Oobjetivo deste estudo foi verificar a variação sazonal da precipitação

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1 Revista da Fapese, v.3, n. 2, p , jul./dez Aplicação da Análise Harmônica na Caracterização Pluviometrica da Vertente Atlântica Sergipana como Critério de Decisão Agrícola Mário J. C. Santos 1 Ana V. S. Nascimento 2 Alessandra R. Garcia 3 Resumo Oobjetivo deste estudo foi verificar a variação sazonal da precipitação da vertente atlântica do Estado de Sergipe nos perí odos de 1980 a A área estudada estende-se desde a divisa do Estado da Bahia até a divisa com Alagoas. Para as análises estatística, foi aplicada analise harmônica de Fourrier. Os resultados considerados na análise harmônica indicaram fenômenos anuais como os mais importantes, sendo que os efeitos observados para os últimos anos (2000 a 2005) apresentaram alterações no padrão de comportamento da sazonalidade das precipitações pluviais na zona de estudo, alterações estas que não afetam diretamente o comprometimento das atividades agrícolas da região. PALAVRAS-CHAVES: Regime Hídrico; Variação estacional; Sazonalidade. 1 Engenheiro Florestal, Prof. Adjunto, Núcleo de Engenharia Florestal, NEF/ UFS Fone (0xx79) , mjcsanto@ufs.br, 2 Acadêmica de Enga. Florestal, Núcleo de Engenharia Florestal, NEF/ UFS, São Cristóvão-SE. wallerianascimento@yahoo.com.br 3 Profa. Adjunto do Núcleo de Engenharia Florestal, NEF/UFS. alessandrareismm@yahoo.com.br

2 64 Mário J. C. Santos; Ana V. S. Nascimento; Alessandra R. Garcia 1. Introdução O estudo climatológico das diversas variáveis do tempo é de extrema importância, tendo em vista o impacto ambiental que a anomalia desses componentes provoca no clima regional. Análises dos comportamentos das séries climáticas de alguns, ou até mesmo de todos esses elementos, visando destacar possíveis periodicidades existentes, são fundamentais para o planejamento de inúmeras atividades agrícolas, econômicas, sociais, dentre outras (Amaral e Batista, 1997). As exigências hídricas constituem o principal fator a ser atendido para a obtenção de altas produtividades e da estabilidade do rendimento ao longo dos anos, na maioria das espécies cultivadas em áreas tropicais e subtropicais. Conseqüentemente, as irregularidades da precipitação constituem a principal causa das oscilações da produção e da produtividade anual destas culturas (Mota, 1983). Na região sul do Brasil, por exemplo, podem ser esperadas reduções significativas na produção de grãos, devido à seca, três vezes a cada dez anos. Assim, o conhecimento do transcurso anual da precipitação mensal e de sua variabilidade contribui para o planejamento de medidas de redução dos impactos das anomalias da precipitação sobre a produção agropecuária (Mota, 1983). Os conhecimentos sobre o regime de chuvas também contribuem para a tomada de decisões em outras áreas estratégicas para o desenvolvimento econômico e social do País, como, por exemplo, a geração de energia elétrica, defesa civil e algumas atividades industriais (Baptista, 1978; Santos, 1984). Entretanto, no Brasil, os três níveis geopolíticos do Estado e a iniciativa privada encontram-se, freqüentemente, em situação de crônica improvisação diante da ocorrência de anormalidades meteorológicas de grande escala. Em razão do conhecimento insuficiente das probabilidades de ocorrência de anos atípicos, é postergado o planejamento de longo prazo, principalmente para amenizar o impacto destas anomalias sobre a produção agrícola e sobre as populações instaladas em áreas rurais (Baptista, 1978). Diante destas irregularidades de grande escala e intensidade, as medidas de caráter operacional, adotadas na propriedade, na maioria das vezes não são eficientes para reduzir o impacto sobre a produção e a produtividade. Neste caso, são necessárias medidas de caráter estratégico que visem a redução desses impactos sobre a produção, o abastecimento e a comercialização (Hoogenboom, 2000). Medidas desta natureza são, por exemplo, a diversificação de culturas, cultivares e tecnologias adotadas no âmbito da propriedade ou da região, bem como dos ambientes para a instalação destas culturas. Além das medidas adotadas na fase de planejamento e diretamente relacionadas com a produção, poderão ser tomadas medidas referentes ao abastecimento e à comercialização, bem como o monitoramento e previsão de safras, dimensionamento de estoques locais, regional e nacional de alimentos, seguro agrícola, e outros (Aragão et al., 1994). O estabelecimento de tais estratégias, para ser realizado com o máximo de eficiência física e econômica, também exige que sejam conhecidas as probabilidades de ocorrência de anos anômalos, precedidas de sua definição meteorológica e estatística (Assis et.al., 1996; Hoogenboom, 2000). É no sentido de contribuir para a formação do conhecimento básico que deve ser analisado estatisticamente o transcurso anual da precipitação mensal, bem como a ocorrência das anomalias de grande escala. Para o atendimento a estes objetivos, este estudo visa analisar, a sazonalidade pluviométrica localizada na zona hidrográfica da vertente atlântica sergipana como critério de decisão agrícola.

3 Aplicação da Análise Harmônica na Caracterização Pluviometrica da Vertente Atlântica Sergipana como Critério de Decisão Agrícola Material e métodos Neste trabalho utilizou-se à determinação do padrão da variação estacional de precipitação na zona da vertente atlântica do estado sergipano. Através dessa análise tem-se uma idéia de como o regime hídrico influencia nestas zonas e consequentemente interfere na produção agrícola na zona rural. A área correspondente ao estudo vai desde a divisa Sergipe/Bahia até a divisa Sergipe/Alagoas abrangendo os municípios de (Aracaju, Japaratuba e Indiaroba) localizados próximos à zona costeira sergipana. Os dados foram disponibilizados através do banco de dados da Secretária de Estado da Agricultura e do Abastecimento e Irrigação do Estado de Sergipe (figura 1). Essas áreas são conhecidas como Zona da Mata, e nela ocorrem as maiores precipitações da região, concentrando a maior parte das atividades econômicas, incluindo a agricultura extensiva. Neste trabalho utilizaram-se totais mensais de precipitação de postos pluviométricos. Esses dados compreendem um período de observações que varia desde 1980 até 2005, com todos os postos pluviométricos apresentando período de 25 anos. O período chuvoso do setor foi escolhido de Julho a junho, de acordo com Moura et al. (1998). A escolha do período inicial de 1980 deveu-se ao fato de que os dados completos das séries temporais só estiveram disponíveis a partir deste ano, embora existam dados de precipitação em toda a área estudada a partir de 1912, sendo que apresentaram descontinuidade. Episódios significativos de regime hídrico foram selecionados dentro do período compreendido entre 1980/2005, obtendo-se a Média Móvel Centralizada (MMC) e a Variação dos Índices Estacionais (VIE) das anomalias de cada mês, para cada ano, na faixa costeira (Moura e Shukla, 1981; Rasmusson e Carpenter, 1983). Figura 1. Limites da região do estudo na zona costeira sergipana entre os Estados Bahia/Alagoas. Fonte: Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia Governo de Sergipe

4 66 Mário J. C. Santos; Ana V. S. Nascimento; Alessandra R. Garcia A variabilidade interanual da precipitação, de (Julho a junho), foi investigada através do total pluviométrico relativo a esse período, para cada ano de observação. meses entre setembro a março com precipitação abaixo da média, mas seguindo um modelo harmônico entre os períodos de e , fato que não ocorreu nos anos de , onde não apresentaram um padrão harmônico significativo. Posteriormente, foi obtido um total pluviométrico médio para cada município estudado, definido como a soma dos totais pluviométricos individuais divididos pelo número de pontos pluviométricos, com informação no referido ano. Desses totais pluviométricos foram calculados a MMC, VIE para cada município do Estado de Sergipe, a utilização destes cálculos foi a de comparar como a precipitação nestes setores (municípios) se comportaram em episódios com horizonte temporal de 25 anos. 3. Resultados e discussão Na figura 2, estão apresentadas as médias mensais e as médias móveis centralizadas da precipitação da zona costeira sergipana, para os períodos de 1980 a Esses valores são referentes aos grupos de estações de cada município. A figura 3 mostra os resultados da análise da figura 2, considerando-se os três cenários pluviométricos, em horizontes temporais diferenciados. Pode-se observar que o gradiente de precipitação foi negativo nos Quanto aos gradientes positivos, pode-se ver que o resultado embora com uma diferença menor entre o número de anos das duas categorias de precipitação consideradas, Aracaju foi o município com um menor número de anos com precipitação acima ou em torno da média (1980 a 1990), enquanto que os demais apresentaram um índice Ajustado. Pode-se, também, descrever que no período ( ), o município de Aracaju registrou um percentual de precipitação 27 % acima dos demais municípios, isso deixa clara a deformidade da não sazonalidade do regime hídrico neste período. 4. Conclusões Conclui-se que os resultados considerados na análise harmônica indicaram fenômenos anuais como os mais importantes, compondo um modelo ajustado da Média Móvel Centralizada. Assim, o efeito dos últimos anos (2000 a 2005) apresentou uma alteração do padrão de comportamento sazonal das precipitações pluviais na zona de estudo, sendo que estas variações não afetam diretamente o comprometimento das atividades agrícolas nestas zonas.

5 Aplicação da Análise Harmônica na Caracterização Pluviometrica da Vertente Atlântica Sergipana como Critério de Decisão Agrícola 67 Figura 2. Precipitações pluviais e média mensais dos municípios de Aracaju, Japaratuba e Indiaroba e Média Móvel Centralizada (MMC), da zona costeira entre 1980 a 2005.

6 68 Mário J. C. Santos; Ana V. S. Nascimento; Alessandra R. Garcia Figura 3. Modelo obtido pela análise harmônica com anomalias das precipitações pluviais mensais transformadas, nos municípios de Aracaju, Japaratuba e Indiaroba e os valores observados no setor atlântico Sergipano com horizonte temporal (1980 a 2005).

7 Aplicação da Análise Harmônica na Caracterização Pluviometrica da Vertente Atlântica Sergipana como Critério de Decisão Agrícola 69 REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA AMARAL, E.; BAPTISTA DA SILVA, J. Periodicidades climáticas. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE CLIMATOLOGIA DO HEMISFÉRIO SUL. 1997, Campinas, Anais..., Campinas, SP: Organização Meteorológica Mundial, v. 1, 1977, p ARAGÃO, J.O.R.; ROUCOU, P.; HARZALLAH, A.; FONTAINE, B; JANICOT, S. Variabilité atmosphérique sur le Nordeste brésilien dans le modèle de circulation générale du LMD ( ). Publications de l Association Internationale de Climatologie, Atenas, v.7, p , model. Journal of the Atmospherical Sciences, Boston, v.38, p , MOURA, B.A.G., ARAGÃO, J.O.R., PASSAVANTE, J.Z.O., LACERDA, F.F., RODRIGUES, R.S., FERREIRA, M.A.F., LACERDA, F.R., e SOUZA, I.A. Estudo preliminar da variabilidade pluviométrica do setor leste do Nordeste do Brasil: Partes I e II. In: CON- GRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 10, e CONGRESSO DA FLISMET, 8, 1998, Brasília, Anais, São Paulo: Sociedade Brasileira de Meteorologia, 1998, CD Rom. ASSIS, F.N. de; ARRUDA, H.V. de; PEREIRA, A.R. Aplicações de estatística à climatologia: teoria e prática. Pelotas: Ed. Universitária/UFPel, p. MOTA, F.S. da. Weather-technology models for corn and soybeans in the south of Brazil. Agricultural Meteorology, Amsterdam, n. 28, p , BAPTISTA DA SILVA, J. Análise harmônica das precipitações pluviométricas pentadais em Pelotas, RS. In: III SIMPÓSIO NACIONAL DE PROBABILIDADE E ESTATÍSTICA (SINAPE). 1978, São Paulo, Atas..., São Paulo, SP: Instituto de Matemática e Estatística, USP, v. 1, p HOOGENBOOM, G. Contribution of agrometeorology to the simulation of crop production and its applications. Agricultural and Forest Meteorology, Amsterdam, v.103, p , HASTENRATH, S.; GREISCHAR, L. Further work on the prediction of Northeast Brazil rainfall anomalies. Journal of Climate, Washington, v.6, p , NOBRE, P.; SHUKLA, J. Variations of sea surface temperature, wind stress, and rainfall over the tropical Atlantic and South America. Journal of Climate, Washington, v.10, p , RASMUSSON, E.M.; CARPENTER, T.H. The relationship between eastern equatorial Pacific sea temperature and rainfall over India and Sri Lanka. Monthly. Weather. Review. Boston, v.111, p , SANTOS, W. J. Estudo das precipitações pluviais mensais no município de Bananeiras, PB, através de regressão periódica. Piracicaba : ESALQ, p. Dissertação de Mestrado. MOURA, A.D.; SHUKLA, J. On the dynamics of droughts in Northeast Brazil: Observations, theory and numerical experiments with a general circulation SILVA, J. B. Análise harmônica das precipitações pluviométricas pentadais (Pelotas, RS, ). Pelotas: UFPel, p. Tese de Livre Docência.

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