CADEIA PRODUTIVA DO JAMBU. JAMBU PRODUCTION CHAIN Apresentação pôster. DOI

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1 CADEIA PRODUTIVA DO JAMBU JAMBU PRODUCTION CHAIN Apresentação pôster Mizael Cardoso da Silva 1 ; Carlos Anderson Sousa de Carvalho 2 ; Flávio Sampaio Mendes 3 ; Nalton Enderson Silva da Silva 4 ; Gilberta Carneiro Souto 5 DOI Introdução O jambu (Acmella oleracea[(l.)r. K. Jansen] é uma hortaliça folhosa, largamente consumida na região Norte, como condimento e erva medicinal. Seu sabor é bastante peculiar, e as flores produzem uma sensação de formigamento e entorpecimento das mucosas da boca, devido a presença da substância espilantol (BORGES et al., 2014). Nos últimos anos, a hortaliça conquistou mercados nacionais e internacionais, porém sua produção está concentrada em pequenas propriedades próximas à capital paraense, principalmente, nos municípios de Santo Antônio do Tauá, Santa Izabel e Ananindeua. Por ser quase que exclusivamente produzida em pequenas propriedades, a produção do vegetal no estado não está contabilizada nos dados oficiais, mas estima-se que 240 mil maços de jambu sejam consumidos só no almoço do Círio (EMBRAPA, 2018). Apesar de estar em evidencia, o jambu deverá enfrentar nos próximos anos, desafios prementes, principalmente, no que se refere a adubação, ao controle de pragas e aos canais de distribuição, pois, carecem de respostas satisfatórias de pesquisa. Os canais de distribuição têm desafios relacionados principalmente com a organização da cadeia produtiva de hortaliças. Entre os fatores destacam4se as necessidades de diminuir a briga por margens de comercialização; estabelecer uma frequência de 1 Graduando em Agronomia e Bolsista PET Agronomia, Instituto Federal do Pará Campus Castanhal, mizaelsilva-13@hotmail.com 2 Graduando em Agronomia e Bolsista PET Agronomia, Instituto Federal do Pará Campus Castanhal, Anderson_casc@hotmail.com 3 Graduando em Agronomia, Instituto Federal do Pará Campus Castanhal, flavio.ifpa2014@gmail.com 4 Graduando em Agronomia, Instituto Federal do Pará Campus Castanhal, naltonendersonsilva@gmail.com 5 Professora EBTT, Instituto Federal do Pará Campus Castanhal, gilberta.souto@ifpa.edu.br

2 suprimento; obter produtos com qualidade; gestão de estoques; mix de produtos; previsibilidade de demanda e adequação às novas formas de consumo (ABCSEM E CNA, 2017). Em Castanhal, dezenas de produtores cultivam jambu nas regiões produtoras de hortaliças que abastecem o município. Pela importância que essa hortaliça representa para esses pequenos produtores, é necessário um diagnóstico da forma com que os cultivos vêm sendo desenvolvido, de forma a propor ações de pesquisa ou de apoio imediato, caso haja obstáculo ao cultivo. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo conhecer a atual forma de cultivo de jambu no município de Castanhal, analisando a rentabilidade da cultura e a forma como os produtores obtiveram conhecimento sobre essa planta. Metodologia A pesquisa foi realizada no município de Castanhal-PA, onde tem uma grande concentração de produtores de hortaliças, situado no nordeste paraense, à aproximadamente 70 km da capital Paraense. O Município se Localiza a uma latitude 01 17' 49" Sul e a uma longitude 47 55' 19" Oeste, estando a uma altitude de 41 metros. Possui uma área de 1 029,191 km² (DIAS et al., 2014). A coleta dos dados foi realizada em duas etapas: a primeira consistiu de um mapeamento dos principais pontos de comercialização de hortaliças, por meio de visitas nos supermercados e feiras da cidade, com o intuito de identificar a origem das mesmas. Na segunda etapa, foram feitas visitas aos locais de origem do jambu. Foram entrevistados, no período de outubro de 2015 a julho de 2016, 40 produtores de hortaliças, cultivando jambu. Dentre as informações requeridas, buscou-se saber como obteve conhecimento do cultivo do jambu, o tempo que trabalha com jambu, treinamentos recebidos, área cultivada com jambu, custos, rentabilidade, produção e se existem obstáculos para expansão da produção. Através do mapeamento dos pontos de vendas, foram identificados cultivos de jambu em 5 regiões produtoras de hortaliças: Areia Branca (setor produtivo de hortaliças, pertencente ao município de Santa Isabel), Agrovila de Iracema, Agrovila do Calúcia, comunidade do Barreirão e Agrovila Caranã em Castanhal. Os produtores caracterizaram-se por possuir áreas inferiores a um hectare, cultivarem cerca de cinco hortaliças folhosas e condimentares, utilizarem preferencialmente mão-de-obra

3 Porcentagem familiar e destinarem toda a produção para o mercado de Castanhal. Avaliou-se, em termos de percentagem de ocorrência, as informações recolhidas, nos pontos que assim o permitiam. Gráfico 1. Distribuição dos entrevistados pela forma como obtiveram o conhecimento do cultivo de jambú. 41,2% estão expostos nos gráficos abaixo: No geral, 32,4% a parcela mais significativa dos entrevistados Resultados e Discussões Com relação a forma como obtiveram conhecimento do cultivo do jambu, os resultados declarou que obteve o conhecimento do cultivo do jambu através da tradição cultural. Além desta maneira, a obtenção deste conhecimento através de parentes e através de outros produtores, também foram mencionadas em proporções expressivas. Entre as diferentes localidades foram observadas diferentes predominâncias. Em Barreirão e Caranã este conhecimento foi obtido, pela maior parte dos entrevistados, através de parentes. Em Iracema e Calúcia, através da tradição cultural e em Areia Branca, de forma bem expressiva, através de outros produtores. 26,5% Tradição cultural Parentes Outros produtores Quanto ao tempo de trabalho com jambu: Em média, os entrevistados trabalham há 12,4 anos e 44,1% deles, há mais de 10 anos. Considerando o tempo médio de trabalho com horta, 16,2 anos, e o tempo médio de trabalho com jambu, os entrevistados iniciam o trabalho com jambu após, aproximadamente, 4 anos de trabalho com horta Gráfico 2. Distribuição dos entrevistados pela forma como obtiveram o conhecimento do cultivo de jambú, segundo a localização da propriedade. Areia Branca Iracema Calúcia Barreirão Caranã Tradição cultural Parentes Outros produtores Quando questionado se receberam algum tipo de treinamento para trabalhar com jambu, a grande maioria dos entrevistados, 85,3%, não recebeu nenhum tipo de treinamento. Foi apenas na localidade Barreirão, na qual se identificou uma proporção expressiva de entrevistados que receberam algum treinamento. Os treinamentos ocorreram devido a participação em associações de trabalhadores rurais. Quanto ao tipo de treinamento, 60% dos entrevistados, que receberam treinamento, declararam que participaram de um curso agrícola

4 e 40%, de um curso de horticultura. Com relação a área cultivada com jambu nas propriedades dos entrevistados variou entre 12 m 2 e 625m 2 com uma média de 145m 2. No cálculo desta média foram excluídos dois casos extremos de propriedades com áreas cultivadas com jambu de 1.000m 2 e 2.400m 2, localizadas em Barreirão e Areia Branca, respectivamente. Distribuindo os entrevistados por área cultivada com jambu. Em relação à área cultivada, apenas 6% deles, aproximadamente, tem mais de 20% de suas áreas cultivadas com jambu. Isto representa dois entrevistados, sendo um da localidade de Areia Branca, que tem 30% (2.400m²) de área de jambu, de uma área cultivada de 8.000m²; e outro entrevistado da localidade de Barreirão, que tem 50% (100m²) de área de jambu, de uma área cultivada de 200m². Quanto aos custos e rentabilidade da atividade, os dados estão expostos no gráfico abaixo: 17,6% Gráfico 3. Distribuição dos entrevistados pelo custo de produção. 32,4% 26,5% 23,5% Gráfico 4. Distribuição dos entrevistados pelas sua opiniões quando perguntados se a atividade oleicola com jambú é lucrativa ou não. Não 17,6% Sim 82,4% até a a mais de Os custos com jambu incluem: gastos com transporte para a comercialização, insumos (sementes, energia, serragem, esterco, agrotóxicos (combate às pragas) e fertilizantes), mãode-obra e com a comercialização da produção. Os gastos totais, considerando todos os itens anteriores foi de 280 a reais com uma média de reais. Mais de 80% dos entrevistados acham que a atividade com jambu é lucrativa. Quanto às localidades, todos de Areia Branca, Iracema e Barreirão, acham a atividade lucrativa. Já em Caranã, os entrevistados, na sua maioria, têm opinião contrária. É na localidade de Caranã que estão os entrevistados com o menor tempo de trabalho e áreas cultivadas com jambu. De acordo com Gusmão et al (2009), essa hortaliça apresenta-se como importante fonte de renda para pequenos produtores dos municípios do Pará, uma vez que é planta de múltiplo uso

5 (condimentar, medicinal e ornamental), reunindo elementos essenciais para formação de um sistema sustentável. Com relação a lucratividade em função da produção, pouco mais da metade dos entrevistados consideram o 1º semestre mais obstáculos para a expansão da produção. lucrativo. Justifica-se esse fato em função do período chuvoso e das festas juninas, entretanto, o 2º semestre foi apontado como o mais lucrativo por muitos produtores, em função do círio de Nazaré. 30,3% Gráfico 5. Distribuição dos entrevistados pelos 24,2% 18,2% 12,1% 9,1% Pragas Investimento Preço Mercado Mão-de-obra Espaço Quando perguntado se existem obstáculos para expansão da produção. 6,1% Pragas Investimento Preço Mercado Mão-de -obra Espaço O obstáculo para a expansão da produção mais citado, foram as pragas, pois, os custos para combatê-las são elevados, em função dos produtos usados (Decis, Cyptrin, Amistar, Rumo). Silva et al (2016) identificaram controle por uso de iscas a base de farelo de trigo e um inseticida. Esse inseticida varia entre áreas de produtores, predominando cipitryn e deciz. Castro e Confalonieri (2004) relataram que como qualquer atividade agrícola, as oleícolas estão sujeitas ao ataque de pragas e doenças, e um dos meios mais utilizados pelos agricultores para combatê-las são os agrotóxicos A falta de dinheiro para investir e o baixo preço recebido pelo maço de jambu, também merecem destaques. Isshiki (2011) estudando a variação estacional do preço do maço de jambu no mercado atacadista de Belém, no período 2000 a 2009, identificou que o primeiro semestre apresenta os maiores valores, onde o preço mais elevado ocorre no mês de

6 janeiro e o menor no mês de agosto. Para Homma et al (2011), a maior produção ocorre no período do Círio e para as festividades de final do ano, mas os produtores recebem preços mais baixos. Conclusões O jambu apresenta maior volume comercializado nas proximidades das festas juninas e do círio de Nazaré. Apesar disso, mostra grandes possibilidades de ampliar sua demanda ao longo do ano. Os produtores não se dedicam exclusivamente ao cultivo de jambu, cultivando também outras hortaliças, visando assegurar maior renda, através da demanda específica e da diferença de rentabilidade para cada produto. O trabalho permitiu observar que a cultura do jambu requer maior apoio técnico e medidas de controle de pragas que permitam a segurança na aplicação e consumo. Referências Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM) E Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Mapeamento e qualificação da Cadeia da Produtiva das Hortaliças do Brasil. Brasília-DF, BORGES, L.S.; GUERRERO, A.C.; GOTO, R.; LIMA, G.P.P. Índices morfo-fisiológicos e produtividade de cultivares de jambu influenciadas pela adubação orgânica e mineral. Bioscience. Journal, v. 30, n. 6, p , CASTRO, J. S. M.; CONFALONIERI, U. Uso de agrotóxicos no município de Cachoeiras de Macacu (RJ). Ciência Saúde Coletiva. v. 10, n. 2, Rio de Janeiro, abr/jun CFR (Casa Familiar Rural). Ficha pedagógica: olericultura, DIAS, R.; MEDEIROS, F.BRASIL, V.; SILVA, J.; Estudo Do Crescimento Urbano Aplicado Ao Mapeamento Do Município De Castanhal-Pa, No Período De 2001 A Congresso Brasileiro de Cartografia, Disponível em: < > Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental). Embrapa no Círio Jambu: A hortaliça produz dormência nos lábios deixada pelas flores da planta. Belém PA, GUSMÃO S. A. L.; GUSMÃO M. T. A.; SILVESTRE W. V. D.; LOPES P. R. A. caracterização do cultivo de Jambu nas áreas produtoras que abastecem a grande Belém. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 49, 2009, Águas de Lindóia. Resumos... Águas de Lindóia: CBO, Versão eletrônica.

7 HOMMA, A.K.O; SANCHES, RS; MENEZES A.J.E.A; GUSMÃO, S. A. Etnocultivo do jambu para Abastecimento da cidade de Belém. Amazônia: Ci. & Desenv., v. 6, n. 12, P , ISSHIKI, H. Análise estacional de preços do jambu no mercado atacadista de Belém no período Disponível em: < Acesso em: 27 de outubro de SILVA, M. C.; CAVALCANTE, A. E. C.; FERREIRA, C. P.; SOUTO, G. C. Caracterização da cadeia produtiva do jambu no município de Castanhal. VIII Seminário de Iniciação Científica, Tecnológica e Inovação (VIII SICTI). Castanhal Pará, 2016.