ÍNDICE - 17/03/2007 Jornal de Brasília...2 Cidades... 2 Inundação e caos em Brasília... 2 Lojas foram alagadas... 3 Medidas emergenciais...

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1 ÍNDICE - 17/03/2007 Jornal de Brasília...2 Cidades... 2 Inundação e caos em Brasília... 2 Lojas foram alagadas... 3 Medidas emergenciais... 4

2 Jornal de Brasília 17/03/2007 Cidades Inundação e caos em Brasília Chuva forte causa destruição no DF. Asa Norte foi o local mais prejudicado Carros submersos, lojas alagadas, paredes derrubadas, medo, pânico e água, muita água. Esse foi o resultado da forte chuva que caiu no final da manhã de ontem, deixando um rastro de destruição. O temporal atingiu principalmente o Plano Piloto, Cruzeiro, Sudoeste, Guará e Vicente Pires. Mas a área mais afetada foi a Asa Norte, onde equipes da Defesa Civil e da Novacap vão levar dois dias para drenar toda a água e a sujeira acumuladas, um prejuízo estimado em R$ 15 milhões. Diante da dimensão do problema, o GDF anunciou que aguarda a liberação de um empréstimo internacional de R$ 223 milhões para obras de drenagem e reforma de galerias pluviais e combate à erosão. Segundo a PM, a chuva inundou diversos cruzamentos do Plano Piloto. Em alguns pontos, os congestionamentos chegaram a atingir mais de três quilômetros nos Eixos L e W. Na Asa Norte, a historiadora Janice Soares teve o carro invadido pela água e jogado contra a barra de proteção do estacionamento. \"Eu não imaginei que isso poderia acontecer. Agora, tenho que arcar com os prejuízos, não é?\", reclamou, enquanto esperava o guincho para remover o carro do local. O empresário Denilson Resende havia estacionado na 511 Norte para ir ao banco. \"De repente, vi a água entrar no meu carro e eu já não conseguia abrir a porta para sair\", contou. Trânsito bloqueado Durante o temporal, o trânsito entre a 510 e a 511 Norte ficou bloqueado. Equipes do Corpo de Bombeiros só chegaram ao local após a chuva acabar. Durante quase uma hora, apenas o bombeiro Clério Carvalho parou para ajudar os motoristas. \"Eu estou de folga, mas tive a idéia de parar quando vi isso\", conta. O trânsito no sentido Norte-Sul só foi liberado às 13h, quando a água já havia baixado. No sentido Sul-Norte, os carros puderam passar às 13h40. O engarrafamento provocado pelo temporal durou até as 15h e chegou à 514 Norte. Ainda na 511 Norte, três prédios tiveram as garagens inundadas. Prédios públicos, como do Ministério da Saúde, da Anvisa, o Inmetro e a Secretaria de Trabalho, também foram atingidos. O gerente de logística do prédio da Anvisa, Cláudio Magalhães, ainda não contabilizou as perdas, mas afirma que não é a primeira vez que isso acontece. \"Sempre que chove muito, a garagem alaga. Como sabem que isso vai acontecer, os motoristas correm para retirar os carros. Fizeram isso hoje, o que preservou mais de 50 carros apenas na Anvisa\", disse. No prédio, apenas quatro carros ficaram alagados, mas a Defesa Civil contabilizou 70 veículos danificados em três prédios da 511 Norte. O funcionário do Ministério da Saúde Getúlio de Castro, 43 anos, também estava avaliando o estrago que a chuva fez em seu carro. O Fusca estava estacionado na frente do prédio e foi arrastado pela água por cerca de

3 30 metros. \"Agora, nem sei como vou fazer para dar jeito nisso\", dizia, enquanto olhava a lama que tomou conta do motor. Ao ser arrastado, o Fusca bateu várias vezes num Ford Ka, de propriedade de Renata Maria de Oliveira, 30 anos. \"Ainda bem que meu carro também não saiu nadando por aí\", disse Renata. O Centro Integrador de Atendimento e Despacho do Corpo de Bombeiros informou que várias tesourinhas foram alagadas. Segundo o sargento Xavier Fernandes, os telefones não pararam de tocar com pedidos de ajuda. Na tesourinha da 209/210 Norte, uma van (placa JFL 5158-DF) foi coberta pela água. Segundo testemunhas, o nível da água subiu muito rápido e o veículo, que estava preso num engarrafamento, parou de funcionar. O motorista não conseguiu ligar o carro e deixou a van no local. Abalado, ele preferiu não dar entrevistas. Mergulhadores foram escalados para ajudar no reboque do veículo. Problema antigo Alagamentos na Asa Norte não são raros. Um estudo da Universidade de Brasília (UnB), divulgado em outubro do ano passado, mostrou vários pontos do DF vulneráveis às chuvas rápidas e fortes. \"Brasília não foi projetada para enfrentar temporais como esses. A urbanização desordenada reduziu os poucos locais por onde a água ainda podia escoar\", afirma a geógrafa Ercília Torres Steinke, coordenadora do Laboratório de Climatologia Geográfica da UnB. Desde 2005, ela estuda os impactos sociais que decorrem dos alagamentos em diversos pontos do DF e suas causas. Lojas foram alagadas As quadras 511 e 711 Norte foram as mais atingidas pela chuva de ontem. A água chegou a três metros no subsolo da loja Doce Encanto, bloco D, da 711 Norte, que vende artigos para bebês. A dona da loja, Vanídia Lakus Koch, 57 anos, conseguiu salvar poucas coisas. "Durante anos e anos a gente monta a loja e agora não tem mais nada", lamenta. A porta e as paredes da parte de baixo do estabelecimento caíram. O prejuízo foi quase total. A CTIS, empresa de equipamentos de informática, localizada na 511 Norte, estima um prejuízo de R$ 1,5 milhão. Aparelhos que estavam no depósito do subsolo foram destruídos. O supervisor de logística da empresa, Rodrigo Torres, conta que perdeu todo seu estoque, além de equipamentos de informática que eram usados para locação. O andar subterrâneo da loja ficou inundado até o teto. A vendedora Josiane Medeiros, 25 anos, também sofreu com a inundação. Na hora da chuva, ela dormia em sua casa, localizada embaixo de uma loja de móveis na 711 Norte. Preocupada com a mercadoria, Josiane saiu de casa para ajudar a tirar a água do estabelecimento. O estrago foi grande: os produtos ficaram encharcados e as paredes da quitinete onde ela mora caíram. A vendedora e o marido deveriam se mudar hoje. Eles terminavam de pagar os móveis que seriam levados para a casa nova. Com a perda, o casal vai pegar um colchão da loja e lençóis de amigos. "Fiquei só com a roupa do corpo. Perdi tudo", afirma Josiane.

4 Medidas emergenciais O secretário de Obras, Márcio Machado, e o administrador de Brasília, Ricardo Pires, admitiram que os problemas de alagamento na Asa Norte são antigos e conhecidos. Segundo Machado, medidas emergenciais como a desobstrução de bueiros, serão tomadas para evitar que cenas como a de ontem se repitam. Mas ele explica que a questão só será resolvida, definitivamente, depois que chegar aos cofres do GDF o dinheiro de um empréstimo internacional, no valor de R$ 223 milhões, concedido pela Comission Andina de Fomento (CAF), uma agência espanhola. Os recursos, que devem ser liberados em seis meses, serão usados para obras de drenagem, reforma e construção de galerias pluviais e combate à erosão. Também está sendo estudada a implementação de "piscinões" no subsolo de grandes obras para evitar o transbordo da água. "São projetos que podem ser feitos em alguns locais", afirma Machado. A supervisora de Serviços da Defesa Civil, Edna Gonçalves, explica que o transtorno foi provocado porque choveu muito em um curto espaço de tempo. Segundo ela, as bocas-de-lobo estavam sujas e entulhadas, o que favoreceu os alagamentos. Dentro de cinco dias será apresentado um relatório preliminar com a estimativa do prejuízo, tanto das lojas e residências atingidas, quanto dos veículos. O administrador de Brasília, Ricardo Pires, também pretende tomar medidas para combater as inundações. A administração vai solicitar uma reunião com a Novacap, responsável pela limpeza dos bueiros. Essa reunião, que deve ocorrer semana que vem, vai tratar de assuntos como drenagem de água e engenharia da cidade, que não favorece o escoamento da chuva. Mais chuva Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas devem continuar no fim de semana. A previsão é que o tempo fique nublado e que ocorram trovoadas em partes isoladas do Distrito Federal. Segundo informações do Inmet, a chuva de ontem estava prevista e foi considerada normal. O problema foi o escoamento das ruas, insuficiente para abranger a quantidade de águas.

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