Moradores do Centro de Porto Alegre (RS) irão ao MP contra. regime urbanístico da região

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Maria das Neves Conceição Caiado
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1 Moradores do Centro de Porto Alegre (RS) irão ao MP contra projeto que flexibiliza regime urbanístico da região Terrenos de ambos os lados do museu Júlio de Castilhos podem ser beneficiados pelo projeto Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21 A Câmara Municipal de Porto Alegre adiou para a próxima quarta-feira (30) a votação do projeto de lei 38/2012, que permite a construção de empreendimentos inacabados no Centro Histórico através da alteração do regime urbanístico vigente na região. Pela medida, enviada em setembro do ano passado pelo prefeito José Fortunati (PDT), as obras paralisadas poderão ser retomadas sem o respeito ao atual plano diretor modificado em 2010.

de lei 38/2012, que permite a construção de empreendimentos inacabados no Centro Histórico através da alteração do regime urbanístico vigente na região.

2 O projeto seria votado hoje pelos vereadores, que resolveram adiar a apreciação para a próxima sessão. No entendimento dos parlamentares, o texto é bastante polêmico e demandará uma longa análise em plenário o que dificultaria a votação de outras propostas na sessão desta quarta (22). Com a garantia de mais uma semana para a tramitação do projeto, a Associação Comunitária do Centro Histórico pretende intensificar as pressões para que ele não seja aprovado. Os líderes comunitários irão se reunir com diversas bancadas ao longo dos próximos dias. Além disso, já está agendado um encontro com a Promotoria de Justiça de Habitação e Defesa da Ordem Urbanística do Ministério Público (MP). Associação Comunitária do Centro Histórico afirma de no número 1247 da Duque de Caxias poderão ser construídas três torres Foto: Ramiro Furquim/Sul21 De acordo com o presidente da associação, Paulo Guarnieri, o projeto de lei é inconstitucional. Solicitamos a intervenção do MP para que esta lei não seja aprovada. O plano diretor, que atribui o regime urbanístico e determina o índice

Com a garantia de mais uma semana para a tramitação do projeto, a Associação Comunitária do Centro Histórico pretende intensificar as pressões para que ele não seja aprovado.

3 construtivo (das regiões da cidade) vigorou de 1979 a Ele sofreu uma nova modificação em 2010, quando incorporou elementos trazidos pelo Estatuto da Cidade, em 2001, que vêm da própria Constituição de 1988, explica. Para ele, a proposta da prefeitura ignora a função social da cidade estabelecida pela Constituição ao possibilitar que algumas obras sejam concluídas através das normas estabelecidas pelo plano diretor de O Ministério Público não pode permitir que o prefeito valide uma construção baseada em um plano diretor que contraria a atual Constituição, observa Paulo. Acordo entre comunidade e empreendedor poderia garantir a obra, observa Sofia Cavedon A Associação Comunitária do Centro Histórico aponta que pelo menos dois empreendimentos que os moradores consideram negativos serão beneficiados com a aprovação do projeto 38/2012. Trata-se de dois terrenos na Rua Duque de Caxias, de ambos os lados do museu Júlio de Castilhos, nos números 1247 e No número 1247, Paulo Guarnieri informa que está prevista construção de três torres de 13 andares mas o líder comunitário reconhece que as informações ainda não são oficiais e não sabe precisar quem é o empreiteiro interessado na obra. Entretanto, no número 1195, a Píffero Construção Incorporação Ltda deseja erguer um hotel de 13 andares. O projeto foi debatido em uma audiência pública da Câmara Municipal no dia 17 de setembro. A Associação Comunitária do Centro Histórico entende que, com a viabilização destes dois empreendimentos possibilitada pelo projeto 38/2012, a região ficaria descaracterizada e o museu Júlio de Castilhos seria invisibilizado.

Para ele, a proposta da prefeitura ignora a função social da cidade estabelecida pela Constituição ao possibilitar que algumas obras sejam concluídas através das normas estabelecidas pelo plano

4 Sofia Cavedon exige que obras contempladas pelo projeto apresentem estudo de impacto de vizinhança Foto: Divulgação/CMPA Após a audiência pública do dia 17 de setembro, a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) da Câmara realizou uma visita ao terreno onde antigamente residia o ex-governador Borges de Medeiros e chegou a ser criado um grupo de trabalho para discutir o assunto entre a prefeitura, a comunidade, os vereadores e a Píffero Construção Incorporação Ltda. A vereadora Sofia Cavedon (PT) informa que existe a possibilidade de um acordo em que a construção do hotel seria recuada, possibilitando a presença de luz solar no museu Júlio de Castilhos e no prédio na esquina da Rua Duque de Caxias com a Rua Espírito Santo. Em contrapartida, o hotel seria mais alto compensando o empreendedor em termos de índices construtivos. De acordo com a parlamentar, essa possibilidade é aceita pela comunidade e pela construtora. Entretanto, a votação do projeto nos próximos dias pode inviabilizar a formalização do acordo. É responsabilidade do líder do governo na Câmara em

assunto entre a prefeitura, a comunidade, os vereadores e a Píffero Construção Incorporação Ltda.

5 convocar uma nova reunião para que haja acordo, cobra. A petista é autoria de uma emenda ao projeto que exige que as obras beneficiadas com a alteração do regime urbanístico apresentem um estudo de impacto de vizinhança. Obras da Duque de Caxias não poderiam ser beneficiadas pela lei, diz vereadora Quando foi remetido a Câmara Municipal, o projeto de lei 38/2012 listava quatro empreendimentos que seriam beneficiados com alteração de regime urbanístico para que suas obras pudessem ser concluídas. Um deles é o do número 1195 da Rua Duque de Caxias. Paulo Guarnieri irá ao Ministério Público para tentar barrar o projeto 38/2012 Foto: Vicente Carcuchinski Com as críticas da comunidade do Centro Histórico, a prefeitura acabou retirando a lista do texto do projeto. A vereadora Fernanda Melchionna (PSOL), que participou da vistoria da Cuthab no terreno, afirma que as fundações sequer foram colocadas. No entendimento da parlamentar, isso

Obras da Duque de Caxias não poderiam ser beneficiadas pela lei, diz vereadora Quando foi remetido a Câmara Municipal, o projeto de lei 38/2012 listava quatro empreendimentos que seriam beneficiados

6 significa que a obra nunca começou e que, portanto, não poderia ser contemplada pela proposta da prefeitura. Paulo Guarnieri, da Associação Comunitária do Centro Histórico, possui a mesma avaliação. O projeto de lei incentiva a conclusão de prédios inacabados. O conceito legal de uma obra já iniciada é aquela que tem suas fundações concluídas. Tanto o número 1195 como o 1247 da Rua Duque de Caxias não possuem fundações. Eu disse isso na Câmara, mas os vereadores parecem que não escutam, critica. Na audiência pública do dia 17 de setembro, Vitório Píffero, proprietário da construtora que deseja erguer o hotel ao lado do museu Júlio de Castilhos, informou que o terreno do empreendimento abriga, também, uma parte da Rua Espírito Santo. Neste trecho, as obras já haviam sido iniciados no final dos anos 1990, o que, no entendimento do empresário, possibilitaria a inclusão do empreendimento na lista de beneficiados pelo projeto de lei 38/2012. Por Samir Oliveira Manifestação do presidente da Associação Comunitária do Centro Histórico: Projeto da Prefeitura quer rasgar o Plano Diretor (por Paulo Guarnieri) Na tarde de hoje (quarta-feira, 23/10) está para ser votado na Câmara Municipal de Porto Alegre o Projeto de Lei do Executivo nº 38/12, que prevê incentivos à conclusão de obras inacabadas do Centro Histórico. Com apelo meritório, o PL encobre benefícios a empreendedores privados para a construção de prédios que mutilarão o bairro, promovendo impacto urbano irreparável, indo contra o que estabelece o nosso Plano Diretor. Dois endereços listados para receberem incentivos da Prefeitura estão localizados na rua Duque de Caxias (nº e 1.247), nos dois lados do Museu Julio de Castilhos.

Tanto o número 1195 como o 1247 da Rua Duque de Caxias não possuem fundações. Eu disse isso na Câmara, mas os vereadores parecem que não escutam, critica.

7 O primeiro será um Hotel com bandeira estrangeira, de 13 andares de altura. O edifício, com uma frente menor que o comprimento de um ônibus de turismo ficará colado à parede do anexo do museu, com recuo de um metro. Certamente sufocará nosso museu, que é um patrimônio da Capital e reúne um acervo histórico de extrema importância que pode sofrer deteriorações devido à umidade e à proliferação de fungos, potencializada pelo falta de vento e iluminação natural. No outro lado, junto ao Julio de Castilhos, serão construídas mais três torres, onde hoje está localizado o Safe Park. Somente para atender a necessidade de vagas para automóveis está prevista a construção de quatro pisos acima do estacionamento do Zaffari. Todo o fluxo viário gerado pelos empreendimentos circulará pelas ruas Fernando Machado, Duque de Caxias e pela parte superior do viaduto Otávio Rocha, locais de difícil mitigação do impacto sem a destruição do Patrimônio Histórico e Cultural. Se a matéria foi colocada na pauta para votação é porque o governo municipal tem os votos necessários para aprovar. Até o vereador Airto Ferronato (PSB), líder do Governo Fortunati (PDT) e que era o nosso trunfo, pois se posicionou contra a aprovação do projeto, está doente e foi substituído por Reginaldo Pujol (DEM). Aprovar a lei significa conceder a estes empreendimentos o benefício de se valerem do antigo Plano Diretor de Em termos de índices construtivos de áreas adensáveis no Centro da Capital, é uma mina de ouro para a especulação imobiliária. Só o constrangimento do olhar fiscalizador da cidadania nas galerias da Câmara HOJE é que poderá salvar o coração do nosso querido Centro Histórico. Paulo Guarnieri, presidente da Associação Comunitária do Centro Histórico de Porto Alegre

Certamente sufocará nosso museu, que é um patrimônio da Capital e reúne um acervo histórico de extrema importância que pode sofrer deteriorações devido à umidade e à proliferação de fungos,

8 Fonte: Sul21

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