de pilão foi utilizada em todos os continentes ao longo da história devido a sua relativa facilidade de execução. Trata-se de um método construtivo que utiliza água, barro, fibras vegetais e aglomerantes (estrume ou sangue de animais). Esta mistura é assentada dentro de uma forma de madeira denominada taipal, dispostas ao longo das fundações corridas. Para a construção a mistura é compactada dentro do taipal em camadas de no máximo 20 cm. Quando a camada está seca, sobrepõem-se outra camada de 20 cm, até alcançar a altura desejada. Devido à fragilidade do barro para a sustentação, as paredes devem ter no mínimo 60 cm de largura, proporcionando um bom isolamento térmico. Outro fator de risco para este tipo de parede é a umidade, por isto, assentam-se estas construções acima do nível do chão, sob uma base de pedra, e protegem-se as paredes com largos beirais. 4- Madeira * Mão de obar numerosa, pois se trata de um processo artesanal. *Não pode ser executada em dias chuvosos. * Paredes largas (60 cm), *As janelas devem ser previamente demarcadas *Deve ser bem protegida da chuva e da umidade do terreno. A utilização de tabuado como elemento de vedação, técnica amplamente utilizada pelos imigrantes do sul do país, não era uma prática comum entre os portugueses. A forma mais comum de fixação, devido à ausência de pregos era a saia de camisa (uma tábua madeira por cima e outra por baixo sequencialmente), também aplicada em forros e tetos. Equipe de 8º ano/2016: Profs Ana Céli Pimentel, Leandro Zamboni, Wânia Miranda.
6 Colégio Pedro II Departamento de Desenho e 6 5- Taipa de Mão ou Pau a Pique Esta técnica também foi largamente utilizada devido a sua praticidade. Trata-se de uma malha vertical de madeiras, bambus, varas ou cipós, apoiada na fundação, em que de ambos os lados, manualmente os construtores vão aplicando uma mistura de barro molhado e fibras vegetais. É comum que depois de concluídas as paredes, seja aplicada uma camada de argamassa de barro para homogeneizar a estrutura, tapas fissuras e proteger a construção de intempéries. Este procedimento pode ser considerado uma técnica de larga utilização e duração. Ainda hoje esta técnica é utilizada por populações de poucos recursos materiais e em projetos de arquitetura que procurem se integrar a natureza. *Pouca resistência a intempéries, necessita de beiral e soleira. * Por não ser uma parede macia favorece a proliferação de insetos. * Técnica de fácil execução. Obs. O estuque segue a mesma lógica que a Taipa de Mão, entretanto ele somente é aplicado no interior das casas e é preparado com materiais mais refinados. Confere a construção um acabamento mais delicado. Soluções Arquitetônicas 1- Telhados e Coberturas A disponibilidade de material determinou ainda mais uma vez a opção para as coberturas. Num primeiro momento, aplicando-se a palha, como os índios. Eram utilizadas ainda cortes de cascas de árvores, ou palha, sapê e outros materiais impermeáveis. Com o inicio efetivo da ocupação do território e a crescente necessidade de edifícios mais resistentes e duradouros, implantaram-se as olarias para a produção não apenas de tijolos, mas também das telhas capa-e-bica ou capa-ecanal, marco na arquitetura colonial brasileira. Estas telhas ficaram também conhecidas como telhas de coxa, por terem a modelagem de coxas humanas. Muitas vezes, quando necessário estas telhas eram moldadas em coxas de mulheres africanas escravizadas, Equipe de 8º ano/2016: Profs Ana Céli Pimentel, Leandro Zamboni, Wânia Miranda.
7 Colégio Pedro II Departamento de Desenho e 7 dispostas ao sol para secarem e posteriormente levadas ao forno. As telhas eram dispostas predominantemente sobre madeiramentos de duas águas, podendo ser acrescidos nos telhados outras águas (inclinações de telhas), águas-furtadas e camarinhas conforme a complexidade do projeto. 2- Beirais O Brasil é um país tropical em que a realidade de grandes temporais é constante. Além disto, os índices de umidade relativa do ar e dos terrenos estão sempre elevados. Considerando a fragilidade de alguns materiais e métodos construtivos do período colonial, os beirais veem atender a demanda. Recorrendo a práticas desenvolvidas nas possessões orientais (Índia e Extremo Oriente), os construtores portugueses fizeram uso recorrente deste elemento que se tornou um referencial para a arquitetura colonial. Beirais alongados, com curiosos ou exóticos acabamentos. Este elemento é prioritariamente destinado à proteção contra as chuvas e seus efeitos danosos às paredes das construções, além de proteger, da insolação nos dias de sol. São executados de madeira, pedra ou argamassa, aplicados como arremates entre a parede e a projeção das últimas telhas. 3- Forros Os forros são utilizados para atender a solicitações diferentes nas diversas construções do período colonial brasileiro. Em alguns casos eles servem para rebaixar a altura do pé direito (altura do chão ao telhado), em outras para a manutenção da ventilação, ou principalmente para a valorização e decoração do ambiente. Predominantemente foi utilizada a madeira para a aplicação e confecção de forros, seja na arquitetura civil ou religiosa. Mas também foram utilizados outros materiais para sua confecção como: esteiras e entrelaçados de bambus recobertos com pós de mármore e barro. As forrações no período colonial podem ser classificadas em: Forro Liso, Forro em Caixotão e Forro em Saia e Camisa. Equipe de 8º ano/2016: Profs Ana Céli Pimentel, Leandro Zamboni, Wânia Miranda.
8 Colégio Pedro II Departamento de Desenho e 8 4- Pisos Assim como as coberturas, os revestimentos e pisos evoluíram à medida que a mão de obra pode ser especializar ou valorizavam-se os ambientes para morar, trabalhar ou rezar. Os primeiros exemplos utilizam seus materiais em estado bruto, como terra batida ou pedra sem nenhum aparelhamento. No caso da pedra, eram recolhidos fragmentos de dimensões variadas, aplicados diretamente sobre o solo, argamassados com barro. Com o avanço da técnica e o aperfeiçoamento da mão de obra, as pedras brutas foram sendo substituídas pelas pedras aparelhadas, principalmente em locais de maior prestígio, como nas Igrejas ou Casas de Câmara e Cadeia. Por fim, com a evolução da marcenaria e carpintaria, associada a novos instrumentos de trabalho, a madeira passou a compor uma nova forma de revestimento. Grandes tábuas de madeiras, justapostas, eram fixadas no chão em esquemas de macho e fêmea, ou ainda, com juntas-secas, compondo amplos e belos interiores. Esquadrias e Janelas A abertura de vãos na arquitetura colonial depende do sistema construtivo das paredes, de sua função, variando o acabamento e espessuras das peças. Mas normalmente no período colonial, as construções civis seguem a um padrão: Portas e Janelas retangulares, arrematados por arcos abatidos; soleiras, vergas e peitoris de pedra ou madeira. Os tipos de janelas foram evoluindo ao longo do período colonial, mas inicialmente eram compostas de tábuas justapostas contraventadas pelo exterior, sem nenhuma abertura. Por influência muçulmana, trazida de Portugal, os muxarabis compunham um conjunto que além de regular a ventilação e climatização interior, conferiam descrição e privacidade aos cômodos. Equipe de 8º ano/2016: Profs Ana Céli Pimentel, Leandro Zamboni, Wânia Miranda.
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