PARECER FUNDAMENTADO DE UM PARLAMENTO NACIONAL SOBRE A SUBSIDIARIEDADE

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1 Parlamento Europeu Comissão dos Assuntos Jurídicos PARECER FUNDAMENTADO DE UM PARLAMENTO NACIONAL SOBRE A SUBSIDIARIEDADE Assunto: Parecer fundamentado da Assembleia Nacional da República da Bulgária sobre a proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação coerciva da legislação de defesa do consumidor (COM(2016)0283 C8-0194/ /0148(COD)) Nos termos do artigo 6.º do Protocolo n.º 2 relativo à aplicação dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, qualquer parlamento nacional pode, no prazo de oito semanas a contar da data de envio de um projeto de ato legislativo, dirigir aos presidentes do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão um parecer fundamentado em que exponha as razões pelas quais considera que o projeto em questão não obedece ao princípio da subsidiariedade. A Assembleia Nacional da República da Bulgária procedeu ao envio do parecer fundamentado em anexo sobre a proposta de regulamento em epígrafe. Segundo o Regimento do Parlamento Europeu, a comissão competente em matéria de observância do princípio da subsidiariedade é a Comissão dos Assuntos Jurídicos. NP\ docx PE v01-00 Unida na diversidade

2 ANEXO REPÚBLICA DA BULGÁRIA ASSEMBLEIA NACIONAL PRESIDENTE REPÚBLICA DA BULGÁRIA ASSEMBLEIA NACIONAL PARA MARTIN SCHULZ PRESIDENTE DO PARLAMENTO EUROPEU ASSUNTO: Parecer fundamentado da Assembleia Nacional da República da Bulgária sobre a proposta de Regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação coerciva da legislação de defesa do consumidor Senhor Presidente, Na sua reunião de 27 de julho, a Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus no Parlamento nacional da República da Bulgária debateu a proposta de regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da legislação de defesa do consumidor. Após um exame atento da proposta de regulamento e tendo em conta a posição-quadro do Conselho dos Assuntos Externos no seio do Conselho de Ministros da República da Bulgária, bem como do relatório da Comissão da Política Económica e do Turismo, os membros da Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus decidiram que era necessário exercer os poderes conferidos ao parlamento nacional nos termos do artigo 6.º do Protocolo n.º 2 ao Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia e formular um parecer fundamentado (em anexo) sobre a referida proposta de regulamento. No quadro do procedimento previsto, tenho a honra de junto enviar o relatório aprovado e o respetivo parecer fundamentado, que representam a posição do Parlamento búlgaro na matéria. Anexo: Ver supra. Queira aceitar, Senhor Presidente, os protestos da minha mais elevada consideração. (assinatura) TSETSKA TSACHEVA PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA NACIONAL DA REPÚBLICA DA BULGÁRIA PE v /6 NP\ docx

3 REPÚBLICA DA BULGÁRIA 43.ª ASSEMBLEIA NACIONAL COMISSÃO DOS ASSUNTOS EUROPEUS E DA SUPERVISÃO DOS FUNDOS EUROPEUS RELATÓRIO ASSUNTO: Proposta de regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da legislação de defesa do consumidor ponto 2 do Programa Anual de Trabalho da Assembleia Nacional no domínio dos assuntos europeus para 2016 e posição-quadro n.º da República da Bulgária sobre esta matéria, adotada em Conselho de Ministros em 8 de julho de I. Na sua reunião de 27 de julho de 2016, a Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus debateu a proposta de regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação coerciva da legislação de defesa do consumidor (COM/2016/0283), incorporado como ponto 2 do Programa Anual de Trabalho da Assembleia Nacional no domínio dos assuntos europeus para De assinalar que o prazo para a avaliação do cumprimento do princípio da subsidiariedade para o referido projeto de ato expira em 1 de setembro de Participaram na referida reunião da Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus: Emil Aleksiev Chefe do Departamento de Política dos Consumidores na Direção da Harmonização Técnica e Política dos Consumidores do Ministério da Economia, Lyudmila Peovska perita na mesma direção, bem como Vladimir Nedyalkov perito na Direção de Coordenação dos Assuntos da UE na administração do Conselho de Ministros. II. Com a atual proposta de regulamento, a Comissão Europeia (a Comissão) pretende dar resposta aos desafios colocados pela economia digital e pelo desenvolvimento do comércio retalhista transnacional na UE. Para esse efeito, a Comissão concluiu que o Regulamento (CE) n.º 2006/2004 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de outubro de 2004, relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da legislação de defesa do consumidor deve ser revisto e substituído por um novo ato. A avaliação do funcionamento do Regulamento (CE) n.º 2006/2004 confirmara que a sua adoção tinha sido benéfica para as autoridades competentes, os consumidores e os comerciantes, mas, simultaneamente, que os seus objetivos não tinham sido integralmente cumpridos nem o seu potencial plenamente explorado. Neste contexto, a Comissão apresenta esta proposta legislativa para fazer face aos problemas identificados, nomeadamente, reduzir os danos causados por infrações transfronteiras e generalizadas da legislação de defesa do consumidor da UE. As modificações propostas deverão melhorar a eficácia da ação pública e a gestão dos mercados retalhistas transnacionais da União, tornando-os mais justos e mais transparentes para operadores comerciais e consumidores. Ao mesmo tempo, espera-se que os custos das ações das autoridades nacionais e os custos de transação para os operadores económicos NP\ docx 3/6 PE v01-00

4 sejam reduzidos, o que melhorará a competitividade global da economia da UE. Por seu turno, os consumidores beneficiarão de uma maior proteção nas aquisições transfronteiras, sobretudo as efetuadas em linha. Um dos principais objetivos da proposta de regulamento é reduzir os custos para as autoridades, uma vez que podem reutilizar elementos de prova, evitar a duplicação de esforços e assegurar a maior coerência possível das ações de controlo da aplicação da lei. Uma deteção mais precoce das más práticas e o alinhamento das prioridades deverão contribuir para combater as infrações generalizadas em toda a UE. Tal teria um efeito dissuasivo mais forte nos potenciais infratores. Prevê-se que os principais custos para os Estados-Membros sejam, em primeiro lugar, os relacionados com a familiarização com a introdução de novos poderes e procedimentos (cerca de EUR por autoridade) e cerca de EUR no total para todos os Estados-Membros, para ações coordenadas de fiscalização para cada ano iniciado através de um procedimento de coordenação obrigatória, mas, a médio prazo, espera-se que sejam alcançadas economias de escala quando as medidas passarem do nível nacional para o nível pan-europeu. A melhoria da legislação aplicável aos mercados retalhistas deverá permitir que as empresas, incluindo as pequenas e médias empresas (PME), evitem despesas com aconselhamento jurídico ao comercializarem os seus produtos nos mercados transfronteiras e se sintam mais confiantes na aplicação uniforme da legislação da UE de defesa do consumidor em todos os países em que pretendam fazer negócios. III. De acordo com a Posição-Quadro adotada pelo Conselho de Ministros, a República da Bulgária apoia, de um modo geral, a iniciativa da Comissão para a modernização e harmonização do quadro jurídico relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da legislação de defesa do consumidor. Refere-se na posição que se espera que o alargamento do âmbito de aplicação do Regulamento (CE) n.º 2006/2004, juntamente com a introdução de mecanismos mais eficazes para a realização de ações comuns entre as autoridades nacionais competentes, tenha um impacto positivo na proteção dos interesses económicos dos consumidores. A República da Bulgária considera que a adoção da proposta de regulamento não acarreta a imposição de obrigações legais ao setor económico e aos consumidores, e que ambas as categorias poderão tirar partido de um melhor funcionamento dos mercados, com menos litígios e custos conexos. Ao mesmo tempo, a República da Bulgária considera que os projetados «poderes mínimos» das autoridades competentes são demasiado elevados e que alguns deles excedem o princípio da proporcionalidade. A forma como estas autoridades poderão atribuir uma compensação uma vez que, de acordo com o direito nacional, se trata de uma prerrogativa dos tribunais, deve ser seriamente ponderada. Poderão igualmente surgir problemas quando da aplicação dos poderes das autoridades competentes para promulgar todas as decisões finais, as medidas provisórias ou ordens, incluindo a identidade do operador económico que cometeu a alegada violação. Importa ter em consideração que cada decisão das autoridades administrativas pertinentes está sujeita a controlo jurisdicional, o que pode dar origem a grandes atrasos. IV. A proposta de regulamento supramencionada foi examinada em 20 de julho de 2016 pela Comissão da Política Económica e do Turismo. Na sequência do debate entre os deputados e da votação, a Comissão da Política Económica e do Turismo apoia a posição da República da Bulgária, mas considera que os princípios da subsidiariedade e da PE v /6 NP\ docx

5 proporcionalidade não foram respeitados. V. Após o debate sobre a proposta de regulamento do Parlamento Europeu e do Conselho relativo à cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação coerciva da legislação de defesa do consumidor, a Assembleia Nacional da República da Bulgária, pela Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus, emite o seguinte PARECER FUNDAMENTADO, que deverá ser enviado às Instituições europeias: 1. A Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus aprova a iniciativa da Comissão Europeia, que visa reforçar a proteção dos consumidores na UE. A regulamentação, a nível da UE, da cooperação entre as autoridades nacionais responsáveis pela aplicação da legislação de defesa do consumidor visa evitar e detetar infrações transfronteiriças. Neste sentido, a aplicação desta iniciativa poderia ser eficaz e eficiente a nível da UE dado o seu evidente caráter transfronteiriço. No entanto, a Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus considera que a proposta de regulamento não respeita o princípio da subsidiariedade, tal como definido no artigo 5.º, n.º 3, do Tratado da União Europeia, uma vez que a Comissão Europeia não apresenta suficientes justificações para as medidas propostas. 2. A Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus considera que não foram apresentados suficientes indicadores quantitativos e qualitativos (incluindo provas de que os custos são proporcionais ao resultado esperado), para poder concluir que os objetivos do regulamento serão melhor alcançados através de medidas legislativas a nível da UE, em especial no que se refere: ao prazo de prescrição de cinco anos estabelecido para a imposição de sanções a partir da data de cessação da infração artigo 4.º da proposta; aos poderes mínimos das autoridades competentes artigo 8.º da proposta alíneas (g), (h), (i), (k), (n), (o), (na parte «ordenar a restituição dos ganhos obtidos com as infrações») e (p) (na parte relativa à publicação da «identidade do operador»); ao poder da Comissão de adotar atos de execução que estabeleçam as condições do exercício dos poderes mínimos, juntamente com os pormenores do exercício dos direitos de defesa do operador em ações coordenadas e conjuntas em conformidade com os artigos 10.º e 31.º da proposta; à garantia de compensação dos consumidores quando são tomadas medidas em nome das demais autoridades competentes artigo 18.º da proposta; ao requisito segundo o qual as autoridades competentes se certificam de que o operador em causa comunica regularmente à Comissão Europeia os progressos na implementação dos compromissos artigo 24.º da proposta; à obrigatoriedade de participação de outras entidades no mecanismo de alerta e à competência da Comissão para adotar atos de execução que definam os pormenores da designação e da participação dessas entidades artigo 35.º da proposta; à possibilidade de utilizar como elementos de prova quaisquer informações, documentos, factos apurados, declarações, cópias autenticadas ou dados elaborados, sem mais requisitos formais, por outra autoridade competente artigo 42.º da proposta. NP\ docx 5/6 PE v01-00

6 3. Do ponto de vista da segurança jurídica, a Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus chama a atenção para o artigo 23.º, n.º 1, da proposta sobre a inclusão da avaliação da infração generalizada ao nível da União numa posição comum acordada pelas autoridades competentes em causa. Neste caso, conviria ter em conta o facto de que podem existir existirem diferentes definições jurídicas de um determinado ato ou omissão nos Estados-Membros. Igualmente importante do ponto de vista jurídico é a clarificação do caso do artigo 29.º, n.º 2, da proposta, na medida em que pode dar azo a interpretações divergentes quanto à questão de saber se devem ser delegados na Comissão Europeia os poderes previstos no artigo 8.º da proposta, na sua qualidade de coordenador, nos termos do artigo 21.º da proposta. 4. A Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus considera que a proposta de regulamento não é conforme com o princípio da proporcionalidade consagrado no artigo 5.º, n.º 4, do Tratado da União Europeia, uma vez que as medidas propostas excedem o nível mínimo de proteção do mercado interno exigido. As propostas legislativas da Comissão e, em particular, as relacionadas com os poderes mínimos referidos no artigo 8.º da proposta o poder da Comissão de estabelecer indicadores para os recursos necessários para executar o regulamento nos termos do artigo 46.º, n.º 1, da proposta vão além do que é necessário para alcançar os objetivos indicados e conduzirão a encargos financeiros e administrativos adicionais para a República da Bulgária, bem como a alterações da atual legislação búlgara. À luz do exposto, e na sequência do debate realizado na Comissão dos Assuntos Europeus e da Supervisão dos Fundos Europeus, o relatório e o respetivo PARECER FUNDAMENTADO foram aprovados por unanimidade, com 16 votos a favor. PRESIDENTE DA COMISSÃO DOS ASSUNTSO EUROPEUS E DA SUPERVISÃO DOS FUNDOS EUROPEUS: (assinatura) SVETLIN TANCHEV PE v /6 NP\ docx