I-014 REMOÇÃO DE SUBSTÂNCIAS HÚMICAS DE ÁGUA POR MEIO DO REAGENTE DE FENTON E DA FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO
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1 I-014 REMOÇÃO DE SUBSTÂNCIAS HÚMICAS DE ÁGUA POR MEIO DO REAGENTE DE FENTON E DA FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO Marcelo De Julio Engenheiro Civil pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Especialista em Gestão da Produção pela UFSCar. Doutorando em Hidráulica e Saneamento na Escola de Engenharia de São Carlos Universidade de São Paulo (EESC USP). Luiz Di Bernardo (1) Professor Titular do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos Universidade de São Paulo (EESC USP). Eduardo Fausto de Almeida Neves Professor do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Endereço (1) : Escola de Engenharia de São Carlos-USP. Dep. de Hidráulica e Saneamento. Av. Trabalhador São-Carlense, nº 400, Centro, São Carlos SP. CEP: Brasil - Tel: (16) , Fax: (16) , bernardo@sc.usp.br RESUMO Neste trabalho definiu-se uma metodologia para emprego do reagente de Fenton (Fe +2 /H 2 O 2 ) como agente coagulante no tratamento de água com cor verdadeira elevada (0 ± 5 uh) causada pela introdução de substâncias húmicas extraídas de turfa, empregando-se a flotação por ar dissolvido para clarificação da água. Foi estudado o efeito da dosagem de H 2 O 2, observando-se que a dosagem deste não precisa ser elevada. Estudou-se também a influência da ordem de adição dos produtos químicos, observando-se eficiências de remoção superiores quando foi dosado primeiramente o FeSO 4 x 7H 2 O, seguido do H 2 O 2. Por fim, estudou-se o efeito do tempo de oxidação na eficiência de remoção dos parâmetros medidos, sendo observado que não devem ser aplicados tempos superiores a 1 min e 30 s. Além disso, procurou-se simular o tratamento em ciclo completo, realizando-se ensaio de em areia após flotação, obtendo-se efluente de excelente qualidade, com cor aparente, turbidez e absorvância à 253,7 ηm remanescentes menores ou iguais a 2 uh, 0,40 ut e 0,009 cm -1, respectivamente, ferro total residual < 0,005 mg/l e COD < 0,001 mg/l. Tais resultados comprovam que o reagente de Fenton pode ser usado como agente coagulante no tratamento de águas de abastecimento, e também como agente oxidante. PALAVRAS-CHAVE: Coagulação, reagente de Fenton, substâncias húmicas, flotação por ar dissolvido. INTRODUÇÃO A cor presente em águas naturais é devida, principalmente, pela presença de substâncias húmicas (SHs) decorrentes da decomposição da matéria orgânica tanto de origem vegetal quanto animal. De modo geral, pode-se dizer que as SHs são uma mistura heterogênea de substâncias de natureza química diversa, constituídas de ácidos amorfos, predominantemente aromáticos, hidrofílicos, com cadeias polieletrolíticas (Snoeyink & Jenkins 1980). Para os valores de ph comumente encontrados em águas naturais, as SHs apresentam carga superficial negativa (O Melia et al., 1999) e como cor de depende do ph do meio, verifica-se uma diminuição da cor com aumento do ph (Mendes, 1989). A importância da remoção das SHs se deve ao fato delas conferirem características indesejáveis à água distribuída, destacando-se, segundo Ratnaweera et al., (1999), a possibilidade de formação de subprodutos da pré-oxidação e/ou desinfecção, complexar-se com metais pesados e micropoluentes orgânicos, e causar cor. Outros problemas ainda podem ser associados à presença de compostos orgânicos em águas destinadas ao uso doméstico ou industrial. Estes compostos complexam-se facilmente com óxidos e interagem com argilominerais, ácidos graxos e pesticidas, promovendo sua solubilização. Por estarem envolvidos com o metabolismo e respiração celular, alteram significativamente o ambiente. Certos compostos orgânicos, quando presentes em águas de abastecimento, podem causar sabor e odor, e proporcionar condições para o desenvolvimento de microrganismos, prejudicando a qualidade bacteriológica da água distribuída. Sua presença também tem sido relacionada à corrosão em sistemas de distribuição, e interferirem nos processos de desmineralização, proporcionando saturação acelerada das resinas trocadoras de íons ou membranas. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 1
2 A vantagem da utilização do reagente de Fenton (Fe +2 /H 2 O 2 ) decorre da possibilidade de se ter a pré-oxidação das substâncias húmicas e a coagulação das mesmas, pois o reagente de Fenton consiste na aplicação de íons de Fe +2 e peróxido de hidrogênio em meio ácido. Como mostrado na Equação (1), na reação do reagente de Fenton, é formado o radical livre hidroxila (OH ), altamente reativo (Eº = 2,33 V, cujo valor é superior ao do ozônio e apenas levemente inferior ao do flúor) e não seletivo, atuando como agente oxidante intermediário (com tempo de meia vida da ordem de milisegundos), capaz de oxidar efetivamente numerosas substâncias orgânicas (Peyton 1988; Nogueira & Guimarães 2000). Como ambos íons, Fe +2 e Fe +3, são coagulantes, o reagente de Fenton pode ter a dupla função de oxidação e coagulação nos processos de tratamento. Como o forte poder oxidativo do reagente de Fenton é devido à liberação do radical livre hidroxila, existe outra grande vantagem, pois diante da crescente degradação dos mananciais, principalmente pelo lançamento de despejos tanto domésticos quanto industriais, torna-se cada vez mais necessária a pré-oxidação da água afluente às estações de tratamento. Com o reagente de Fenton não há a possibilidade de formação dos indesejáveis compostos halogenados durante o processo de pré-oxidação, fato que não ocorreria utilizando-se o cloro como agente oxidante, produto este freqüentemente empregado quando a qualidade da água afluente à estação de tratamento requer esta etapa adicional de tratamento. Fe H 2O2 Fe + OH + OH equação (1) O presente trabalho teve como objetivo definir uma metodologia para emprego do reagente de Fenton como agente coagulante para remoção de substâncias húmicas de água fazendo-se uso da flotação por ar dissolvido para clarificação. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram realizados no equipamento floteste, que consiste numa unidade de flotação por ar dissolvido em escala de laboratório, trabalhando em batelada, cuja metodologia para a realização dos ensaios encontra-se descrita detalhadamente em Di Bernardo et al., (2002). A água utilizada nos ensaios foi proveniente do poço artesiano (sem cloro) que abastece o Campus I da USP de São Carlos, na qual foram adicionadas as SHs extraídas de turfa (de acordo com a metodologia proposta por Rocha et al., 1999) previamente filtradas em membrana de 0,45 µm, até conferir cor verdadeira à água de estudo de 0 ± 5 uh. Durante a realização dos ensaios, a água de estudo apresentou as seguintes características: ph variando de 4,94 a 5,; cor verdadeira entre 96 e 5 uh; absorvância à 253,7 ηm entre 0,139 e 0,153 cm -1 ; turbidez entre 0,46 e 0,81 ut; condutividade entre 69,7 e 72,8 µs/cm; e alcalinidade variando de 1,92 a 2,88 mg/l CaCO 3. A temperatura da água foi mantida em 20 ± 1ºC em todos os ensaios. Para a leitura da cor foram construídas curvas de calibração com as SHs extraídas em função do ph no espectrofotômetro DR/4000 U da Hach, seguindo-se o procedimento descrito no Standard Methods for the Examination of Water and Waste Water (1995). Os parâmetros da mistura rápida, floculação e flotação foram otimizados em laboratório, sendo obtidos os seguintes valores: Mistura rápida (T mr = s; G mr = 00 s -1 ); Floculação (T fl = 20 min; G fl = 20 s -1 ); Flotação (Pressão na câmara de saturação = 400 kpa; Tempo de saturação = 8 min; Taxa de recirculação = 15%), para as velocidades ascensionais de 15, e 5 cm/min. Para cada dosagem de sulfato ferroso estudada (15, 35, 40 e 45 mg/l) verificou-se a influência do aumento da dosagem de peróxido de hidrogênio (1 vez a estequiometria da reação do reagente de Fenton, 2 vezes, 3 x, 4 x, 5 x, 6 x, 7 x, 8 x, 9 x, x, 15 x, 20 x, e, para a dosagem de 40 mg/l de FeSO 4 x 7H 2 O, foram estudadas ainda 30 x, 35 x e 40 x, sendo que a equação química do reagente de Fenton é dada pela Equação 1). Exemplificando, sabe-se que 1 mol de FeSO 4 x 7H 2 O possui massa de 278,02 g, correspondendo a uma massa de Fe +2 de 55,85 g. De acordo com a Equação (1), tem-se que 1 mol de Fe +2 reage com 1 mol de H 2 O 2 (sendo a relação de 34,01/55,85). Sendo assim, uma dosagem de 15 mg/l de FeSO 4 x 7H 2 O corresponde a 3,01 mg/l Fe +2 (15 x 55,85/278,02), cuja estequiometria estabelece uma dosagem de 1,83 mg/l de H 2 O 2 (3,01 x 34,01/55,85). Para uma dosagem de 3x, tem-se 5,5 mg/l de H 2 O 2 (3 x 1,83). Foi estudada também a seqüência mais apropriada de adição dos produtos químicos (primeiramente a ordem normal, ou seja, FeSO 4 x 7H 2 O seguido do H 2 O 2, ou invertendo-se esta ordem, ou ainda simultaneamente) e foi avaliado o efeito do tempo da etapa oxidativa na eficiência de remoção dos parâmetros medidos, sendo testados tempos de oxidação de 1 min e 30 s, 3 min, 5 min, 7 min e 30 s, min e 15 min.` ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 2
3 Primeiramente avaliou-se a influência do aumento da dosagem de H 2 O 2 em relação a uma das dosagens de sulfato ferroso estudadas, sendo adotados para isto a chamada ordem normal de adição dos produtos químicos (ou seja, primeiro FeSO 4 x 7H 2 O e depois o H 2 O 2 ) e tempo de oxidação de 1 min e 30 s, pois ensaios preliminares deram indícios de que esta seria a metodologia mais apropriada. Não se adotou um tempo de oxidação menor que 1 min e 30 s, pois este é o menor tempo possível no equipamento floteste utilizado. O tempo de oxidação é contado à partir da dosagem do sulfato ferroso (na ordem normal, sendo que na seqüência é dosado o peróxido de hidrogênio) até imediatamente antes de se dosar o agente alcalinizante ou acidificante, quando então se passa a contar o tempo de mistura rápida. O gradiente de velocidade médio da etapa oxidativa e de mistura rápida foi o mesmo em todos os ensaios, pois ensaios preliminares conduziram às maiores eficiências de remoção dos parâmetros medidos empregando-se esta metodologia. Após a dosagem do sulfato ferroso e do peróxido de hidrogênio (tanto na ordem normal, como na inversa, ou ainda na simultânea) era coletada uma amostra para a leitura do ph de oxidação, e logo após a dosagem do agente alcalinizante ou acidificante era coletada outra amostra para a leitura do ph de coagulação. De posse da dosagem de peróxido de hidrogênio em relação à dosagem de sulfato ferroso definida anteriormente, passou-se para a etapa seguinte, ou seja, a verificação da seqüência mais apropriada de adição dos produtos químicos, sendo que nesta etapa também foi fixado o tempo de oxidação de 1 min e 30 s. Por fim, de posse da dosagem de peróxido de hidrogênio e da seqüência de adição dos produtos químicos definidas anteriormente, passou-se para a verificação da influência do tempo da etapa oxidativa. Para o monitoramento dos ensaios foram realizadas medidas do ph da etapa oxidativa, do ph de coagulação e do ph da água flotada (para se definir qual curva previamente construída no espectrofotômetro seria utilizada para as medições de cor aparente do subnadante), além da cor aparente e absorvância à 253,7 ηm (DR/4000 U da Hach) da água flotada. A solução de sulfato ferroso, FeSO 4 x 7H 2 O, (granular, P.A., fabricante J.T. Baker) foi preparada com concentração de g/l e a de peróxido de hidrogênio, H 2 O 2, (29%, P.A., fabricante Synth) com concentração de 0,1 M. Para ajuste dos valores de ph foram usadas soluções 0,1 N de hidróxido de sódio, NaOH, (perlas, A.R., fabricante Mallinckrodt) e ácido clorídrico, HCl, (36,5-38%, P.A., fabricante Synth). Para as medidas de cor aparente e absorvância à 253,7 ηm da água flotada foi levado em conta o efeito de diluição causado pela introdução de água saturada proveniente do poço artesiano (sem cloro) do Campus I da USP de São Carlos. Embora tenham sido coletados dados para as dosagens de 15, 35, 40 e 45 mg/l de sulfato ferroso, neste trabalho serão mostrados apenas os resultados para a dosagem de 15 mg/l, pois esta dosagem foi selecionada nos diagramas de coagulação como sendo uma das dosagens que conduziu às maiores eficiências de remoção para os parâmetros medidos, sendo que as demais dosagens foram adotadas inicialmente para a definição da metodologia para emprego do reagente de Fenton como agente coagulante, e posteriormente, com a construção dos diagramas de coagulação, constatou-se que essas dosagens haviam sido muito elevadas. Entretanto, os autores gostariam de salientar que para todas as dosagens estudadas observou-se o mesmo comportamento. No intuito de se tentar simular o tratamento em ciclo completo, realizou-se também a em areia após a flotação, empregando-se para isto os três jarros do floteste, onde a água flotada foi filtrada empregando-se os FLA (Filtro de Laboratório de Areia) que possui diâmetro interno de 19 mm e meio filtrante constituído de areia com cm de espessura. Para cada jarro do floteste foi variada a granulomentria da areia, de acordo com a Tabela 1. A vazão média de foi de 16 ml/min e a coleta se deu para o tempo médio de de 30 min. Para a realização deste ensaio seguiu-se a metodologia proposta por Di Bernardo et al., (2001). Tabela 1 Granulometria da areia empregada no ensaio de após flotação. Faixa de Tamanho Tipo de Areia (mm) A 0,27 a 0,59 B 0,42 a 0,84 C 0,59 a 1,41 ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 3
4 Neste ensaio de mediu-se também a turbidez (20P Turbidimeter da Hach) remanescente, a concentração de carbono orgânico dissolvido, COD, (Total Organic Carbon Analyzer, TOC 5000A, da Shimadzu) remanescente e a concentração de ferro total residual (espectrofotômetro de absorção atômica, modelo AA-1275, da Varian), além dos parâmetros que já vinham sendo medidos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na literatura consultada foram observados valores do ph de coagulação para o reagente de Fenton acima de 8,0, como por exemplo para efluente de indústria têxtil possuindo DQO (Demanda Química de Oxigênio) igual a 608 mg/l e cor de 960 ADMI (Kang & Chang, 1997). Entretanto, durante a realização dos ensaios referentes ao presente trabalho, constatou-se que para a água contendo as substâncias húmicas, não ocorreu a formação de flocos para valores de ph de coagulação acima de 7,0, sendo que o ponto selecionado no diagrama de coagulação, apresentando dosagem de 15 mg/l de FeSO 4 x 7H 2 O, 5,5 mg/l de H 2 O 2 e 4,5 mg/l de NaOH, apresentou ph de coagulação por volta de 5,8. Efeito do aumento da doagem de H 2 O 2 Analisando-se a Figura 1 verifica-se que, para as dosagens de peróxido de hidrogênio estudadas não foram observadas variações significativas na remoção dos parâmetros analisados, com exceção das variações inerentes de uma investigação experimental. Observa-se, contudo, uma tendência de obtenção dos melhores resultados para as dosagens mais baixas. Lau et al., (2001) trataram efluente de reator UASB (alimentado com chorume) apresentando DQO de 1500 ± 160 mg/l e COT (Carbono Orgânico Total) de 470 ± 140 mg/l empregando coagulação com o reagente de Fenton. Também foi avaliada a influência do aumento da dosagem de H 2 O 2 na eficiência de remoção de COT para dosagem de Fe +2 de 300 mg/l e dosagens de H 2 O 2 variando entre 0 e 00 mg/l (aproximadamente entre 0,5x e 5,5x), tendo sido observadas eficiências de remoção semelhantes para dosagens de H 2 O 2 a partir de 300 mg/l (~1,6x). Sendo assim, os resultados obtidos por estes autores estão de acordo com os obtidos nesta pesquisa. Lau et al., (2001) comentam que o aumento na dosagem de H 2 O 2 não implicou num aumento de remoção de COT, pois o H 2 O 2 em altas concentrações pode ter se combinado com OH de acordo com a Equação (2). H OH + O HO H O equação (2) No caso de uma estação de tratamento de água, parece ser mais conveniente adotar a dosagem de 3x, pois caso os operadores cometam algum pequeno erro na dosagem deste produto, isto não acarretará em quedas de eficiência. Além disto, o peróxido de hidrogênio se decompõe com o tempo, principalmente em presença da luz e a temperaturas elevadas, e como nas estações de tratamento geralmente as compras de produtos químicos são mensais e as condições de armazenamento nem sempre são as mais apropriadas, uma pequena decomposição não acarretaria em prejuízos à qualidade do efluente. Sendo assim, a dosagem selecionada de peróxido de hidrogênio em relação à estequiometria da reação do reagente de Fenton (Equação 1) foi de 3x. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 4
5 Tipo de Areia Porcentagem Remanescente da Absorvância à 253,7 ηm - (A/A 0 )* x 2x 3x 4x 5x 6x Dosagem de H 2 O 2 7x 8x 9x x 15x 20x 15 5 Va (cm/min) Figura 1 Porcentagem remanescente da absorvância à 253,7 ηm [(A/A 0 )*0] em função do aumento da dose de H 2 O 2 para dosagem de 15 mg/l de FeSO 4 x 7H 2 O e 4,5 mg/l de NaOH, para as três velocidades ascensionais consideradas. Tabela 2 Resultados do ensaio de em areia após flotação. Cor Ap. rem. após flotação (uh) Abs rem. à 253,7 ηm após flotação (cm -1 ) % rem. Abs* após flotação - (A/A 0 )*0 ph oxid ph coag ph flot ph filtr 15cm/min 5cm/min 15cm/min 5cm/min 15cm/min 5cm/min Cor Ap. rem. após (uh) Abs rem. à 253,7 ηm após (cm -1 ) % rem. Abs após - (A/A 0 )*0 Turbidez após (ut) COD** após (mg/l) Fe total residual após (mg/l)*** A 4,29 5,81 6,32 6, ,4 0, < 1 0, ,40 <0,001 <0,005 B 4,30 5,81 6,36 6, ,085 0, < 1 0, ,36 <0,001 <0,005 C 4,30 5,75 6,32 6, ,114 0, , ,35 <0,001 <0,005 * Abs: Absorvância; ** Carbono Orgânico Dissolvido (COD) da água de estudo = 1,118 mg/l; *** Ferro total da água de estudo = 0, mg/l. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 5
6 Seqüência de adição dos produtos químicos Analisando-se a Figura 2, observa-se uma diferença pouco significativa decorrente da seqüência de adição dos produtos químicos, sendo que a ordem normal (primeiramente FeSO 4 x 7H 2 O seguido do H 2 O 2 ) foi a que conduziu aos melhores resultados. Cor Aparente remanescente (uh) Va 0 (cm/min) 5 Normal Inversa Simultânea Ordem de Adição Figura 2 Efeito da seqüência de adição dos produtos químicos na eficiência de remoção de cor aparente para dosagem de 15 mg/l de FeSO 4 x 7H 2 O, 5,5 mg/l de H 2 O 2 (3x) e 4,5 mg/l de NaOH, para as três velocidades ascensionais consideradas. Pala & Erden (2004) trataram chorume empregando o reagente de Fenton e utilizaram a seguinte seqüência: ajuste do ph com ácido para aproximadamente 3; adição de sulfato ferroso; adição do peróxido de hidrogênio; tempo de oxidação de 30 min a 20º C; sedimentação por 15 min; coleta do sobrenadante e adição de soda cáustica para ajuste do ph para 11; mistura lenta por 20 min a 30 rpm; sedimentação por 4 h. Percebe-se que estes autores empregaram a mesma seqüência de adição de produtos químicos que foi utilizada nesta pesquisa. Efeito do tempo de oxidação Por meio da análise da Figura 3 percebe-se claramente um aumento da cor aparente remanescente à medida que se aumenta o tempo de oxidação, comportamento este observado para as três velocidades ascensionais estudadas. Percebe-se também nesta figura que os menores valores de cor aparente remanescente resultaram no menor tempo de oxidação (1 min e 30 s). Adicionalmente, observou-se (visualmente) uma diminuição no tamanho dos flocos com o aumento do tempo de oxidação, principalmente para os maiores tempos de oxidação. ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 6
7 0 Cor Aparente remanescente (uh) , ,5 Tempo de Oxidação (min) Va (cm/min) Figura 3 Efeito do tempo de oxidação na eficiência de remoção de cor aparente para dosagem de 15 mg/l de FeSO 4 x 7H 2 O, 5,5 mg/l de H 2 O 2 (3x) e 4,5 mg/l de NaOH, para as três velocidades ascensionais consideradas. Na verificação do efeito do aumento da dosem de H 2 O 2, da seqüência de adição do produtos químicos e do efeito do tempo de oxidação foram apresentados somente os resultados para a cor aparente ou para a absorvância à 253,7 ηm (e não ambos os resultados), pois eles seguiram exatamente o mesmo comportamento. Filtração após Flotação A Tabela 2 contém os resultados do ensaio de em areia após flotação, na qual é constatado que para as três areias com diferentes granulometrias, a cor aparente e a turbidez remanescentes após foram sempre menores ou iguais a 2 uh e 0,40 ut, respectivamente, e que a concentração de ferro total residual foi sempre menor que 0,005 mg/l. A Portaria 518 do Ministério da Saúde (de 25 de março de 2004) estipula um valor máximo permitido para a cor aparente de 15 uh e um valor máximo permitido após a rápida (tratamento em ciclo completo ou direta) para a turbidez de 1 ut, recomendando como meta a obtenção de efluente filtrado com valores de turbidez inferiores a 0,5 ut. O valor máximo permitido para a concentração de ferro total residual é de 0,3 mg/l. Sendo assim, o tratamento em ciclo completo com o reagente de Fenton empregado como agente coagulante atende ao padrão de potabilidade vigente no Brasil (em relação a estes parâmetros medidos). Os valores de absorvância à 253,7 ηm da água filtrada também foram pequenos, com o menor valor encontrado de 0,003 cm -1 (para a areia com menor granulometria) e o maior valor de 0,009 cm -1 (para a areia com maior granulometria). A concentração de COD na água filtrada é baixa (abaixo do limite de detecção do equipamento utilizado) indicando que a formação dos indesejáveis subprodutos da desinfecção com cloro seriam inexistentes ou insignificantes. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Com base nos resultados obtidos neste trabalho, concluiu-se que: ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 7
8 i) após filtrar a água flotada nos filtros de laboratório de areia, procurando-se simular o tratamento em ciclo completo, a água filtrada apresentou cor aparente 2 uh, turbidez 0,40 ut e concentração de ferro total residual < 0,005 mg/l, atendendo portanto à Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde e confirmando que o reagente de Fenton realmente pode ser usado como agente coagulante e não só como oxidante, como vastamente empregado e encontrado na literatura especializada. Além disto, a substituição do sulfato de alumínio (coagulante mais utilizado no Brasil) pelo sulfato ferroso é extremamente benéfica, pois há uma certa polêmica entre os especialistas da área com relação ao uso do sulfato de alumínio, em virtude deste produto poder causar problemas de saúde. Já o sulfato ferroso além de não estar associado a nenhum problema de saúde em seres humanos, vem sendo empregado no combate à anemia, sendo a massa de pão enriquecida com este produto e empregada na merenda escolar apresentando excelentes resultados, conforme estudo coordenado pela pesquisadora Maria Inês Ré do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT). Outro ponto positivo é que o sulfato ferroso é o sal de ferro mais barato existente no mercado. Sendo assim, recomenda-se incluir o reagente de Fenton na lista de produtos químicos a serem testados em ensaios de tratabilidade; ii) os valores de absorvância à 253,7 ηm da água filtrada também foram baixos, com o menor valor encontrado de 0,003 cm -1 (para a areia com menor granulometria) e o maior valor de 0,009 cm -1 (para a areia com maior granulometria). A concentração de COD na água filtrada foi baixa (< 0,001 mg/l), indicando que a formação dos indesejáveis subprodutos da desinfecção seriam inexistentes ou insignificantes; iii) a dosagem de peróxido de hidrogênio em relação à estequiometria da reação do reagente de Fenton (Equação 1) não precisa ser elevada, sendo recomendada a dosagem de 3x, ou seja, 3 vezes o requerido na estequiometria; iv) a ordem de adição dos produtos químicos não exerceu grande influência na eficiência de remoção dos parâmetros medidos, contudo, os melhores resultados foram obtidos dosando-se primeiramente o sulfato ferroso, seguido do peróxido de hidrogênio; v) o tempo de oxidação exerceu grande influência na eficiência de remoção dos parâmetros medidos, sendo observado uma piora na qualidade do efluente à medida que se aumentou o tempo de oxidação, não sendo, portanto, recomendados tempos de oxidação superiores a 1 min e 30 s. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPESP pela concessão do Projeto de Auxílio (processo nº 02/ ) e da bolsa de Doutorado ao primeiro autor (processo nº 02/ ) e ao CNPq pela bolsa de Mestrado também ao primeiro autor. Os autores também gostariam de agradecer à Tatiane Cristina Sakamoto pela ajuda prestada durante a realização dos ensaios de laboratório e no tratamento dos dados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. DI BERNARDO, L; PÁDUA, V.L.; DI BERNARDO, A.S. Desenvolvimento de instalação de laboratório para determinação da dosagem de coagulante na direta. In: SIMPÓSIO LUSO- BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, Porto Seguro, BA. Anais eletrônicos do IX SILUBESA DI BERNARDO, L.; DI BERNARDO, A.S.; CENTURIONE FILHO., P.L. Ensaios de tratabilidade de água e dos resíduos gerados em estações de tratamento de água. São Carlos. RiMA. 237p., KANG, S.-F.; CHANG, H.-M. Coagulation of textile secondary effluents with fenton s reagent. Water Science and Technology, v.36, n.12, p LAU, I.W.C.; WANG, P.; FANG, H.H.P. Organic removal of anaerobically treated leachate by fenton coagulation. Journal of Environmental Engineering. p , July MENDES, C.G. da N. Estudo da coagulação e floculação de águas sintéticas e naturais com turbidez e cor variáveis. Tese (Doutorado) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São Carlos. 244p., 2v MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria nº 518 de 25 de Março de NOGUEIRA, R.F.P.; GUIMARÃES, J.R. Photodegradation of dichloroacetic acid and 2,4- dichlorophenol by ferrioxalate/h 2 O 2 system. Water Research, v.34, n.3, p ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental 8
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DETERMINAÇÃO DO PH DE AMOSTRAS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - CÂMPUS CAMBORIÚ. Instituto Federal Catarinense, Camboriú/SC
DETERMINAÇÃO DO PH DE AMOSTRAS DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - CÂMPUS CAMBORIÚ. Gubertt, Leticia 1 ; Silveira, Vitor Terra Munari da 1 ; Teixeira, Ana Cristina Franzoi 1 ; Martendal,
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