Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº RS (2014/ ) RELATOR AGRAVANTE ADVOGADOS AGRAVADO ADVOGADO : MINISTRO HERMAN BENJAMIN : VOLKSWAGEN LOGISTICS GMBH E CO OHG : ARTHUR ROCHA BAPTISTA RAFAEL NOGUEIRA SIMAS E OUTRO(S) : FAZENDA NACIONAL : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA PROCESSUAL CIVIL. ADUANEIRO. MANIFESTO DE CARGA. AUSÊNCIA. PENA DE PERDIMENTO DAS MERCADORIAS. SUSPENSÃO LIMINAR DA APLICAÇÃO DA PENA. DANO AO ERÁRIO. PROSSEGUIMENTO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. ALÍNEA "C". NÃO DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. 1. O acórdão recorrido consignou que, "No caso em tela, estando a carga desamparada de Manifesto de Carga registrado no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX CARGA, não vejo qualquer ilegalidade na aplicação, pela Receita Federal, da sanção em questão pois, nos termos do inciso I do artigo 47 da Instrução Normativa RFB nº 800/2007, passível a pena de perdimento da mercadoria 'sujeita a conhecimento de carga, encontrada a bordo ao desamparo de manifesto eletrônico vinculado à escala, com fundamento no inciso IV do art. 105 do Decreto- Lei nº 37, de 1966'' e que "uma vez que já liberada a mercadoria para embarque por decisão liminar, a qual suspendeu a aplicação da pena de perdimento, cabe à Receita Federal prosseguir com o procedimento administrativo e apurar a infração, bem como definir a sanção a ser aplicada, já que o crédito fazendário está garantido". 2. Rever o entendimento do Tribunal a quo implica reexame de fatos e provas, obstado pelo teor da Súmula 7/STJ. 3. A divergência jurisprudencial deve ser comprovada, cabendo a quem recorre demonstrar as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados, com indicação da similitude fática e jurídica entre eles. Indispensável a transcrição de trechos do relatório e do voto dos acórdãos recorrido e paradigma, realizando-se o cotejo analítico entre ambos, com o intuito de bem caracterizar a interpretação legal divergente. O desrespeito a esses requisitos legais e regimentais (art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255 do RI/STJ) impede o conhecimento do Recurso Especial com base na alínea "c" do inciso III do art. 105 da Constituição Federal. 4. In casu, inexiste similitude fática entre o acórdão recorrido que assevera que "uma vez que já liberada a mercadoria para embarque por decisão liminar, a qual suspendeu a aplicação da pena de perdimento, cabe à Receita Federal prosseguir com o procedimento administrativo e apurar a infração, bem como definir a sanção a ser aplicada, já que o crédito fazendário está garantido" e os acórdãos paradigmas AMS , do Tribunal Regional da 3ª Região, que Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2015 Página 1 de 8

2 trata da pena e REsp /RS que tratam de mercadorias cujo perdimento fora decretada pela Receita Federal. 5. A tese da Volkswagen Logistic GMBH & CO OHG é de que a carga apreendida estava registrada em outros documentos (por exemplo o Manifesto de Carga Perigosa (doc. 07) e a Declaração de Ingresso de Carga (doc. 08) emitido pelo Serviço de Alfândega dos Estados Unidos da América) documentos estes equivalentes ao manifesto de carga requerido pelas autoridades alfandegárias brasileiras. 6. O acórdão recorrido não valorou esse tema (isto é, a equivalência dos documentos), sendo assim a divergência jurisprudencial não poderia estar caraterizada em relação a esse ponto. 7. Agravo Regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques (Presidente), Assusete Magalhães e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 25 de novembro de 2014(data do julgamento). MINISTRO HERMAN BENJAMIN Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2015 Página 2 de 8

3 AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº RS (2014/ ) RELATOR AGRAVANTE ADVOGADOS AGRAVADO ADVOGADO : MINISTRO HERMAN BENJAMIN : VOLKSWAGEN LOGISTICS GMBH E CO OHG : ARTHUR ROCHA BAPTISTA RAFAEL NOGUEIRA SIMAS E OUTRO(S) : FAZENDA NACIONAL : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL RELATÓRIO EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN(Relator): Trata-se de Agravo Regimental interposto contra decisão que negou provimento ao Agravo (fls , e-stj). A agravante alega, em síntese: 17. Não há razões que sustentem o argumento de que a Agravante pretende o afastamento das premissas fáticas delineadas pelo acórdão que se pretende ver modificado pelo Recurso Especial. Muito pelo contrário. É com base nos FATOS RECONHECIDOS NOS AUTOS que se pretende a reforma do julgado de segundo grau. 18. Como mencionado alhures, é FATO INCONTROVERSO que a Agravante acarreou aos autos as FATURAS COMERCIAIS (serie n.º VE25800 a VE25812) que descrevem e individualizam todos os 151 veículos alcançados pela pena de perdimento, documentos emitidos pela fabricante dos veículos. As faturas comerciais, como de praxe, singularizam minutadamente tais bens, apontando modelo, ano de fabricação, número de chassi, número do motor, cor, dentre outras características. 19. Igualmente incontroverso é o fato de que os 151 veículos foram transportados sob os CONHECIMENTOS DE EMBARQUE emitidos adequada e tempestivamente pela Agravante, aonde constam todas as informações relativas ao transporte, dentre as quais a descrição das mercadorias transportadas, o porto de embarque (Vera Cruz, México), o embarcador dos veículos (Volkswagen de México), o porto de destino (Zarate, Argentina), o consignatário da carga (Volkswagen Argentina), a identificação do transportador marítimo (Volkswagen Logistics) e o navio transportador (MEDEA). Pois bem. 20. Em vista da existência incontestável, precipuamente, desses mencionados documentos (faturas comerciais e conhecimentos de embarque), a Agravante pretende a modificação do acórdão exarado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) junto ao processo de nº Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2015 Página 3 de 8

4 /RS, com afastamento da pena de perdimento, eis que, nos termos de Lei Federal, a Fatura Comercial e o Conhecimento de Embarque, para fim fiscal- aduaneiro, suprem a necessidade do manifesto de carga. 21. Isso porque, o art. 105, inciso IV, do Decreto-Lei nº 37 de 1966 enaltece expressamente que tal sanção administrativa só pode ser aplicada quando da existência de mercadoria a bordo de veículo, sem registro num manifesto ou em documento de efeito equivalente ou em outras declarações. Explique-se. (fls , e-stj) do recurso à Turma. Pleiteia, ao final, a reconsideração do decisum agravado ou a submissão É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2015 Página 4 de 8

5 AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº RS (2014/ ) VOTO EXMO. SR. MINISTRO HERMAN BENJAMIN(Relator): Os autos foram recebidos neste Gabinete em O Agravo Regimental não merece prosperar, pois a ausência de argumentos hábeis para alterar os fundamentos da decisão ora agravada torna incólume o entendimento nela firmado. Portanto não há falar em reparo na decisão, pelo que reitero o seu teor. Conforme anteriormente mencionado, no que tange à suposta violação do art. 105, IV, do Decreto-Lei 37/1966, observa-se que o Tribunal de origem, ao dirimir a controvérsia, assim se manifestou: No caso em tela, estando a carga desamparada de Manifesto de Carga registrado no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX CARGA, não vejo qualquer ilegalidade na aplicação, pela Receita Federal, da sanção em questão pois, nos termos do inciso I do artigo 47 da Instrução Normativa RFB nº 800/2007, passível a pena de perdimento da mercadoria 'sujeita a conhecimento de carga, encontrada a bordo ao desamparo de manifesto eletrônico vinculado à escala, com fundamento no inciso IV do art. 105 do Decreto- Lei nº 37, de 1966', Assim, aplica-se a pena de perdimento à mercadoria existente a bordo de veículo sem registro em manifesto internacional de carga, uma vez que não cumprida com formalidade prevista em texto normativo. Com efeito, o dano ao erário, a autorizar a sanção imposta, não se restringe a prejuízos de cunho material, configurando-se como espécie de controle político e tributário, em razão da soberania das fronteiras, quando ocorrente violação a procedimento de controle prévio. Nesse sentido: (...) Em que pese esse entendimento, pelos mesmos fundamentos firmados em sentença, uma vez que já liberada a mercadoria para embarque por decisão liminar, a qual suspendeu a aplicação da pena de perdimento, cabe à Receita Federal prosseguir com o procedimento administrativo e apurar a infração, bem como definir a sanção a ser aplicada, já que o crédito fazendário está garantido. (fls , e-stj) E nas razões do Recurso Especial sustentou-se: Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2015 Página 5 de 8

6 22. É fato incontroverso que os 151 veículos estão devidamente cobertos por documento fiscal idôneo, as faturas comerciais (doc. 04, petição inicial) emitidas pela empresa fabricante e embarcadora da carga (VOLKSWAGEN DE MEXICO, S.A. de C.V.), nas quais os veículos estão devidamente descritos e individualizados, entre outros, pelo número de chassi e número do motor. 23. O transporte marítimo dos veículos está igualmente amparado pelos competentes Conhecimentos de Embarque (doc. 05, petição inicial) expedidos pela Apelante, aonde constam todas as informações relativas aos locais de origem e destino da carga, com a identificação inequívoca do embarcador, transportador e recebedor dos veículos e do navio transportador. 24. Os 151 veículos apreendidos constam igualmente de outras declarações de efeito equivalente ao manifesto de carga, notadamente o Plano de Estivagem da Carga (doc. 06, inicial) emitido pelo terminal portuário responsável pela operação de carregamento no porto de Vera Cruz (México), a empresa CORPORACION PORTUARIA DE VERACRUZ, S.A. DE C.V. O Plano de Estivagem da Carga comprova o carregamento da carga no navio MEDEA, permitindo, ainda, a localização exata dos veículos dentro do navio transportador. 25. Além dos documentos acima referidos, a carga apreendida está registrada em outros documentos, dentre os quais merecem destaque o Manifesto de Carga Perigosa (doc. 07) e a Declaração de Ingresso de Carga (doc. 08) emitido pelo Serviço de Alfândega dos Estados Unidos da América, documento equivalente ao manifesto de carga requerido pelas autoridades alfandegárias brasileiras. 26. Têm-se, pois, que o transporte das mercadorias da RECORRENTE, em mera passagem por zona primária do território nacional, com origem e destino em portos estrangeiros, estava absolutamente regular e legal, senão pelo registro extemporâneo do transbordo junto à Receita Federal do Brasil, irregularidade essa que, nos termos da lei contrariada, não enseja a aplicação da pena de perdimento. 27. Portanto, cumpria aos Ilustres Julgadores reconhecer que as mercadorias (veículos) estavam registradas tanto em documentos equivalentes ao manifesto de carga quanto em outras declarações, para então aplicar o comando legal disposto no artigo 105, IV do Decreto-Lei n.º 37/66 e afastar a pena de perdimento da mercadoria transportada pela RECORRENTE, posto que ILEGAL. (fls , e-stj) Reitero que é inviável analisar a tese defendida no Recurso Especial, a qual busca afastar as premissas fáticas estabelecidas pelo acórdão recorrido, pois inarredável a revisão do conjunto probatório dos autos. Aplica-se o óbice da Súmula 7/STJ. Em relação ao dissídio jurisprudencial, destaco que a divergência deve Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2015 Página 6 de 8

7 ser comprovada, cabendo a quem recorre demonstrar as circunstâncias que identificam ou assemelham os casos confrontados, com indicação da similitude fática e jurídica entre eles. É indispensável a transcrição de trechos do relatório e do voto dos acórdãos recorrido e paradigma, realizando-se o cotejo analítico entre ambos, com o intuito de caracterizar a interpretação legal divergente. O desrespeito a esses requisitos legais e regimentais (art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255 do RI/STJ) impede o conhecimento do Recurso Especial com base na alínea "c" do inciso III do art. 105 da Constituição Federal. In casu, inexiste similitude fática entre o acórdão recorrido que assevera que "uma vez que já liberada a mercadoria para embarque por decisão liminar, a qual suspendeu a aplicação da pena de perdimento, cabe à Receita Federal prosseguir com o procedimento administrativo e apurar a infração, bem como definir a sanção a ser aplicada, já que o crédito fazendário está garantido" e os acórdãos paradigmas AMS , do Tribunal Regional da 3ª Região, que trata da pena e REsp /RS que tratam de mercadorias cujo perdimento fora decretada pela Receita Federal. Ademais, a tese da Volkswagen Logistic GMBH & CO OHG é de que a carga apreendida estava registrada em outros documentos (por exemplo o Manifesto de Carga Perigosa (doc. 07) e a Declaração de Ingresso de Carga (doc. 08) emitido pelo Serviço de Alfândega dos Estados Unidos da América) documentos estes equivalentes ao manifesto de carga requerido pelas autoridades alfandegárias brasileiras. O acórdão recorrido não valorou esse tema (isto é, a equivalência dos documentos), sendo assim a divergência jurisprudencial não poderia estar caraterizada em relação a esse ponto. Ausente a comprovação da necessidade de retificação a ser promovida na decisão agravada, proferida com fundamentos suficientes e em consonância com entendimento pacífico deste Tribunal, não há prover o Agravo Regimental que contra ela se insurge. Por tudo isso, nego provimento ao Agravo Regimental. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2015 Página 7 de 8

8 CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA Número Registro: 2014/ AgRg no AREsp / RS Números Origem: RS TRF PAUTA: 18/11/2014 JULGADO: 25/11/2014 Relator Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Subprocuradora-Geral da República Exma. Sra. Dra. SANDRA VERÔNICA CUREAU Secretária Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI AGRAVANTE ADVOGADOS AGRAVADO ADVOGADO AUTUAÇÃO : VOLKSWAGEN LOGISTICS GMBH E CO OHG : RAFAEL NOGUEIRA SIMAS E OUTRO(S) ARTHUR ROCHA BAPTISTA : FAZENDA NACIONAL : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Procedimentos Fiscais - Liberação de Veículo Apreendido AGRAVANTE ADVOGADOS AGRAVADO ADVOGADO AGRAVO REGIMENTAL : VOLKSWAGEN LOGISTICS GMBH E CO OHG : RAFAEL NOGUEIRA SIMAS E OUTRO(S) ARTHUR ROCHA BAPTISTA : FAZENDA NACIONAL : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques (Presidente), Assusete Magalhães e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 02/02/2015 Página 8 de 8