FACULDADE DE DIREITO DE CAMPOS

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1 FUNDAÇÃO F FUNDAÇÃO CULTURAL DE CAMPOS GRUPO DE PESQUISA INSTITUCIONAL EM DIREITO EMPRESARIAL PROPOSTA DE IMPLEMENTAÇÃO I Objeto Realização de estudos e pesquisas pela comunidade acadêmica da Faculdade de Direito de Campos, sob a ótica do empresário e dos direitos do consumidor, com o intuito de gerar e divulgar conhecimento produzido com base no método científico. II Universo Temático O grupo enfrentará questões acerca da aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos empresários, através da análise dos aspectos jurídicos e sociais que envolvem o meio empresarial, fazendo uma associação entre a lei, a doutrina e a jurisprudência. Analisar-se-ão as práticas comerciais a partir dos princípios constitucionais, refletindo sobre os valores essenciais da dignidade da pessoa humana, ressaltando-se os pontos conexos deste tema com outros ramos da ciência do Direito e demais ciências interligadas. O projeto inicial desenvolvido neste grupo de pesquisa é o seguinte: 1. Alexandre Ferreira de Assumpção Alves. O empresário e os direitos do consumidor. A atuação do empresário tem importância fundamental para a economia brasileira no vasto panorama de contradições e crises da sociedade capitalista, onde o cenário revela-se por uma constante invenção de novos modos de produção, de circulação e de consumo, de novas formas de organização industrial e de novos mercados. Transformações político-econômicas tornam em realidade, a perda pelo consumidor da sua soberania e da sua atuação segundo os mecanismos pessoais do mercado. Nesse contexto, observa-se que o consumidor, parte mais fraca na relação, perde seu poder de decidir, pois sofre com interferências externas, tornando-se vítima da publicidade enganosa e/ou abusiva, das cláusulas contratuais abusivas, dos preços abusivos, da má qualidade dos produtos e serviços, da fraude e abusos praticados através de uma pessoa jurídica com propósito de lesar uma obrigação legal ou contratual e prejudicar direito de terceiros de boa-fé. O consumidor acaba se sucumbindo aos males da concentração industrial, dos produtos defeituosos, dos preços excessivos, das ofertas de empréstimos e financiamentos bancários por meio da publicidade, causando na economia desequilíbrio nas relações de consumo. As práticas comerciais adotadas pelo empresário vêm, com efeito, desrespeitando direitos essenciais à vida, à saúde, à higidez física e mental, à informação, à proteção do patrimônio cultural e ambiental dos consumidores, evidenciando o desequilíbrio na relação fornecedor x consumidor. Outrossim, o vínculo contratual centrado na idéia de valor da vontade como elemento principal na relação entre fornecedor e consumidor, perde sua eficácia para a

2 realidade nua e crua: a realidade contratual massificada herdada do avanço industrial que revolucionou a indústria. Com a revolução industrial surgiram novas tecnologias, novas invenções, crescimento da produção em massa e com ela, a obsessão do dinheiro, das mercadorias e das coisas, e com isso, reduziu as relações humanas surgindo uma sociedade consumerista com base em elos contratuais. Este fenômeno jurídico fez brotar a massificação das relações sociais, que provocou um desequilíbrio entre quem fornece e quem consome, registrando-se no tempo, uma infinidade de abusos de consumo que afetaram toda a sociedade. Logo, percebeu-se a necessidade de buscar um regime jurídico diferenciado, para reequilibrar a relação de consumo e reforçar a posição do consumidor. Para acabar com as perversidades atribuídas aos consumidores, nasceu o Direito do Consumidor. O Estado passou a intervir nas relações de consumo, sobretudo através da ingerência legislativa, resguardando o consumidor, parte mais fraca na relação, dos abusos cometidos pelos fornecedores. De igual modo, com o advento da Constituição Federal de 1988 e da criação da Lei n 8.078/90 que dispõe sobre o Código de Defesa do Consumidor, essa discussão ganhou novos contornos após a criação da Lei n /2002 que unificou parcialmente o direito privado, adotando expressamente a teoria da empresa e incorporando princípios da boa-fé objetiva e da função social do contrato. Observa-se uma mudança no sistema jurídico. Logo, percebe-se que existe uma grande diferença de tratamento entre as relações empresariais e as de consumo. A proteção jurídica do desigual assegurada pela Lei 8.078/90 será sempre mais forte do que a Lei /2002 para as relações entre iguais, resguardando-se o princípio da isonomia neste caso. Procurar-se-á justificar na presente pesquisa os pontos mais polêmicos, com o fito de esclarecê-los de modo a refletir um pouco mais sobre essa infindável e instigante relação entre quem consome e quem fornece. No entanto, será abordada a responsabilidade pré-contratual no CDC, os efeitos da oferta de contratos bancários e de financiamentos, cobranças de dívidas e cadastros de consumidores oriundos de ofertas publicitárias e os efeitos das práticas comerciais abusivas. III Metodologia Os recursos metodológicos a serem utilizados para exposição do tema escolhido serão: pesquisas bibliográficas (nacional e estrangeira); pesquisa jurisprudencial a ser realizada em repositórios autorizados de jurisprudência e também através da rede mundial de computadores (Internet). IV Composição O grupo é constituído sob a liderança de professor doutor da FDC, com pesquisas integradas no universo temático definido. Na condição de orientandos estarão professores doutores líderes de projetos e os professores de graduação mestres pelo programa.

3 Na condição de pesquisadores associados, a participação estará aberta aos integrantes do corpo docente e discente da graduação e pós-graduação stricto sensu e lato sensu da instituição, desde que tenham seus projetos aceitos e sejam diretamente orientados por professores habilitados com pesquisas já cadastradas no grupo. V Inscrição e participação de pesquisadores Os pesquisadores que desejarem se inscrever deverão apresentar projetos de pesquisa vinculados ao universo temático e à linha de pesquisa desenvolvida, estando condicionada a formalização de sua participação à aprovação do projeto apresentado e aceitação por um orientador qualificado. VI Ações iniciais Reuniões preparatórias, reunião inaugural; recebimento e apresentação de projetos; levantamento de material de referência; estudos dirigidos sobre temas transversais e específicos; planejamento de seminários. VII Calendário de reuniões As primeiras reuniões para implementação do grupo de pesquisa institucional de Direito Empresarial estão programadas para o primeiro semestre de 2007, nas seguintes datas: - 20 de abril; - 10 de maio; - 12 de junho. VIII Resultados esperados Espera-se, com a implementação do grupo de pesquisa em direito empresarial, promover a realização de seminários sobre os temas escolhidos, a elaboração e publicação de artigos com os resultados das pesquisas desenvolvidas e preparação de relatórios parciais e finais para publicação de livro. XIX Referências ALMEIDA, João Batista de. A proteção jurídica do consumidor. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, AMARANTE, Maria Cecília Nunes. Justiça ou Eqüidade nas Relações de Consumo. Rio de Janeiro: Editora Lúmen Júris, 1998.

4 CARDOSO, Atinoel Luiz. Das pessoas jurídicas e seus aspectos legais. São Paulo: AEA Edições Jurídicas, DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo, São Paulo: Atlas, 12ª. Edição, DONEDA, Danilo. Os direitos da personalidade no novo Código Civil. In: A parte geral do novo Código Civil: estudos na perspectiva civil-constitucional. TEPEDINO, Gustavo (coordenador). Rio de Janeiro: Renovar, FRANCO, Vera Helena de Mello. Manual de Direito Comercial. v. 1, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, FACHIN, Luiz Edson. Teoria crítica do direito civil. Rio de Janeiro: Renovar, GAMA, Hélio Zaghetto. Curso de direito do consumidor. 3ª. Edição, Rio de Janeiro: Editora Forense, GOMES, Orlando. Transformações Gerais do Direito das Obrigações. São Paulo, RT, GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução ao estudo do direito. 8ª. ed. Rio de Janeiro: Forense, GRINOVER, Ada Pellegrini. Código brasileiro de defesa do consumidor: comentado pelos autores do anteprojeto. 7ª edição, Rio de Janeiro, Forense Universitária, GUIMARÃES, Paulo Jorge Scartezzini. A publicidade ilícita e a responsabilidade civil das celebridades que dela participam. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, v.16, LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, MATTIETTO, Leonardo. O Direito Civil Constitucional e a Nova Teoria dos Contratos. In: TEPEDINO, Gustavo (coord.) Problemas de Direito Civil Constitucional. Rio de Janeiro, v. 309, jan/mar, MARCONI, Mariana de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 3ª ed. São Paulo: Atlas, MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 4ª edição, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2002, vol. 1. MARTINS-COSTA, Judith. A boa-fé no direito privado: sistema e tópica no processo obrigacional.1ª edição, 2ª tiragem, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, MARTINS, Flávio Alves. A Boa-fé Objetiva e sua Formalização no Direito das Obrigações Brasileiro. 2ª edição, Rio de Janeiro, Editora Lúmen Júris, 2001.

5 MARTINS, Fran. Curso de direito comercial: empresa comercial, empresários. 23ª. ed. rev. e atual., Rio de Janeiro: Forense, MENEZES CORDEIRO, Antonio Manuel da Rocha. Direito das obrigações. Lisboa, Associação Acadêmica da Faculdade de Direito de Lisboa, MIRANDA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura civilconstitucional dos danos morais. Rio de Janeiro: Renovar, Princípios do direito civil contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, NEGREIROS, Teresa Paiva de Abreu Trigo de. Fundamentos para uma interpretação constitucional do princípio da boa-fé. Rio de Janeiro: Renovar, NERY Junior, Nelson. Código civil comentado e legislação extravagante. 3ª ed. rev., atual. e ampl. da 2ª ed. do Código Civil anotado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, NUNES, Rizzatto. Comentários ao Código de Defesa do Consumidor. 2ª edição, São Paulo, Saraiva, REALE, Miguel. Em vigor o novo Código Civil: Espírito da nova Lei Civil. Brasília: Revista Jurídica Consulex, ano VII, n 144, 15/jan/2003. SABBATO, Franco Di. Manualle delle società. 2ª. Ed., Torino: Utet, SANTANA, Héctor Valverde. Prescrição e decadência nas relações de consumo. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, SANTOS, Fernando Gherardini. Direito do marketing: uma abordagem jurídica do marketing empresarial. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, v. 14, SLAWINSKI, Célia Barbosa Abreu. Contornos dogmáticos e eficácia da boa-fé objetiva. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, SILVA, Alexandre Couto. Aplicação da desconsideração da personalidade jurídica no direito brasileiro. São Paulo: LTr, SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 9ª. ed., São Paulo: Editora Malheiros, TAVARES, André Ramos. Constituição do Brasil integrada com a legislação e a jurisprudência do STF. São Paulo: Saraiva, TEPEDINO, Gustavo. As Relações de Consumo e a Nova Teoria Contratual. In: Temas de Direito Civil. 3 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

6 TOMASETI JR., Alcides. O objetivo de transparência e o regime jurídico dos deveres e riscos de informação nas declarações negociais para consumo. Revista Direito do Consumidor n. 4, VARELA, Antunes. Direito das obrigações: conceito, estrutura e função da relação obrigacional, fontes das obrigações, modalidades das obrigações. Rio de Janeiro: Forense, VENOSA, Silvio de Salvo. Teoria geral dos contratos. São Paulo: Editora Atlas, WESTERMANN, Harm Peter. Código Civil Alemão; Direito das Obrigações; Parte Geral. Trad. Armindo Edgar Laux. Porto Alegre: Fabris, Código Civil Alemão; Parte Geral. Trad. Luiz Dória Furquim, Porto Alegre: Fabris, WIEACKER, Franz. História do direito privado moderno. Tradução A.M. Botelho Hespanha, 2ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993.