MENSAGEM DE ANO NOVO

Transcrição

1 MENSAGEM DE ANO NOVO O tempo circular trouxe-nos, de volta, o Natal. Assim são os ritos, que nos trazem recordações, aconchego e sentimento de pertença à Família, de forma pluri-significativa. Com tempo agreste, entre as maiores dificuldades, uma manjedoura serve de berço e traz-nos, talvez paradoxalmente, a Esperança. É sempre possível renascer das dificuldades, através da solidariedade e da partilha, fazendo, com dignidade, o Homem cumprir-se. Assim tem sido também com a Família Açoriana. Dispersa pelos quatro cantos do Mundo, é tempo de pensar nos nossos, que cumprem quotidianamente a açorianidade, e a todos enviar uma fraterna saudação. 1

2 Temos cumprido, dia a dia, a nossa condição de Europeus das Ilhas, ligando mundos e lutando por mais pão e mais dignidade. Aqui como em qualquer parte. Tomando em mão o nosso Destino, individual e colectivo, à cata de mais felicidade, mais pão e mais respeito. O Mundo atravessa uma situação difícil. A economia da alta finança baralha e perverte a economia real. A Europa amarga uma crise de crescimento, em que só mais integração e mais solidariedade podem fazer ultrapassar o impasse em que se encontra a moeda única europeia. Mais do que nunca precisamos de arrojo e sabedoria de Homens que rompam a mera gestão das regras estabelecidas. Precisamos de um sobressalto cívico que faça avançar a nossa Casa Comum, atrevendo novas soluções, como a ruptura de um Natal. Portugal e os Açores estão nesta Europa, e não poderiam estar noutro lugar. Temos que dar o nosso contributo, aceitar regras e remar em 2

3 conjunto, como parte activa da Europa e da superação da crise. Se estamos onde devíamos estar, não podemos baixar os braços nem ser tomados pelo desânimo. Há sempre estrelas a guiar os Homens de boa vontade: o seu arrojo, a sua iniciativa, a sua dignidade. Nas nossas Ilhas, temos tentado responder às dificuldades, de forma persistente e tenaz. Fazendo uso dos instrumentos de política que o Governo Próprio coloca à nossa disposição. Porque a Autonomia é solidariedade na diferença, tendo a coragem de trilhar um caminho próprio. Não é igualização no seguidismo e no desfavor, fazendo prevalecer a inveja de desvantagens pretensamente niveladoras. É, como sempre, preciso e urgente, fazer a pedagogia da causa Autonómica, como caminho paralelo de desenvolvimento, em que um desvio não é um cisma, uma alternativa não é uma dissidência, uma medida de política não é um insulto. 3

4 Havemos de continuar. Com o dever ingente de, primeiro cuidar dos nossos aqui. E assim cumprir o Portugal que nos foi dado gerir e zelar. De resto, alguns zelotas do igualitarismo formal, sobretudo quando se trata de apoucar a Autonomia, depressa dele se esquecem e o atiram para longe, quando se trata dos inegáveis direitos financeiros das nossas Autarquias Locais, por exemplo. Aí já se considera que a Autonomia impõe derrogações ao princípio da igualdade, onde ele é expressa letra de lei. Contradições flagrantes que o espírito natalício compreende, mas não aceita nem esquece. No Natal, em tempo gélido e recolhido, se inicia uma caminhada de vida, de esperança e de superação dos limites do Homem. É sempre um renascer, um recomeço. Vem aí um novo Ano. Sabemos que traz dificuldades. Mas também novos desafios, que a esperança e a persistência hão-de vencer. Com todos juntos, no essencial da nossa vida colectiva, será mais fácil, e seremos mais fortes. 4

5 A todos os Açorianos, onde quer se encontrem, continuação de Boas Festas e um excelente 2011! O Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores Francisco Manuel Coelho Lopes Cabral Angra do Heroísmo, 01 de Janeiro de