ESTADO DE MATO GROSSO CÂMARA MUNICIPAL PLENÁRIO DE DELIBERAÇÕES

Transcrição

1 INDICAÇÃO Com fundamento no art. 142, inciso XII, bem como no art. 81, 2º, do Regimento Interno desta Augusta Casa de Leis, solicito que seja enviada a presente INDICAÇÃO ao Excelentíssimo Senhor EMANUEL PINHEIRO, Prefeito Municipal de Cuiabá-MT, com o Anteprojeto de Lei Complementar que institui o denominado "IPTU Verde, estabelecendo os requisitos e providências para instituição desse benefício tributário que visa promover o desenvolvimento sustentável na capital mato-grossense. JUSTIFICATIVA O meio ambiente, bem de uso comum do povo, é essencial à sadia qualidade de vida, motivo pelo qual deve ser objeto da mais ampla proteção, cabendo ao Poder Público e à sociedade promover todas as medidas necessárias para garantia desse direito. Além da proteção garantida por meio de leis que disciplinam o uso dos recursos ambientais, assim como pelo exercício do poder de polícia, o ordenamento jurídico brasileiro também possibilita a promoção e defesa do meio ambiente a partir de medidas de estímulo à conservação ambiental. Dentre os instrumentos de incentivo ao desenvolvimento de práticas ambientalmente adequadas, a concessão de benefícios fiscais vem ganhando destaque em diferentes partes do território nacional, justamente por viabilizar uma espécie de recompensa para aquele que contribui adotando condutas ambientalmente responsáveis. Nesse sentido, esta proposta de implantação do IPTU Verde visa preservar e valorizar o meio ambiente urbano por meio de incentivo fiscal que atenue os impactos ambientais e promova o desenvolvimento no âmbito municipal.

2 A cidade de Cuiabá é conhecida como cidade verde, mas recentemente sofreu com a intensa supressão de vegetação necessária para a realização de grandes obras no município. Tais obras, embora sejam indiscutivelmente relevantes, devem necessariamente ser acompanhadas de medidas ambientais adequadas, sob pena de a urbanização desenfreada gerar cada vez mais os fenômenos conhecidos como ilhas de calor, que prejudicam enormemente a qualidade de vida da população, especialmente da capital mato-grossense, que já é nacionalmente conhecida pelas altas temperaturas verificadas ao longo do ano. Assim, a instituição do benefício tributário denominado IPTU Verde tenciona minimizar os impactos do processo de urbanização, promovendo a melhoria da qualidade do meio ambiente e contribuindo para a manutenção das condições climáticas em patamares adequados ao bem-estar dos munícipes. Essa implantação da política de desconto no valor do IPTU para aqueles imóveis que atendam os requisitos ecológicos pode representar um marco significativo na mudança de postura dos cidadãos, proporcionando mais conscientização acerca da necessidade de conservação ambiental e maiores possibilidades de compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a preservação das condições ambientais imprescindíveis para a saúde da população. Em outras palavras, os cidadãos que passarem a adotar medidas ambientalmente responsáveis, ainda estimularão a conscientização sobre a imprescindibilidade da salvaguarda dos recursos naturais e obterão benefícios fiscais como uma espécie de recompensa pelos comportamentos positivos, que por sua vez resultarão em efeitos benéficos para toda a sociedade. A propósito, tendo em vista a importância de criação de mecanismos voltados à proteção e conservação do meio ambiente, algumas cidades brasileiras já concedem benefícios tributários como fomento à sustentabilidade. É possível citar como exemplos os benefícios implantados em cidades como Curitiba (PR), São Bernardo do Campo (SP), Guarulhos (SP), Santa Fé do Sul (SP), Porto Alegre (RS), Ribeirão Pires (SP), Niterói (RJ), Uberlândia (MG), Manaus (AM) e São Paulo (SP).

3 Deve-se frisar, porém, que, por envolver política de concessão de benefício tributário, a iniciativa de projeto de lei que trate da instituição do IPTU Verde fica reservada com exclusividade ao chefe do Poder Executivo. Por esse motivo, não se afigura plausível a apresentação de projeto de lei dessa matéria diretamente por membro do Poder Legislativo, sob pena de inconstitucionalidade formal por vício de iniciativa. Considerando, assim, a relevância do tema para garantir a função socioambiental dos imóveis urbanos e o desenvolvimento sustentável do município de Cuiabá, apresento o presente Anteprojeto de Lei, que propõe a implantação do benefício tributário denominado IPTU Verde na capital mato-grossense Palácio Paschoal Moreira Cabral, Sala das Sessões, em 1º de agosto de Vereador DIEGO GUIMARÃES PP.

4 ANTEPROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Lei nº, de de de Institui o Programa IPTU Verde no âmbito do município de Cuiabá e dispõe sobre os requisitos necessários para concessão desse benefício fiscal que visa estimular a conservação ambiental e o desenvolvimento sustentável. Complementar: O PREFEITO DE CUIABÁ Faço saber que a Câmara Municipal aprova e eu sanciono a seguinte Lei Art. 1 Esta Lei institui, no âmbito do município de Cuiabá, o Programa denominado IPTU VERDE, que consiste na concessão de desconto no valor do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU aos contribuintes proprietários de imóveis urbanos que aderirem ao programa e realizarem as medidas previstas para preservação e recuperação do meio ambiente. Art. 2º Os benefícios tributários de desconto no valor do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU serão concedidos nos percentuais previstos neste artigo a partir da instalação de equipamentos ambientalmente adequados ou da realização das seguintes benfeitorias nos imóveis dos interessados: I - captação e reutilização de águas pluviais ou oriundas de outras fontes 5,0% (cinco por cento); II - sistema de aquecimento hidráulico solar 5,0% (cinco por cento); III - sistema de aquecimento elétrico solar 5,0% (cinco por cento); IV - construção de calçadas ecológicas 3,0% (três por cento);

5 V - arborização do calçamento 2,0% (dois por cento); VI - permeabilidade do solo com cobertura vegetal 2,0% (dois por cento); VII - participação da coleta seletiva de resíduos sólidos em condomínios 3,0% (três por cento); VIII - construções com material sustentável ou reciclado 3,0% (três por cento); IX - instalação de telhado verde, em todos os telhados disponíveis no imóvel para esse tipo de cobertura - 3,0% (três por cento); X - sistema de utilização de energia solar ou eólica para iluminação ou refrigeração 5,0% (cinco por cento). 1º Os benefícios previstos nos incisos V e VI, deste artigo, não se aplicam aos imóveis caracterizados como sítios ou chácaras de recreio. 2º O incentivo previsto nesta Lei Complementar será concedido somente aos contribuintes adimplentes com as obrigações tributárias municipais. Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, considera-se: I - captação e reutilização de águas pluviais ou oriundas de outras fontes: a instalação de equipamentos de captação, armazenamento e tratamento de água em reservatório específico, para uso nas atividades que não exijam que a mesma seja potável; II - sistema de aquecimento hidráulico solar: utilização de sistema de captação de energia solar térmica para aquecimento de água, com a finalidade de reduzir parcialmente o consumo de energia elétrica no imóvel; III - sistema de aquecimento elétrico solar: captação de energia solar térmica, para conversão em energia elétrica, visando reduzir parcial ou integralmente o consumo de energia elétrica do imóvel; IV - construção de calçadas ecológicas: construção adequada de passeios públicos e privados, reservado espaço de drenagem e de jardinagem, além do espaço para a plantação de árvore, observando-se as condições necessárias para possibilitar o deslocamento e a acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; V - arborização no calçamento: plantação, em frente ao imóvel, de uma ou mais árvores, cuja espécie seja adequada à arborização de vias públicas, ou preservação de árvore já existente, observando-se a manutenção de área suficiente para sua irrigação, bem como de espaços adequados para deslocamento e acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; VI - permeabilidade do solo com cobertura vegetal: realização de cobertura vegetal em área de reserva obrigatória do terreno, sem edificação;

6 VII - participação da coleta seletiva de resíduos sólidos em condomínios: separação de resíduos sólidos em condomínios horizontais ou verticais que, comprovadamente, destinem sua coleta para reciclagem e aproveitamento; VIII - construção com material sustentável: utilização de materiais de construção que atenuem os impactos ambientais, desde que essa característica sustentável seja comprovada mediante apresentação de selo ou certificado; IX - telhado verde, telhado vivo ou ecotelhado: cobertura de edificações, na qual é plantada vegetação compatível, com impermeabilização e drenagem adequadas e que proporcione redução da poluição ambiental e melhorias em termos paisagísticos e termoacústicos; X - sistema de utilização de energia eólica: sistema que aproveita a energia solar ou a energia dos ventos, gerando e armazenando energia elétrica para aproveitamento no imóvel. Art. 4º Os padrões técnicos mínimos para cada medida de proteção, preservação e recuperação do meio ambiente deverão ser regulamentados pelo Poder Executivo. Art. 5º A concessão do benefício deverá ser precedida de procedimento administrativo no qual deverá constar: I - requerimento formal por parte do contribuinte; II - documentação comprobatória de ações ambientais contidas no art. 2º desta Lei; III - comprovação de adimplência tributária municipal do contribuinte; IV - parecer técnico competente; V - ato concessivo do órgão tributário competente. Parágrafo único. Poderá ser exigida documentação complementar prevista em regulamento para atender as necessidades apontadas pela autoridade tributária. Art. 6º O desconto concedido será, no máximo, de 20% (vinte por cento) sobre o valor do IPTU lançado anualmente, pelo período de 5 (cinco) exercícios consecutivos, renovável por uma única vez, contados a partir do exercício seguinte ao do requerimento do benefício tributário. Parágrafo único. A concessão somente poderá ser efetivada para os imóveis edificados que adotem 02 (duas) ou mais ações previstas no artigo 2º desta Lei.

7 Art. 7º Compete à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em conjunto com a Secretária Municipal de Fazenda e outros órgãos municipais a fiscalização do cumprimento das medidas indicadas para concessão do benefício tributário previsto nesta Lei. Art. 8º Os benefícios concedidos nesta Lei Complementar poderão ser suspensos ou excluídos, a qualquer tempo, por ato da autoridade competente, regularmente precedido de processo administrativo que garanta o contraditório e ampla defesa, quando verificado o descumprimento das exigências que justificaram os incentivos ou o não pagamento do tributo devido. Art. 9º Compete ao Poder Executivo realizar os estudos de impacto orçamentário necessários para que o benefício tributário previsto nesta Lei seja concedido mediante observância dos requisitos previstos na Lei Complementar Federal nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal). Art. 10º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação e será regulamentada pelo Executivo no prazo de 90 (noventa) dias ao início da vigência. Palácio Paschoal Moreira Cabral, Sala das Sessões, em 1º de agosto de Vereador DIEGO GUIMARÃES PP.