FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO: FUNDEB
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1 FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO: FUNDEB Paulo César Salum Auditor Fiscal de Controle Externo 1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO REGULAMENTAÇÃO DO FUNDEB COMPOSIÇÃO FINANCEIRA DO FUNDEB DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS DO FUNDEB UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO FUNDEB PISO SALARIAL PROFISSIONAL NACIONAL CONSELHO DE ACOMPANHAMENTO DO FUNDEB... 6 CONCLUSÃO... 8 REFERÊNCIAS... 9 INTRODUÇÃO O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação Fundeb, criado pela Emenda Constitucional n 53/06, de 06/12/06, tem por objetivo proporcionar a elevação e uma nova distribuição dos investimentos em educação, com novas fontes de financiamento. O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério - Fundef, que vigorou até o fim de 2006, permitia investimentos apenas no 1 O autor do texto é responsável pela revisão e pelos conceitos e opiniões emitidos.
2 Ensino Fundamental, já o Fundeb propõe a garantia da Educação Básica, da Creche ao final do Ensino Médio, inclusive àquelas que não tiveram acesso à educação em sua infância. Portanto, o Fundeb atenderá não só o Ensino Fundamental (6 a 14 anos), como também a Educação Infantil (0 a 6 anos), o Ensino Médio (15 a 17 anos) e a Educação de Jovens e Adultos, bem como terá vigência de 14 anos, a partir do primeiro ano da sua implantação, onde os percentuais de contribuição dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para o Fundeb, sobre as receitas de impostos e transferências especificadas pela EC n 53/06, foram introduzidos de forma gradual, atingindo o percentual de 20% a partir de 2009, por ter sido plenamente implantado. Com isto, o Governo Federal pretende alcançar 48 milhões de alunos da Educação Básica, ao passo que o Fundef alcançou 32 milhões de alunos do Ensino Fundamental em 2007; estima-se uma receita de R$ 51 bilhões, acrescido de parcela de complementação da União para os Estados que por algum motivo não alcançarem os investimentos mínimos por aluno, de cerca de R$ 5 bilhões em 2009 (exercício com implantação integral). 1 REGULAMENTAÇÃO DO FUNDEB A regulamentação do Fundeb deu-se através da Medida Provisória n 339/06, publicada no DOU em 29/12/06, que teve como objetivo apressar o repasse dos recursos para o exercício de 2007, tendo em vista o atraso na publicação da EC n 53/06 (20/12/06). Destaca-se que a MP n 339/06 não revogou todos os dispositivos da Lei Federal n 9.424/96 (dispõe sobre o Fundef). Permanecem vigorando os artigos 9 ao 12, 14 e 15, dispositivos que tratam, entre outros assuntos, de: - Plano de Carreira e Remuneração do Magistério; - Cumprimento do art. 212 da CF/88; - Competência dos Tribunais de Contas para estabelecer mecanismos adequados à fiscalização do cumprimento pleno do disposto no art. 212 da CF/88; - Salário Educação. 2 COMPOSIÇÃO FINANCEIRA DO FUNDEB
3 De acordo com a Medida Provisória n 339/06, de 28/12/06, a receita do Fundeb, no âmbito municipal, será composta da seguinte forma: IMPOSTO ARTIGO CF ICMS Art. 155, inc. I 16,66% 18,33% 20% FPM Art. 159, inc. I, alínea b 16,66% 18,33% 20% IPI Exportação Art. 159, inc. II c/c LC n 61/89, 16,66% 18,33% 20% art. 5 Desoneração de Exportações ICMS (LC ,66% 18,33% 20% 87/96) ITCMD* Art. 155, inc. I 6,66% 13,33% 20% IPVA Art. 155, inc. III 6,66% 13,33% 20% ITR Art. 158, II 6,66% 13,33% 20% Receitas da Dívida Ativa Tributária relativa a impostos, acrescido de multa e juros quando incidentes. Ganhos auferidos em decorrência das aplicações financeiras dos saldos da conta do Fundeb. Complementação da União: I Dois bilhões, em 2007; II Três Bilhões, em 2008; III Quatro Bilhões e Meio, em 2009; IV 10% do montante resultante da contribuição dos Estados e Municípios, a partir de *Imposto sobre Transmissão causa mortis e doações A contabilização do ingresso dos recursos vinculados ao Fundo, conforme quadro acima, deverá ser feita de forma qu e se inscreva os 100% do valor destinado ao Município.
4 O Tribunal de Contas de Santa Catarina disponibilizou em seu site ( as seguintes especificações das fontes de recursos na qual deva ser contabilizado o Fundeb: CÓDIGO CÓDIGO ESPECIFICAÇÃO DAS FONTES DE RECURSOS Transferências do FUNDEB (Aplicação na remuneração dos profissionais do Magistério em efetivo exercício na Educação Básica) Transferências do FUNDEB (Aplicação em outras despesas vinculadas a Educação Básica) DETALHAMENTO DAS DESTINAÇÕES DE RECURSOS Remuneração de Depósitos Bancários FUNDEB (Aplicação na remuneração dos profissionais do Magistério em efetivo exercício na Educação Básica) Remuneração de Depósitos Bancários FUNDEB (Aplicação em outras despesas vinculadas a Educação Básica) 3 DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS DO FUNDEB Os recursos do Fundeb serão distribuídos entre o Distrito Federal, os Estados e seus Municípios, considerando-se exclusivamente as matrículas presenciais efetivas, nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, conforme os 2 e 3 do art. 211 da CF/88: ENTE DA FEDERAÇÃO ESTADOS E DISTRITO FEDERAL MUNICÍPIOS ÂMBITODE ATUAÇÃO PRIORITÁRIA Ensino Fundamental e Médio Ensino Fundamental e Educação Infantil Respeitado o âmbito e atuação, podem ser beneficiários do FUNDEB os alunos regularmente matriculados nas seguintes etapas, modalidades e tipos de estabelcimento: - creche; - pré-escola - séries iniciais do ensino fundamental urbano; - séries iniciais do ensino fundamental rural;
5 - séries finais do ensino fundamental urbano; - séries finais do ensino fundamental rural; - ensino fundamental em tempo integral; - ensino médio urbano; - ensino médio rural; - ensino médio em tempo integral; - ensino médio integrado à educação profissional; - educação especial; - educação indígena e quilombola; - educação de jovens e adultos com avaliação no processo; e - educação de jovens e adultos integrada à educação profissional de nível médio, com avaliação no processo. Os recursos poderão ser aplicados pelos Estados e Municípios indistintamente entre etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino da Educação Básica nos seus respectivos âmbitos de atuação prioritária, cabendo a ressalva de que, quando se tratar de educação de jovens e adultos, do valor distribuído pelo Fundo, no máximo 15% (quinze por cento) poderá ser apropriado para esta modalidade de ensino (art. 11 da Lei n /07), que alterou o art. 21, 1 da MP n 339/06, que limitava a respectiva apropriação em 10% (dez por cento). 4 UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO FUNDEB Com intuito de corrigir uma falha mantida pela regra anterior, em vigor até 2006 (Funfef), o novo Fundo determina a utilização dos recursos oriundos do Fundeb dentro do exercício financeiro, ao contrário do Fundef que permitia deixar recursos para ser utilizado no exercício seguinte. O novo Fundo, no parágrafo 2 do art. 21 da Lei n /07, possibilita que até 5% (cinco por cento) dos recursos do Fundeb poderão ser utilizados no exercício seguinte, mais precisamente, até o 1 trimestre do exercício imediatamente subseqüente, desde que seja aberto por crédito adicional, cuja fonte será evidenciada por superávit financeiro do exercício anterior.
6 5 PISO SALARIAL PROFISSIONAL NACIONAL Importante questão trazida pela EC n 53/06, ao fazer referência à necessária implantação de piso salarial, tanto para profissionais da educação escolar pública quanto para os profissionais do magistério público da educação básica (art. 206, VIII, da Constituição Federal, art. 60, III, do ADCT). Ao fazer referência a pisos salariais, remete a edição de Lei Federal para definição de um piso salarial para os profissionais da educação escolar pública, devendo ainda, ser fixado quem são os trabalhadores denominados profissionais da educação escolar. A Medida Provisória n 339/06 estabeleceu o prazo de noventa dias o envio de projeto de lei e um ano para sua aprovação. Com a edição da Lei n , publicada DOU em 17/07/08, assim estabeleceu o piso profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica: Art. 2 O piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica será de R$ 950,00 (novecentos e cinqüenta reais) mensais, para a formação em nível médio, na modalidade Normal, prevista no art. 62 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Embora em discussão pelo Supremo Tribunal Federal de alguns dispositivos, diante de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI ), encaminhada por alguns Estados da Federação, os Ministros do STF asseguraram a instituição do piso salarial disposto no art. 2 acima transcrito, a partir de janeiro de Na mesma Lei, ficou definido quem são os profissionais do magistério público da educação básica, conforme 2, do art. 2, assim transcrito: 2 o Por profissionais do magistério público da educação básica entendem-se aqueles que desempenham as atividades de docência ou as de suporte pedagógico à docência, isto é, direção ou administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação educacionais, exercidas no âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas diversas etapas e modalidades, com a formação mínima determinada pela legislação federal de diretrizes e bases da educação nacional. 6 CONSELHO DE ACOMPANHAMENTO DO FUNDEB O Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb é um colegiado, cuja função principal, segundo o art. 24 da Lei nº /2007, é proceder o acompanhamento e
7 controle social sobre a distribuição, a transferência e a aplicação dos recursos do Fundo, no âmbito de cada esfera Municipal, Estadual ou Federal. O Conselho não é uma unidade administrativa do Governo, assim, sua ação deve ser independente e, ao mesmo tempo, harmônica com os órgãos da Administração Pública local. O Poder Executivo deve oferecer ao Conselho o necessário apoio material e logístico, disponibilizando, se necessário, local para reuniões, meio de transporte, materiais, equipamentos, etc, de forma a assegurar a realização periódica das reuniões de trabalho, garantindo assim, condições, para que o Colegiado desempenhe suas atividades e efetivamente exerça suas funções (Art. 24, 10, da Lei nº /2007). É importante destacar que o trabalho dos Conselhos do Fundeb soma-se ao trabalho das tradicionais instâncias de controle e fiscalização da gestão pública. Entretanto, o Conselho do Fundeb é uma nova instância de controle, de representação social, não devendo, por conseguinte, ser confundido com o controle interno, executado pelo próprio Poder Executivo, nem com o controle externo, executado pelo Congresso Nacional com auxílio dos Tribunais de Contas, a quem compete a apreciação das contas do Poder Executivo. O controle a ser exercido pelo Conselho do Fundeb é o controle direto da sociedade, por meio do qual se abre a possibilidade de apontar, às demais instâncias, falhas ou irregularidades eventualmente cometidas, para que as autoridades constituídas, no uso de suas prerrogativas legais, adotem as providências que cada caso venha a exigir. Desde 2007, os municípios catarinenses estão obrigados a encaminhar o Parecer do Fundeb ao Tribunal de Contas, encaminhado pelos Conselhos ao Chefe do Poder Executivo, juntamente com a prestação de Contas do Município de cada exercício. De acordo com o inciso IV do art. 24 da Lei nº /2007, o Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb no município deverá ser composto por, no mínimo, nove membros, sendo: - 2 (dois) representantes do Poder Executivo Municipal, dos quais pelo menos 1 (um) da Secretaria Municipal de Educação ou órgão educacional equivalente; - 1 (um) representante dos professores da educação básica pública; - 1 (um) representante dos diretores das escolas básicas públicas; - 1 (um) representante dos servidores técnico-administrativos das escolas básicas públicas;
8 - 2 (dois) representantes dos pais de alunos da educação básica pública; - 2 (dois) representantes dos estudantes da educação básica pública, um dos quais indicado pela entidade de estudantes secundaristas. A escolha dos representantes dos professores, diretores, pais de alunos e servidores das escolas, deve ser realizada pelos grupos organizados ou organizações de classe que representam esses segmentos, e comunicada ao Chefe do Poder Executivo para que, por ato oficial, os nomeie para o exercício das funções de Conselheiros. Se no Município houver um Conselho Municipal de Educação e/ou Conselho Tutelar, um de seus membros também deverá integrar o Conselho do Fundeb. Embora exista o número mínimo de oito membros para a composição do Conselho do Fundeb, na legislação não existe limite máximo para esse número, devendo, entretanto, ser observada a paridade/equilíbrio na distribuição das representações. A atuação dos membros dos conselhos dos Fundos não será remunerada, sendo considerada atividade de relevante interesse social, e tendo os seus membros à isenção da obrigatoriedade de testemunhar sobre informações recebidas no exercício de suas ações (art. 24, 8 da MP n 339/06). CONCLUSÃO O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB trouxe algumas inovações em relação ao extinto FUNDEF, incluindo outros níveis de ensino, tais como, Educação Infantil, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos EJA, além do Ensino Fundamental. A responsabilidade por parte dos Gestores Públicos Municipais aumenta à medida que a participação do Estado na fatia dos recursos do Fundo passa a ser uma realidade, com a inclusão do Ensino Médio, devendo haver maior planejamento na área educacional de cada Município. A inserção de um piso salarial nacional para os profissionais do magistério público veio demonstrar que as regras impostas pelo Fundef no período de 1996 a 2006 não foram eficazes, a ponto de a União estabelecer unilateralmente um piso, bem como definir quem são os profissionais do magistério público da educação básica.
9 Ao unir vários níveis de ensino, busca-se maior transparência no cumprimento da aplicação mínima de 60% (sessenta por cento) com a folha dos profissionais do magistério, por parte das Administrações Públicas, facilitando o acompanhamento social não só dos Conselhos, como também, da sociedade como um todo. Ficou assegurada uma maior participação de recursos da União a serem destinados à promoção do Fundeb, com o estabelecimento de parâmetros garantidos anualmente, diferentemente da regra anterior que nada definia na Constituição Federal, incrementando recursos para os Estados. Trata-se, portanto, de fundo que busca valorizar a educação, com a garantia de mais recursos públicos no intuito de viabilizar efetivas mudanças no atendimento desta demanda social que, em todo o país, mostra-se urgente e prioritária. Com o prazo findo em 2020 (Fundeb), haverá tempo suficiente para que haja um maior amadurecimento por parte dos gestores públicos no trato da Educação Pública deste País, na valorização efetiva destes profissionais que tanto foram deixados de lado, com a conivência de toda a sociedade. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988), com texto consolidado até a Emenda Constitucional nº 56, de 20 de dezembro de Disponível em: < Acesso em: 09 fev BRASIL. Lei Complementar n 101, de 04 de maio de Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. Disponível em: < Acesso em: 08 de janeiro de BRASIL. Lei nº , de 20 de junho de Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação FUNDEB. Disponível em: < Acesso em: 08 de janeiro de BRASIL. Medida provisória n.º 339, de 28 de dezembro de Regulamenta o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e dá outras providências. Disponível em: <ftp://ftp.fnde.gov.br/web/fundeb/medida_prov_339_ pdf>. Acesso em: 09 fev BRASIL. Coordenação-Geral de Operacionalização do Fundeb e de Acompanhamento e Distribuição do Salário-Educação. FUNDEB: manual de orientação. Brasília: Ministério da Educação, Disponível em: ftp://ftp.fnde.gov.br/web/fundeb/manual_orientacao_ fundeb.pdf. Acesso em: 09 fev
10 GOMES, Geraldo José. Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação: FUNDEB. In: CICLO DE ESTUDOS DE CONTROLE PÚBLICO DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL (10.). Florianópolis: Tribunal de Contas/ Instituto de Contas, p
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