14950/18 ec/gd/jcc 1 LIFE.1.B
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1 Conselho da União Europeia Bruxelas, 30 de novembro de 2018 (OR. en) 14950/18 AGRI 595 NOTA de: para: Assunto: Presidência Comité Especial da Agricultura/Conselho Estratégia atualizada da UE para a bioeconomia Troca de opiniões Tendo em vista a preparação do Conselho (Agricultura e Pescas) de 17 e 18 de dezembro de 2018, envia-se em anexo, à atenção das delegações, uma nota informativa da Presidência sobre o assunto referido em epígrafe, bem como as perguntas que são propostas para orientar o debate ministerial /18 ec/gd/jcc 1 LIFE.1.B PT
2 ANEXO BIOECONOMIA: UMA OPORTUNIDADE PARA PROMOVER O DESENVOLVIMENTO RURAL E OS RECURSOS RENOVÁVEIS I. A bioeconomia na União Europeia A Comissão Europeia define a bioeconomia como abrangendo "a produção de recursos biológicos renováveis e a conversão destes recursos e fluxos de resíduos em produtos de valor acrescentado, como alimentos para consumo humano e animal, produtos de base biológica e bioenergia". A bioeconomia abrange todos os setores e sistemas que utilizam recursos renováveis, as suas funções e princípios, e tem um amplo impacto em vários intervenientes, desde os produtores primários tanto de produtos agrícolas como florestais, até aos retalhistas, utilizadores e consumidores de produtos de base biológica (desde os alimentos para consumo humano e animal até aos combustíveis e materiais). A bioeconomia visa fornecer soluções para os desafios ambientais, tais como materiais renováveis e com baixas emissões de carbono. Além disso, contribui para a promoção do desenvolvimento rural e para a redução da dependência de combustíveis fósseis importados em toda a economia. Entre os outros efeitos benéficos inclui-se a limitação das emissões de gases com efeito de estufa, o aumento da eficiência dos recursos e a redução de resíduos. Nesse sentido, tal como foi destacado pela Agência Europeia do Ambiente 1, a bioeconomia e a economia circular são parceiras na sustentabilidade, já que uma melhor gestão dos resíduos pode ajudar a desenvolver novas fontes de matérias-primas. 1 Relatório n.º 8/2018 da Agência Europeia do Ambiente "The circular economy and the bioeconomy Partners in sustainability" (A economia circular e a bioeconomia parceiras na sustentabilidade), disponível apenas em inglês em: /18 ec/gd/jcc 2
3 Simultaneamente, a bioeconomia visa criar valor económico e prosperidade. De acordo com o Centro Comum de Investigação (JRC) da Comissão Europeia, em 2015 gerou um volume de negócios de 2,3 biliões de euros (380 mil milhões de euros na agricultura) e criou 18 milhões de empregos (9,2 milhões na agricultura). Entre os muitos setores económicos que abrange, a agricultura e a silvicultura desempenham um papel fundamental por estarem entre os principais produtores/fornecedores de biomassa, que é utilizada como matéria-prima para a bioeconomia. Os setores da agricultura e da silvicultura são os principais produtores primários/fornecedores de biomassa. A produção média anual de biomassa a nível da UE-28 proveniente dos setores relacionados com a terra é de 1466 megatoneladas de matéria seca. Em 2015, a agricultura ocupava cerca de metade da superfície terrestre da União Europeia e empregava 4,2 % da população ativa da UE-28. As florestas e outros terrenos arborizados ocupam cerca de 43 % do território da UE e são uma fonte de produtos lenhosos e não lenhosos, fornecendo um vasto leque de serviços ecossistémicos, tais como o armazenamento e sequestro do carbono, a disponibilidade de habitats e a regulação hídrica. Considera-se que cerca de 84 % da superfície florestal da UE está potencialmente disponível para o abastecimento de madeira. Nesta superfície crescem todos os anos 444 megatoneladas de madeira. Existe potencial para aumentar as taxas de colheita e mobilização de madeira para fornecer quantidades adicionais de biomassa lenhosa sem exceder o aumento total anual, a fim de manter o abastecimento interno de madeira da UE para as indústrias de transformação da madeira existentes, e dar resposta à crescente procura de materiais e produtos de base biológica no âmbito da bioeconomia. Além disso, ao utilizar subprodutos, resíduos e desperdícios, pode gerar-se mais valor a partir das matérias-primas originais, com efeitos positivos também para o emprego nas zonas rurais. Para além do seu potencial para substituir produtos à base de matérias fósseis, a bioeconomia constitui também uma oportunidade de criar novos produtos e serviços e, desse modo, diversificar o rendimento dos setores agrícola e florestal, e fomentar as oportunidades de emprego nas zonas rurais. 1.ª pergunta aos ministros: Na V. opinião, estará a bioeconomia a utilizar plenamente o seu potencial de criação de valor acrescido para a agricultura e a silvicultura e de fomento do crescimento económico e do emprego, sobretudo nas zonas rurais? 14950/18 ec/gd/jcc 3
4 II. A abordagem estratégica da UE A Estratégia da UE para a bioeconomia, de 2012 Em 2012, a Comissão Europeia publicou a sua comunicação intitulada "Inovação para um Crescimento Sustentável: Bioeconomia para a Europa" (adiante designada por "Estratégia da UE para a bioeconomia, de 2012") e o plano de ação conexo 2, centrados na natureza transversal da bioeconomia e na sua capacidade de fazer face aos desafios societais incluindo a segurança alimentar, a escassez de recursos naturais, a dependência dos recursos (fósseis) não renováveis, as alterações climáticas e a criação de emprego. Em 2017, a Comissão procedeu a uma revisão da Estratégia da UE para a bioeconomia, de , a qual salientou que a Estratégia e o plano de ação estavam a produzir resultados em relação às principais ações e que as oportunidades oferecidas pela bioeconomia e a importância da coordenação da Estratégia eram cada vez mais reconhecidas na UE. Constatou também que continuava a ser necessária uma maior mobilização dos investimentos e que importava velar por uma maior coerência das políticas. Além disso, salientou que o atual contexto político destaca a necessidade de uma bioeconomia sustentável e circular, em consonância com a evolução das políticas a nível mundial como a Economia Circular, a União da Energia, o Acordo de Paris e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Na reunião do Comité Especial da Agricultura de 5 de fevereiro de 2018 e no Conselho (Agricultura e Pescas) de 19 de fevereiro de 2018, foi debatida a revisão da Estratégia da UE para a bioeconomia, de 2012, que suscitou um amplo consenso sobre o potencial da bioeconomia para a agricultura e a necessidade de os agricultores serem mais bem integrados na cadeia de valor da bioeconomia. 2 COM(2012) 60 final de ST 6487/12 + ADD 1. 3 SWD(2017) 374 final de ST 14362/ /18 ec/gd/jcc 4
5 Estratégia atualizada para a bioeconomia Em 11 de outubro de 2018, a Comissão publicou a sua comunicação intitulada "Uma bioeconomia sustentável na Europa: Reforçar as ligações entre a economia, a sociedade e o ambiente" (adiante designada por "Estratégia atualizada para a bioeconomia") 4, que constitui uma atualização da Estratégia da UE para a bioeconomia, de 2012, acompanhada de um plano de ação. Através desta comunicação, a Comissão visa melhorar a utilização sustentável dos recursos renováveis para fazer face aos desafios mundiais e locais, incluindo as alterações climáticas, o desenvolvimento sustentável e a degradação dos ecossistemas. Esta atualização é extremamente pertinente para os setores agrícola e florestal dadas as enormes potencialidades da bioeconomia para garantir a segurança alimentar de uma população mundial em crescimento, dando simultaneamente resposta aos desafios ambientais e contribuindo para sistemas de produção mais circulares e sustentáveis, bem como para proporcionar novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento rural. O plano de ação identifica 14 ações-chave para preparar o terreno para uma bioeconomia sustentável e circular, abordando as três prioridades principais: i) "reforçar e assegurar a expansão dos setores de base biológica, libertar investimentos e abrir os mercados"; ii) "implantar rapidamente bioeconomias locais em toda a Europa"; iii) "compreender os limites ecológicos da bioeconomia". O conceito de uma bioeconomia circular e sustentável é também um instrumento para realizar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na União cumprindo os objetivos europeus para a biodiversidade ou outros objetivos ambientais. 4 COM(2018) 673 final de ST 13229/18 + ADD /18 ec/gd/jcc 5
6 Entre as ações propostas, a Comissão incluiu o lançamento da plataforma de investimento temática para a bioeconomia circular, no montante de 100 milhões de euros, com o objetivo de colmatar as lacunas no acesso a financiamento privado para projetos inovadores em matéria de bioeconomia através da dotação financeira do programa Horizonte Outro exemplo são as ações-piloto destinadas a apoiar as atividades locais, por exemplo, a promover a reabilitação de baldios industriais: este tipo de ações é também suscetível de sensibilizar produtores e consumidores e de simplificar a comunicação entre eles. Atendendo ao potencial da bioeconomia, poderão também ser exploradas outras possibilidades para além dessas ações, inclusive no quadro de outros fundos interligados à bioeconomia 5. Vale ainda a pena recordar que a bioeconomia faz parte dos nove objetivos específicos da futura política agrícola comum tal como proposta pela Comissão na sua proposta de regulamento sobre os chamados "planos estratégicos da PAC" 6 (artigo 6.º, n.º 1, alínea h): "promover o emprego, o crescimento, a inclusão social e o desenvolvimento local nas zonas rurais, nomeadamente a bioeconomia e a silvicultura sustentável"). Desafios a enfrentar A Estratégia atualizada para a bioeconomia foi apresentada na conferência subordinada ao tema "Sustainable and circular Bioeconomy, the European way", organizada em Bruxelas a 22 de outubro de 2018 pela Presidência austríaca e pela Comissão Europeia. Entre as principais mensagens, tanto o Comissário Carlos Moedas (DG RTD, à frente deste trabalho) como o Comissário Phil Hogan (DG AGRI) salientaram a necessidade de comunicar melhor a importância da bioeconomia a fim de libertar todo o seu potencial, que de outra forma pode ficar por explorar. 5 Por exemplo, vale a pena recordar que, na Comunicação da Comissão sobre o quadro financeiro plurianual (ST 8353/ ADD 1 + ADD 2), está prevista no programa Horizonte Europa uma dotação de 10 mil milhões de euros para apoiar a investigação e a inovação nos domínios alimentar, da agricultura, do desenvolvimento rural e da bioeconomia ao longo do período COM(2018) 392 final de ST 9645/ ADD 1 + COR /18 ec/gd/jcc 6
7 Outro desafio que se coloca para uma execução bem sucedida da Estratégia é o da plena participação de todos os intervenientes ao longo da cadeia de valor, incluindo os consumidores, sempre que se trate da execução da Estratégia atualizada para a bioeconomia. Sem uma ampla aceitação dos novos produtos e serviços, a par de medidas de acompanhamento e dos esforços dos principais intervenientes nas cadeias de valor pertinentes, o êxito da Estratégia poderá ficar comprometido. Nesse sentido, há que promover a educação, a formação e as competências do lado dos produtores primários e da indústria, bem como do lado dos consumidores. 2.ª pergunta aos ministros: Na V. opinião, serão as 14 ações propostas pela Estratégia atualizada da UE para a bioeconomia adequadas para libertar plenamente o potencial da bioeconomia, sobretudo na perspetiva de um produtor primário? Haverá mais oportunidades a explorar, inclusive através de interações com os fundos já existentes? 14950/18 ec/gd/jcc 7
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