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- Maria do Pilar Varejão Amarante
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1 ýrcrý D.t Ljbo4ýo ýrcrý D.t Ljbo4ýo ýlvr(3 O(XS?ekcA FRENTE DE LIBERTA.ÃO _DE MO2 AMBIQU: (FRELIMO) C O MBA T E REMOS SEM T R G UAS PELA NOSSA INDEPENDÊNCIA (A propósito do discurso que o Sr. Salazar pronunoiou em 12 de Agosto de 1963) 0 discurso que o Presidente do Concelho do govern#) português pronunciou em 12 de Agosto de 1963 diante da Radio e da Televisão de Lisboa, constitue nem mais nem menos do que a reafirmaqão global da orientaqão da política colonial portuguesa prosseguida at4 hoje. Com efeito, o sr. Salazar voltou a apresentar os argumentos j4 velhos e segundo os Quais: - as colónias portuguesas fazem parte integrante da naçto portuguesa. - os movimentos de libertaqâo nacional sgo criaç6es do estrangeiro; - os países africanos fomentam a subversêto e, agem contra a vontadedos povos das coldnias portuguesas - os países ocidentais que nâo apoiam incondicionalmente Portugal e tomam posiçôes ambíguas, favorecem o comunismo; - a ONU, ao pronunciar-se contra o colonialismo português, intervdm nas quest6es internas de Portugàl. Vemos assim, uma vez mais, que o governo colonial fascista português afirma, sem equivoco, a intenâo de manter a sua pólitica colonial intransigente e retrdgrada. Nâo podemos deixar de concluir pois, que.discurso que o ministro português agora fez, num momento em que,.tanto no plano nacional, como no plano internacional, a acção contra o colonialismo se encontra consideravelmente desenvolvida, comporta graves* consequgncias não sd para Moçambique, como tamb4m para o mundo. A necessidade da Independência Nacional e para nos moç amblcanos, a consequência deuma longa experiência vivida sob o domínio do colonialismo português; 4 a recusa deixarmos que o nosseo trabalho e as nossas riquezas sejam exploradas em beneficio exclusivo dos estrangeiros; d o desejo de sermos livres, com a nossa personalidade a ditar os nossos próprios destinos; 4, enfim, a conclusg'o geral a que cheg4mos de que o conflito que opõe o povo moçambicano a adminístragxo colonial portuguesa, não pode ser resolvido senã com a indepndência completa da nossa p4tria, a Pátria Mopambicana. E o facto é que a conwuista da.independýncia Naciõnal, 4 o caminho que a História indicara os povos coloniais. Foi este o-ca-. minho seguido por outros
2 povos africanos, e este o caminho que seguem os nossos irmgos de Angola e da Guiné dita portuguesa, é este o caminho que est4 seguindo o povo moçambican. Negar hoje, esta realidade, opor-se a ela, d não só ser-be criminoso mas também ridículo. Esta é no entanto a -Pro- do-sr. Salazar. Seguindo a sua ideia,.este 4 levado, no-ee discurso, a protesar contra quasi ýtbdo o mundo, demona-t-iando a incapacidade do seu governo de se hdaptar as realiáad-e<do nosso tempo. 0 Ministro Po rtugues cobre-se de certo de ridículo: mas de um-ridiculo trágico, pois a sua atitude irresponsavel, agrava nao somente a situacao em Mocambique, como tambem nas outras colnnias portuguesas e mesmo em Portugal. A luta que nos pretendemos contra o colonialismo portugues e pela Independência da nossa terra, e a prova cabal de que os mopambicanos rejeitam o mito de que pertencem a Naçao portuguesa. Nós respeitamos os valores culturais do povo português, mas estames convictos de que temos valores culturais proprios- e que nao são de forma alguma portugueses. Estamos conscientes dos objectivos a atingir, e cientes de que-às nossas forças d aro frutos. Nunca pediremos a ninguem- e muito menos a Portugal, um Certificado de maioridade. Será pelo nosso esforço, pelo combate de todo o povo mogambicano unido, que nos convenceremos o mundo inteiro- e Portugal em particular de que somos maiores e capazes de assumir as responsabilidades da Independência. Ao insurgir-se contra os Estados Africanos Independentes, O Ministro Portugues, acusa-os de serem os provocadores da subversao no nosso país, e de agirem contra a vontade do nosso povo.,esta atitude que o governo português adopta, é coerente consigo propria.. Com efeito, se os movimentos nacionalistas sao do exterior, se nao incarnam a vontade popular, é logico que os responsaveis sejam o Exterior, e em primeiro lugar, os Estados Africanos Independentes. Porém, também e certo que, seguindo esta ideia, o governo colonial fascista do Sr. Salazar nao poder explicar porque e que a guerra em Angola e na Guin dita Portuguesa continua e se desenvolve, Aom por ue é que ha tantos mogambicanos presos nas cadeias em Lourençgo Marques e em todo o país, nem a razao de tantos aerodromos militares e dos grandes efectivos de tropas cantonadas em M'caipbique, nem a proliferação de agentes da P.I.D.E., etc., etc.,. A grande verdade e que o ataue contra os Estados Africanos Independentes assim como as.lamentacoes perante os paises ocidentais e a ONU, sao os argumentos de que Portugal se serve constantemente para tentar justificar a sua politica colonial e retrograda. E também com o fim de se justificar ioran±2 os -seus amigos ocidentais, que o governo português proclama ser o defensor do Ocidente, e que os movimentos nacionalistas sao guiados pelo Comunismo Internacional.
3 Por isso, Salazar afirma que os países ocidentais, ao recusarem darem um apoio, incondicional a Portugal e preferindo adoptar uma política dúbia, nao fazem senao favorecer os comunistas. Tais argumentos sigo sobejamente conhecidos. Outras potenciao colonial?-stas os utilizaram bem antes de Portugal, como por exemplo a Franca, a Belgica e a Holanda. Mas isso nao impediu que as colonias desses países se tornassem independentes. Ao re2etir hoje este argumento, o Sr. Salazar tenta, a'coberto das divergncias entre o Leste e o Ocidente, quebrar o movimento geral de solidariedade internacional que se manifesta no mundo em faivor da nossa luta. Prosseguindo a sua ideia, o Sr. Salazar levanta-se contra a ONU, procurando em vao provar que esta alta instãncia internacional, nao somente interfere nas questoes internas de Portugal, mas também ultrapassa as suas competências. Quanto a nos, moçambicanos,a ONU não tem razo de ser se ela não defende antes de mais os oprimidos,se ela n-o defende a justiça e nao impõe a todos' os seus membros a obrigaçã'o de respeitarem os di reitos do Homem e o direito dos povos de disporem de si prdprios. Eis porque, ao frizar várias vezes a importancia da resolução da ONU del4 de Dezembro de 1960 Te condenou o sistema colonial e consagrou o direito dos povos colonias a ascenderem à Independência Nacional, a FRELIMO vincou também a necessedade de estas decisoes serem aplicadas com a máxima urgência. O discurso do primeiro Ministro Português formula definitiva e claramente as directivas do seu Governo:-Nenhuma concessao às reivir dicaç3es legitimas do povo moçambicano; manter à todo o custo a dominação colonial portuguesa sobre o povo moçambiano;reforçar as forças repressivas militares e policiais afim de continuar a oprimir, a terrorizar e a massacrar o povo moçambicano. Apes.ar da clareza deste discurso, alguns dos seus amigos ocidentais tentaram desesperadamente achar nele o minímo indício de mudan ça de posição da parte do Ministro Salazar. Esta atitude parece vir do facto de o senhor Salazar ter afir mado que "pessoalmente nao vejo senao vantagens em'que ele (o povo de" Portugal e das Colonias) se pronuncie por um acto solene e publico sobre o que ele pensa da política Ultramarina prosseguida pelo Governo". Desta declaraç&o esses amigos do Governo Português pretendem concluir que Salazar quer dizer que vai consultar o Povo africano por meio de um Referendo. Esta atitude desses amigos do Governo Portugüês é mais uma manifestação da posição anti-africana que eles têm tomado, em particular na ONU. Potências ocidentais como os Estados Unidos da América do Nor te,a Inglaterra e a França,tomam posições que constituem claras indi-caçoes da sua cumplicidade com o Governo Português,na política de opressao que este exerce em Africa. Os Governos destw paises exprimem verbalmente a sua simpatia pelo direito dos Povos Coloniais de Africa à auto-determinaçao, mas quando a ocasiao se apresenta para demonstrarem isto concretamente, nada fazem.
4 E imoral,por isso inadmissyvel que Grandes Potêncis como os Estados Unidos.a Inglaterra e a França,se ocultem debaixo de um jogo de palavres b<1.itas, quando deviam ter uma acçao positiva em favor doo povos que lutam pela liberdade. Nós não podemos aceitar que Governos modernos defendem um siý tema retrogrado e tão anti-democrático como é regime colonial português. Cremos que ja é tempo para que essas Potências escolham entre a amizade do nosso povo e o auxilio ao Governo Colonial-fascista português. Se estas Potências Ocidentais,amigas do Governo Português, ýuisessem ver a realidade,nao procurariam em väo justificar Portugal. las compreenderiam entao a justeza da nossa posiçao que é ditada por umalonga experiência do colonialismo português, e que nos força a concluir que quando Salazar diz que quer consultar o seu povo,ele refere_pe apenas a alguns eleitores portuguêses em Portugal e aos brancos domíciliados em Moçambique,em Angola,na Guiné dita Portuguesa,etc..Porque embora Portugal proclame ter realizado reformas em Africa,os direitos, cívicos continuam a ser negados à quasi totalidade dos povos das colonias. -4 Em face disto, nós não temos outra alternativa senao afirmar que a FiELIMO não reconhecerá qualquer referendo ou consulta no qual nao participe completamente e com todas as garantias,e que nao seja arbitrado por uma organização independente. 0 Discurso do Presidente do Conselho português confirmou as.sim abertamente o que temos dito ao mundo acerca do colonialismo português. Com efeito: 1-Portugal nao reconhece o direito dos povos de Africa à Auto-detrminação. 2-Portugal nao crê e não respeita os ideais democráticos que os paises ocidentais dizem serem as bases do pacto de defesa,a OTAN. 3-Portugal goza do auxílio de um grande número de potências ocidentais que, parecem interessadas na exploração das riquezas naturais e humanas de Africa. 4-Portugal está servindo-se da OTAN para consolidar os seus proprios interesses e manter os seus previlégios economicos. 5-Portuga. está disposto a sacrificar o nosso povo para defen der um sistema arcaico de Governo. 6-Os Estados Unidos da América, a Grande Bretanha e a França, esforçam-se,ainda por defender o Governo de Portugal, quando todos os Estados da Africa já decidiram apoiar-nos integralmente na luta que estamos travando contra o colonialismo português e pela nossa completa Independência Nacional. Perante esta situaçao a FRELIMO: - Afirma a sua resolução de prosseguir o combate de libertação até à Independência total de Moçambique,por todos os meios e da maneira~mai.s eficaz e rapida. -Encoraja o povo ioçambicano a desenvolver o combate libertador,no interior de Hoçambique,a unir-se cada vez mais e melhor no seio da da FRELIMO,e a manter uma vigilância constante perante as manobras
5 do colonialismo português. -Torna claro para todos que a libertação de 1 oçambique sera completa e que a sua orientaçäo e desenvolvimento socio-economicos serão determinados pelas aspirações e necessidades reais e objectivas do povo moçambicano,que tem vindo a sofrer,há já bastantes anos, sob a escravatura e a dominaçãfo estrangeiras. -Exprime a sua gratidão a todos os :atados Africanos pelo apoio que dao à luta de 1ibertação Nacional do povo moçambicano,e congratula-se com a formação do Comité de Libertaçao criado pela Organização da Unidade Africana em Addis- Abeba, e cujo fim é ajudar os paises africanos nao independentes a libertarem-se do jugo colonial. -Congratula-se com o auxílio desinteressado de todos os povos do mundo amantes da Paz que desejam contribuir de qualquer forma possivel,para a Liberdade do nosso povo. -Deplora profundamente a posição de potências ocidentais tàis como os Estados Unidos,a Grande Bretanha e a França,perante o coloniaý lismo português. INDEPENDÊNCIA OU MORTE O COMITE CENTRAL DA FRELIÍ4O Dar-Es-Sa.laam,.26 de Agosto de 1963
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