Entenda o que está em jogo com a aprovação da

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1 Diário Catarinense, 11 de outubro de 2016 Entenda o que está em jogo com a aprovação da PEC do teto dos gastos Por: Larissa Linder Geral do plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília, durante sessão para votação da PEC 241 Foto: ANDRÉ DUSEK / AGENCIA ESTADO Desde que foi ventilada pela equipe do presidente Michel Temer assim que assumiu como interino, em maio a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 241, chamada de PEC do teto dos gastos, tem sido uma das principais bandeiras do governo federal, que alega ser necessária para ajustar as contas e fazer o país voltar a crescer e ter maior credibilidade.

2 PEC do teto dos gastos públicos deve ser votada nesta segunda Protesto em Florianópolis contra a PEC 241 termina em confronto de manifestantes com a PM Por outro lado, tem recebido duras críticas, entre elas, a de que os gastos comeducação e saúde seriam congelados. Um estudo do Ipea, por exemplo, concluiu que, com a PEC, o limite de gastos, além de não melhorar o investimento na área da saúde, não garantiriasequer o mesmo grau de acesso e qualidade dos bens e serviços oferecidos pelo SUS à população, que aumentará e envelhecerá de forma acelerada nos próximos anos. A despeito de todos os protestos e críticas, na segunda-feira Temer teve sua primeira vitória: conseguiu aprovar a medida na votação da Câmara com 366 votos a favor, sendo que precisava de 308. Ainda faltam três votações para a proposta realmente passar a valer. Mas, afinal o que está em jogo? O que vai mudar se a PEC do teto dos gastos for aprovada? O que diz a proposta aprovada na Câmara? Nos próximos 20 anos, o aumento dos gastos da União será limitado à inflação do ano anterior. Vale para órgãos do Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública. Com isso, se uma área eventualmente precisar de mais recursos (além da inflação), outra terá que gastar menos. Para saúde e educação, as regras passariam a valer em Após dez anos da medida, a base de cálculo poderá ser revista.o órgão que desrespeitar o teto ficará impedido, no ano seguinte, de contratar pessoal, dar aumento de salários, entre outras medidas punitivas, que ficam em vigor até que as despesas do órgão voltem ao seu limite.

3 O que mudou da proposta original para a aprovada pela comissão especial na quinta-feira passada? Diante da repercussão negativa, o governo fez uma pequena alteração para saúde educação em O texto aprovado pela comissão especial na quinta-feira determina que essas duas áreas só passarão a obedecer o limite de despesas a partir de No ano que vem, permanecem as regras atuais: piso de 18% da arrecadação federal para educação. Para a saúde, a legislação prevê hoje um aumento gradativo do percentual mínimo de investimento, de 13,2 % em 2016 e que chegaria a 15% em O que não será afetado pela PEC 241? As transferências do governo federal a Estados e a municípios, os gastos para eleições e os recursos do fundo destinado à educação básica. O que diz o governo federal? De acordo com o governo federal, o rombo nas contas públicas é de R$ 170 bilhões. Para o governo federal, a PEC 241 levaria a uma racionalização das despesas, fundamental para o reequilíbrio fiscal, a volta do crescimento e a queda da inflação, com benefício aos setores mais pobres.conforme artigo do economista Marcos Mendes, chefe da Assessoria Especial do Ministro da Fazenda, publicado na Folha de S. Paulo no dia 25 de setembro, entre 1997 e 2015, a despesa primária (despesa total menos juros da dívida) anual do governo triplicou em termos reais. Isso equivaleria a um crescimento médio de 6,2% ao ano acima da inflação. Segundo o economista, se a despesa continuar a crescer nesse ritmo, não haverá dinheiro para pagá-la.

4 O que diz a oposição? Partidos de oposição ao governo têm chamado a medida de PEC da Morte. Para eles, o teto vai cortar investimentos em saúde e educação. Cinco partidos fazem oposição à medida: PT, PCdoB, PSOL, PDT e Rede. Especialistas também corroboram essa tese. Para o professor de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Carlos Prado, que falou em um debate sobre o tema na Câmara, nesta terça-feira, o congelamento da política fiscal por 20 anos é grave, porque não considera possíveis mudanças no quadro macroeconômico de longo prazo. Um estudo do Ipea, publicado neste mês, avaliou o impacto da PEC 241 no SUS. A conclusão foi que a proposta impactará negativamente no financiamento e na garantia do : direito à saúde no Brasil. Diz o texto: Congelar o gasto em valores de 2016, por vinte anos, parte do pressuposto equivocado de que os recursos públicos para a saúde já estão em níveis adequados para a garantia do acesso aos bens e serviços de saúde, e que a melhoria dos serviços se resolveria a partir de ganhos de eficiência na aplicação dos recursos existentes. Ademais, o congelamento não garantirá sequer o mesmo grau de acesso e qualidade dos bens e serviços à população brasileira ao longo desse período, uma vez que a população aumentará e envelhecerá de forma acelerada. O que diz a PGR? Na sexta-feira, a Procuradoria Geral da República divulgou um parecer no qual afirma que a proposta é inconstitucional porque ofende a independência e a autonomia dos poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público. Para a ler o parecer na íntegraclique aqui.

5 O que falta para a PEC passar a valer? Como qualquer proposta de emenda à constituição, a PEC 241 tem que passar por 2 votações em cada uma das duas casas do congresso (Câmara e Senado). É aprovada ao obter em todas as votações três quintos dos votos dos membros de cada casa deputados e 49 senadores.no caso da 241, que já passou por uma votação na Câmara, agora ainda precisa passar por uma segunda votação na mesma casa. Só depois, vai ser analisada e votada no Senado.