INFORMATIVO. num. num. pessoa jurídica seja utilizada como véu protetor de realizações fraudulentas por parte dos sócios ou administradores.
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- Manoela Coimbra Mascarenhas
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1 BOLETIM INFORMATIVO EDIÇÃO N / 2014 BOLETIM INFORMATIVO EDIÇÃO N 2 11 / 2013 INFORMATIVO num Editorial - 12ª Edição Prezado Leitor, Nesta edição do Informativo Mensal do Escritório Ribeiro da Luz Advogados, o assunto a ser abordado envolve uma questão muito discutida no âmbito do Direito Empresarial. Trata-se da doutrina da desconsideração da personalidade jurídica ou, originariamente, disregard of legal entity doctrine. Esta teoria tem seu berço na jurisprudência do Direito inglês e, ressalvadas as peculiaridades dos costumes britânicos, ela tem como escopo geral, conforme perfeita dicção da Ministra do STJ Nancy Andrighi, relatora no Recurso Especial nº RJ, a superação temporária da autonomia patrimonial da pessoa jurídica com o intuito de, mediante a constrição do patrimônio de seus sócios ou administradores, possibilitar o adimplemento das dívidas assumidas pela sociedade. num pessoa jurídica seja utilizada como véu protetor de realizações fraudulentas por parte dos sócios ou administradores. Serão apresentadas em breves linhas as duas teorias predominantes acerca da aplicabilidade da doutrina da desconsideração, a Teoria Maior, mais elaborada, tributária dos motivos que deram origem ao instituto e a Teoria Menor, menos complexa, atribuindo a ele o caráter de meio de satisfação creditícia. Serão feitas referências aos seus abrigos normativos, bem como a um caso jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça sobre o tema em tela. Boa leitura! Equipe Ribeiro da Luz Advogados O que se pretende coibir com a aplicação dessa teoria é que a autonomia patrimonial da 1
2 SUMÁRIO Editorial da 12ª Edição; Apontamentos sobre a teoria da desconsideração da personalidade jurídica Decisão Judicial em Destaque Biblioteca Expediente 2
3 ARTIGO Apontamentos sobre a teoria da desconsideração da personalidade jurídica No âmbito do Direito de Empresa, a sociedade empresária tem personalidade distinta da de seus sócios, de modo que, além de possuir aptidão para exercitar qualquer ato em nome próprio, é dotado de patrimônio exclusivo, independente do patrimônio individual de cada sócio. Esta ficção jurídica expressa um de seus princípios basilares: o da autonomia da pessoa jurídica, distinta da pessoa de seus sócios e componentes, e que só é passível de ser afastada em caráter provisório e pontual. É justamente sobre este afastamento e suas repercussões práticas que iremos discorrer. A personalização da sociedade empresária é, de fato, um poderoso instrumento jurídico de impulso para seu desenvolvimento econômico, vez que lhe confere autonomia negocial, facilitando a celebração de contratos e a relação com terceiros. Por outro lado, ela pode, com alguma facilidade, ser manipulada para fins escusos. Assim, com o fito de remediar a deturpação de sua finalidade, surgiu a teoria da desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica. Esta teoria tem como berço a Inglaterra de fins do século XIX. Surgiu em sede jurisprudencial, consoante a tradição jurídica da common law vigente neste país, e teve como caso emblemático o litígio Salomon vs. Salomon Co. Ltda., de 1897, cujo deslinde abriu espaço para a atuação criativa, irrefutavelmente jurígena, do magistrado, no sentido de afastar momentaneamente a capa protetora da personalidade jurídica da sociedade e atingir enfim a personalidade do sócio Mr. Salomon através de seu patrimônio pessoal. Neste caso a decisão pela desconsideração da personalidade jurídica da sociedade a fim de quitar débitos com credores foi reformada, de modo que Mr. Salomon não sofreu responsabilização pelas dívidas da sociedade. Todavia, não obstante tal desfecho, este processo representou o marco inicial da aplicabilidade desta teoria, bem como demonstrar qual é o objetivo da teoria: apurar determinados fatos ou atos que, em condições de habitual separação 3
4 patrimonial entre sociedade e sócios, não seriam apurados. É claro que a desconsideração realizada pelo juiz depende da constatação de que a personalidade jurídica da sociedade esteja servindo como cobertura para abuso de direito ou fraude nos negócios ou atos jurídicos. Neste caso, o magistrado tem o dever de ignorar a personalidade jurídica e projetar os efeitos dos atos contra a pessoa física dos administradores ou sócios. Como o intuito é justamente reprimir as fraudes e abusos perpetrados em um caso específico, este afastamento temporário da personalidade jurídica da sociedade não importa na dissolução da pessoa jurídica, continuando sua personalidade válida e eficaz em relação a outros negócios jurídicos da sociedade. No Brasil, por sua vez, o primeiro registro de aplicabilidade desta doutrina ocorreu em sede legislativa, com o Código de Defesa do Consumidor, de 1990, em seu art. 28. Em sua esteira foi editado o art. 18 da Lei Antitruste, de Em 1998 surgiu na Lei do meio ambiente, em seu art. 4º, e, finalmente, em 2002, foi positivada no art. 50 do Código Civil. O Código de Defesa do Consumidor inaugura a chamada Teoria Menor da desconsideração, no sentido de autorizá-la não somente em casos de insolvência ou encerramento irregular de suas atividades, independentemente da existência de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, mas também em qualquer caso no qual a personalidade representar, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Sob outro prisma, existe a Teoria Maior da desconsideração, evidenciada no art. 50 do Código Civil. Admite ele a desconsideração da personalidade jurídica nos casos tradicionais de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, bem como de abuso de direito. Ressalvadas algumas críticas que podem ser feitas à positivação tal qual se apresenta no art. 28 do Código de Defesa do Consumidor, de acordo com as quais a desconsideração nos casos por ele expostos não seria necessária, já que a responsabilidade pessoal já seria imputada aos sócios ou administradores primeiramente, antes da pessoa jurídica em si, conclui-se que a interpretação mais adequada da teoria da desconsideração da personalidade jurídica seria a que a admite apenas em casos de fraudes e mau uso da pessoa jurídica, conforme exposto no Código Civil. Portanto, a disregard doctrine, ou doutrina da desconsideração da personalidade jurídica, figura como uma salvaguarda dos interesses de terceiros contra fraudes praticados através da utilização indevida da autonomia da personalidade da sociedade em relação à de seus sócios. Sem prejuízo do instituto, sua aplicação pelo magistrado deve ser feita com parcimônia, de modo a não vulgarizá-la nos casos concretos que se apresentem, pois está em jogo, por seu turno, também a preservação do instituto da pessoa jurídica. Raquel Scarpe. 4
5 DECISÃO A decisão em destaque do mês ilustra bem a aplicabilidade da teoria da desconsideração da personalidade jurídica a casos concretos. O litígio em questão trata justamente do não enquadramento da teoria da desconsideração ao caso em apreço, vez que a mera mudança de endereço da empresa, na circunstância fática, não constitui motivo suficiente para a desconsideração. Caso haja maiores dúvidas, estamos à disposição. AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº SP (2012/ ) RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. ART. 50 DO CC/2002. TEORIA MAIOR. MUDANÇA DE ENDEREÇO DA EMPRESA. INSUFICIÊNCIA. AFERIÇÃO DA PRESENÇA DOS ELEMENTOS AUTORIZADORES DA TEORIA DA DISREGARD DOCTRINE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A desconsideração da personalidade jurídica, à luz da teoria maior acolhida em nosso ordenamento jurídico e encartada no art. 50 do Código Civil de 2002, reclama a ocorrência de abuso da personificação jurídica em virtude de excesso de mandato, a demonstração do desvio de finalidade (ato intencional dos sócios em fraudar terceiros com o uso abusivo da personalidade jurídica) ou a demonstração de confusão patrimonial (caracterizada pela inexistência, no campo dos fatos, de separação patrimonial entre o patrimônio da pessoa jurídica e dos sócios ou, ainda, dos haveres de diversas pessoas jurídicas). 2. A mudança de endereço da empresa executada não constitui motivo suficiente para a desconsideração da sua personalidade jurídica. Precedente. 3. A verificação da presença dos elementos autorizadores da disregard, elencados no art. 50 do Código Civil de 2002, demandaria a reapreciação das provas carreadas aos autos, providência que encontra óbice na Súmula 7/STJ. 4. Agravo regimental não provido. 5
6 BIBLIOTECA No mês de setembro, foram adquiridas as seguintes obras: REVISTA DE PROCESSO RePRO Ano 39 nº234 agosto 2014, Coord. Teresa Arruda Alvim Wambier, Editora Revista dos Tribunais. PROGRAMA DE DIREITO DO CONSUMIDOR. Sérgio Cavalieri. Editora Atlas DIREITO CIVIL BRASILEIRO, Carlos Roberto Gonçalves, volume 3. Editora Saraiva. 6
7 EXPEDIENTE Publicação Mensal do Escritório Ribeiro da Luz Advogados Projeto Gráfico Smile Design Idealização e conteúdo desta edição Leonardo Ribeiro da Luz Fernandes Raquel Scarpe As opiniões aqui manifestadas não são orientações legais e não devem ser assim consideradas. A reprodução de qualquer trecho do Informativo depende de prévia autorização. Distribuição Interna e para clientes e parceiros do Escritório Participe enviando matérias, artigos e sugestões para: camila.gullo@ribeirodaluz.com.br Os artigos que integram este Informativo tem finalidade de mera divulgação de notícias de interesse para o meio jurídico e empresarial, não expressando necessariamente a opinião jurídica do Ribeiro da Luz Advogados. Endereço Rua Senador Dantas, 20 - Grupo 1004 a 1006, Centro - Rio de Janeiro CEP: Telefones: (21) (21) Ribeiro da Luz Advogados 7
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