UHE BAIXO IGUAÇU ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL

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1 UHE BAIXO IGUAÇU ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL VOLUME I - TEXTOS Capítulo VIII - Diagnóstico do meio biótico NOVEMBRO 2004

2 Desenvix S/A UHE Baixo Iguaçu Meio Ambiente Estudo de Impacto Ambiental Sumário Geral 8812/00-6B-RL novembro de 2004 Elab.: TLCC/FAR/CGM Verif.: CGM Aprov.: JBCF Final.

3 8812/00-6B-RL Sumário geral - 2 Sumário p. Apresentação Capítulo I Introdução 1 - Introdução... I - 3 Capítulo II Identificação do empreendedor 1 - Identificação do empreendedor... II - 3 Capitulo III Caracterização do empreendimento 1 - Localização e acesso... III Objetivo... III Dados técnicos... III Descrição geral do empreendimento... III Ficha resumo... III Reservatório... III Sequência construtiva... III Primeira fase de construção... III Segunda fase de construção...iii Marcos principais...iii Infra-estrutura de apoio à obra...iii Empreendimentos associados e decorrentes...iii Justificativas para o empreendimento...iii Considerações iniciais...iii O mercado de energia elétrica - evolução do consumo...iii Necessidade de energia elétrica e características do parque gerador...iii Principais Opções para a Expansão da Oferta...III Potencial Hidrelétrico Regionalizado e por Estágio de Desenvolvimento dos Estudos...III Bases para a Expansão da Oferta...III Justificativa técnico-econômicas...iii Justificativas sócio-ambientais...iii - 32 Capítulo IV Alternativas tecnológicas e locacionais 1 - Considerações iniciais... IV Histórico dos Estudos... IV Alternativas de localização... IV - 8

4 8812/00-6B-RL Sumário geral Alternativas de locallização na fase de inventário... IV Alternativas de localização e de arranjo na fase de viabilidade... IV Estudo de alternativas de eixos... IV Alternativas de arranjo para o eixo selecionado... IV Alternativas tecnológicas... IV Características gerais das fontes de energia e seu consumo no Brasil... IV Geração hidrelétrica... IV Geração termelétrica a carvão... IV Geração termonuclear... IV Geração térmica a gás natural... IV Fontes alternativas... IV Referências bibliográficas... IV - 21 Capítulo V Metodologia geral 1 - Metodologia geral... V Diretrizes e etapas do estudo... V Definição das áreas de influência... V Considerações iniciais... V Definição das áreas de influência... V Oficinas participativas... V Apresentação... V Desenvolvimento do diagnóstico ambiental participativo... V Estratégias de mobilização social... V Reuniões de apresentação do projeto... V Reuniões preparatórias para as oficinas participativas... V Realização das oficinas participativas... V Considerações finais... V Referências bibliográficas... V - 23 Capítulo VI Planos e programas co-localizados e legislação ambiental 1 - Planos e programas co-localizados... VI Introdução... VI Programas na esfera federal... VI O Plano Purianual (PPA) do Governo Federal... VI Programa de fortalecimento da agricultura familiar... VI Programas na esfera estadual... VI O Plano Plurianual (PPA) do Governo Estadual... VI Programa Paraná 12 meses... VI - 7

5 8812/00-6B-RL Sumário geral Outros programas... VI Considerações finais... VI Legislação ambiental... VI Principais diplomas legais... VI Algumas considerações sobre o licenciamento ambiental... VI A política nacional de meio ambiente... VI Processo de licenciamento ambiental... VI Referências bibliograficas... VI - 17 Capítulo VII Diagnóstico do Meio Físico 1 - Metodologia... VII Clima... VII Geologia / geomorfologia... VII Solos... VII Recursos hídricos e qualidade da água... VII Contexto macroregional... VII Clima e condições metereológicas... VII Circulação atmosférica... VII Temperatura... VII Precipitação... VII Evapotranspiração... VII Umidade relativa do ar... VII Ventos... VII Insolação... VII Geologia, recursos minerais, geomorfologia e solos... VII Geologia... VII Geomorfologia... VII Solos... VII Recursos hídricos qualidade e usos da água... VII Sistema estadual de gerenciamento de recursos hídricos... VII Usos da água na bacia do Iguaçu... VII Qualidade das águas... VII Qualidade da água nos reservatórios... VII Hidrogeologia... VII Área de influência direta e indireta... VII Clima e condições meteorológicas... VII Cascavel... VII Foz do Iguaçu... VII - 85

6 8812/00-6B-RL Sumário geral Nova Prata do Iguaçu... VII Salto Caxias... VII Geologia/recursos minerais... VII Características gerais... VII Evolução geológica... VII Unidades litoestratigráficas... VII Aspectos estruturais... VII Estanqueidade do maciço rochoso... VII Erodibilidade dos solos... VII Recursos minerais... VII Risco sísmico... VII Geomorfologia... VII Aspectos gerais... VII Estabilidade de encostas... VII Erodibilidade e declividade... VII Unidades de mapeamento na área de estudo... VII Processos de origem fluvial... VII Solos... VII Metodologia... VII Solos da área de influência direta e indireta... VII Legenda de solos e aptidão agrícola das terras... VII Recursos hídricos qualidade e usos das águas... VII Qualidade das águas... VII Serviços de saneamento... VII Hidrologia... VII Usos das águas... VII Referências bibliográficas... VII Capítulo VIII-Diagnóstico do meio biótico Apresentação... VIII Metodologia... VIII Metodologia geral... VIII Limnologia... VIII Abordagem e planejamento amostral dos dados limnológicos... VIII Qualidade físico-química da água... VIII Comunidades planctônicas... VIII Comunidades bentônicas... VIII - 21

7 8812/00-6B-RL Sumário geral Peixes... VIII Locais de amostragem... VIII Aparelhos e esforço de captura... VIII Análise dos dados... VIII Vegetação e flora... VIII Geoprocessamento e mapeamento da vegetação... VIII Análise florística e caracterização dos estágios sucessionais... VIII Levantamento fitossociológico... VIII Estimativa da biomassa... VIII Diversidade e similaridade... VIII Fauna terrestre e semiaquática... VIII Invertebrados terrestres... VIII Insetos vetores... VIII Anfíbios... VIII Répteis... VIII Aves... VIII Mamíferos... VIII Contexto macrorregional... VIII Os ambientes aquáticos... VIII Ictiofauna... VIII Fitogeografia... VIII Contextualização zoogeográfica... VIII Conservação da biodiversidade... VIII Cobertura vegetal e uso do solo... VIII Ecologia da paisagem... VIII Contexto local: ecossistemas aquáticos... VIII Qualidade físico-química da água... VIII Considerações iniciais... VIII Medidas em campo... VIII Análises em laboratório (nutrientes, clorofila e material em suspensão) VIII Integração dos resultados e comparação das sub-bacias estudadas... VIII Potencial de eutrofização... VIII Contaminação por agrotóxicos... VIII Considerações finais... VIII Organismos planctônicos... VIII Atributos da comunidade fitoplanctônica... VIII - 83

8 8812/00-6B-RL Sumário geral Atributos da comunidade zooplanctônica... VIII Padrão de distribuição espaço-temporal... VIII Macroinvertebrados bentônicos... VIII Composição... VIII Riqueza de espécies... VIII Padrão de distribuição espaço-temporal... VIII Análise dos grupos de alimentação funcional... VIII Peixes... VIII Composição e riqueza... VIII Caracterização dos grupos amostrados... VIII A ictiofauna e os ambientes amostrados... VIII Padrões de dominância, diversidade e abundância... VIII Hábitos alimentares... VIII Reprodução... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécies migratórias... VIII Espécies de interesse comercial... VIII Espécies invasoras e exóticas... VIII Interpretação dos resultados... VIII Contexto local: vegetação e flora... VIII Vegetação... VIII Área de influência indireta... VIII Área de influência direta... VIII Ecologia da paisagem... VIII Análise florística... VIII Composição e riqueza de espécies... VIII Espécies ameaçadas de extinção... VIII Espécies de interesse comercial... VIII Extrativismo vegetal... VIII Vegetação a ser afetada... VIII Vegetação Aquática... VIII Florestas ripárias e insulares... VIII Floresta primária alterada... VIII Floresta em estágio avançado de regeneração... VIII Floresta em estágio médio de regeneração... VIII Análises de diversidade... VIII - 150

9 8812/00-6B-RL Sumário geral Similaridade entre as unidades amostrais... VIII Diversidade alfa... VIII Diversidade beta... VIII Contexto local: fauna terrestre e semi-aquática... VIII Invertebrados terrestres: aracnídeos e miriápodes... VIII Riqueza de espécies... VIII Espécies de interesse médico... VIII Insetos vetores... VIII Espécies registradas... VIII Insetos vetores de interesse médico... VIII Anfíbios... VIII Riqueza de espécies... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécie exótica... VIII Bioindicadores... VIII Répteis... VIII Riqueza de espécies... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécies de interesse médico... VIII Espécies de interesse para o comércio ilegal... VIII Espécies invasoras e exóticas... VIII Bioindicadores... VIII Aves... VIII Riqueza de espécies e caracterização ornitogeográfica... VIII Caracterização sinecológica: expressividade de tipos ecológicos... VIII A expressividade na ocupação das paisagens... VIII Consolidação de tipos ecológicos e paisagens ocupadas... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécies migratórias... VIII Espécies de interesse comercial... VIII Espécies de interesse para o comércio ilegal... VIII Mamíferos... VIII Riqueza de espécies... VIII Perfil ecológico da mastofauna quanto a dieta e locomoção... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécies migratórias... VIII Espécies de interesse médico... VIII - 184

10 8812/00-6B-RL Sumário geral Espécies de interesse cinegético... VIII Espécies invasoras e exóticas... VIII Bioindicadores... VIII Contexto local: conservação da biodiversidade... VIII O Parque Nacional do Iguaçu... VIII Caracterização... VIII Pressões... VIII Plano de Manejo... VIII Outras unidades de conservação... VIII Políticas para conservação da biodiversidade... VIII Referências Bibliográficas... VIII Anexo VIII-I Pontos de coleta... VIII Anexo VIII-II Unidades de conservação da bacia do rio Iguaçu... VIII Anexo VIII-III Organismos planctônicos... VIII Anexo VIII-IV Organismos bentônicos... VIII Anexo VIII-V Peixes... VIII Anexo VIII-VI Flora... VIII Anexo VIII-VII Parâmetros fitossociológicos... VIII Anexo VIII-VIII Artrópodos terrestres... VIII Anexo VIII-IX Anfíbios... VIII Anexo VIII-X Répteis... VIII Anexo VIII-XI Aves... VIII Anexo VIII-XII Mamíferos... VIII Capítulo IX Diagnóstico socioeconômico 1 - Metodologia... IX Contexto macrorregional... IX Levantamento de dados secundários... IX Representatividade dos dados consultados... IX Organização do espaço regional... IX Especificidades metodológicas dos estudos arqueológicos... IX Área de influência indireta (AII)... IX Metodologia geral... IX Especificidades metodológicas dos estudos arqueológicos... IX Área de influência direta... IX Contexto macrorregional... IX Aspectos populacionais... IX Histórico da ocupação... IX Distribuição da população atual da bacia do Iguaçu pelos municípios... IX Uso e ocupação do solo... IX Objetivo e aspectos metodológicos... IX Situação atual da cobertura vegetal e uso do solo... IX - 21

11 8812/00-6B-RL Sumário geral Caracterização dos principais usos... IX Ambientes protegidos... IX UHE Usinas Hidrelétricas... IX Estrutura produtiva... IX O estado do Paraná... IX O estado de Santa Catarina... IX Indicadores Macroregionais... IX Infra-estrutura de serviços... IX Saneamento básico... IX Sistema de transportes... IX Sistema elétrico... IX Turismo e lazer... IX O Turismo no Paraná... IX O Turismo em Santa Catarina... IX Patrimônio histórico, cultural e arqueológico... IX Patrimônio histórico e cultural... IX Patrimônio arqueológico... IX Comunidades indígenas e quilombolas... IX Área de influência direta e indireta... IX Dinâmica populacional... IX Aspectos demográficos do processo de ocupação... IX A dinâmica populacional atual e estimativas... IX Infra-estrutura... IX Saneamento básico... IX Energia elétrica... IX Telefonia, Internet, estações repetidoras de TV e outros meios de comunicação... IX Estrutura viária... IX Habitação... IX Segurança pública... IX Serviços de saúde... IX Serviços educacionais... IX Uso e ocupação do solo... IX Objetivo e aspectos metodológicos... IX Situação atual da área de influência indireta... IX Caracterização socioeconômica das comunidades afetadas... IX Analise quantitativa... IX - 127

12 8812/00-6B-RL Sumário geral Analise qualitativa... IX Estrutura produtiva e de serviços... IX Elementos determinantes da organização territorial da AII... IX A ocupação do território e a estrutura produtiva... IX Indústria, comércio e serviços em geral... IX Turismo e lazer... IX Capanema... IX Capitão Leônidas Marques... IX Nova Prata do Iguaçu... IX Realeza... IX Planalto... IX Patrimônio histórico, cultural e arqueológico... IX Patrimônio arqueológico da área de influência indireta... IX Patrimônio arqueológico - AID... IX O potencial arqueológico da AID... IX Patrimônio histórico e cultural... IX Organização social e política... IX Planos e programas co-localizados... IX Referências bibliográficas... IX Anexo I Oficinas Participativas Capítulo X Análise integrada 1 - Área de influência macroregional... X Aspectos metodológicos... X Concepção geral... X Seleção de indicadores... X Integração dos dados... X Análise de sensibilidade ambiental... X Área de influência indireta e direta... X Aspectos metodológicos... X Análise integrada... X Determinantes físicos da paisagem... X O processo de ocupação e uso dos recursos naturais... X Características atuais... X Referências bibliográficas... X - 24 Capítulo XI Identificação e avaliação de impactos 1 - Aspectos metodológicos... XI Considerações gerais... XI - 3

13 8812/00-6B-RL Sumário geral As fichas de avaliação de impactos... XI Resultados da avaliação de impactos ambientais... XI Identificação e avaliação dos impactos ambientais fichas de avaliação... XI Considerações gerais... XI Efeitos Sinérgicos da UHE Baixo Iguçau... XI Considerações iniciais... XI Identificação das questões socioambientais relevantes... XI Identificação das políticas, planos e programas PPPs... XI Recorte espacial e temporal de análise... XI Avaliação dos impactos sinérgicos... XI Referências bibliográficas... XI Capítulo XII Programas ambientais 1 - Considerações gerais... XII Programas ambientais... XII Programa de comunicação social... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de educação ambiental... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de controle ambiental da construção... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de recuperação de áreas degradadas... XII Objetivos... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII - 16

14 8812/00-6B-RL Sumário geral Programa de acompanhamento das interferências com direitos minerários... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de monitoramento do lençol freático e qualidade das águas subterrâneas... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de monitoramento sismológico... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de Execução... XII Agente executor... XII Programa de monitoramento hidrossedimentológico... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de monitoramento climatológico... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de Limpeza da Bacia de Acumulação... XII Justificativa... XII Objetivos... XII Procedimentos... XII Prazo de Execução... XII Agente executor... XII - 24

15 8812/00-6B-RL Sumário geral Programa de fiscalização dos recursos naturais... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de aproveitamento científico da flora... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de aproveitamento científico da fauna... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de conservação da flora... XII Considerações iniciais... XII Subprograma de estudos da flora... XII Subprograma de recuperação da vegetação ciliar... XII Programa de monitoramento do meio aquático... XII Considerações iniciais... XII Subprograma monitoramento limnológico e da qualidade da água... XII Subprograma de monitoramento da ictiofauna... XII Programa de conservação e monitoramento da fauna terrestre e semiaquática XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de monitoramento da paisagem... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII - 35

16 8812/00-6B-RL Sumário geral Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de Consolidação de Unidade de Conservação... XII Justificativa... XII Objetivos... XII Procedimentos... XII Prazo... XII Agente executor... XII Programa de remanejamento... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de apoio aos municípios e as comunidades locais... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de saúde... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de seleção e treinamento de mão de obra local... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de relocação da infra-estrutura... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII - 47

17 8812/00-6B-RL Sumário geral Programa de desenvolvimento turístico... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de prospecção arqueológica intensiva... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de resgate arqueológico... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de valorização do patrimônio arqueológico e histórico-cultural... XII Objetivos... XII Justificativa... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Plano ambiental de conservação e uso do entorno do reservatório... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII Programa de gerenciamento ambiental... XII Objetivos... XII Justificativas... XII Procedimentos... XII Prazo de execução... XII Agente executor... XII - 59

18 8812/00-6B-RL Sumário geral - 17 Capítulo XIII- Prognóstico Ambiental 1 - A região sem o empreendimento... XIII A região com o empreendimento... XIII - 4 Capítulo XIV - Glossário 1 - Glossário...XIV Referências bibliográficas...xiv - 12

19 Desenvix S/A UHE Baixo Iguaçu Meio Ambiente Estudo de Impacto Ambiental Capítulo VIII-Diagnóstico Biótico 8812/00-6B-RL de novembro de 2004 Elab.: TLCC/FAR/CGM Verif.: CGM Aprov.: JBCF Final.

20 8812/00-6B-RL VIII - 2 Sumário p. Apresentação... VIII Metodologia... VIII Metodologia geral... VIII Limnologia... VIII Abordagem e planejamento amostral dos dados limnológicos... VIII Qualidade físico-química da água... VIII Comunidades planctônicas... VIII Comunidades bentônicas... VIII Peixes... VIII Locais de amostragem... VIII Aparelhos e esforço de captura... VIII Análise dos dados... VIII Vegetação e flora... VIII Geoprocessamento e mapeamento da vegetação... VIII Análise florística e caracterização dos estágios sucessionais... VIII Levantamento fitossociológico... VIII Estimativa da biomassa... VIII Diversidade e similaridade... VIII Fauna terrestre e semiaquática... VIII Invertebrados terrestres... VIII Insetos vetores... VIII Anfíbios... VIII Répteis... VIII Aves... VIII Mamíferos... VIII Contexto macrorregional... VIII Os ambientes aquáticos... VIII Ictiofauna... VIII Fitogeografia... VIII Contextualização zoogeográfica... VIII Conservação da biodiversidade... VIII Cobertura vegetal e uso do solo... VIII Ecologia da paisagem... VIII - 58

21 8812/00-6B-RL VIII Contexto local: ecossistemas aquáticos... VIII Qualidade físico-química da água... VIII Considerações iniciais... VIII Medidas em campo... VIII Análises em laboratório (nutrientes, clorofila e material em suspensão)... VIII Integração dos resultados e comparação das sub-bacias estudadas... VIII Potencial de eutrofização... VIII Contaminação por agrotóxicos... VIII Considerações finais... VIII Organismos planctônicos... VIII Atributos da comunidade fitoplanctônica... VIII Atributos da comunidade zooplanctônica... VIII Padrão de distribuição espaço-temporal... VIII Macroinvertebrados bentônicos... VIII Composição... VIII Riqueza de espécies... VIII Padrão de distribuição espaço-temporal... VIII Análise dos grupos de alimentação funcional... VIII Peixes... VIII Composição e riqueza... VIII Caracterização dos grupos amostrados... VIII A ictiofauna e os ambientes amostrados... VIII Padrões de dominância, diversidade e abundância... VIII Hábitos alimentares... VIII Reprodução... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécies migratórias... VIII Espécies de interesse comercial... VIII Espécies invasoras e exóticas... VIII Interpretação dos resultados... VIII Contexto local: vegetação e flora... VIII Vegetação... VIII Área de influência indireta... VIII Área de influência direta... VIII Ecologia da paisagem... VIII Análise florística... VIII - 132

22 8812/00-6B-RL VIII Composição e riqueza de espécies... VIII Espécies ameaçadas de extinção... VIII Espécies de interesse comercial... VIII Extrativismo vegetal... VIII Vegetação a ser afetada... VIII Vegetação Aquática... VIII Florestas ripárias e insulares... VIII Floresta primária alterada... VIII Floresta em estágio avançado de regeneração... VIII Floresta em estágio médio de regeneração... VIII Análises de diversidade... VIII Similaridade entre as unidades amostrais... VIII Diversidade alfa... VIII Diversidade beta... VIII Contexto local: fauna terrestre e semi-aquática... VIII Invertebrados terrestres: aracnídeos e miriápodes... VIII Riqueza de espécies... VIII Espécies de interesse médico... VIII Insetos vetores... VIII Espécies registradas... VIII Insetos vetores de interesse médico... VIII Anfíbios... VIII Riqueza de espécies... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécie exótica... VIII Bioindicadores... VIII Répteis... VIII Riqueza de espécies... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécies de interesse médico... VIII Espécies de interesse para o comércio ilegal... VIII Espécies invasoras e exóticas... VIII Bioindicadores... VIII Aves... VIII Riqueza de espécies e caracterização ornitogeográfica... VIII Caracterização sinecológica: expressividade de tipos ecológicos... VIII - 171

23 8812/00-6B-RL VIII A expressividade na ocupação das paisagens... VIII Consolidação de tipos ecológicos e paisagens ocupadas... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécies migratórias... VIII Espécies de interesse comercial... VIII Espécies de interesse para o comércio ilegal... VIII Mamíferos... VIII Riqueza de espécies... VIII Perfil ecológico da mastofauna quanto a dieta e locomoção... VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção... VIII Espécies migratórias... VIII Espécies de interesse médico... VIII Espécies de interesse cinegético... VIII Espécies invasoras e exóticas... VIII Bioindicadores... VIII Contexto local: conservação da biodiversidade... VIII O Parque Nacional do Iguaçu... VIII Caracterização... VIII Pressões... VIII Plano de Manejo... VIII Outras unidades de conservação... VIII Políticas para conservação da biodiversidade... VIII Referências bibliográficas... VIII Anexo VIII-I Pontos de coleta... VIII Anexo VIII-II Unidades de conservação da bacia do rio Iguaçu... VIII Anexo VIII-III Organismos planctônicos... VIII Anexo VIII-IV Organismos bentônicos... VIII Anexo VIII-V Peixes... VIII Anexo VIII-VI Flora... VIII Anexo VIII-VII Parâmetros fitossociológicos... VIII Anexo VIII-VIII Artrópodos terrestres... VIII - 287

24 8812/00-6B-RL VIII - 6 Anexo VIII-IX Anfíbios... VIII Anexo VIII-X Répteis... VIII Anexo VIII-XI Aves... VIII Anexo VIII-XII Mamíferos... VIII - 320

25 8812/00-6B-RL VIII - 7 Capítulo - VIII Diagnóstico do meio biótico Apresentação O presente relatório contém o Diagnóstico do Meio Biótico da UHE Baixo Iguaçu, consolidando as informações obtidas de dados primários e secundários. Inicialmente são apresentadas as metodologias gerais e específicas utilizadas nos estudos da biota. Posteriormente é realizado um diagnóstico da bacia do rio Iguaçu, com base em dados secundários, chamado aqui de Contexto Macrorregional. Para as áreas de influência indireta e direta, ou seja, para o contexto local, o diagnóstico é apresentado em detalhes para vários grupos da biota. Para todos os temas estudados, buscou-se ressaltar a presença do Parque Nacional do Iguaçu como uma fonte pujante de organismos biológicos para a área do entorno, onde se localiza a UHE Baixo Iguaçu. Uma vez que usinas hidrelétricas impactam principalmente os ecossistemas aquáticos, inicialmente são apresentados os estudos limnológicos, incluindo além do estudo dos organismos planctônicos e dos macroinvertebrados bentônicos, os aspectos físicos e químicos da água. Procurou-se abordar esse tópico aqui uma vez que a sua análise e interpretação é mais consistente quando relacionada aos componentes biológicos do ecossistema aquático, como os processos de eutrofização, por exemplo. Também dentro dos ecossistemas aquáticos são apresentados os resultados dos estudos da ictiofauna, que são os vertebrados mais impactados pela implantação de hidrelétricas. A vegetação foi estudada em termos de ecologia da paisagem, com vistas subsidiar as discussões acerca da fragmentação das florestas naturais. Foi realizada uma classificação e caracterização da vegetação, com destaque para aquela a ser afetada pelo empreendimento. A fauna terrestre foi estudada em relação aos grupos de vertebrados, tradicionalmente abordados em estudos similares, uma vez que possuem um número maior de espécies ameaçadas de extinção. Também foram incluídos alguns invertebrados terrestres, como os aracnídeos e miriápodos. Por fim, foram tratados os assuntos relacionados à conservação da biodiversidade na área de influência. Especial destaque foi dado ao Parque Nacional do Iguaçu, o que não poderia ser diferente, pois se trata de uma unidade de conservação de proteção integral cujos limites estão muito próximos da UHE Baixo Iguaçu.

26 8812/00-6B-RL VIII Metodologia Metodologia geral O diagnóstico ambiental do meio biótico conforme já apresentado em linhas gerais no capítulo V Metodologia geral, procurou caracterizar a área de estudo, quanto aos seus aspectos bióticos, em três níveis, a saber: - Contexto Macrorregional - envolve toda a bacia hidrográfica do rio Iguaçu, desde o contraforte da vertente oeste da Serra do Mar, onde localizam-se suas nascentes, no município de Piraquara, até sua foz, no município de Foz do Iguaçu; - Área de Influência Indireta - inclui o trecho da bacia do rio Iguaçu a jusante da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias; e - Área de Influência Direta - inclui o reservatório, acrescido de uma faixa de preservação permanente de 100 m; o local das obras, tais como canteiros, áreas de empréstimo e bota-fora; um trecho de 10 km do rio Iguaçu, acrescido de sua área de preservação permanente, a jusante da barragem; e uma porção do Parque Nacional do Iguaçu, em um raio aproximado de 1 km da foz do rio Gonçalves Dias, que sofrerá impacto direto das obras. Os estudos foram conduzidos de maneira a selecionar sítios de interesse para avaliação dos impactos sobre o meio biótico na área de influência direta e indireta, especialmente dentro dos temas que envolvem os ecossistemas aquáticos, neste caso, enfocando ictiofauna, fitoplâncton, zooplâncton, bentos, macrófitas aquáticas e qualidade físicoquímica da água e os ecossistemas terrestres, os quais tiveram o foco nos temas relacionados a cobertura vegetal, fauna vertebrada e fauna invertebrada. Quanto a cobertura vegetal foi dada especial atenção para a caracterização fitossociológica e florística. Quando a fauna terrestre, foram realizados levantamentos de invertebrados terrestres, insetos vetores, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Foi realizado ainda, um levantamento das áreas naturais protegidas (Unidades de Conservação) de toda a bacia, com maiores referências ao Parque Nacional do Iguaçu e ao Parque Estadual do Rio Guarani. Os sítios de amostragem foram escolhidos primariamente através de base cartográfica e imagens de satélite. Em seguida foi realizado um reconhecimento in loco e assim estabelecidos pontos de interesse dentro de cada sítio, especialmente em função de sua localização em relação a área de influência direta; do estado geral de conservação; acessos; e segurança. Sempre que possível, priorizou-se avaliar conjuntamente os mesmos sítios e pontos. Assim, foram realizadas duas campanhas enfocando a área de influência direta e indireta, doravante sinalizadas como AID e AII, respectivamente. As campanhas foram realizadas entre os meses de abril a julho de 2004, totalizando aproximadamente 16 dias de campo para cada área temática. Soma-se a este esforço, três dias de reconhecimento da área e cinco dias de percurso de toda a bacia do rio Iguaçu, desde sua nascente até sua foz. Assim, foram gastos em campo, cerca de 24 dias para a obtenção dos dados primários, ora apresentados neste relatório. Todos os pontos

27 8812/00-6B-RL VIII - 9 visitados foram georreferenciados, e encontram-se tabulados no Anexo VIII-I e espacializados no Desenho 8812/00-6B-A Alguns métodos utilizados para obtenção de dados primários foram aplicados em conjunto por diferentes áreas temáticas. Este foi o caso do exame de pequenos acervos didáticos consultados pelas equipes de répteis, anfíbios, invertebrados terrestres e insetos vetores. Visitas em acervos didáticos mostram-se uma medida cada vez mais eficiente na geração instantânea de informações acerca de faunas regionais, já que especialistas são capazes de identificar rapidamente os animais guardados nessas instituições. Foram visitadas 20 unidades estatais e particulares de ensino e quatro unidades de saúde dispersas pelos municípios e distritos daquela porção do vale do rio Iguaçu: municípios de Lindoeste, Santa Lúcia, Capitão Leônidas Marques e Boa Vista da Aparecida na margem direita, e Capanema, Planalto, Pérola do Oeste, Realeza e Nova Prata do Iguaçu na margem esquerda (Quadro 1.1). Quadro 1.1 Lista das unidades visitadas Município Unidades de ensino Unidades de saúde Boa Vista da Aparecida Bela Vista da Caroba Capanema Distrito de Cristo Rei Capitão Leônidas Marques Distrito Flor da Serra Pérola D Oeste Planalto Realeza Lindoeste do Paraná Santa Lucia do Paraná Colégio Estadual Paulo VI Colégio Estadual Santo Antão Colégio Estadual da Esquina Gaúcha Escola Estadual Santa Cruz Escola Estadual Padre Sirilo Colégio Estadual Rocha Pombo Colégio Antonio Francisco Luis Boa Colégio Tomas Edison Colégio Estadual Castro Alves Colégio Estadual Carlos Argemiro Colégio Estadual Flor da Serra Colégio Estadual Padre Réus Colégio Estadual José de Anchieta Colégio Estadual João Zacco Paraná Colégio Estadual João Paulo II Colégio Real Colégio Estadual Doze de Novembro Colégio Estadual Dom Carlos Eduardo Colégio Estadual Lindoeste Colégio Estadual Orlando Luis Zampronio Posto de saúde Posto de vigilância sanitária Posto de saúde Posto de saúde É hábito freqüente, no interior do Brasil, o colecionamento de animais mortos e fixados em álcool, em laboratórios escolares, na intenção de que sejam úteis aos professores de ciências e biologia. Do mesmo modo, muitas vezes se encontram bons espécimes da fauna regional em postos de saúde e outras unidades similares, expostos com o intuito de alertar sobre os riscos com animais peçonhentos ou de se identificar espécies perigosas ao homem (Figura 1.1).

28 8812/00-6B-RL VIII - 10 Figura 1.1 Exame de pequenos acervos didáticos Para a obtenção de dados secundários procedeu-se o exame dos principais acervos de coleções botânicas e zoológicas brasileiras, que possuem exemplares da biota de localidades presentes na AID, AII e macroregião. Neste nível de informação destacam-se: Museu Botânico Municipal de Curitiba (MBM) e Herbário da Universidade Federal do Paraná (UPCB), Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI), Museu Nacional UFRJ (MN UFRJ), Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), Instituto Butantan (IBSP) e Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) (Quadro 1.2). Quadro 1.2 Instituições utilizadas para a obtenção de dados secundários Área temática MBM UPCB MHNCI MN MZUSP IBSP FIOCRUZ Vegetação X X Inv. terrestres X X Insetos vetores Peixes Anfíbios Répteis X X X X Aves Mamíferos X X X X X Os invertebrados terrestres coletados foram depositados no Laboratório de Aracnologia do Departamento de Invertebrados do Museu Nacional, vinculado a Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN UFRJ). Exemplares de peixes, anfíbios, répteis e mamíferos coletados foram anexados aos respectivos acervos do Museu de História Natural Capão da Imbuia (MHNCI), em Curitiba. O material botânico coletado foi depositado no Herbário do Departamento de Botânica da Universidade Federal do Paraná (UPCB) e no Museu Botânico Municipal (MBM).

29 8812/00-6B-RL VIII - 11 A busca de informações sobre a conservação da biodiversidade regional foi realizada essencialmente através da Internet, em sites oficias governamentais, entre os quais: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA: Instituto Ambiental do Paraná ( Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Paraná ( Também foram realizadas visitas no Instituto Ambiental do Paraná e em algumas prefeituras da área de influência para consulta bibliográfica e para a obtenção de informações sobre os programas ambientais em desenvolvimento. O plano de manejo do Parque Nacional do Iguaçu, disponível na forma online na página do Ibama também constituiu importante fonte de informações, além da consulta em bibliografia especializada. As informações sobre fauna e flora ameaçadas de extinção seguem os critérios adotados pelas listas brasileiras (IBAMA, 1992; BRASIL, 2003) e parananeses (SEMA,1995; MIKICH & BÉRNILS, 2004), bem como da IUCN The Word Conservation Union. A área de influência macrorregional, definida como toda a bacia hidrográfica do rio Iguaçu, foi percorrida em grande parte de sua extensão com a finalidade de focar uma caracterização atualizada da paisagem. Os pontos de interesse encontram-se listados no Anexo VIII-I. Foi priorizado o percurso através da escarpa devoniana e serra da Boa Esperança por estarem estas regiões diretamente relacionadas com a instalação das principais usinas hidrelétricas do rio Iguaçu. Em outra escala, importantes fontes de informações foram os relatórios técnicos não publicados, especialmente os estudos de impacto ambiental das usinas a montante do pretendido empreendimento, quais sejam: usina hidrelétrica de Salto Caxias (COPEL, 1993), usina hidrelétrica de Segredo (COPEL, 1987) e usina hidrelétrica de Salto Santiago (ELETROSUL & ITC, 1991). Somam-se os relatórios do aproveitamento científico da UHE de Segredo (FUPEF & COPEL, 1993) e UHE de Salto Caxias (COPEL, 1998). Também foi possível obter importantes informações no plano de manejo do Parque Nacional do Iguaçu (IBAMA, 1999) e no plano de manejo do parque estadual do rio Guarani (CAMPOS & TOSSULINO, 2002), além daquelas contidas no Inventário do baixo Iguaçu da Desenvix (2003) Limnologia Abordagem e planejamento amostral dos dados limnológicos a) Abordagem O trabalho utilizou um protocolo de avaliação integrada, comparando hábitat, qualidade da água e medidas biológicas com condições referência empiricamente definidas, seguindo os estágios descritos a seguir: (1) identificação inicial dos agentes estressores; (2) planejamento amostral e definição de sítios referência; (3) avaliação de qualidade do habitat aquático; (4) caracterização dos pontos de amostragem; (5) verificação de parâmetros físicos e químicos da água; (6) diagnóstico das comunidades de macroinvertebrados bênticos; (7) diagnóstico das comunidades planctônicas.

30 8812/00-6B-RL VIII - 12 Nos estudos relativos a impactos ambientais de barragens sobre as características limnológicas de um rio geralmente são enfatizados os gradientes longitudinais dos rios represados, sendo que normalmente se adota um planejamento amostral comparando regiões a jusante e a montante do ponto impactado. Neste caso específico, o rio Iguaçu já apresenta a maior parte de seu percurso regulado por barragens em seqüência, estando a UHE Baixo Iguaçu localizada imediatamente a jusante da última barragem existente, a UHE Salto Caxias. Estudos mostram que a qualidade da água de reservatórios em cascata tende a apresentar melhorias rio abaixo, principalmente pela diminuição da turbidez em conseqüência dos processos de sedimentação nos reservatórios rio acima, permitindo concluir que a qualidade da água do reservatório planejado tenha uma influência maior da bacia de drenagem direta do reservatório, representada pelos quatro rios principais que deságuam diretamente em sua área. Portanto, este estudo foi planejado a partir de uma visão abrangente das sub-bacias em questão, procurando diagnosticar impactos e avaliar as suas contribuições à qualidade da água de um possível reservatório, não se restringindo apenas à abordagem dos impactos diretos sobre o curso do rio Iguaçu. Os resultados permitirão o estabelecimento de planos específicos de monitoramento e recuperação para estas sub-bacias, integrados ao plano global de gestão da UHE Baixo Iguaçu de maneira eficaz. b) Pontos de amostragem A partir dos critérios de abordagem adotados, foram estabelecidos pontos de coleta nas quatro principais sub-bacias na área de influência do empreendimento: rio Andrada, rio Capanema, rio Monteiro e rio Gonçalves Dias. O rio Cotegipe, que também participa desta área de influência, foi excluído deste estudo por já ter sido estudado durante os trabalhos do EIA/RIMA da UHE Salto Caxias e o rio Gonçalves Dias, cuja foz está a jusante do eixo da barragem planejada, foi incluído como rio controle, uma vez que possui a melhor qualidade ambiental entre os rios da região, possuindo toda a área da margem direita de sua bacia dentro do Parque Nacional do Iguaçu. Para cada tributário foram estabelecidos três pontos de coleta: o primeiro fora da área de abrangência, representando as cabeceiras da respectiva bacia e funcionando como ponto de controle; o segundo aproximadamente junto à cota máxima de inundação, fornecendo subsídios para avaliação das transformações no ambiente no caso do enchimento do reservatório, e o terceiro próximo à foz de cada rio, fornecendo um diagnóstico da qualidade da água da bacia como um todo e qual a sua contribuição para a qualidade do reservatório. No rio Iguaçu, foram estabelecidos cinco pontos de coleta ao longo do eixo longitudinal do futuro reservatório, sendo quatro deles localizados em área a jusante da foz de cada tributário, como forma de avaliar possíveis influências destes tributários sobre a qualidade de água do rio Iguaçu. As Figuras 1.2 a 1.13 a seguir ilustram alguns dos pontos amostrados.

31 8812/00-6B-RL VIII - 13 Figura 1.2 Ponto IG2 rio Iguaçu a jusante do rio Andrade Figura 1.3 Ponto IG4 rio Iguaçu a jusante do rio Monteiro Figura 1.4 Ponto AN1 - rio Andrada Figura 1.5 Ponto AN2 rio Andrada

32 8812/00-6B-RL VIII - 14 Figura 1.6 Ponto CA2 rio Capanema Figura 1.7 Ponto CA3 rio Capanema Figura 1.8 Ponto GD1 rio Gonçalves Dias Figura 1.9 Ponto GD3 rio Gonçalves Dias

33 8812/00-6B-RL VIII - 15 Figura 1.10 Ponto MO1 rio Monteiro Figura 1.11 Ponto MO2 rio Monteiro c) Avaliação da qualidade do habitat nos pontos de coleta O estudo da qualidade dos hábitats foi planejado para avaliar os recursos aquáticos disponíveis para a comunidade biológica residente. Levando em consideração micro (substrato) e macro escalas do hábitat (morfologia do canal), a estrutura da mata ciliar e das margens. O processo de avaliação do hábitat envolve a análise de 10 parâmetros classificados como: POBRE (escore de 0 a 5), REGULAR (escore de 6 a 10), BOM (escore de 11 a 15) e ÓTIMO (escore de 16 a 20), segundo metodologia proposta por Barbour et al. (1999). Ao final, os escores de todas as variáveis são somados e sítios potencialmente impactados comparados com locais referência para providenciar uma ordenação final dos habitats. Quanto maior a qualidade do habitat, maior o escore. A matriz usada para avaliar a qualidade do habitat é ponderada diferentemente para rios de alta e baixa energia ambiental. Rios de alta energia são aqueles de primeira, segunda e terceira ordem de classificação, enquanto rios de baixa energia são aqueles de quarta ordem em diante. A ordem de classificação é definida a partir da nascente (ordem 1) e muda com a confluência deste rio com outro de mesma ordem de classificação. A seguir são definidos os dez parâmetros avaliados. Os escores para cada ponto amostral encontram-se listados na Tabela Substrato para Epifauna: Inclui a quantidade e variedade de estruturas naturais no rio que servem como refúgio, alimento, desova e criação para macrofauna aquática; tal como corredeiras, pedras de diferentes tamanhos, troncos e galhos caídos. Quanto mais diversa a variedade e abundância de estruturas submersas dentro do rio, tanto maior o número de nichos disponíveis para a biota. Quando a variedade e abundância dos substratos diminuem, a estrutura do hábitat se torna monótona, a diversidade de ambientes diminui e o potencial para recuperação após perturbação ambiental decresce.

34 8812/00-6B-RL VIII Cobertura de finos: se refere a extensão em que cascalhos, pedregulhos e pedras grandes são cobertos por lodo (material sedimentar fino, como silte e argila). Geralmente, o aumento do sedimento fino diminui o substrato disponível para os macroinvertebrados. - Velocidade/Profundidade: A velocidade e a profundidade são importantes características da diversidade de habitats. Pode-se definir quatro tipos diferentes de velocidade e profundidade para rios de alta e baixa energia. Em rios de alta energia podemos reconhecer áreas: (i) profundas e lentas; (ii) profundas e rápidas; (iii) rasas e lentas; e (iv) rasas e rápidas. Para rios de baixa energia, ao invés da velocidade/profundidade, podemos classificar os diferentes tipos de poças como áreas: (i) profundas e grandes; (ii) profundas e pequenas; (iii) rasas e grandes (iv) rasas e pequenas. Quanto mais tipos de velocidade/profundidade ou poças reconhecidos, maior -Deposição de sedimento: Mede a quantidade de sedimento acumulado e as mudanças que tem ocorrido no leito do rio como resultado da deposição. A deposição ocorre a partir de movimentos de sedimento em grande escala. A deposição pode formar ilhas e barreiras reduzindo o fluxo da águas. Elevados níveis de deposição do sedimento indicam instáveis e contínuas mudanças que tornam o hábitat inadequado para muitos organismos. - Fluxo do canal: mede o grau em que o canal está completado com água. O estado do fluxo pode mudar quando o canal se alarga, ou ainda, quando há redução do fluxo por represamento e outras obstruções. Em rios de baixa energia, o decréscimo no fluxo das águas expõe troncos e galhos reduzindo a quantidade de hábitat disponível. Já em rios de alta energia, pedregulhos e grandes pedras estão normalmente expostos. - Alteração do canal: é uma medida de alteração em grande escala na forma do canal do rio. Em áreas urbanas e agrícolas é comum observarmos a retilinização, aprofundamento, desvio e concretagem das margens. Tais rios possuem menor disponibilidade de hábitats para macroinvertebrados, peixes e plantas do que rios não -Freqüência de corredeiras e meandros: é uma medida da seqüência de corredeiras e meandros, indicando a heterogeneidade de ambientes dentro do rio. Quanto mais sinuoso o rio, maior a diversidade de habitats e da fauna, e maior a resiliência, ou capacidade de retorno ao estado de equilíbrio, após flutuações decorrentes de chuvas. A redução da energia das águas pelos meandros protege o rio das inundações e erosões e providencia refúgio para a fauna durante as tempestades. - Estabilidade das margens: é a medida da erosão ou do potencial para erosão das margens. Margens com alta inclinação são consideradas instáveis e mais suscetíveis a colapsar e erodir do que margens com inclinação suave. - Proteção das margens: mede a quantidade de proteção fornecida pela vegetação marginal. As raízes e rizomas das plantas que crescem sobre as margens ajudam a manter a camada de solo e disponibilizam nutrientes para o sistema com um todo. - Largura da Mata Ciliar: Mede a largura da vegetação natural na zona ripária. A vegetação ciliar controla a erosão do terreno ao redor do rio e serve como um filtro para a entrada de poluentes via lixiviação, além de disponibilizar hábitat e nutrientes para a biota aquática.

35 8812/00-6B-RL VIII - 17 Tabela 1.1 Parâmetros limnológicos avaliados e escore de cada ponto amostral Pontos de amostragem I1 I2 I3 I4 I5 A1 A2 A3 C1 C2 C3 M1 M2 M3 G1 G2 G3 Ordem de classificação Largura (m) Características ambientais Gradiente ambiental Baixo Baixo baixo Baixo Baixo alto baixo baixo alto baixo Baixo alto alto alto alto alto alto Substrato para epifauna Cobertura de finos Velocidade/profundidade Deposição de sedimento Fluxo do canal Alteração no canal Presença de corredeiras Estabilidade margens das Proteção das margens Largura da mata ciliar Total

36 8812/00-6B-RL VIII Qualidade físico-química da água As amostras de água de superfície foram coletadas no ponto central do canal do rio conforme metodologia descrita em Cetesb (1988), sendo utilizada uma réplica amostral, coletada após um intervalo de 10 minutos da primeira coleta no mesmo ponto. Em campo foram realizadas também as medições de ph, Temperatura da Água, Oxigênio Dissolvido e Condutividade. Ainda em campo, as amostras foram filtradas e armazenadas sob refrigeração ou congelamento (conforme a finalidade). Ao todo, duas amostras foram coletadas em cada um dos 17 pontos de coleta, em cada fase de campo (68 amostras no total), sendo analisadas nos laboratórios de Biogeoquímica, do Centro de Estudos do Mar (Universidade Federal do Paraná). São listadas a seguir as variáveis limnológicas analisadas e suas respectivas abreviações utilizadas neste trabalho, seguidas de seus respectivos métodos de análise, equipamentos utilizados e referências bibliográficas: a) Temperatura da água TºC (ºC) e Potencial hidrogeniônico ph Medição in situ com ph-metro GEHAKA 206 b) Oxigênio dissolvido OD (mg/l) Medição em campo Oxímetro LUTRON OD-510 e HORIBA U-10 c) Condutividade Cond. (µs/cm) Condutivímetro de bancada Ingold (GRASSHOFF et al., 1983) d) Nutrientes dissolvidos: Fosfato inorgânico PO4 (µg/l); Nitrito - NO2 (µg/l); Nitrato NO3 (µg/l); Amônio NH4 (µg/l) e Silicato reativo - Si(OH)4 (µg/l) Amostras filtradas em filtros Whatman GF/C Espectrofotometria (GRASSHOFF et al., 1983) Espectrofotômetro Micronal B380 Redução de NO3 para NO2 em coluna de cádmio. e) Nitrogênio e fósforo totais NT e PT (µg/l) Digestão em autoclave com persulfato de potássio e espectrofotometria (GRASSHOFF et al., 1983) - Espectrofotômetro Micronal B380 f) Nitrogênio e fósforo orgânicos totais NOT e POT (µg/l) Cálculo (GRASSHOFF et al., 1983)

37 8812/00-6B-RL VIII - 19 g) Material e suspensão total Seston (mg/l) Filtração em filtros de microfibra de vidro Whatman GF/C (STRICKLAND & PARSONS, 1960) Secagem em estufa e pesagem em balança de precisão Mettler-H51AR h) Clorofila-a Cloro (µg/l) Extração por acetona e análise por espectrofluorescência (STRICKLAND & PARSONS, 1960) Fluorômetro Turner Designs 10-AU Os resultados obtidos para cada variável em cada ponto de coleta foram submetidos a estatística descritiva básica. Em seguida, tendo em vista o objetivo de estabelecer um zoneamento do rio a partir dessas variáveis, foi utilizada a análise estatística multivariada de componentes principais. Esta análise é bastante indicada e vem sendo amplamente utilizada para a descrição de gradientes de variáveis ambientais, e tem por objetivo identificar visualmente possíveis padrões significantes em uma série de variáveis independentes observadas diretamente sobre um conjunto de indivíduos (ASENSIO, 1989). A análise de componentes principais é um método linear e fatorial que consiste na redução do número de caracteres permitindo representações geométricas planas dos indivíduos e caracteres. Esta redução se faz através da construção de novos caracteres sintéticos, denominados então de componentes principais, pela combinação dos caracteres iniciais por meio de fatores calculados a partir de matrizes de covariância. As variáveis físicas e químicas da água foram interpretadas individualmente segundo seu significado ecológico. A partir da conclusão das análises de laboratório, a Análise Multivariada de Componentes Principais foi utilizada para elaborar o zoneamento longitudinal das bacias hidrográficas, condensando a informação essencial obtida através das variáveis limnológicas em dois componentes principais, permitindo a demonstração gráfica das variações espaciais, a exemplo de Marques (2000). Foram descritos os gradientes ambientais ao longo do curso da bacia, sendo possível delimitar trechos de comportamento relativamente homogêneo, conforme postulado pela teoria de Dinâmica de Manchas ( Patchy Dynamics Concept - PRINGLE, 1995) Comunidades planctônicas As amostras da comunidade planctônica foram obtidas através de balde e rede cônica com abertura de malha de 20 e 65 µm, filtrando-se 200 litros de água por amostra. O material coletado foi concentrado em frascos plásticos, fixado com solução de Transeau (fitoplâncton) e com formol a 4 % tamponado com carbonato de cálcio (zooplâncton) (Figura 1.14).

38 8812/00-6B-RL VIII - 20 Figura 1.12 Amostras de água Figura 1.13 Análise físico-química Figura 1.14 Coleta de plâncton As estações de amostragem (um total de 17) foram distribuídas, ao longo do rio Iguaçu e seus principais tributários na área de influência da UHE Baixo Iguaçu. Para a comunidade zooplanctônica foram considerados todos os pontos de coleta. As amostragens da comunidade fitoplanctônica foram realizadas nos cinco pontos de coleta do rio Iguaçu e em um ponto para cada um dos tributários. Os diferentes grupos fitoplanctônicos (clorofíceas, cianobactérias, diatomáceas, euglenofíceas, criptofíceas e outros) e os principais grupos zooplanctônicos (rotíferos e os adultos de cladóceros e copépodos) foram analisados, quantificados e identificados a nível específico utilizando bibliografia especializada. Os rotíferos pertencentes a ordem Bdelloidea, os copépodos pertencentes a ordem Harpacticoida, bem como náuplios e copepoditos de Cyclopoida e Calanoida, foram apenas quantificados.

39 8812/00-6B-RL VIII - 21 A contagem do fitoplâncton seguiu o método de campos aleatórios (curva de espéciesnúmero de campos), sendo contados até 100 indivíduos da espécie mais freqüente. Foram considerados indivíduos: células, colônias ou filamentos, expressando-se os resultados de densidade fitoplanctônica em indivíduos por ml. As análises qualitativa e quantitativa da comunidade zooplanctônica foram realizadas através de sub-amostragens com pipeta do tipo Stempell, sendo essas contadas em câmaras de Sedgwick-Rafter e placa de Petri, sob microscópios óptico e estereoscópico. Pelo menos duzentos indivíduos de cada grupo zooplanctônico foram contados e a densidade final expressa em indivíduos por m 3. Dados sobre a composição específica das comunidades fitoplanctônica e zooplanctônica foram ordenados considerando-se as famílias de cada grupo. A ocorrência dos táxons foi discriminada de acordo com os pontos considerados nos dois meses (abril e junho) de amostragem. Os padrões de variação espacial e temporal dos organismos e freqüência de ocorrência nas amostras foram conduzidos a partir de suas densidades totais em células/ml (fitoplâncton) e ind/m 3 (zooplâncton). Para estudar a diversidade das comunidades planctônicas, foram usados três atributos da comunidade, a riqueza de táxons (número de táxons nas amostras), o índice de Shannon- Wiener (H =Σpi.log(p i ), onde pi é a proporção do táxon i na amostra), e a equitabilidade (E=H /H max) (PIELOU, 1984). Estes atributos foram calculados utilizando a matriz de dados com as densidades mensais dos táxons e representados através de gráficos. As diferenças entre os padrões de distribuição espacial das comunidades foram avaliadas a partir da análise de correspondência com remoção do efeito do arco (DCA) (HILL & GAUCH, 1980). Para esta análise, foram utilizados os dados de cada amostra, para a comunidade fitoplanctônica e zooplanctônica, sendo, portanto, feitas duas DCAs. Os escores das amostras e dos táxons, de cada eixo, foram gerados e plotados em gráficos Comunidades bentônicas O trabalho utilizou um protocolo de avaliação rápida, comparando a composição dos macroinvertebrados bentônicos com atributos do ecossistema. A fauna foi avaliada segundo a composição de espécies ou morfotipos e seus padrões de distribuição espacial e temporal (entre os pontos de amostragem e as datas de amostragem definidas acima). Os atributos do ecossistema, como o grau de autotrofia, a disponibilidade de partículas orgânicas, o transporte e deposição destas partículas e a estabilidade do ambiente foram investigadas indiretamente usando-se como descritores os grupos funcionais de alimentação da fauna. Para o estudo dos macroinvertebrados aquáticos foi utilizada rede D-frame com malha de 0,5 mm (Figura 1.15). Os macroinvertebrados foram coletados sistematicamente em vários hábitats dentro do rio, golpeando e arrastando o sedimento, pedras, pedregulhos, macrófitas aquáticas, bancos vegetados submersos, folhiços, galhos e troncos, proporcionalmente a sua freqüência de ocorrência. O material coletado foi transferido para bandeja branca (Figura 1.16) e todos os invertebrados visíveis foram separados e fixados

40 8812/00-6B-RL VIII - 22 em formol a 4 %. Como regra geral, a amostragem teve seguimento até atingir 100 indivíduos coletados (BARBOUR et al. 1999) ou atingir qualquer número de indivíduos após esforço amostral total de duas horas de coleta em um mesmo ponto. Em laboratório, sob microscópio estereoscópico e óptico, todos os espécimens foram separados em morfotipos, contados e identificados até o nível taxonômico possível. Figura 1.15 Coleta de macroinvertebrados bentônicos Figura 1.16 Material coletado nos bentos Uma curva de incremento do número de espécies por amostra foi preparada com todas as amostras utilizando o índice de Jackknife 2 (MELLO & FROEHLICH, 2000). A curva estimada foi comparada com a curva observada, que é a representação média de um ordenamento aleatório e sem repetição de todas as amostras (COWELL, 1997). Para avaliar a diversidade alfa nas comunidades foram utilizados os índices de Shannon- Wienner (H'), que atribui maior peso a espécies raras (MAGURRAN, 1988). A diversidade beta foi avaliada pelo índice de Whittaker (b), que mede a mudança ou taxa de substituição na composição de espécies de um local para outro (WHITTAKER, 1960). Este índice varia de 0, quando duas amostras não apresentam nenhuma diferença na composição de espécies e 2, quando esta diferença é máxima, sendo calculado pela fórmula: ß = (c/a) - 1, onde: c = total de espécies nos pontos amostrados; a = média do número de espécies dos pontos amostrados. Para cada rio foi calculada a diversidade beta entre todos os pontos e datas de amostragem, calculando-se o valor médio e o desvio padrão para cada um dos rios. A composição taxonômica avaliada foi a de família. Entretanto, os espécimens foram separados de acordo com tipos morfológicos para a análise da diversidade. No presente estudo, a medida da riqueza de espécies foi considerada como o número de morfotipos presentes em cada amostra. Os padrões de distribuição espacial e temporal das espécies e das amostras de macroinvertebrados bênticos foram descritos através de análises multivariadas. As

41 8812/00-6B-RL VIII - 23 variações nas tendências das amostras foram avaliadas pela análise de ordenação (Multidimensional Scaling Ordination- MDS). As variações nas tendências das espécies foram avaliadas através da análise de classificação (Cluster, UPGMA). Para ambos os cálculos foram utilizando índices de dissimilaridade de Bray-Curtis. Diferenças na estrutura multidimensional dos dados entre época do ano, rios e pontos de amostragem foram analisadas utilizando-se a Análise de Similaridade (ANOSIM - CLARKE, 1993). Adicionalmente os organismos foram classificados segundo o grupo de alimentação funcional (GAF). A abordagem do grupo de alimentação funcional se relaciona diretamente com a morfologia, os mecanismos e o comportamento pelo qual os invertebrados adquirem seus alimentos. A fauna foi classificada segundo as cinco categorias alimentares abaixo: - Fragmentadores: animais que mastigam folhas, tecidos de plantas vasculares vivas ou escavam madeira. Onde ocorre predomínio desta categoria alimentar significa que há grande quantidade de matéria orgânica particulada grosseira (CPOM) no ambiente. Normalmente, são partículas de alimento maiores do que 1 mm; - Coletores - filtrantes (filtradores): animais que se alimentam de materiais em suspensão, filtrando partículas presentes na coluna d água. Locais caracterizados pelo predomínio desta categoria alimentar indicam maior concentração de matéria orgânica particulada fina em suspensão (partículas de 0,01 a 1 mm de tamanho). Esta é formada principalmente por partículas de detritos em decomposição, algas, bactérias e pelotas fecais; - Coletores - Juntantes (juntadores): animais que se alimentam de material em deposição. Ingerem alimento ou juntam partículas soltas em áreas deposicionais. Locais caracterizados pelo predomínio desta categoria alimentar indicam maior concentração de matéria orgânica particulada fina depositada (entre 0,05 e 1 m de tamanho). É formada principalmente por partículas de detritos em decomposição, algas, bactérias e pelotas fecais; - Raspadores: animais que raspam pedras e superfícies de madeiras ou caules de plantas aquáticas enraizadas. O predomínio dessa categoria alimentar indica que os recursos alimentares disponíveis são algas fixas, não filamentosas e detritos, microflora e fauna associados. O tamanho destas partículas normalmente varia de 0,01 a 1 mm; - Predadores: animais que capturam presas ou ingerem fluídos de tecido corporal. As partículas alimentares são maiores que 0,5 mm. Os estudos dos macroinvertebrados bentônicos, mesmo que pontuais no espaço e no tempo, refletem as condições do ecossistema rio em uma escala que vai de sazonal a anual. Por causa do hábito relativamente séssil e dos ciclos de vida relativamente longos destes organismos, os registros representam o acúmulo dos eventos ambientais atuantes e não apenas a situação momentânea. Qualquer mudança nas condições ambientais se refletirá nos modos de vida da comunidade faunal presente e conseqüentemente na composição dos organismos.

42 8812/00-6B-RL VIII - 24 A composição e as proporções entre os distintos grupos faunais classificados segundo seus modos, mecanismos e comportamento alimentar podem ser usados como uma medida indireta dos atributos do ecossistema (CUMMINS & MERRITT, 2003). Como atributos do ecossistema rio pode-se distinguir o grau de autotrofia, a disponibilidade de partículas orgânicas, o transporte e deposição destas partículas e a estabilidade do ambiente, estimados a partir das seguintes proporções: - Autotrofia/heterotrofia (R/P): o equilíbrio entre a autotrofia e a heterotrofia do ambiente nos dá uma noção da relação existente entre a produção primária e a respiração da comunidade. Dizemos que um ambiente é autotrófico quando a base da cadeia alimentar é composta por algas e plantas vasculares aquáticas enraizadas; e heterotrófico quanto a base principal da cadeia alimentar é composta pelo acúmulo de folhas submersas originadas da mata ribeirinha. O índice de autotrofia é tido pela razão entre a proporção de indivíduos raspadores e a soma entre fragmentadores e coletores (juntadores e filtradores); - Tamanho das partículas orgânicas (CPOM/FPOM): os atributos que envolvem a matéria orgânica particulada são baseados em proporções entre a matéria grosseira e a matéria fina. A matéria orgânica particulada grosseira (CPOM) tende a estar depositada no fundo, enquanto a matéria orgânica particulada fina (FPOM) tende a estar em suspensão. A relação entre CPOM e FPOM é um indicador da disponibilidade do recurso alimentar e é tido pela proporção entre fragmentadores e coletores; - Partículas finas em transporte e depositadas (TFPOM/BFPOM): A matéria fina presente no ambiente pode ser tanto de origem orgânica como inorgânica. Muitas vezes a matéria fina em suspensão é dominada pela fração inorgânica. Deste modo, uma alta quantidade de matéria fina não significa necessariamente um alimento de boa qualidade, ou seja, é alimento não disponível. A proporção entre a matéria orgânica particulada fina em transporte (TFPOM) e depositada no fundo (BFPOM) pode ser uma medida da disponibilidade de recursos alimentares que sustentam os indivíduos caracterizados como coletores (coletores filtrantes e coletores juntantes). A qualidade (% orgânica) do recurso disponível em transporte refletirá no aumento de organismos coletores filtrantes. Se os recursos alimentares se tornarem disponíveis apenas após o acúmulo nos sedimentos, os coletores juntantes predominarão; - Estabilidade do canal: A permanência relativa do material de fundo (p.ex., pedras grandes, pedregulhos, fragmentos de madeira e plantas aquáticas enraizadas) reflete a estabilidade do canal do rio. Ambientes com fundo estável tendem a ter uma maior proporção de indivíduos que se aderem às superfícies. A estabilidade é tida indiretamente pela soma de indivíduos raspadores e coletores filtrantes, dividido pela soma dos fragmentadores e coletores juntantes Peixes A caracterização da ictiofauna foi desenvolvida utilizando-se técnicas convencionais para coleta, onde além dos estudos realizados in loco foram buscadas informações secundárias disponíveis em bibliografias, entidades ambientais públicas e privadas.

43 8812/00-6B-RL VIII Locais de amostragem As áreas de estudo foram selecionadas no trecho da bacia do rio Iguaçu levando-se em conta a representatividade dos diversos ecossistemas aquáticos regionais. Foram definidos 16 locais de amostragem para a realização das coletas. No leito do rio Iguaçu foram definidas três estações de coleta, uma próxima ao futuro eixo da barragem (Figura 1.17), outra no trecho médio correntoso e a última a montante (Figura 1.18), onde amostragens padronizadas com redes de espera foram realizadas para comparações de abundância. Coletas com redes de espera também foram realizadas nos rios Cotejipe (Figura 1.19) e Andrada. As amostragens com os outros métodos de captura foram realizadas em diversos outros riachos na área de drenagem da bacia, acrescentando mais 13 pontos amostrais (Figuras 1.20 a 1.22). Figura 1.17 Rio Iguaçu próximo ao eixo da futura barragem (JUS) Figura 1.18 Rio Iguaçu, próximo à UHE Salto Caxias (MON) Figura 1.19 Rio Cotejipe (COT) Figura 1.20 Riacho próximo à UHE Salto Caxias (RH6)

44 8812/00-6B-RL VIII - 26 Figura 1.21 Riacho afluente do rio Andrada (RH2) Figura 1.22 Riacho afluente do rio Iguaçu (AFL) Aparelhos e esforço de captura Foram feitas capturas intensivas utilizando-se de diferentes métodos amostrais em vários pontos distribuídos na área de estudo em duas fases de campo (abril e junho de 2004). Os exemplares coletados foram imediatamente fixados em solução de formol 4%, colocados em sacos plásticos devidamente etiquetados por local e estocados em galões plásticos. As amostragens da ictiofauna foram realizadas através de: - Tarrafas (Figura 1.23): foram realizados diversos arremessos com tarrafas de dois tamanhos (5mm e 15mm), de 10 e 20m de circunferência; - Peneiras (Figura 1.24) e puçás (Figura 1.25): métodos utilizados para captura de espécies de pequeno porte, sempre próximos à vegetação ripária ou aquática; - Cerco: método eficiente para captura de animais em corredeiras de pequenos riachos, sendo realizado através de uma peneira (70 x 1,10m) que permanece fixa ao substrato enquanto o material do fundo é revolvido; - Arrasto (Figura 1.26): método utilizado para captura de peixes de pequeno e médio porte, através de uma rede de 5 metros de comprimento com malha de 5mm. Esse método somente foi utilizado nos riachos, sendo que cada ponto foi amostrado três vezes (arrastos de 2min/25m);

45 8812/00-6B-RL VIII Redes de espera: método de coleta utilizado para a captura de diversas espécies de médio e grande porte, através da utilização de três baterias com redes de 20 metros de comprimento, com malhas variando entre 1,5 e 12,0cm entre nós consecutivos. Esses aparelhos de pesca ficaram expostos por períodos de até 48 horas. Nos pontos de amostragem no leito do rio Iguaçu foram utilizadas 15 redes de malhas 1,5/2,5/3,5/4,0/6,0/8,0/12,0cm entre nós consecutivos, expostas durante 24 horas em cada fase de campo e ponto amostral. Nos tributários amostrados as baterias foram menores, sendo utilizadas 8 redes de malhas 1,5/2,5/3,5/4,0/6,0/8,0cm durante 48 horas; - Covos: foram utilizadas armadilhas metálicas instaladas por períodos de 24 horas, sendo as iscas preparadas na hora a partir de alimento industrializado. Dois covos foram instalados em cada ponto amostral no leito do rio Iguaçu; - Pesca elétrica: a eletropesca foi utilizada nos pequenos tributários, com esforço constante (30 min / 50 metros) através de um gerador portátil de 1000W e dois puçás móveis condutores; - Anzol: visando à captura de peixes de grande porte (Steindachneridion), anzóis de tamanhos distintos foram operados nas mesmas estações de amostragem onde as redes de espera foram instaladas; - Entrevistas: os dados foram obtidos através de entrevistas livres, facilitando a relação entre o pesquisador e o entrevistado (rapport). Os resultados foram registrados por escrito em fichas de campo. Figura 1.23 Arremesso de tarrafa Figura 1.24 Cerco com peneira

46 8812/00-6B-RL VIII - 28 Figura 1.25 Puçá Figura 1.26 Rede de arrasto Análise dos dados Em laboratório, os peixes foram identificados, quantificados e mensurados para a obtenção do comprimento total, o qual foi medido da ponta do focinho à extremidade da cauda. O peso também foi obtido com auxílio da balança de precisão. Após esses procedimentos, alguns exemplares foram dissecados em laboratório para identificação do sexo e classificação dos diferentes estádios de maturação sexual segundo metodologia descrita em Vazzoler (1996). A determinação dos estádios de maturação foi baseada no tamanho dos exemplares e em características macroscópicas das gônadas como coloração, transparência, irrigação sangüínea e presença, no caso dos ovários, de ovócitos visíveis a olho nu. Utilizou-se uma escala de maturação constituída pelos estágios imaturo, em maturação, maduro (reprodução), esvaziado e repouso. O trato digestório dos peixes também foi removido e os conteúdos estomacais foram analisados sob microscópio estereoscópico, sendo que a identificação dos itens alimentares foi realizada com auxílio de bibliografia especializada e através da consulta a especialistas. A diversidade ictiofaunística, estimada para cada local e período amostrado no leito do rio Iguaçu, foi baseada no Índice de Shannon (H ), sendo que a eqüitabilidade (E) e a riqueza de espécies foram determinadas segundo Magurran (1988). Para as comparações das relações entre a ictiofauna dos diferentes locais amostrados foi utilizado o coeficiente de distância de Manhattan (MAGURRAN, 1988; ZAR, 1996; KREBS, 1998).

47 8812/00-6B-RL VIII - 29 A densidade relativa dos componentes da ictiofauna foi analisada pelos valores da captura por unidade de esforço (CPUE), aplicado a cada petrecho de pesca. Os valores foram utilizados para o estabelecimento de padrões de variação espacial e temporal. As capturas por unidade de esforço (CPUE), para cada 24h de amostragem, foram expressas em número e peso totais dos indivíduos amostrados, por 100m 2 de rede. Utilizou-se para este cálculo a expressão CPUE = (C/E) * 100, onde C = número de indivíduos (ou peso total) capturado, E = esforço utilizado (100m 2 de rede em 24h de amostragem) Vegetação e flora Geoprocessamento e mapeamento da vegetação a) Contexto macrorregional O mapeamento da cobertura do solo na bacia do rio Iguaçu foi feito utilizando-se a cena H13V11 do instrumento MODIS do satélite TERRA, bandas azul, vermelho, infravermelho próximo e infravermelho médio, datada de 08/05/2004, com resolução de 250 metros. As quatro bandas passaram por classificação não supervisionada por análise de agrupamentos (clusters), e posterior associação dos agrupamentos às classes de cobertura, mediante comparação com pontos de campo em percurso ao longo do eixo longitudinal da bacia, avaliação visual das características analógicas da imagem em composição RGB (cores verdadeiras), e comparação com cenas CBERS-2 e Landsat em poder da empresa. Como categorias de cobertura do solo, adotou-se sete classes: - Floresta Estacional Semidecidual remanescentes florestais no baixo rio Iguaçu e tributários, em altitudes inferiores a 500 metros, com predominância fisionômica de latifoliadas (angiospermas); - Floresta Ombrófila Mista remanescentes florestais em altitudes superiores a 500 metros, com predominância fisionômica de Araucaria angustifolia; - Silvicultura cultivos florestais em talhões, independentemente da espécie plantada; - Agropecuária áreas desmatadas e cobertas com cultivos comerciais ou pastagens; - Solo Exposto áreas com solo exposto ou recém lavrado; - Área Urbana áreas urbanizadas; - Água corpos d água detectáveis considerando a resolução do satélite.

48 8812/00-6B-RL VIII - 30 Em virtude da resolução do sensor MODIS, não se pode observar nitidamente os talhões de silvicultura como em imagens de média resolução (CBERS, LANDSAT). Portanto optou-se por utilizar as imagens de melhor resolução para digitalizar os contornos de extensos empreendimentos madeireiros, e a partir desses polígonos, corrigir os pixels classificados como floresta nativa para floresta plantada. A discriminação entre os tipos florestais utilizou o critério de altitude, considerando as áreas florestadas acima de 500m como Floresta Ombrófila Mista (Castella & Britez, 2004), e abaixo, Floresta Estacional Semidecidual. Um modelo digital de elevação derivado do SRTM (Shuttle Radar Topography Mission, ftp://edcsgs9.cr.usgs.gov/pub/data/srtm), com resolução original de 90m, foi reamostrado para 250m e utilizado com essa finalidade. O mapa final de cobertura do solo foi generalizado para exclusão de manchas com menos de 25 hectares, o que serviu para remoção de ruído e compatibilização com a escala de 1: , definida como escala de trabalho para o contexto macrorregional. b) Área de influência indireta O mapeamento da vegetação da Área de Influência Indireta utilizou dados do satélite CBERS-2, instrumento CCD, com 20 metros de resolução. O processamento incluiu o georreferenciamento de quatro cenas (a partir das cartas topográficas 1: , digitalizadas para compor a base cartográfica do trabalho), correspondentes às seguintes órbitas, pontos e datas: - 160_128 (01/03/2004); - 160_129 (01/03/2004); - 161_128 (24/03/2004); - 161_129 (24/03/2004). A classificação supervisionada por máxima verossimilhança considerou as seguintes categorias de cobertura do solo: - Floresta Estacional Semidecidual remanescentes florestais no baixo rio Iguaçu e tributários, em altitudes inferiores a 500 metros, com predominância fisionômica de latifoliadas (angiospermas); - Floresta Ombrófila Mista remanescentes florestais em altitudes superiores a 500 metros, com predominância fisionômica de Araucaria angustifolia; - Silvicultura cultivos florestais em talhões, independentemente da espécie plantada; - Agropecuária áreas desmatadas e cobertas com cultivos comerciais ou pastagens; - Solo Exposto áreas com solo exposto ou recém lavrado; - Área Urbana - áreas urbanizadas; - Água corpos d água detectáveis considerando a resolução do satélite;

49 8812/00-6B-RL VIII Nuvem células não classificadas por cobertura de nuvens. O resultado da classificação supervisionada foi comparado com as ortofotocartas da área do reservatório, previamente interpretadas pelo consultor de vegetação, bem como com os pontos levantados em campo pelo mesmo, e mostrou-se adequado para representar a cobertura do solo da área de influência indireta. Assim como na Análise Macrorregional, os tipos florestais foram separados pela altitude, considerando as áreas florestadas acima de 500m como Floresta Ombrófila Mista, e abaixo, Floresta Estacional Semidecidual. O modelo digital de elevação derivado do SRTM, com resolução original de 90m, foi reamostrado para 20m e utilizado com essa finalidade. Apesar das diferenças de resolução, esse modelo mostrou mais adequado que a hipsografia derivada das curvas de nível das cartas em escala 1: , interpoladas por rede triangular irregular (TIN). Após concatenação das cenas classificadas, e considerando que a escala de trabalho é de 1: , generalizou-se o mapa de cobertura do solo com um filtro de moda com núcleo de 7x7 células, ou seja, cada célula central da matriz 7x7 assumiu o valor da moda das 48 células circundantes. Esse procedimento serviu tanto para remoção de ruído quanto para exclusão de manchas com área inferior a dois hectares, o que, nessa escala, não é significativo (representa um quadrado de 140x140m, ou 0,56mm no mapa impresso). c) Área de influência direta A restituição aerofotogramétrica serviu como fonte de dados, associados a trabalho de campo, para discriminar classes de cobertura do solo na área afetada pela formação do reservatório, incluindo-se a faixa de 100 m no entorno do mesmo. As delimitações traçadas nas ortofotocartas em escala 1:5.000 (limites de vegetação, cursos d água, cercas, arruamento etc) foram utilizadas para definir polígonos associados a cada uma das seguintes categorias: - Floresta primária alterada Floresta Estacional Semidecidual com características primárias, mas alterada por efeito de borda, corte seletivo ou outros fatores; - Floresta secundária avançada Floresta Estacional Semidecidual secundária em estádio avançado de recuperação, conforme parâmetros definidos na Resolução Conama nº 02/94; - Floresta secundária média Floresta Estacional Semidecidual secundária em estádio avançado de recuperação, conforme parâmetros definidos na Resolução Conama nº 02/94; - Floresta ripária vegetação arbórea localizada até 30 m das margens dos cursos dágua; - Capoeira vegetação arbustiva secundária não classificadas segundo os critérios da Resolução Conama nº 02/94; - Pasto pastagem artificial para pecuária;

50 8812/00-6B-RL VIII Arvoredo plantio de árvores em linha, normalmente acompanhando cercas ou divisas, ou agrupamento de árvores em bloco ou massa compacta, sem constituir estrutural ou funcionalmente uma floresta (inclui espécies autóctones ou alóctones, inclusive pomares); - Reflorestamento plantio comercial de árvores; - Cultivo cultivo agrícola; - Área úmida alagados, banhados, açudes e outras áreas úmidas; - Área construída terreno pavimentado junto à UHE de Salto Caxias; - Afloramento rochoso substrato litólico exposto, praticamente sem cobertura vegetal. No trecho a jusante do barramento, em virtude da inexistência de cobertura aerofotogramétrica, optou-se por avaliar a cobertura do solo utilizando-se a imagem CBERS-2 classificada. d) Análise de ecologia da paisagem Para o contexto macrorregional e para a área de influência indireta foi realizada uma análise da paisagem, que compreendeu o cálculo de quatro indicadores: conectividade florestal, efeito de borda, tamanho dos remanescentes florestais e circularidade dos fragmentos. Esses indicadores foram também levados em conta na análise de sensibilidade ambiental da bacia. - Conectividade florestal expressa como a distância até a floresta mais próxima, gerada mediante um mapa de distâncias a partir da imagem booleana dos remanescentes florestais; - Tamanho dos remanescentes cálculo da área de cada remanescente florestal (lembrando que para o contexto macrorregional a área mínima considerada foi de 25ha); - Efeito de borda distância, dentro dos remanescentes florestais, até a borda mais próxima; - Circularidade índice de circularidade (Christofoleti, 1999) ou de compactibilidade (Forman, 1999) de cada remanescente florestal, expresso pela fórmula: A I c = = A c 2 A p onde A é a área do fragmento considerado, A c é a área do círculo com perímetro idêntico ao mesmo fragmento e p o perímetro. O índice de circularidade varia de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1, melhor a condição dos fragmentos (1 equivale a um círculo perfeito). Utilizou-se a média dos índices de circularidade calculados para cada um dos fragmentos.

51 8812/00-6B-RL VIII Análise florística e caracterização dos estágios sucessionais Inicialmente priorizou-se o inventário das espécies representativas da flora regional aproveitando o período quente, quando se observa uma maior incidência de plantas em seu período reprodutivo (flores e/ou frutos). Posteriormente foram realizadas amostragens fitossociológicas dos remanescentes localizados na área de influência direta do empreendimento, com o intuito de identificar os estágios de regeneração e as espécies mais importantes na composição florística e estrutural das formações florestais e herbáceas destes remanescentes. Foram tomadas oito amostras, das diversas tipologias florestais presentes na área, conforme relação do Anexo VIII-I. A lista de espécies foi baseada nas observações realizadas em campo, bem como pela análise dos espécimes depositados nos herbários do Museu Botânico Municipal, da Prefeitura Municipal de Curitiba, e UPCB, da Universidade Federal do Paraná, com procedência confirmada para a área de influência indireta. A escolha dos remanescentes foi conduzida aleatoriamente, de forma a se obter uma amostragem significativa dos diferentes graus de regeneração verificados nos remanescentes sob influência direta do empreendimento. Dessa forma, os estágios sucessionais foram divididos em Médio e Avançado, conforme a resolução do Conama nº 2 de 18 de março de 1994, além das Florestas Ripárias e dos fragmentos aqui classificados como Florestas Primárias Alteradas, descritos a seguir: - Florestas Ripárias (Matas Ciliares): as florestas ripárias foram consideradas como uma tipologia em separado, uma vez que as características de drenagem do terreno aliadas às flutuações periódicas do rio Iguaçu interferem fortemente nas espécies que compõem essa formação florestal. Esta amostragem objetivou também a caracterização das florestas que sofrerão impactos diretos pela formação do reservatório; - Florestas Primárias Alteradas: as florestas primárias alteradas, por sua vez, são remanescentes de florestas nativas que sofreram corte seletivo de alguns indivíduos arbóreos, sendo que outros foram mantidos e aparecem como árvores emergentes nestes tipos de fragmentos florestais. Como característica importante, ressalte-se a ocorrência de indivíduos representantes de espécies com alto grau de importância econômica apresentando diâmetros e alturas consideráveis, sub-bosque diverso e com a presença de espécies bio-indicadoras de florestas primárias (e.g. Alsophila setosa, Euterpe edulis, Asplenium scandicinum, Didymochlaena truncatula, Gueissomeria pubescens e indivíduos jovens de Balfourodendron riedellianum e Aspidosperma polyneuron), além de uma maior presença de espécies de epífitas; - Estágio Avançado de Regeração: fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando um dossel fechado e relativamente uniforme no porte, podendo apresentar árvores emergentes, com altura média superior a nove metros; espécies emergentes, ocorrendo com diferentes graus de intensidade; copas superiores, horizontalmente amplas; distribuição diamétrica de grande amplitude, com DAP médio acima de 15 centímetros; epífitas presentes em maior número e abundância; trepadeiras geralmente lenhosas; serapilheira abundante; grande diversidade biológica devido à

52 8812/00-6B-RL VIII - 34 complexidade estrutural; presença de estratos herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo; florestas neste estágio podem apresentar fisionomia semelhante a vegetação primária; sub-bosque normalmente menos expressivo do que no estágio médio; - Estágio Médio de Regeneração: fisionomia arbórea e/ou arbustiva predominando sobre a herbácea, podendo constituir estratos diferenciados, apresentando altura média superior a três metros e inferior a nove metros; cobertura arbórea variando de aberta a fechada, com a ocorrência eventual de indivíduos emergentes; distribuição diamétrica apresentando amplitude moderada, com predomínio de pequenos diâmetros com DAP médio de até 15 centímetros; epífitas aparecendo com maior número de indivíduos e espécies em relação ao estágio inicial; trepadeiras, quando presentes, são predominantemente lenhosas; serapilheira presente, variando de espessura de acordo com as estações do ano e a localização; diversidade biológica significativa; sub-bosque presente. Cabe ressaltar que não foi observado nenhum fragmento florestal em estágio inicial de regeneração, conforme o estabelecido pela resolução nº 02/94 do Conama, que estabelece para este estágio sucessional as seguintes características: Árvores com altura média de aproximadamente três metros, com espécies lenhosas apresentando distribuição diamétrica de baixa amplitude. As epífitas, quando presentes, são representadas principalmente por líquens, briófitas e pteridófitas, com baixa diversidade relativa; as trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas; a deposição de serapilheira, quando existente, formando uma camada fina pouco decomposta, contínua, ou não; diversidade biológica variável com poucas espécies arbóreas ou arborescentes podendo apresentar plântulas de espécies características de outros estágios; ausência de sub-bosque. Em parte isso se deve às características de ocupação do solo na região, onde a prática agricultural da coivara (ou pousil) não é utilizada pelos agricultores da região. Neste tipo de exploração agrícola as capoeiras (estágio inicial de regeneração) são roçadas e queimadas para posterior plantio, sendo essas áreas novamente abandonadas e o processo retomado assim que as espécies pioneiras novamente se estabeleçam. Observa-se na região que os fragmentos florestais representam as áreas de reserva legal ou áreas de preservação permanente, mantidas pelos proprietários sem que haja corte raso da vegetação e subseqüente uso para fins agropastoris, configurando assim, áreas já em estágios médio ou avançado de regeneração natural. Mesmo que não tenha sido observado fragmentos florestais em estágio inicial de regeneração, não pode-se descartar totalmente a ocorrência dessa tipologia na área a ser inundada pela UHE Baixo Iguaçu Levantamento fitossociológico Adotou-se como critério de inclusão o perímetro à altura do peito (PAP) igual ou superior a 10 cm, o que corresponde a aproximadamente 3,2 cm de diâmetro. Dos indivíduos amostrados foram registrados seu0s respectivos perímetro, altura, ponto de inversão morfológica e espécie.

53 8812/00-6B-RL VIII - 35 Para cada um dos estágios sucessionais foram amostradas cinco parcelas de 200m 2, divididas em subparcelas de 40m 2, totalizando 1.000m 2 para cada uma das tipologias vegetais. A análise do esforço amostral foi calculada separadamente para cada um dos remanescentes através da análise de Jacknife e da curva acumulativa de espécies pelas áreas amostradas, sendo então obtidas as curvas acumulativas das espécies observadas e das espécies estimadas (JACKNIFE). O tratamento de dados foi realizado através do programa computacional Mata Nativa, resultando na estimativa dos parâmetros de densidade, dominância e freqüência, relativas e aboslutas, índice de valor de importância, volume cilíndrico e equabilidade, conforme Muller-Dombois & Ellenberg (1974) e Magurran (1988), sendo descritos a seguir: - Frequência: expressa o número de ocorrências da espécie no total de parcelas. Fai = 100pi/P; Fri = 100FAi/FA; - Dominância: indica, através do cálculo da biomassa, a participação de cada espécie na comunidade, utilizando-se a área basal dos indivíduos. DoA = ABi x U/A; DoR = 100ABi/Abt; Abi = PE 2 /4π; - Densidade: expressa o número de indivíduos de uma espécie na amostra. DeA = niu/a; DeR = 100ni/N; - Valor de importância: expressa a representatividade de uma determinada espécie dentro da comunidade, por meio da soma dos valores relativos de dominância, densidade e freqüência. VI = DoR + DeR + Fri; IVI = VI/3; - Equabilidade (J): expressa a distribuição do número de indivíduos nas espécies amostradas. J = H /H máx; H máx = ln E. Onde: ABt Área basal total; Abi Somatório da área basal dos indivíduos da espécie i; U Unidade de área; A Área amostrada; ni Número de indivíduos da espécie; N Número total de indivíduos; pi parcelas em que ocorre a espécie i; P Número total de transectos; PE Perímetro da espécie i; ln Logarítimo natural; E Número total de espécies. Foram também calculados a média aritmética, o desvio padrão e o coeficiente de variação das amostras, com o objetivo de obter uma visão global dos dados analisados. Para cada unidade amostral assumiu-se um erro de 10%, com 5% de nível de probabilidade, utilizando-se a variável do número de indivíduos da amostra Estimativa da biomassa Para as estimativas de biomassa aérea foram aplicadas quatro diferentes equações, baseadas em estudos realizados em florestas tropicais (BROWN, 1997). O cálculo de biomassa das espécies arbóreas foi baseado em uma equação alométrica geral e, para o cálculo de biomassa de palmeiras, lianas e pteridófitas, foram utilizadas duas fórmulas diferentes, como segue: Árvores BM = 21,297-6,953 * (DAP) + 0,74 * (DAP) 2

54 8812/00-6B-RL VIII - 36 Palmeiras BM = 0, ,907 * (altura) Lianas BM = 0,12 + 0,91* (LOG10 (PI * DAP 2 /4) Pteridófitas BM = 75% da equação para árvores Diversidade e similaridade A diversidade alfa se refere à riqueza e à abundância de espécies dentro de uma comunidade, expressando a heterogeneidade florística da área baseada na densidade das espécies. Para o cálculo da diversidade alfa foi utilizado o índice de Shannon, o qual pode ser expresso pela fórmula [H = -pi.ln(pi)]. A diversidade beta, por sua vez, procura expressar as diferenças na composição de espécies e suas abundâncias entre áreas dentro de uma comunidade (MAGURRAN, 1988). Para este estudo, o índice de diversiade beta foi avaliado por meio do cálculo do índice de Whittaker (b), que mede a mudança ou taxa de substituição na composição de espécies de um local para outro, sendo calculada pela fórmula: ß = (c/a) - 1, onde: c = total de espécies nos pontos amostrados; a = média do número de espécies dos pontos amostrados (WHITTAKER, 1960). Este índice varia de zero, quando duas amostras não apresentam nenhuma diferença na composição de espécies, a dois, quando se verifica a diferença máxima. Foi também calculado o índice de similaridade para as quatro áreas amostradas utilizando o índice de Sorensen (IS= 2.α A+B /α A + α B ), onde α A é o número de espécies na amostra A, α B o número de espécies na amostra B e α A+B o número de espécies compartilhadas entre A e B (MAGURRAN, 1988). Uma análise de agrupamento foi realizada utilizando-se o método de Bray-Curtis, resultando em uma expressão gráfica da similaridade entre as unidades amostrais Fauna terrestre e semiaquática Invertebrados terrestres Foram realizadas coletas diurnas e noturnas na área de influência direta e indireta do empreendimento. Foram avaliados em campo 27 pontos, dos quais 13 foram amostrados. Os pontos restantes foram destinados para reconhecimento e avaliação do impacto ambiental na comunidade de aracnídeos e miriápodes da área de estudo. De um modo geral, privilegiaram-se coletas nos ambientes mais comuns do grupo em estudo, por exemplo: serrapilheira, sob troncos caídos, pedras, cascas de árvores, bromélias e nos arbustos para aranhas que constroem teias orbiculares. Os espécimes foram coletados com o auxílio de pinças e pincéis, e posteriormente acondicionados em potes ou sacos plásticos.

55 8812/00-6B-RL VIII - 37 O esforço amostral total de coleta no horário diurno foi de 39 horas e noturno de 56 horas. A identificação do material coletado foi através da literatura pertinente (HOFFMAN, et al. 1996, ADIS, 2002a, b) e pela comparação com espécies que se encontram depositadas na coleção de Aracnologia e Myriapoda do Museu Nacional/UFRJ. Dados secundários foram levantados para contemplar, principalmente, as áreas macrorregional e de influência indireta. Este trabalho foi conduzido através de consultas as principais coleções aracnológicas e miriapodológicas do Brasil e levantamento de literatura. Os museus consultados foram, Museu Nacional/UFRJ - Rio de Janeiro e Museu de História Natural do Capão da Imbuia Curitiba Insetos vetores Para a captura dos espécimes de insetos foram utilizadas as seguintes metodologias para os diferentes grupos: - Família Culicidae: conhecidos popularmente como mosquitos. Foi utilizada a armadilha descrita inicialmente por Shannon (1939), que consiste numa estrutura de tecido branco (tipo uma tenda), apropriado para a captura de insetos ao ar livre, onde é utilizada uma fonte luminosa (geralmente um lampião) em seu interior, para a atração dos insetos. Essa armadilha pode estar associada à isca humana ou animal, sendo assim, os mosquitos são coletados com capturadores de sucção, ou seja, tubo de vidro, provido de uma tela fina em uma extremidade, a qual se liga uma mangueira de sucção. O esforço de captura totalizou sete noites, sendo duas na primeira fase e cinco na Segunda fase de campo. Os mosquitos assim capturados, foram transferidos para gaiolas de transportes. Para os dípteros de hábitos diurnos, foi usada a metodologia de captura com isca humana, ou seja, a pessoa responsável pela captura, ficou sentada com a calça arregaçada, apanhando os mosquitos que pousaram sobre suas pernas para sugar. Os mosquitos capturados foram mortos pela exposição à clorofórmio e acondicionados em tubos Falcon contendo paraformol, numerados seqüencialmente. Os espécimes foram transportados ao laboratório para posterior identificação; - Família Psychodidae: para a captura de flebótomos foi utilizada a armadilha luminosa automática do tipo CDC, que é baseada na atração exercida por uma fonte luminosa comum ou de luz ultravioleta, junto a qual está instalada uma hélice cujo movimento aspira os insetos para uma gaiola de pano. Foram armadas na área da coleta no crepúsculo vespertino, e retiradas ao amanhecer. O esforço de captura foi semelhante ao dispendido para a armadilha de Shannon; - Subfamília Triatominae: para as coletas de triatomíneos em ambiente peridoméstico (galinheiros e currais), utilizou-se o método de busca direta com o auxílio de pinça entomológica. Também foram utilizadas um total de 36 armadilhas com isca viva As armadilhas são compostas por um pequeno pote plástico, onde um pinto é acondicionado, com a parte superior de sua tampa cortada e em seu lugar uma rede de alumínio. Dentro desse pote foram acondicionados pintos. Após ser fechado, o mesmo era circundado com fita adesiva dupla-face, a qual serve para aprisionar o inseto.

56 8812/00-6B-RL VIII - 38 Foi realizada uma pesquisa de literatura, a fim de verificar os trabalhos realizados na região. Ressalte-se que existe um déficit de publicações que envolvem a área em questão. Os artigos utilizados, de maior relevância, foram: Barbosa et al. (1993); Guilherme et al. (2001); Guimarães et al. (1997); Teodoro et al. (1994); Teodoro et al. (1995); Teodoro et al. (1999); Teodoro et al. (2003); Toledo et al. (1997) Anfíbios Para o inventário das espécies foi adotado o método de amostragem em sítio de reprodução ("survey at breeding site" sensu SCOTT JR. & WOODWARD, 1994) que consiste na busca de machos em atividade de vocalização em ambientes reprodutivos, e busca Ativa, que consiste basicamente na busca de exemplares durante o dia em tocas, ocos de árvores, serapilheira, troncos podres e caídos, embaixo de pedras e dentro de bromélias que acumulam água suficiente para moradia de anfíbios. O esforço empregado em campo, através destes métodos totalizou cerca de 60 horas. O esforço amostral foi limitado pela revisão noturna, devido nesta época do ano poucos indivíduos serem encontrados em atividade. O trabalho noturno foi desenvolvido entre 18 horas a 22 horas. Exemplares testemunhos foram capturados manualmente e transportados em saco plástico com vegetação. Foram mortos o mais breve possível utilizando-se álcool 10%, que tem como efeito primário anestesiar e secundário a morte por over-dose. Posterior a sua morte foi feita sua fixação injetando formalina 10% na cavidade abdominal, evitando danos nos órgãos (dispensa-se esta injeção em animais menores que três centímetros). Em seguida os animais foram distendidos sobre uma placa de Petri ou bandeja, com seus membros esticados em posição científica, deixando em evidência as características morfológicas externas do animal, necessárias para identificação e sexagem. Cobriu-se com folhas macias encharcadas em formalina 10% por 24h, depois mergulhou-se o exemplar em formol 10% por quatro dias. Depois de fixado, foi lavado em água corrente e conservado em álcool 70%. Os exemplares testemunhos foram depositados na coleção de herpetologia do Museu de História Natural Capão da Imbuia da Prefeitura Municipal de Curitiba (MHNCI) Répteis Os métodos de trabalho de campo, para inventários herpetofaunísticos, encontram-se bem delineados em Lagler (1943), Vanzolini & Papavero (1967), Vanzolini et al. (1980), Gibbons & Semlistsch (1981), Fitch (1987), Simmons (1987) e Franco & Salomão (2002). De um modo geral, privilegia-se a busca intencional de espécimes através de varreduras dos ambientes visitados, o uso de armadilhas de solo, o registro indireto (através de vestígios) e o auxílio das populações locais. No presente estudo, apenas a busca intencional de espécimes e vestígios e o contato com moradores da região foram viáveis, não havendo oportunidade para amostragens com armadilhas de solo (pitfall). Desta forma, em campo forma realizadas atividades de procura intensiva e captura de répteis nos mais diversos esconderijos (serapilheira, troncos caídos, rochas, cascas de árvores, moitas, lajes de pedra, etc) dos mais variados ambientes (várzeas, banhados, brejos, reflorestamentos, pastagens atuais e antigas, bordas de matas, margens de rios e assim por diante). As buscas foram feitas a pé, quando por trilhas, no interior de áreas

57 8812/00-6B-RL VIII - 39 florestadas, em áreas com declive ou encharcadas etc, ou de carro, em estradas rurais ou rodovias regionais (municipais e distritais). Priorizou-se momentos de maior atividade herpetofaunística, como as horas mais quentes do período vespertino, o entardecer e o período noturno. O esforço amostral direto e as atividades de exame de pequenos acervos didáticos foram realizados em duas fases de sete e seis dias, respectivamente, num total de 102 horas de campo (cerca de oito horas diárias de atividades). Em ambas, as buscas por répteis (registros visuais ou por captura) dividiram-se entre visitas aos remanescentes florestais (total de 24 horas), visitas às áreas rurais antrópicas (total de 21 horas) e deslocamentos pelas vias primárias e secundárias da região (total de 23 horas). Particularmente para quelônios e crocodilianos, pelas espécies desses dois grupos serem poucas e bem conhecidas na região estudada (MORATO, 1991; MOURA-LEITE et al., 1996; TEIXEIRA & RIBAS, 1999), não houve necessidade de investimento em capturas, bastando os registros visuais e de entrevista para a sua constatação. Tais dados são considerados suficientes para inventários de répteis quando se aborda exemplares de grande porte ou espécies em época de reprodução, e, ainda, répteis ameaçados de extinção. Registros feitos apenas por visualização são aceitos sempre se (e somente se) trata-se de espécies de caracterização e identificação morfológica indiscutíveis. Espécimes encontrados atropelados em rodovias da região foram recolhidos. Outro recurso utilizado foi a entrevista com moradores locais, procurando fazer com que estes se manifestassem livremente sobre os répteis que costumam ver e suas características diagnósticas: coloração, porte, comportamento, horário de atividade, ambiente preferencial, vocalização e outras formas de reconhecimento popular das espécies. Um levantamento preliminar da composição herpetofaunística do terço inferior do rio Iguaçu foi feito através da análise das principais coleções nacionais que encerram material significativo procedente da região. A lista de espécies gerada por esses dados e pela análise da literatura foi o ponto de partida para o estudo da área do empreendimento, pois permitiu a formulação de hipóteses corológicas e biogeográficas condizentes com a composição herpetofaunística esperada. O levantamento bibliográfico foi realizado concomitantemente aos estudos de campo, laboratório e gabinete. A partir de uma lista dos topônimos próprios do baixo rio Iguaçu se pode levantar cada citação pulverizada pela literatura, servindo para a elaboração de um quadro da composição da fauna regional de répteis complementar àquele formado pela análise das grandes coleções herpetológicas nacionais. Répteis são animais de difícil amostragem e constatação, por seus hábitos quase sempre discretos, silenciosos e não gregários, sua baixa movimentação pelo ambiente, seu metabolismo lento, sua resistência a longos períodos de jejum e sua coloração em geral camuflativa. Assim, descobrir répteis em seu ambiente ou esperar que eles caiam em armadilhas é sempre uma tarefa de resultados pouco satisfatórios (ver discussões a esse respeito em VANZOLINI et al., 1980; ARGÔLO, 1992; FRANCO et al., 1998; CECHIN & MARTINS, 1999; DI-BERNARDO, 1999).

58 8812/00-6B-RL VIII - 40 Considerando este aspecto para amostragens em campo com répteis foi formulada uma lista dos répteis de toda a região em que está inserida a área estudada e comparada com as presenças e ausências na AID e na AII, permitindo uma categorização das espécies segundo seus stati ecológicos de riqueza, abundância relativa e diversidade, bem como a posição presumível de cada espécie na teia trófica local. Todas as espécies constatadas puderam ser classificadas entre: - Aloantrópicas, periantrópicas ou sinantrópicas; - Ovíparas ou vivíparas; - Diurnas ou noturnas; - Fossoriais, aquáticas, terrestres ou arborícolas; - Gregárias ou solitárias; - Incomuns, comuns ou muito comuns; e - Ameaçadas ou não ameaçadas. Da mesma forma, os répteis inventariados foram separados, segundo suas preferências ambientais, em silvícolas, campícolas, ripícolas, paludícolas ou aquáticos. Para facilitar a classificação das espécies, foram agrupadas na categoria "fossoriais" as formas realmente fossoriais, as semi-fossoriais e as criptobiontes; na categoria "aquática" as realmente aquáticas e as semi-aquáticas; na categoria "terrestre" as formas predominantemente terrestres; e na categoria "arborícola" as formas predominantemente trepadoras, arbustivas e arborícolas verdadeiras. Como répteis aloantrópicos foram categorizados todos aqueles que dificilmente aparecem em áreas com atividade humana mesmo que pouco impactante, enquanto foram considerados periantrópicos aqueles que resistem à ocupação humana e à descaracterização ambiental até um ponto em que seus recursos para forrageio e nidificação não fiquem comprometidos. Categorizados como sinantrópicos ficaram todos os répteis que resistem aos impactos antrópicos mais drásticos, os que acompanham as atividades humanas de desmatamento e transformação de ambientes ombrófilos em heliófilos e os que são de fato sinantrópicos, na concepção mais precisa da palavra (espécies ruderais) Aves Para o diagnóstico avifaunístico da área em questão, optou-se pela utilização de matriz em sistema latlong (quadriculação cartográfica coincidente com linhas de latitude e longitude) e, para fins de compilação da lista de espécies da avifauna, a área de estudo foi dividida com base nos critérios de Straube e Urben-Filho (2001), adaptados ao presente trabalho. As fontes para a confecção da lista de espécies basearam-se em informações da literatura (KOCH e BÓÇON, 1994; CHEBEZ, 1996; PARKER e GOERCK, 1997;

59 8812/00-6B-RL VIII - 41 PICHORIM et al., 2001; GATTO et al., 2001; STRAUBE e URBEN-FILHO, 2004), representações em coleções de museus (exemplares depositados no acervo do Museu de História Natural Capão da Imbuia de Curitiba e Museu Nacional do Rio de Janeiro), em registros colhidos pelos autores em áreas adjacentes (p.ex. áreas fitogeograficamente coerentes na UHE de Salto Caxias e no Parque Estadual do Rio Guarani e no Parque Nacional do Iguaçu) e em constatações in situ levadas a efeito durante os trabalhos de campo. Foram realizadas duas campanhas (3 a 9 de abril e 29 de junho a 6 de julho de 2004, somando 104 horas de esforço amostral) durante as quais foram analisados os hábitats locais e suas conduições de suporte para a fauna, bem como a realização de observações in situ, utilizando-se as técnicas de campo convencionais: reconhecimento visual com auxílio de binóculos 7x35, identificação de vocalizações e busca por vestígios ou evidências de ocorrência. A probabilidade de cada espécie ser impactada pela UHE Baixo Iguaçu foi considerada grande, se registrada na área de influência direta, média, se registrada na área de influência indireta, ou pequena, se registrada na bacia do rio Iguaçu. Com base na compilação de espécies de ocorrência confirmada e supositiva para a área de estudo foram procedidas as análises referentes à caracterização diagnóstica da avifauna local, bem como de suas interações ecológicas relevantes, para subsidiar propostas de gerenciamento e planos conservacionistas e de manejo futuro. Uma lista de espécies, obedecendo a normatização e deliberações do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2004), embasou a maior parte das considerações deste documento. Os tipos ecológicos de aves quanto à ocupação ambiental, têm sido considerados, para efeitos de caracterização: (1) aquático; (2) terrestre; (3) aerícola (STRAUBE, 1995). O primeiro grupo corresponde àquelas espécies classificadas, segundo Straube (1995), como: (a) natantes, quando se movimentam por natação sobre ou sob a lâmina d'água; (b) limícolas, quando se deslocam caminhando à margem dos corpos d'água. Já as espécies terrestres são as que apresentam origem evolutiva e adaptações morfológicas próprias para o domínio terrestre, podendo distingüir-se em silvícolas (adaptações morfológicas e vocais ao ambiente florestal) e campícolas (adaptações morfológicas e vocais às paisagens abertas). O primeiro grupo, ainda, pode diferenciar-se em três sub-grupos, de acordo com a exploração do hábitat florestal: terrícolas (habitam o solo da floresta), tamnícolas (habitam as ramagens) e corticícolas (percorrem o tronco das árvores em deslocamento vertical) (STRAUBE, 1995). As espécies ditas aerícolas, por sua vez, são as que despendem a maior parte de seu ciclo circadiano em vôo (Straube, 1995) (Quadro 1.3).

60 8812/00-6B-RL VIII - 42 Quadro 1.3 Tipos ecológicos da avifauna, quanto à ocupação de ambientes e exemplos de táxons que os constituem Aquático Terrestre Aerícola Tipos Sub-tipos Exemplos clássicos Fonte: STRAUBE (1995) Natantes Limícolas Silvícola Campícola Terrícola Tamnícola Corticícola mergulhões (Podicipedidae) garças (Ardeidae) inambús (Tinamidae) chocas (Thamnophilidae) pica-paus (Picidae) caminheiros (Motacillidae) andorinhões (Apodidae) Embora a maior parte da avifauna sulbrasileira seja composta por elementos terrestres, surge a necessidade - para o estudo em questão - de identificar certos representantes que destoam desta classificação, mas que merecem tratamento contingencial em virtude de situações particulares. Para esses casos, que indicam discrepâncias no tipo de adaptações morfológicas dos padrões taxonômicos frente à ocupação do ambiente, utilizou-se uma classificação alternativa referente aos tipos secundários de hábitats utilizados. Tal proposta deve ser considerada uma hibridação com a paisagem e as características de forma/função das espécie envolvidas, servindo-se para o reconhecimento de espécies ocupantes de hábitats particulares e, portanto, de grande relevância na avaliação dos impactos ambientais. As paisagens definidas na análise regional, servindo-se exclusivamente para fins de análises de avifauna dividem-se em: 1. florestal; 2. aberta; 3. fluvial; 4. aérea; 5, mista de antropizações. A paisagem florestal é aquela onde o contorno externo é definido por plantas com habitus arbóreo e grande diversidade vegetal em obediência a grande parte da vegetação original. Pode ser dividida em: a. florestal de platô, nas linhas orográficas de contorno predominantemente suave, sem influência do regime de enchentes; b. florestal de encosta, em pontos onde o relevo é abrupto, regionalmente denominados de peraus; c. florestal ripária, localizada à margem dos rios, eventualmente influenciada pelo regime fluvial, incluindo várzeas arbóreas sazonalmente inundáveis. A paisagem aberta é aquela onde predominam, no contorno, as plantas de habitus herbáceo, intercaladas por vegetais de habitus arbustivo, manifestando-se tanto em zonas de campos naturais quanto em áreas de agricultura, desde que maior parte da paisagem assemelhe-se à aparência original. Subdivide-se em: a. aberta seca, portanto, sem influência do regime fluvial; b. aberta úmida, incluindo as paisagens de várzea, representadas por campos de inundação, bem como os brejos e ambientes lacustres decorrentes da meandrização do rio Iguaçu.

61 8812/00-6B-RL VIII - 43 Já a paisagem fluvial é determinada pelos limites da calha do rio Iguaçu e seus principais afluentes, correspondendo portanto apenas à área ocupada pela lâmina d'água, excluída a vegetação ripária. Essa paisagem pode ser distingüida em sub-paisagens, especialmente marcantes e, portanto, de grande interesse ecológico na área de estudo: a. fluvial de margem, uma longa extensão paralela e contígua à margem, de pouca profundidade; b. fluvial profunda, correspondente aos pontos de rio distanciados das margens e com profundidade maior do que na zona ripária; c. fluvial de interstício, correspondente aos pontos onde há rochas aflorantes, eventualmente com formação de locas e/ou de vegetação de fruticeto esparsa. A paisagem aérea, por sua vez, define-se como todo o espaço ocupado pelas aves, acima da linha de contorno da paisagem, incluindo áreas não mensuráveis, muitas vezes concordantes com correntes de convecção. Já a paisagem mista decorre das variadas ações antrópicas, surgindo em todos os locais onde ocorre intervenção humana, desde que haja aparência destoante com as demais variações de paisagem, inclusive arredores de locais habitados pelo homem, zonas peri-antrópicas, etc. Um resumo dos tipos de paisagem referentes à análise avifaunística e identificados no presente estudo, está apresentado na Quadro 1.4. Importante ressaltar que a plasticidade das aves na ocupação de ambientes varia nas espécies, que podem ser restritas ou não a um único tipo de paisagem. Quadro 1.4 Tipos de paisagens, para fins analíticos da avifauna aplicados à área de estudo Tipos Florestal (Flo) Aberto (Abe) Fluvial (Flu) Aéreo (Ae) Misto (Mi) Sub-tipos Platô (FloP) Encosta (FloE) Várzea (FloV) Seco (AbeS) Úmido (AbeU) Margem (FluM) Profundidae (FluP) Interstício (FluI) Mamíferos Para a composição da lista de espécies do diagnóstico mastofaunístico da área de influência da UHE Baixo Iguaçu e para a avaliação do potencial do ambiente para abrigar espécies de mamíferos, foram combinados os métodos de rotina para levantamento de mamíferos em campo, levantamento museológico e bibliográfico, como detalhado a seguir. Inicialmente foram identificadas as áreas de mata localizadas na área de influência direta e seu entorno, através de folha topográfica 1: , imagens de satélite e mapa "Paraná Biodiversidade: Corredor Iguaçu" (1: ) e respectivo reconhecimento de algumas destas áreas em campo.

62 8812/00-6B-RL VIII - 44 Foi realizado levantamento de pequenos mamíferos na Mata do Eixo através de 48 armadilhas modelo Sherman iscadas com mortadela e fubá (Figura 1.27) e dez redesneblina (14 m x 3 m) na primeira fase de campo. O esforço amostral com as armadilhas foi de 192 armadilhas.noites e com as redes-neblina foram h.m 2. O esforço amostral para redes-neblina foi calculado de acordo com o procedimento proposto por Straube & Bianconi (2002). Figura 1.27 Armadilha para captura de roedores, colocada na mata do eixo Também foram realizadas caminhadas (50 horas) e percursos de barco (16 horas) para observação de vestígios (pegadas e fezes) de mamíferos de médio e grande porte, eventuais visualizações, observação de sinais de atividade cinegética e da presença humana, bem como para reconhecimento do grau de preservação da vegetação e inferência da ocorrência das espécies de mamíferos. Dados secundários foram obtidos através da busca de exemplares de mamíferos tombados na coleção do Museu de História Natural "Capão da Imbuia" (MHNCI, Curitiba, PR) com procedência dos municípios da AII. Para o levantamento bibliográfico foram incluídos os trabalhos publicados em revistas científicas, anais e resumos de congressos e teses sobre a mastofauna, realizados na área de influência da UHE Baixo Iguaçu e áreas afins. Os principais registros bibliográficos incluídos são, em ordem cronológica, Persson & Lorini (1990), Crawshaw-Jr. (1995), Chebez (1996), Sekiama (2003), Quadros et al. (2000), Cândido-Jr et al. (2002), Cândido-Jr et al. (2003) e D'Amico et al. (2003). Adicionalmente foram realizadas entrevistas com moradores locais e com funcionários do Parque Nacional do Iguaçu.

63 8812/00-6B-RL VIII Contexto macrorregional Os ambientes aquáticos O grande complexo hídrico da bacia do rio Iguaçu com declive de 830 m, desde suas nascentes, na vertente ocidental da serra do Mar, até a sua foz, no rio Paraná está situado numa região favorecida por chuvas abundantes e bem distribuídas ao longo do ano. O rio Iguaçu apresenta um clima subtropical úmido, sendo as chuvas superiores a mm anuais, com o mês mais seco excedendo a 60 mm. Segundo Maack (1981) a vegetação da bacia do rio Iguaçu era, primitivamente, dominada por matas de araucárias. Dados obtidos no diagnóstico ambiental para a implantação da UHE de Salto Caxias (COPEL, 1993), revelam que os remanescentes de matas de araucárias são escassos, fato posteriormente comprovado por Britez et al. (2000). As suas cabeceiras localizam-se na região de maior densidade populacional do Estado do Paraná, recebendo considerável carga de efluentes urbanos e industriais. A poluição de suas águas prossegue ao longo de seu trecho no primeiro planalto, destacando-se aquelas produzidas pelo pólo petroquímico de Araucária e mineradoras. Ainda, decorrente da pressão antrópica, seu curso sofreu retificações, suas várzeas foram drenadas e aterradas e seus tributários represados. As cavas resultantes da intensa mineração de areia desfiguraram o trecho do rio na região metropolitana de Curitiba. Neste trecho, os trabalhos estão concentrados nos reservatórios de abastecimento público. A maioria dos dados encontra-se em publicações de circulação restrita ou em relatórios internos de diversas instituições públicas como IAP, SUDERHSA, e em teses acadêmicas. Vale a pena destacar o projeto interdisciplinar sobre a eutrofização do reservatório do Iraí, Alto rio Iguaçu. Este projeto foi desenvolvido no período de 2002 a 2003 e gerou informações sobre dinâmica de nutrientes e qualidade da água; comunidades fitoplanctônica e zooplanctônica; ecologia de cianobactérias; ictiofauna; entre outras (ANDREOLI & CARNEIRO, 2003). No segundo planalto, o rio Iguaçu se transforma em rio de grandes corredeiras, entre os municípios de Engenheiro Bley e de Porto Amazonas, com destaque para a cachoeira de Caicanga (MAACK, 1981). A partir de Porto Amazonas até União da Vitória, o rio Iguaçu volta apresentar características senis com freqüentes meandros e várzeas. Neste trecho destacam-se os rios Potinga, Claro, Passa Dois, Negro e Timbó. Abaixo de União da Vitória, o rio atravessa a escarpa mesozóica do terceiro planalto e apresentava, antes dos represamentos, inúmeras corredeiras e cachoeiras, o que lhe conferia um aspecto rejuvenescido. Entre as cachoeiras, destacavam-se as do Salto Grande (13m), Salto Santiago (40m), Salto Osório (30m). O elevado desnível no terceiro planalto constitui-se em grande atrativo para o aproveitamento hidrelétrico, responsável por mais de 30% de toda a energia produzida no Estado do Paraná. Atualmente, esta área conta com cinco reservatórios que totalizam uma área alagada de 656 Km 2. Os principais reservatórios da calha principal do Iguaçu ocupam cerca de 41% de seu curso total (JULIO Jr et al., 1997, SERAFIM-JUNIOR, 2002).

64 8812/00-6B-RL VIII - 46 Os principais problemas ambientais encontrados no médio rio Iguaçu podem ser caracterizados pela poluição nas áreas rurais, causadas por erosão superficial, atividade de mineradoras e técnicas não-conservacionistas na agricultura, agravadas muitas vezes pelo excesso de agroquímicos. Outro importante fator de impacto são as minerações de areia na região de União da Vitória. A influência dos represamentos rio acima faz com que seja verificado um novo contínuo fluvial a jusante da última barragem. As principais influências são dadas pela remoção dos sedimentos transportados e pela alteração do regime de vazão, que passou a ter uma flutuação diária muito maior do que a normal, alterando dessa forma a maioria dos ciclos vitais dos organismos rio abaixo. Este novo contínuo fluvial é diretamente influenciado pelos tributários, com destaque para os rios Capanema, Andrada e Monteiro, sendo possível afirmar que estes rios passam a ter um papel preponderante na qualidade da água do trecho aqui estudado. Muitos trabalhos vem sendo realizados na bacia do rio Iguaçu. Entre estes, destacam-se os desenvolvidos pelo Núcleo de Pesquisas Limnológicas, Ictiologia e Aqüicultura NUPELIA da Universidade Estadual de Maringá. As pesquisa desenvolvidas no reservatório de Segredo, registraram 52 espécies de peixes, sendo que 16 foram registradas pela primeira vez durante esses estudos. Cerca de 80% das espécies registradas na área de influência da UHE de Segredo são endêmicas (AGOSTINHO et al., 1997). Sobre as características limnológicas da área de influência da UHE de Segredo, estudos realizados após o fechamento do reservatório registraram uma estratificação térmica com presença de termoclina no verão e outono. Nos primeiros anos após a formação do reservatório houve a manutenção ou mesmo a redução das concentrações de fósforo total da água. Esse fato evidenciou que pelo menos num período de médio prazo, a eutrofização não foi favorecida por incrementos dos aportes de fósforo. A estratificação térmica no reservatório de Segredo pode perdurar por períodos superiores a um ano, resultando em prejuízos para a qualidade da água e a manutenção da fauna aquática. Estudos sobre a composição do fitoplâncton nos reservatórios de Segredo e de Salto Caxias registraram maior riqueza de espécies para as Classes Chlorophyceae (50,1%), Bacillariophyceae (32,1%), seguidas de Cyanophyceae, Euglenophyceae, Crysophyceae, Dinophyceae e Cryptophyceae (LUDWIG et al., 1997; SZAWKA, 2001). Estudos sobre as comunidades planctônicas na bacia hidrográfica do rio Iguaçu foram desenvolvidos nos reservatórios das UHEs de Segredo e Salto Caxias, nas fases de pré e pós-enchimento (LOPES et al., 1997; LUDWIG et al., 1997; SZAWKA, 2001; SERAFIM-JR., 2002, no prelo). Um inventário realizado sobre as diatomáceas dos rios da área a ser inundada pelo reservatório da UHE de Salto Caxias registrou nove táxons infragenéricos pertencentes à família Fragilariaceae. Do total de algas identificadas, onze foram primeiras citações para o Estado do Paraná (BRASSAC & LUDWIG, 2003). No reservatório da UHE de Segredo, o zooplâncton foi representado por 99 táxons, com dominância dos rotíferos (60 táxons). Os microcrustáceos cladóceros e copépodos registram 23 e 16 táxons respectivamente. Dados sobre o zooplâncton na área de influência do reservatório da UHE de Salto Caxias mostraram que a composição e

65 8812/00-6B-RL VIII - 47 abundância da comunidade zooplanctônica, foi influenciada pela presença dos reservatórios em cascata localizados a montante dos pontos de coleta. O maior número de táxons registrados nos pontos do rio Iguaçu em relação aos tributários, na fase préenchimento, evidenciou a deriva de táxons dos reservatórios localizados a montante da área de estudo, contribuindo para uma maior riqueza de espécies. Na fase pósenchimento, os pontos localizados nas áreas de remansos favoreceram o grupo dos rotíferos e os pontos localizados no corpo central do reservatório os microcrustáceos (cladóceros e copépodos) (SERAFIM-JR., 2002). As informações sobre as comunidades de macroinvertebrados bentônicos na bacia hidrográfica do rio Iguaçu estão limitadas a EIA/RIMAs das UHEs de Segredo e Salto Caxias, ou de seus afluentes com potencial para geração de energia elétrica. Devido às características intrínsecas a este tipo de estudo, existe uma total ausência de informação científica substancial a respeito dos diversos grupos de macroinvertebrados bentônicos na região. Algumas destas características estão relacionadas a este tipo de estudo serem essencialmente pontuais no tempo e no espaço, não havendo o acompanhamento consistente das variações; realizados durante um curto período de tempo, não proporcionando informações sobre a biologia das espécies; e estarem mais voltados a previsão de possíveis impactos ambientais, normalmente relacionados a grandes escalas espaciais de alteração. Na bacia hidrográfica do rio Iguaçu o primeiro estudo que avaliou os macroinvertebrados bentônicos foi o EIA/RIMA da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias, realizado em 1989 no curso médio do rio Iguaçu. Relatórios anteriores se limitavam a registros de animais de grande porte que eram capturados acidentalmente quando da coleta de peixes. Posteriormente estes organismos foram considerados nos estudos ambientais realizados pela COPEL nos rios Chopim e Jordão, no EIA/RIMA e no monitoramento ambiental da inundação da UH de Salto Caxias. Uma característica comum a todos estes estudos foi a avaliação das comunidades aquáticas a partir de dados com baixa resolução taxonômica, sendo considerados, no máximo, o nível de família. Diversos estudos têm demonstrado a eficiência das análises de impacto ambiental para macroinvertebrados de água doce e marinho quando considerados apenas grandes grupos taxonômicos, como família, ordem ou mesmo filo. Entretanto, a ausência do conhecimento sobre as espécies que habitam um local, região ou mesmo uma bacia hidrográfica impossibilita uma discussão aprofundada e refinada sobre as possíveis conseqüências ambientais de determinados empreendimentos, bem como da previsão das possíveis alterações ambientais. Outros estudos em fase de desenvolvimento estão sendo conduzidos na sub-bacia do rio Jordão, afluente a margem esquerda do rio Iguaçu nas áreas de influência dos empreendimentos das UHEs de Santa Clara e Fundão. Neste mesmo diagnósticos, dados sobre macroinvertebrados bentônicos na região da UHE Santa Clara mostraram que os principais grupos taxonômicos pertencem à Classe Insecta e alguns exemplares da Classe Crustacea. Na região da UHE de Fundão foram registrados um total de seis filos, 34 famílias e 41 espécies. A fauna da região inclui Platyhelminthes (vermes como a Planária), Nematoda, Oligochaeta (minhocas), Mollusca, Crustacea e várias famílias de Insecta, as quais foram dominantes.

66 8812/00-6B-RL VIII - 48 Estudos sobre as características abióticas e bióticas nas áreas de influência das UHEs Santa Clara e Fundão estão sendo desenvolvidos a partir dos Planos Básicos Ambientais (PBA) recomendados nos EIA/RIMA dos referidos empreendimentos com o objetivo de avaliar os impactos gerados pela transformação de um ecossistema fluvial em lacustre. A comunidade zooplanctônica foi constituída por 54 espécies. Os rotíferos foram numericamente dominantes registrando um total de 42 táxons seguido dos cladóceros com 9 táxons e copépodos com apenas 3 táxons (SERAFIM-JR. et al., dados não publicados). Atualmente, os resultados desses estudos constituem um grande banco de dados, que tem como objetivo fornecer subsídios para o gerenciamento dos reservatórios localizados na bacia do rio Iguaçu Ictiofauna A ictiofauna da bacia do rio Iguaçu é caracterizada pelo seu elevado grau de endemismo, o qual foi estimado em 75% (ZAWADZKI et al., 1999), e por ser possuidora de um pequeno número de espécies de peixes quando comparada com outros rios da bacia do rio Paraná (JÚLIO JÚNIOR, et al., 1997). Atualmente são conhecidas 81 espécies de Teleostei para a bacia do Iguaçu (sensu EIGENMANN, 1911; ELLIS, 1911; HASEMAN, 1911a e b; HASEMAN & EIGENMANN, 1911; PINNA, 1992a, b; SEVERI & CORDEIRO, 1994; GARAVELLO et al., 1997; REIS, 1997; LUCINDA & GARAVELLO, 2001; AZPELICUETA et al., 2002; ALMIRÓN et al., 2002; AZPELICUETA et al., 2003; VITULE & ABILHOA, 2003; CASCIOTTA et al., 2004; WOSIACKI & GARAVELLO, 2004), incluindo três espécies exóticas. A semelhança da ictiofauna da região do alto rio Iguaçu com a do Domínio Leste Brasileiro não é devido somente as características fisiográficas destas regiões, mas também à dificuldade de identificar a composição taxonômica da maioria dos grupos representados. A participação das diferentes ordens reflete a situação descrita para os rios neotropicais, sendo a maior parte dos peixes pertencentes às ordens Characiformes e Siluriformes.Contudo, a maior parte das informações mais recentes sobre o rio Iguaçu referem-se a diagnósticos de impacto ambiental dos trechos médio e inferior (respectivamente segundo e terceiro planaltos paranaenses), onde se concentram cinco reservatórios formados pelas barragens de grandes usinas hidrelétricas, permanecendo o curso superior pouco estudado (GARAVELLO et al., 1997). A distribuição longitudinal da ictiofauna ao longo do curso do rio Iguaçu não é uniforme, sendo que algumas espécies são encontradas apenas em regiões de maior altitude, próximas às cabeceiras desse sistema, enquanto outras são exclusivas das regiões do curso médio e baixo. A substituição de espécies e a variação no grau de dominância entre elas podem ser notadas ao longo da bacia. Apesar de ainda não existir um consenso sobre o status taxonômico de muitas espécies listadas nesses diagnósticos, os trabalhos citados constituem-se atualmente nas principais referências para os estudos ictiofaunísticos nesta bacia, mas são de difícil aproveitamento no gerenciamento e na administração dos ecossistemas estudados, pois não permitem uma avaliação da dinâmica espacial e temporal da ictiofauna frente a certas alterações ambientais.

67 8812/00-6B-RL VIII - 49 O trabalho mais abrangente realizado nesta bacia, com informações sobre os componentes do sistema e as relações entre eles, foi editado recentemente por Agostinho & Gomes (1997). Muito embora os resultados levantados tenham sido obtidos em um reservatório, as informações sobre a biologia e a ecologia das espécies regionais podem embasar a elaboração de diretrizes para a avaliação de impactos e o manejo dos recursos desse ecossistema. Baseados no atual conhecimento sobre as espécies, comunidades e ambientes aquáticos da área estudada na bacia hidrográfica do rio Iguaçu, a proposição de soluções definitivas para a sua conservação ainda é prematura, todavia, é urgente a adoção de medidas de conservação que desacelerem o atual estado de modificação ambiental e garantam a identidade da fauna de peixes. Como o caráter endêmico da ictiofauna é elevado, os riscos de extinção têm características globais, diferentemente do que ocorre em outras bacias hidrográficas, acentuando os impactos sobre a biodiversidade. Desta forma, as medidas mitigadoras devem ser tomadas na dimensão e no momento apropriado, para que as alterações na composição e estrutura das assembléias sejam minimizadas Fitogeografia A característica de declividade dos terrenos, aliado às variações climáticas e pedológicas, conferem à vegetação presente na bacia do rio Iguaçu características bastante peculiares. Em sua porção inicial, onde se verifica uma declividade módica no relevo, o rio Iguaçu forma diversos meandros de curvatura ampla, com extensas áreas de várzeas formando a vegetação adjacente (Figura 2.1). Predominam nestas regiões sedimentos arenosos, originados pela intensa atividade de deposição e dinâmica fluvial Nestas áreas de várzea, onde se verifica uma forte influência do regime hídrico do rio Iguaçu, a vegetação ripária não atinge mais que 20 m de altura, sendo representada por um número relativamente reduzido de espécies, tais como Sebastiana commersoniana (branquilho), Blepharocalix salicifolius (murta), Vitex megapotamica (tarumã), Matayba elaeagnoides (miguel-pintado), Luehea divaricata (açoita-cavalo) e Salix humboldtiana (salseiro). Dentre essas, Sebastiana commersoniana (branquilho) é a espécie mais importante, contribuindo com 60-80% do total de árvores que compõem o estrato arbóreo da região (SILVA et al. 1992). É comum observar-se também alguns elementos típicos da Floresta Ombrófila Mista, ocorrendo em terrenos um pouco mais elevados e não sujeitos a inundações periódicas. Esta configuração se estende desde as nascentes do rio Iguaçu até a região de União da Vitória. Originalmente a linha de queda do rio Iguaçu se inicia na escarpa devoniana do segundo planalto, próximo ao município de Engenheiro Bley, formando corredeiras contínuas até o município de Porto Amazonas. A partir deste ponto, a declividade é novamente diminuída apresentando uma configuração meândrica até o rompimento da Serra da Boa Esperança, que forma a escarpa mesozóica do terceiro planalto paranaense (Figura 2.3). Após a transposição desta Serra, o relevo torna-se novamente acidentado e, originalmente, verificava-se nesta região inúmeras corredeiras e quedas d água, até a sua foz, no município de Foz do Iguaçu.

68 8812/00-6B-RL VIII - 50 Com o término do grande vale de ruptura, que se dá na região próxima a União da Vitória, tem início o percurso rejuvenescido e não compensado do rio Iguaçu, onde o relevo é mais acidentado e as grandes áreas de várzea praticamente desaparecem (MAACK, 1981). Nesta região verifica-se ainda uma predominância de espécies típicas da Floresta Ombrófila Mista, as quais estavam outrora restritas às porções mais elevadas e bem drenadas do terreno (Figura 2.4), e que agora formam a paisagem predominante às margens do rio. A ocorrência da Floresta com Araucária neste trecho é resultado da forte influência da altitude e do clima predominante na região. O estrato arbóreo superior é ocupado por Chorisia speciosa (paineira), Balfourodendron riedelianum (pau-marfim), Luehea divaricata (Açoita-cavalo), Cedrela fissilis (cedro), Prunus sellowii (pessegueirobravo), Casearia obliqua (cambroé) e várias espécies de Lauraceae, entre elas Ocotea porosa (imbuia), Ocotea dyospirifolia (canela-amarela) e Ocotea puberula (canela-sebo). Como espécie dominante no estrato emergente encontramos a Araucaria angustifolia, formando uma cobertura mais ou menos contínua, a qual define os pinhais. Seguindo em direção ao oeste do vale do rio Iguaçu, imediatamente após a região de Cruz Machado, verifica-se ainda a ocorrência da Floresta com Araucária, porém agora já com forte influência de elementos da Floresta Estacional Semidecidual em sua fitofisionomia. Esta configuração segue em direção à foz do rio Iguaçu, com os elementos da Floresta com Araucária tornando-se menos conspícuos, sendo gradativamente substituídos por espécies que definirão a Floresta Estacional Semidecidual. Ainda nessa região é bastante comum a presença da Araucaria angustifolia, dominando o dossel floretal, juntamente com várias espécies de Lauraceae, Myrtaceae, Podocarpaceae, Tiliaceae, entre outras. Após essa região, inicia-se a configuração florestal típica do Oeste paranaense, qual seja, a Floresta Estacional Semidecidual. Os elementos da Floresta Ombrófila Mista vão gradativamente sendo substituídos, em resposta principalmente às mudanças climáticas próprias da região, formando o que se denomina de ecótono florestal, onde espécies de floras distintas se encontram e conferem características de diversidade e estrutura intermediárias aos dois tipos de vegetação associadas. Dessa forma, a presença da Araucaria angustifolia na região próxima ao limite leste do Parque Nacional do Iguaçu (às margens do rio Iguaçu) é praticamente nula, bem como de várias das espécies a ela associadas como, por exemplo, a Dicksonia sellowiana (xaxim), uma das espécies mais marcantes da Floresta Ombrófila Mista. Não obstante, ainda assim algumas espécies de florestas ombrófilas tendem a ocorrer nesta região, principalmente pela atuação de características próprias do vale do rio Iguaçu, funcionando como um corredor de vegetação ligando as diferentes florestas que ocorrem ao longo de seu percurso. Cabe ressaltar que atualmente a configuração original das tipologias vegetais, acima mencionadas, encontra-se bastante desfigurada, principalmente pela colonização e decorrente alteração da paisagem florestal por áreas de cultivo (Figuras 2.5 a 2.8) e, especialmente as áreas imediatamente adjacentes ao vale do rio Iguaçu, pela formação dos cinco reservatórios para as hidroelétricas de Foz do Areia, Segredo, Salto Santiago, Salto Osório e Salto Caxias.

69 8812/00-6B-RL VIII - 51 Figura 2.1 Planície de inundação do rio Iguaçu na altura de União da Vítória. Figura 2.2 Rio Potinga, um dos principais tributários da margem direita, entre São Mateus do Sul e União da Vitória, Figura 2.3 Alto da Serra da Boa Esperança, o rio Iguaçu à jusante da UHE de Foz do Areia Figura 2.4 Pinheiral na Serra da Boa Esperança, na direção de General Carneiro, 991 m.

70 8812/00-6B-RL VIII - 52 Figura 2.5 Em Fluviópolis, vegetação ciliar inexistente Figura 2.6 Área de colheita de Pinus na Serra da Boa Esperança Figura 2.7 Assentamento Rio Bonito do Iguaçu (Fazenda Rio das Cobras), próximo a UHE de Salto Santiago Figura 2.8 Típica paisagem da região oeste do Paraná. Plantio de aveia nas proximidades do rio Monteiro Contextualização zoogeográfica Sob o ponto de vista zoogeográfico, a bacia do Iguaçu situa-se na Região Neotropical (MÜLLER, 1973), particularmente na Província Atlântica (correspondente à zona geográfica denominada Mata Atlântica) e na Sub-Província Guarani, em área quase que transicional com a Sub-Província Tupi (MELLO-LEITÃO, 1980). Num contexto amplo, toda a bacia do rio Iguaçu faz parte do bioma Floresta atlântica. A distribuição da fauna na bacia do rio Iguaçu certamente reflete a influência do relevo e da cobertura vegetal ao longo do rio, considerando três paisagens distintas: atlântica, a partir da vertente oeste da Serra do Mar; os campos associados com a mata das

71 8812/00-6B-RL VIII - 53 araucárias, especialmente ao longo da escarpa Devoniana; e a paisagem da Floresta Estacional Semidecídua além dos ecótones entre elas. Apesar do interessante mosaico de vegetação, único no Brasil, inexistem estudos aprofundados que permitam demonstrar padrões de distribuição para a fauna ao longo da bacia. Algumas informações dispersas demonstram que existem faunas diferenciadas ocupando estas paisagens. Para aves, é possível verificar no estudo de Straube & Lange (1988) que a avifauna responde às mudanças da paisagem entre a vertente oeste da Serra do Mar e o planalto; Morato (1995) analisa o caso para serpentes, considerando o domínio da Floresta Ombrófila Mista; e Miretzki (2000) ao tratar a fauna de morcegos, observa alguns táxons com distribuição preferencial em determinadas formações. De um modo geral, há que se considerar a grande influência que a selva paranaense ou selva misioneira exerce sobre a distribuição da fauna e da flora locais (CHEBEZ, 1996). Esta formação é característica do leste da Argentina e do Paraguai e no sul do Brasil está representada pela Floresta Estacional Semidecidual do Parque Nacional do Iguaçu, exatamente na área de influência do empreendimento. Um histórico do conhecimento da fauna da bacia do rio Iguaçu, mostra o predomínio de estudos sobre a avifauna (ver SICK, 1997; STRAUBE & Scherer-Neto, 2001; STRAUBE & URBEN-FILHO, 2002a, b; STRAUBE & URBEN-FILHO, 2004). Entretanto, o esforço de pesquisa ornitológica na macrorregião concentrou-se, ao longo dos tempos, na região da Serra do Mar (ver STRAUBE, 1988) e no extremo oeste, tendo como foco geográfico o Parque Nacional do Iguaçu. Em 1998, essa tendência passou a modificar-se, como decorrência de vários estudos ambientais por ocasião do estabelecimento da UHE de Salto Caxias, que culminaram com divulgações de resultados (PICHORIM et al. 2000; GATTO et al., 2000). Há um acúmulo de informações também na região fronteiriça do Paraguai, com a avifauna no Reservatório de Itaipu (PÉREZ & COLMÁN, 1995) e da Argentina, especialmente com as contribuições de Chebez (1995), Chebez & Rolon (1989) e Chebez (1992). Para a mastofauna o conhecimento da bacia é muito mais recente e claramente incrementado pelo aproveitamento científico durante o enchimento dos reservatórios das UHE de Segredo e de Salto Caxias. Ao longo da bacia, alguns estudos destacam-se como o de Vilela et al. (2002) que apresentam uma lista de pequenos mamíferos tipicamente endêmicos da mata atlântica serrana na região das nascentes do rio Iguaçu em Piraquara; na porção centro sul Persson & Lorini (1990) contribuem com outra listagem, apresentando 49 espécies, mas sem apresentar maiores discussões; há ainda para a porção catarinense da bacia, o trabalho de Cherem & Perez (1996) em floresta com araucária na região de Três Barras. Para a área de influência direta e indireta há menção para quatro importantes trabalhos: Crawshaw-Jr. (1995) que registrou 45 espécies de mamíferos não voadores para o Parque Nacional do Iguaçu (PNI); Sekiama (2003) que trabalhou com a quiropterofauna também no PNI; e Quadros et al. (2000) que realizaram levantamentos na área de influência da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias e do atual Parque Estadual do Rio Guarani (município de Três Barras do Paraná), como parte do Programa Básico Ambiental da referida Usina, e Miretzki (2003) que avaliou a riqueza de morcegos do Paraná (e da Floresta Estacional Semidecidual);. Já na região fronteiriça Chebez (1996) contribui sobremaneira com seu pioneiro Fauna Misioneira, importante referência sobre a fauna desta porção biogeográfica.

72 8812/00-6B-RL VIII - 54 A fauna de répteis da bacia de um modo geral, é bem documentada em alguns pontos, em especial, decorrente dos aproveitamentos científicos da herpetofauna da UHE de Segredo e de Salto Caxias, depositada no Museu de História Natural Capão da Imbuia, em Curitiba. Entre os estudos que abordam a bacia, destaca-se a caracterização da fauna de serpentes da floresta com araucária realizada por Morato (1995). A região em que se insere a UHE Baixo Iguaçu tem sido objeto de estudos de comunidades ou de ecologia de répteis apenas em anos recentes, merecendo referência alguns estudos pontuais como as abordagens de Rodrigues (1990), Sazima & Haddad (1991), Argôlo (1992), Franco et al. (1998), Bérnils et al. (2001), Marques et al. (2001), Sazima (2001), Bérnils (2003) e Marques & Sazima (2004). Para anfíbios a situação não é diferente, havendo um predomínio de estudos realizados por ocasião de Estudos de Impacto Ambiental das usinas instaladas, especialmente de Segredo e de Salto Caxias (COPEL, 1987 e 1993). Um destes estudos culminou na publicação de Bernarde & Machado (2001), que obtiveram informações de 23 táxons durante o Programa Básico Ambiental da UHE de Salto Caxias, realizando estudos no Parque Estadual do Rio Guarani. Outras importantes informações sobre a anurofauna da bacia são as referências ao Parque Nacional do Iguaçu, como por exemplo Lutz (1973), Heyer (1979), Heyer (1994) e e Segalla (1998), este último contribuindo com o Plano de Manejo do referido parque. Entre os invertebrados terrestres são muito escassas e antigas as informações para a bacia. Os principais estudos são de levantamento e descrição de novas espécies. Destacam-se as contribuições sobre a fauna de aranhas e escorpiões de Mello-Leitão (1940, 1945 e 1947), inclusive com a descrição do escorpião endêmico Botriurus moojeni, coletado no PNI. Recentemente Bertani & Silva-Junior (2002) descreveram a aranha caranguejeira Sickius longibulbi graças às coletas durante os trabalhos de avaliação ambiental da barragem do rio Jordão, um dos grandes afluentes do rio Iguaçu. Os diplópodos foram alvos de estudos realizados por Schubart (1950, 1953), mas em um contexto amplo. Já as centopéias foram estudadas por Wolfgang Bücherl, tendo descrito quatro espécies de escolopendromorfos coletados na Serra do Mar e região metropolitana de Curitiba (BÜCHERL, 1946), na região do alto rio Iguaçu. Demais contribuições na bacia são referentes a Estudos de Impacto Ambiental das usinas mais recentes, entretanto a exceção de Chagas-Jr (1998) na região da UHE de Segredo, não há informações publicadas. Por todas as particularidas geológicas e fitogeográficas, o rio Iguaçu em toda sua extensão, pode ser considerado uma área de vital importância para a manutenção da biodiversidade faunística da Floresta Atlântica Subtropical. Esta importância biogeográfica é garantida por um dos mais importantes corredores naturais de dispersão e intercâmbio entre faunas florestais do interior da América do Sul e faunas florestais atlânticas. Entremeado por extensos campos naturais e várzeas, o rio favorece a dispersão de elementos campestres. Mas estas admiráveis características encontram na contínua devastação ambiental que continua assolando o estado do Paraná desde sua colonização, uma grande ameaça a sua continuidade natural. Esta paisagem encontra-se hoje completamente descaracterizada e muito de sua biota já foi perdida, especialmente aquela relacionada às matas de araucária. Ainda hoje duas regiões distintas da bacia merecem destaque do ponto de vista da riqueza e da conservação da fauna: a Serra do Mar e o Parque Nacional do Iguaçu.

73 8812/00-6B-RL VIII Conservação da biodiversidade Originalmente, a bacia do rio Iguaçu era uma das áreas mais ricas em florestas do Paraná (v. MAACK 1981). A descaracterização da paisagem original nessa região ocorreu de forma acentuada ao longo dos últimos 50 anos, tendo a princípio, como causa maior, o extrativismo madeireiro e, posteriormente, uma agricultura e pecuária imprevidentes que, somadas à expansão e ao desenvolvimento urbano, resultaram num cenário lastimável (HATSCHBACH & ZILLER, 1995; AZEVEDO & BAGÃO, 2000). Atualmente, o pouco que resta da vegetação original encontra-se bastante fragmentado em ilhas isoladas, tanto pela matriz alterada onde se inserem quanto pela degradação das florestas ciliares. Embora o Código Florestal de 1965 já indicasse bases para um sistema de proteção à natureza, os esforços para conservar parte dos ecossistemas originais dessa região ocorreram de forma mais efetiva somente a partir de Este período coincide com o incremento do ICMS Ecológico criado pioneiramente no Paraná no ano de 1991 e com o desenvolvimento de outros instrumentos de política pública e privada voltados à conservação e recuperação da paisagem então perdida. Na última década, um grande número de Unidades de Conservação (UCs) foi criado pelos três níveis federativos na bacia do rio Iguaçu, estando hoje representada por seis unidades nacionais (um Parque Nacional; duas Floresta Nacional; três Reservas Particulares do Patrimônio Natural), 54 estaduais (quatro Parques Estaduais; uma Área de Relevante Interesse Turístico; duas Áreas de Relevante Interesse Ecológico; uma Reserva Florestal; uma Estação Ecológica; oto Áreas de Proteção Ambiental; três Florestas Estaduais; 34 Reservas Particulares do Patrimônio Natural) e 44 municipais (Parques, Bosques, APAs, Hortos etc) (Tabela 2.1, Desenho 8812/00-6B-A e Anexo VIII-II). É clara a representatividade das RPPN na bacia do rio Iguaçu. Muito deste panorama se explica pela Lei do ICMS ecológico que garante o repasse de parte dos recursos financeiros do ICMS (Imposto sobre circulação de mercadorias) arrecadado para municípios que possuírem unidades de conservação ou que sejam diretamente influenciados por elas em seus territórios. Ou seja, há um incentivo das próprias prefeituras junto ao proprietário rural para que este transforme sua reserva legal em RPPN. Entretanto, percebe-se que as RPPN contribuem pouco na proteção da biodiversidade da bacia. Dos cerca de ha, mais de ha são da Reserva Corredor do Iguaçu. É de se esperar uma maior proteção aos recursos quando as prefeituras dos municípios começarem a planejar o zoneamento de seus territórios.

74 8812/00-6B-RL VIII - 56 Tabela 2.1 Síntese das unidades de conservação da bacia do rio Iguaçu Categoria Nº de UCs Área (ha) Área Especial de Interesse Turístico - AEIT Área de Proteção Ambiental - APA Área de Relevante Interesse Ecológico - ARIE Bosque Municipal 4 20 Estação Ecológica Estação Experimental Floresta Estadual Floresta Municipal 1 25 Floresta Nacional Jardim Botânico 1 22 Parque Municipal Parque Estadual Parque Nacional Reserva Ecológica 1 9 Reserva Florestal Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN TOTAL A alta representatividade das APA em relação aos outros tipos de UC tem relação ao padrão de uso do solo ao longo da bacia. Resslate-se que algumas dessas unidades estão apenas parcialmente inseridas na bacia do rio Iguaçu. Percebe-se que o maior número de APA está na região metropolitana de Curitiba, com a finalidade de ser zona tampão dos mananciais. Outras duas importantes APA da bacia estão localizadas na Escarpa Devoniana e na Serra da Boa Esperança. Entretanto, esta categoria de manejo não é sabidamente muito eficaz na proteção dos recursos naturais, dada as suas características de uso direto. A mais efetiva ação de conservação na bacia do rio Iguaçu está no Parque Nacional do Iguaçu. Mesmo que sob constante ameaça, esta UC é praticamente a única garantia de conservação da selva paranaense mais interiorana, outrora ocupando as vastas terras de todo oeste do Paraná. O Estado do Paraná efetivamente carece de proteção a este importante corredor de biodiversidade. Com exceção do PNI e do Parque Estadual do Rio Guarani não existem Unidades de Conservação de Proteção Integral com mais de ha. Observa-se claramente a baixa representatividade de unidades de conservação de proteção integral, especialmente parques estaduais e estações ecológicas, curiosamente categorias restritivas quanto ao uso dos recursos. Chama a atenção a ausência destas nas cabeceiras do rio Iguaçu, na Serra do Mar, onde caberia um Parque Nacional; em várzeas como a do rio Potinga, no médio Iguaçu; em florestas com Araucária, como as que existem na região sul do estado, em General Carneiro e Cruz Machado e, na região

75 8812/00-6B-RL VIII - 57 do baixo Iguaçu, onde existem fragmentos que ainda conservam elementos de floresta primária. Os atos de criação continuam proliferando nos vários níveis do governo e do setor privado, o que, a priori, representa um enorme avanço em termos ambientais e, em ampla escala, também sociais. A questão, no entanto, é mais complexa. Conforme destacado por Pádua (2002), os governos estabelecem unidades de conservação e, em alguns casos, até mesmo preparam planos de manejo, mas não há um esforço em implementá-los e gerenciá-los. Na bacia do rio Iguaçu, menos de 10% das áreas possuem plano de manejo ou qualquer outro tipo de instrumento prático de apoio para o chefe da unidade e sua equipe. Os recursos alocados são escassos e não adequados a cumprir seu objetivo primário que aprega a conservação e o manejo mínimo. Outro fato, agora independente da qualidade do gerenciamento, é que a maioria das áreas naturais protegidas por intermédio de unidades de conservação na bacia do rio Iguaçu, não permite a preservação dos processos ecológicos essenciais, conforme determinado no artigo 225, 1º da Constituição Federal, ou mesmo a preservação de todos os organismos originalmente encontrados na região (AZEVEDO & BAGÃO, 2000). Com extensão geográfica reduzida e um elevado grau de isolamento, os remanescentes florestais tendem a não mais cumprir sua função mantenedora da biodiversidade regional, expressa na variabilidade natural das espécies, ecossistemas e processos naturais (LOVEJOY et al. 1984; NOSS & CSUTI, 1997; JACOBS, 1999; ROBINSON & ROBINSON, 1999). A região oeste do Estado, onde está inserida a área de interesse deste estudo, representa bem essa realidade. Haja vista o solo fértil e o relevo favorável à agricultura extensiva e mecanizada, a maioria dos fragmentos que ali persistem são realmente pequenos e estão cercados por uma matriz inóspita que impede a realização dos processos ecológicos básicos à sua manutenção. Por exemplo: espécies animais potencialmente dispersoras de sementes e de pólen, que podem influir na distribuição espacial e na estrutura genética das plantas (FENTON, et al. 1992; GARCIA, et al. 2000), não cumprem mais seu papel ecológico dado ao isolamento de seus hábitats naturais uma das principais ameaças à biodiversidade local e regional (NOSS & CSUTI, 1997) Cobertura vegetal e uso do solo A cobertura do solo na bacia do Rio Iguaçu pode ser observada no desenho 8812/00-6B- A As maiores áreas florestadas estão nas partes altas da bacia, em especial no rio Negro, na região da Serra da Boa Esperança (porção média da bacia), e a oeste, no Parque Nacional de Iguaçu. Outros maciços florestais estão esparsos em terras indígenas, como as de Mangueirinha e de Rio das Cobras, e em unidades de conservação, como a RPPN Corredores do Iguaçu e o Parque Estadual do Rio Guarani. A Tabela 2.1 apresenta a área relativa a cada categoria de cobertura do solo na bacia do rio Iguaçu. Em virtude da altitude, a Floresta Estacional Semidecidual é observada somente na região do baixo Iguaçu e tributários. Em altitudes superiores a 500m,

76 8812/00-6B-RL VIII - 58 observa-se Floresta Ombrófila Mista. Essas florestas ocupam uma área de pouco mais de 11 mil km² (17% da bacia), ao passo que 82% tem ocupação antrópica. Extensas áreas de silvicultura são encontradas em toda bacia, principalmente ocupando terras com cobertura original de pinheirais (Floresta Ombrófila Mista). Agropecuária e solo exposto (ou recém lavrado), juntamente com silvicultura, determinam o padrão geral de cobertura da bacia, na qual as florestas e campos nativos foram em sua maior parte substituídos por áreas alteradas. Tabela 2.2 Área e percentual de cobertura do solo na bacia hidrográfica do Rio Iguaçu Cobertura do solo Km² % Floresta Estacional Semidecidual 1.306,41 1,99 Floresta Ombrófila Mista ,30 15,25 Silvicultura 1.773,51 2,70 Agropecuária ,63 71,44 Solo exposto 4.831,51 7,36 Área urbana 374,77 0,57 Água 446,63 0, Ecologia da paisagem O desenho 8812/00-6B-A apresenta, entre outros temas, os mapas resultantes da análise da paisagem no contexto macrorregional. A bacia do rio Iguaçu, outrora densamente florestada, perdeu a maior parte das matas para atividade agropecuária, e inclusive para a silvicultura. A distância média até o remanescente florestal mais próximo é de m (Figura 2.9). Na margem esquerda do rio Iguaçu a conectividade, de modo geral, é pior que na margem direita, particularmente no eixo São João-Verê-Itapejara d Oeste-Bom Sucesso do Sul. A porção norte do município de Realeza também apresenta baixa conectividade florestal, porém, por se tratar da área de influência indireta, deve-se considerar o exposto no item relativo ao contexto local, visto que os dados oriundos do satélite CBERS-2 tem resolução superior aos do MODIS, cujos resultados foram posteriormente generalizados para exclusão de manchas inferiores a 25 ha (grande parte dos remanescentes florestais tem poucos hectares de superfície e foram, portanto, removidos na escala de 1: ).

77 8812/00-6B-RL VIII - 59 Figura 2.9 Histograma e estatística descritiva do mapa de conectividade florestal na bacia do rio Iguaçu (abcissa = distância em metros, ordenada = número de células da imagem) O tamanho dos remanescentes florestais varia de poucos hectares até mais de km² (Parque Nacional de Iguaçu) (Figura 2.10). Excluídos os fragmentos com menos de 25ha (0,25 km²), a área média dos remanescentes é de 3,28 km². Entretanto esse valor é fortemente influenciado por alguns grandes maciços, como o Parque Nacional do Iguaçu e outras manchas aparentemente contínuas na Serra da Boa Esperança. Embora a extensão florestal do Parque esteja correta, o mesmo não é inteiramente verdade para a Serra da Boa Esperança e para a porção catarinense, no eixo Matos Costa-Timbó Grande, onde as grandes manchas contínuas são um artifício do método, tanto pela resolução dos dados (250 m), quanto pela generalização do mapa classificado. O método de generalização empregado remove todas as parcelas inferiores ao valor especificado (no caso 25 ha), associando-as às classes de cobertura do solo contíguas dominantes. Assim, áreas desmatadas abaixo do limiar podem ser reclassificadas como floresta, dependendo de sua vizinhança. Não obstante algum exagero no tamanho de seus remanescentes, a própria existência da APA da Serra da Boa Esperança se justifica pela permanência de grandes extensões de Floresta Ombrófila Mista, situação que historicamente deve ter sido condicionada pelo relevo acidentado.

78 8812/00-6B-RL VIII - 60 Figura 2.10 Tamanho dos remanescentes florestais na bacia do rio Iguaçu Como resultado da intensa fragmentação florestal, o efeito de borda é notável na maior parte dos remanescentes. Em condições normais para uma região predominantemente florestal, seria esperado que o histograma da Figura 2.11 apresentasse a maior parte dos pixels a grande distância da borda. Entretanto pode-se observar que a maior moda é a cerca de 215 m. Em termos de uma imagem matricial derivada do instrumento MODIS, isso significa apenas um pixel (uma célula da imagem). Ou seja, a maior parte das áreas florestadas encontra-se a uma distância mínima da borda da floresta, restando poucas áreas de interior ou núcleo de floresta (em inglês denominadas core areas). A intensa redução dessas áreas nucleares é um indicativo de alterações na paisagem original, pois a conservação da biodiversidade depende tanto da existência de ecótonos quanto de áreas nucleares significativas. Hoje a paisagem é dominada por áreas alteradas (agropecuária), com algumas florestas remanescentes, sendo que essas são em sua maioria ecotonais, e não nucleares.

79 8812/00-6B-RL VIII - 61 Figura 2.11 Histograma e estatística descritiva do mapa de efeito de borda na bacia do rio Iguaçu (abcissa = distância em metros até a borda, ordenada = número de células da imagem) O índice de circularidade, ou de compactibilidade, complementa a avaliação do efeito de borda, indicando a relação entre área e perímetro de cada remanescente florestal (Figura 2.12). Com relação a esse indicador, a maior parte dos fragmentos é desfavorecido, pois a média do IC ficou em 0,279, enquanto o máximo teórico (para um fragmento perfeitamente circular) é de 1,0. O próprio Parque Nacional de Iguaçu ficou abaixo do valor médio, com 0,252, indicando que a unidade tem um perímetro muito extenso, apesar de sua grande superfície. O desenho pouco circular da maior parte dos remanescentes, cujas bordas apresentamse intensamente recortadas, com reentrâncias e projeções, expõe mais as áreas nucleares. Apenas os grandes maciços podem compensar, pela distância interna até a borda, a influência externa, desde a exposição a condições ambientais de ecótono (maior iluminação, menor umidade, mais vento etc.) até o impacto antrópico direto, pela facilidade de acesso ao interior da floresta.

80 8812/00-6B-RL VIII - 62 Figura 2.12 Histograma e estatística descritiva do mapa de circularidade dos fragmentos na bacia do rio Iguaçu (abcissa = valor do índice de circularidade, ordenada = número de células da imagem) 3 - Contexto local: ecossistemas aquáticos Qualidade físico-química da água Considerações iniciais Todos os resultados são apresentados a seguir em gráficos demonstrando o valor de cada variável por ponto de coleta, sendo indicada a unidade de medida utilizada. Os valores plotados são referentes à média das réplicas utilizadas, e as barras de erros (quando for o caso) indicam os valores máximos e mínimos encontrados. Os dados brutos encontram-se na Tabela 3.1.

81 8812/00-6B-RL VIII - 63 Tabela 3.1 Dados de qualidade físico-química da água Ponto PH Condut OD Temp Cloro Feofit Seston PO 4 NO 2 NO 3 NH 4 Si(OH) 4 NT PT NID An1a 7,83 65,00 7,38 26,20 12,78 1,74 6,83 1,13 0,87 17,95 1,51 182,37 21,54 0,98 20,32 An2a 8,53 68,65 7,25 26,30 17,00 1,48 7,76 1,72 0,28 18,19 0,99 243,58 18,36 0,31 19,47 An3a 8,10 76,40 7,20 28,00 16,43 1,20 10,32 1,03 0,21 0,29 1,54 175,60 20,56 1,00 2,04 Cp1a 8,11 85,35 7,40 28,20 0,88 0,57 3,60 1,86 0,21 9,25 1,46 250,67 14,71 0,43 10,92 Cp2a 8,01 85,60 7,30 28,20 0,85 0,71 6,34 1,20 0,22 9,72 1,21 228,01 15,30 0,53 11,15 Cp3a 8,13 78,45 6,80 29,20 4,65 2,29 6,25 1,22 0,25 16,64 1,86 285,11 18,88 0,69 18,76 Mt1a 7,71 68,15 7,20 23,40 0,80 0,42 5,43 0,49 0,45 19,61 1,70 263,79 78,89 2,92 21,76 Mt2a 7,44 95,75 6,50 23,10 0,87 0,39 3,39 0,38 0,63 18,42 2,41 273,93 59,24 0,57 21,46 Mt3a 7,63 78,15 6,80 25,70 0,71 0,57 2,76 0,24 0,59 17,96 3,14 271,51 46,97 0,60 21,69 Gd1a 7,82 35,65 7,80 24,40 0,36 0,43 2,77 0,30 0,20 19,07 1,34 223,08 21,78 0,32 20,61 Gd2a 7,80 38,10 7,90 26,70 1,31 1,15 2,28 0,40 0,31 19,06 1,98 215,80 23,91 0,29 21,35 Gd3a 7,56 40,25 7,70 26,30 0,87 0,89 3,61 0,25 0,28 11,02 1,11 226,60 16,28 0,27 12,42 Ig1a 7,17 43,50 5,80 25,00 0,64 0,45 2,65 0,29 0,29 17,75 1,12 149,39 26,36 0,25 19,16 Ig2a 7,39 44,75 6,10 25,50 40,38 14,08 3,39 0,15 0,25 17,43 7,94 152,23 23,67 0,23 25,62 Ig3a 7,51 50,00 6,50 26,10 0,76 0,52 6,64 0,10 0,27 17,80 2,09 151,60 25,21 0,30 20,16 Ig4a 7,77 67,25 7,40 26,40 0,71 0,43 8,28 0,39 0,23 17,87 0,98 145,87 28,13 0,30 19,08 Ig5a 7,83 58,50 7,90 26,10 0,77 0,50 5,40 0,22 0,19 18,03 0,90 148,45 27,25 0,31 19,12 An1j 7,66 43,65 7,40 20,00 0,40 0,41 20,38 0,24 0,15 23,88 1,28 119,84 24,18 0,37 25,31 An2j 7,41 50,55 7,40 20,00 0,90 0,81 25,62 0,29 0,26 13,14 3,50 100,85 35,95 0,73 16,90 An3j 7,50 53,00 7,30 18,60 2,16 3,32 99,74 0,62 0,57 25,38 2,84 182,00 46,18 2,34 28,79 Cp1j 7,71 81,75 7,50 17,20 0,16 0,20 0,45 0,30 0,16 18,42 0,93 111,36 19,79 0,27 19,51 Cp2j 7,65 84,85 8,10 17,20 0,19 0,16 4,15 0,37 0,16 20,86 0,97 165,62 22,46 0,43 21,99 Cp3j 7,59 76,50 7,40 18,40 0,13 0,23 5,00 0,39 0,18 23,25 1,97 126,43 9,64 0,53 25,40

82 8812/00-6B-RL VIII - 64 Ponto PH Condut OD Temp Cloro Feofit Seston PO 4 NO 2 NO 3 NH 4 Si(OH) 4 NT PT NID Mt1j 7,27 62,70 7,90 18,00 0,41 0,45 1,27 0,21 0,20 26,43 1,66 116,97 42,59 0,29 28,29 Mt2j 7,17 70,40 7,60 18,00 0,17 0,29 2,73 0,55 1,20 43,91 3,24 124,40 24,19 0,47 48,36 Mt3j 7,24 70,85 7,90 18,50 0,61 0,29 1,97 0,42 1,05 44,33 3,05 126,77 38,30 0,62 48,43 Gd1j 7,43 45,00 7,20 18,20 1,49 2,82 391,37 0,63 0,55 19,72 2,44 114,52 56,70 0,40 22,70 Gd2j 7,43 45,80 8,20 17,50 0,20 0,07 5,48 0,14 0,13 14,74 1,12 127,83 15,45 0,15 15,99 Gd3j 7,37 47,25 7,90 18,00 0,20 0,12 5,12 0,34 0,21 10,75 1,00 110,98 14,28 0,20 11,95 Ig1j 7,50 50,00 7,80 18,50 0,67 0,90 8,45 0,24 0,12 22,39 1,73 85,28 27,94 0,32 24,25 Ig2j 7,44 50,50 7,60 19,00 0,83 0,91 24,16 0,22 0,17 23,56 1,25 89,42 13,80 0,48 24,97 Ig3j 7,53 47,00 7,90 19,00 0,87 1,22 22,00 0,33 0,22 25,99 1,46 155,46 34,45 0,71 27,67 Ig4j 7,35 61,80 7,60 19,00 0,72 0,78 15,64 0,63 0,47 25,34 2,78 177,60 35,57 0,83 28,59 Ig5j 7,37 49,75 7,30 18,40 0,55 0,66 4,04 0,38 0,21 20,74 1,63 85,11 29,16 0,39 22,59

83 8812/00-6B-RL VIII - 65 A primeira fase de coleta, em início de abril, mostrou ainda um padrão relativo ao verão, que no ano de 2004 foi atípico, com um período de estiagem prolongada nos meses em que geralmente a pluviosidade é mais alta. Entretanto, esta estiagem fez com que os valores de vazão de todas as sub-bacias estivessem estabilizados, próximos aos valores de escoamento basal, facilitando a interpretação dos resultados em função das características das paisagens representadas e evidenciando claras diferenças entre os rios. Na segunda coleta, teve-se um comportamento climático inverso, com clima frio e alta pluviosidade. As fortes chuvas, se por um lado homogeneizaram as características entre os rios, ocultando os padrões e diferenças encontrados na primeira coleta, evidenciaram a suscetibilidade dos ecossistemas aquáticos aos sistemas agrícolas e urbanos não conservacionistas encontrados nas diferentes bacias. Assim, considerou-se que as coletas foram satisfatórias por representarem períodos climáticos extremos e distintos, sendo suficientes para o diagnóstico ora proposto Medidas em campo a) Temperatura Esta variável mostrou as diferenças climáticas claras entre as duas épocas amostradas. No período seco, com tempo bom, verificou-se as temperaturas dos rios Monteiro e Gonçalves Dias levemente mais baixas, em conseqüência do sombreamento proporcionado pela vegetação marginal destes rios, que são mais estreitos que os outros dois (Figura 3.1) An1 An2 An3 Ca1 Ca2 Ca3 Mt1 Mt2 Mt3 Gd1 Gd2 Gd3 Ig1 Ig2 Ig3 Ig4 Ig5 Figura 3.1 Temperatura (ºC) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho

84 8812/00-6B-RL VIII - 66 b) Oxigênio dissolvido O grau de aerobiose ou anaerobiose do ambiente aquático tem forte influência em sua própria composição química, devido às reações de oxi-redução envolvendo vários elementos na água. Sua dinâmica pode determinar a composição das comunidades lóticas, pela necessidade desse elemento para todas as formas de vida com metabolismo aeróbio. A concentração de oxigênio dissolvido depende principalmente dos seguintes fatores: - grau de saturação (equilíbrio com o oxigênio atmosférico), sendo inversamente proporcional à temperatura da água; - nível de turbulência da água, que promove maior reaeração por bolhas de ar; - processos de oxidação de substâncias inorgânicas; - processos fotossintéticos que liberam oxigênio para a coluna d agua; - quantidade de matéria orgânica dissolvida e particulada presente, que diminui a concentração de oxigênio por oxidação bioquímica e respiração dos organismos decompositores; - excesso de material em suspensão, reduzindo a luminosidade necessária à fotossíntese. Na coleta de junho, a alta pluviosidade e baixa insolação provocaram uma homogeinização dos níveis de oxigênio dissolvido, sendo ligeiramente mais altos que na coleta de abril em virtude da baixa temperatura. Na coleta de abril, dois padrões foram evidenciados: observa-se um gradiente ascendente nos pontos do rio Iguaçu a partir do ponto Ig1, em que as águas saem da represa de Salto Caxias com baixa oxigenação e vão sendo gradualmente oxigenadas nas sucessivas corredeiras ao longo do percurso amostrado; no rio Monteiro, principalmente nos pontos Mt2 e Mt3, os níveis de oxigênio são ligeiramente mais baixos, certamente em virtude da carga orgânica particulada que esta bacia recebe dos efluentes do Município de Capitão Leônidas Marques (Figura 3.2).

85 8812/00-6B-RL VIII - 67 Figura 3.2 Oxigênio dissolvido (mg/l) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho c) Potencial hidrogênio iônico O ph de águas naturais é influenciado por vários fatores, podendo ser considerado como uma medida da capacidade de tamponamento do corpo d água, indicando o balanço entre carbonatos, bicarbonatos e ácidos carbônicos. Payne (1986) afirma que em rios que drenam áreas de rochas ígneas geologicamente antigas (como é o caso da bacia estudada) ou solos bastante lixiviados como os tropicais, há poucos minerais alcalinos dissolvidos na água e portanto o ph não sofre efeito tampão do sistema, sendo passível de grandes flutuações pela entrada de poluentes e pelo efeito de atividades antrópicas da bacia. Os valores encontrados são típicos para os rios da região, levemente alcalinos (faixa de 7,5 a 8,5), sendo observada uma tendência à diminuição dos valores no rio Monteiro, nas duas fases amostradas. Um gradiente positivo de ph no rio Iguaçu é observado, exatamente como o observado para o oxigênio dissolvido, denotando a diferença das águas influenciadas pela UHE Salto Caxias: as águas saem da represa com o ph mais baixo, sendo reequilibrado aos níveis normais ao longo do rio, com a influência dos tributários (Figura 3.3).

86 8812/00-6B-RL VIII ,5 8 7,5 7 6,5 An1 An2 An3 Ca1 Ca2 Ca3 Mt1 Mt2 Mt3 Gd1 Gd2 Gd3 Ig1 Ig2 Ig3 Ig4 Ig5 Figura 3.3 Potencial Hidrogeniônico (ph) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho d) Condutividade A capacidade que a água apresenta de conduzir a corrente elétrica, denominada Condutividade, é uma variável que indica a carga iônica da amostra, sendo diretamente influenciada pelo conteúdo mineral e pelo teor de sólidos dissolvidos na água (LIMA, 1986; ESTEVES, 1988). A existência de picos de condutividade em um determinado ponto do rio em relação a outros pontos pode indicar claramente uma fonte pontual de poluição (CHAPMAN & KIMSTACH, citado por BARROSO, 1994), como é o caso de efluentes domésticos ou poluição industrial. Níveis mais altos de condutividade em um trecho podem ser forte indicativo de atividades agrícolas não conservacionistas. As diferenças entre os padrões de condutividade entre os rios são evidentes, destacandose o rio Gonçalves Dias que apresenta os menores valores, em função de sua bacia estar parcialmente protegida pelo Parque Nacional do Iguaçu. O rio Iguaçu também apresenta um gradiente em níveis menores, evidenciando os processos de remoção de íons por sedimentação que ocorrem nas represas a montante. Observa-se clara influência do aporte do rio Monteiro sobre o rio Iguaçu no ponto IG4. O maior valor de condutividade encontrado corresponde ao ponto Mt2, exatamente na região da bacia onde se nota maior influência urbana (Figura 3.4).

87 8812/00-6B-RL VIII An1 An2 An3 Ca1 Ca2 Ca3 Mt1 Mt2 Mt3 Gd1 Gd2 Gd3 Ig1 Ig2 Ig3 Ig4 Ig5 Figura 3.4 Condutividade (µs.cm -1 ) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho Análises em laboratório (nutrientes, clorofila e material em suspensão) Em biogeoquímica, o termo nutriente é uma denominação genérica dada a uma série de substâncias minerais consideradas fundamentais na constituição e na manutenção das funções orgânicas dos seres vivos. O estudo da dinâmica dos fluxos de nutrientes nos ecossistemas, também chamada ciclagem de nutrientes ou ciclagem mineral, é uma das principais formas de descrever a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas, ajudando a esclarecer os elos de interdependência entre as formas de vida, e destas com o meio físico de suporte. Este trabalho não pretende se aprofundar nestas questões que fugiriam aos seus objetivos, mas apresentar uma discussão baseada na determinação da concentração de nutrientes considerados rotineiros na descrição de ecossistemas aquáticos, levando sempre em conta a limitação da tentativa de descrever tal complexidade através de apenas algumas variáveis e poucas coletas. São apresentados para esta discussão os dados relativos à concentração de silicato, fósforo (total e inorgânico dissolvido) e nitrogênio (total e suas frações inorgânicas dissolvidas: amônio, nitrito e nitrato), e uma medida indireta da produção autotrófica do sistema, o teor de clorofila-a em suspensão. a) Silicato Os padrões de concentração de silicato não variaram significativamente entre os tributários, não sendo evidenciados valores que denotassem fontes pontuais nesta amostragem. Os silicatos são substâncias muito abundantes na litosfera, tendo como principal fonte para os ambientes aquáticos as rochas ígneas, e sua concentração em águas naturais é fortemente influenciada pelas características geológicas da bacia. São de grande importância para a constituição física de alguns grupos de algas, especialmente as diatomáceas e silicoflagelados (WETZEL & LIKENS, 1979), e portanto para a produtividade geral do sistema. Os menores valores encontrados no rio Iguaçu são devidos à remoção deste nutriente por sedimentação nas represas a montante. A menor concentração na coleta do período chuvoso deve-se à diluição pelo aumento no volume de água (Figura 3.5).

88 8812/00-6B-RL VIII - 70 Figura 3.5 Silicato Reativo-Si(OH)4 (mg.l -1 ) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho b) Nutrientes Fosfatados Estes nutrientes podem ser encontrados em águas naturais na forma dissolvida ou particulada, sendo que ambas são constituídas por frações orgânicas e inorgânicas. As formas inorgânicas dissolvidas de fosfatos (H 2 PO 4 -, HPO 4 2-, e PO 4 3- ), denominadas de fósforo reativo dissolvido são prontamente disponíveis para a assimilação pelos vegetais, e, portanto, para a cadeia trófica em ecossistemas aquáticos, sendo convertidas na fração orgânica do fósforo (FISRGW, 1999). Este balanço entre suas formas orgânicas e inorgânicas, que sofre contínuas transformações ao longo do ecossistema lótico, tem uma forte influência sobre o metabolismo do ecossistema aquático. A fonte natural de fósforo para o ecossistema aquático é a intemperização e lixiviação de solos e rochas antigas e o seu transporte rio abaixo ocorre em três compartimentos distintos: dissolvido na água, adsorvido às partículas do material em suspensão ou incorporado à biota aquática, e sofre influência das características físicas da bacia. Áreas alagáveis ou represas, por exemplo, são consideradas retardadoras desse transporte, através da deposição em seus sedimentos (NEWBOLD, 1982). A concentração das formas desse nutriente pode sofrer forte influência das atividades humanas na bacia hidrográfica, principalmente através dos resíduos de efluentes domésticos e utilização de fertilizantes, produzindo variações que podem ser facilmente detectadas pela verificação de picos de concentração em determinados trechos do rio, o que o qualifica como um bom indicador de fontes pontuais de poluição (Figura 3.6).

89 8812/00-6B-RL VIII - 71 Figura 3.6 Fosfato inorgânico dissolvido PO 4 (µmol.l -1 ) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho As características geológicas da bacia produzem uma pequena exportação de fósforo, o que aponta para a possibilidade deste nutriente atuar como um fator limitante no sistema, principalmente em relação à produtividade primária. Os resultados mostraram os valores mais altos de nutrientes fosfatados nos rios Andrada e Capanema, que podem ser correlacionados a fontes de poluição agrícola difusas ao longo da bacia. Aliados a outros fatores, este é um indicativo de que estas bacias são as que possuem maior grau de degradação em virtude da atividade agrícola, e devem merecer bastante atenção pelo risco de eutrofização que este fator representa. O alto valor de Fósforo Total observado no rio Monteiro (ponto MT1, coleta de abril) indica uma fonte local de contaminação, que pode ser atribuída à existência de várias granjas ou outras formas de criação confinada naquela região, requerendo um estudo mais específico para identificação e controle destas fontes. Estes valores serão retomados na conclusão deste diagnóstico, onde será discutido o potencial de eutrofização do sistema (Figura 3.7). Figura 3.7 Fósforo Total (µg/l) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho

90 8812/00-6B-RL VIII - 72 c) Nutrientes Nitrogenados Juntamente com o fósforo, as formas em que o nitrogênio pode ser encontrado no ambiente aquático são os principais elementos necessários ao desenvolvimento da biota aquática. Quando estes nutrientes estão limitados ou acima dos padrões normais, por motivos naturais ou não, o desenvolvimento vegetal é amplamente influenciado, e este é um fator de grande importância para o manejo do ecossistema. O nitrogênio pode ser encontrado no ecossistema aquático sob diversas formas nitrogênio gasoso dissolvido (N 2 ), amônia e íon amônio (NH 3 e NH 4 + ), nitrito (NO 2 - ), nitrato (NO 3 - ), e como nitrogênio orgânico nas fases dissolvida ou particulada, associado a material orgânico vivo ou morto (ex.: na constituição de proteínas). As formas mais importante do nitrogênio do ponto de vista dos impactos sobre a qualidade das águas são os íons amônio, nitrito e nitrato, por serem prontamente disponíveis para a assimilação pelos vegetais, enquanto as formas particuladas ou orgânicas devem ser transformadas pelos processos de ciclagem para formas mais utilizáveis (FISRWG, 1999) Figura 3.8 Nitrito NO 2 (µg.l -1 ) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho Para a variável nitrito, foram observados padrões diferenciados entre os rios (Figura 3.8). Nos rios Capanema e Gonçalves Dias não foram registradas variações importantes ao longo de seus percursos, enquanto nos rios Andrada e Monteiro foram registrados valores que evidenciam importantes fontes de poluição. No rio Andrada, o maior valor foi encontrado no ponto An1, período seco, indicando ocorrência de fonte pontual de poluição orgânica a montante, possivelmente pela influência urbana dos arredores do município de Cascavel. No rio Monteiro, ao contrário do rio Andrada, foram registrados os valores mais altos na coleta do período chuvoso, indicando fontes difusas de poluição, sendo que duas fontes principais podem estar contribuindo para este padrão: uma é a existência de solos contaminados, cujos efeitos nos ambientes aquáticos se fazem notar justamente na ocorrência de fortes chuvas que carream o material destes solos

91 8812/00-6B-RL VIII - 73 rapidamente ao rio; a outra é o aporte de efluentes urbanos como galerias pluviais com ligações de esgotos, nas quais o detrito acumulado também pode escoar rapidamente durante as chuvas. Importante destacar também a influência do rio Monteiro sobre o rio Iguaçu no ponto IG4, a jusante da foz do rio Monteiro. A forma de nitrito (NO 2 ) é muito difícil de ser detectada em águas naturais por ser muito instável, sendo rapidamente transformada em nitrato (NO 3 ), conforme a disponibilidade de oxigênio no meio. Entretanto, tem grande importância em termos de monitoramento, podendo indicar fontes pontuais de poluição como esgotos domésticos e industriais e uso de fertilizantes. Geralmente a forma de nitrato (NO 3 ) é predominante entre as formas inorgânicas do nitrogênio estando muitas vezes diretamente associada aos valores de oxigênio dissolvido, que influi decisivamente em seu ciclo determinando taxas de nitrificação e desnitrificação (TANIGUCHI, 1998). Os nitratos são formas bastante móveis e facilmente transportadas pela água. As maiores fontes de nitrato para o ecossistema aquático são o escoamento superficial da água das chuvas, os processos de lixiviação em ambientes florestados e os processos de nitrificação nas águas subterrâneas. Para o nitrato, verificou-se as mais altas concentrações no rio Monteiro, destacadamente no período chuvoso (Figura 3.9). A origem deste aporte pode ser atribuída à poluição por esgotos domésticos, rico em compostos nitrogenados como proteínas, aminoácidos e amônia, bem como aos mesmo fatores descritos acima para os compostos de nitrito. Estando em dissolução no meio aquático, a tendência do nitrato é de se concentrar por ser resistente à degradação microbiana, fazendo com que este nutriente seja um bom indicador de poluição (BRIGANTE, et al., 2003). Outras fontes comuns são os fertilizantes nitrogenados, o que não é o caso desta microbacia. A forma amoniacal (NH 3 e NH 4 ) do nitrogênio em águas naturais ocorre geralmente em baixas concentrações. As principais fontes de amônio estão associadas aos processos de decomposição de algas e macrófitas aquáticas em condições naturais, e à decomposição de material orgânico proveniente de fontes poluidoras, sendo também um bom indicativo de poluição pontual em rios. O íon amônio é a forma preferencial do nitrogênio inorgânico para as atividades de bactérias e fungos, o que justifica a importância de sua análise (BRIGANTE, et al. Op. Cit.)

92 8812/00-6B-RL VIII An1 An2 An3 Ca1 Ca2 Ca3 Mt1 Mt2 Mt3 Gd1 Gd2 Gd3 Ig1 Ig2 Ig3 Ig4 Ig5 Figura 3.9 Nitrato NO 3 (µmol.l -1 ) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de Junho Para o amônio, destacam-se dois padrões: a tendência de valores mais altos nos rios Andrada e Monteiro, pronunciadamente no período chuvoso, e um pico de concentração no ponto IG2, que pode estar associado ao alto teor de clorofila encontrado no mesmo ponto, como será discutido a seguir (Figura 3.10) An1 An2 An3 Ca1 Ca2 Ca3 Mt1 Mt2 Mt3 Gd1 Gd2 Gd3 Ig1 Ig2 Ig3 Ig4 Ig5 Figura 3.10 Amônio (µg.l -1 ) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho d) Nitrogênio e fosfatos A análise das proporções entre Nitrogênio inorgânico dissolvido (NID = NO 2 + NO 3 + NH 4 ) e Fosfatos (PO 4 ) é extremamente importante para a caracterização dos ecossistemas, pois são estes os principais nutrientes que controlam a produtividade de algas. Segundo a clássica relação de Redfield, a proporção ideal entre NID/PO 4 para o crescimento de algas é de 16:1. Como as formas de Nitrogênio estão naturalmente mais abundantes nos ecossistemas, a relação NID/PO 4 costuma ser sempre bem mais alta, como encontramos

93 8812/00-6B-RL VIII - 75 nos resultados para os rios Gonçalves Dias, Monteiro e Iguaçu (acima de 50:1). Nos sistemas em que há maior aporte de formas fosfatadas, a relação NID/PO 4 pode diminuir drasticamente, aproximando-se do valor de 16:1 como acontece com os rios Andrada e Capanema, destacadamente no período seco, em que o ecossistema está estabilizado. Podemos afirmar que estes dois rios são, portanto, mais suscetíveis aos fenômenos conhecidos como bloom ou floração de algas, bem como à eutrofização (Figura 3.11). Figura 3.11 Relação entre Nitrogênio Inorgânico Dissolvido e Fosfatos por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho. Nota: a relação é feita a partir dos valores absolutos de concentração (micromol/litro) e) Clorifila-a Esta variável refere-se aos teores de pigmentos fotossintetizantes totais encontrados em suspensão na coluna d água, nas células clorofiladas. É de grande importância para a descrição do ambiente aquático, sendo uma medida indireta da produção de biomassa fitoplanctônica, indicando também o estado fisiológico dessa comunidade. Vários trabalhos (ver LOHMAN & JONES, 1988) apontam correlações com as concentrações de nutrientes. Verificou-se um comportamento bastante peculiar para a clorofila-a: no período chuvoso os teores são praticamente nulos em todos os rios, devido ao efeito da enxurrada; mas nas condições de estiagem, em que a comunidade fitoplanctônica se estabiliza, observouse um gradiente contínuo ao longo do rio Andrada, culminando com um pico de clorofila no rio Iguaçu exatamente no ponto Ig2, logo abaixo da foz do rio Andrada. Examinando as concentrações dos nutrientes nitrogenados e fosfatados e relação NID/PO 4, verifica-se que o rio reúne condições ideais para a ocorrência de bloom fitoplanctônico. Ressalte-se que, ao entrar no rio Iguaçu, que neste trecho possui escoamento lento, as condições parecem ser ainda mais favoráveis, originando o pico de clorofila no ponto Ig2, levando a crer que este fenômeno possa ser agravado no caso da formação de uma represa (Figura 3.12).

94 8812/00-6B-RL VIII - 76 Figura 3.12 Clorofila-a (µg.l -1 ) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho f) Material particulado em suspensão Na coleta realizada no período seco, verificou-se que o transporte de material particulado apresentou-se relativamente homogêneo entre os rios, com uma leve tendência de aumento para o rio Andrada. No período chuvoso, o comportamento dos rios deve ser descrito levando em consideração o regime pluviométrico durante as coletas: aquelas realizadas nos rios Andrada, Iguaçu e no ponto GD1 do rio Gonçalves Dias foram realizadas durante ou logo após eventos de chuva forte, fato que influencia diretamente o transporte de partículas pelos rios, sendo que este transporte reflete diretamente o grau de degradação de sua mata ciliar. A bacia do rio Andrada possui utilização do solo predominantemente agrícola, e seu relevo suave favorece a mecanização até áreas próximas ao rio. Em todos os pontos visitados verificou-se alto grau de destruição da vegetação ciliar, e os altos valores encontrados para o material em suspensão refletem esta situação. É possível inferir sobre fenômenos de assoreamento e perda de solos, com conseqüências para a qualidade do ecossistema aquático. A mesma condição é verificada na bacia do rio Capanema, porém em menor grau, em virtude do relevo mais acidentado e do vale do rio bastante encaixado, fornecendo maior proteção das margens do rio. Para o rio Gonçalves Dias um fato chama bastante a atenção. O rio delimita a divisa do Parque Nacional do Iguaçu, significando que a metade de sua bacia pela margem direita está em ótima condição de preservação, e isso foi evidenciado na maioria das variáveis analisadas. Entretanto, na margem esquerda, a maior parte de sua bacia está intensamente utilizada em lavouras mecanizadas e pastagens, e o relevo suave favorece a utilização do terreno até a margem do rio, como se pode observar em todos os pontos visitados e nas imagens aéreas. Na coleta realizada no ponto GD1, logo após as chuvas, verificou-se um valor surpreendente de material em suspensão (valor médio de 391,37 mg/l), revelando fenômenos de erosão e perda de solos em grau adiantado, justamente neste rio que deveria estar mais preservado (Figura 3.13).

95 8812/00-6B-RL VIII - 77 Figura 3.13 Material particulado em suspensão (seston) (mg.l -1 ) por ponto de coleta. Em preto: coleta de abril; em vermelho, coleta de junho. Nota: os valores para os pontos AN3 e GD1, na coleta de junho, não foram plotados no gráfico por excederem a escala Integração dos resultados e comparação das sub-bacias estudadas A partir da conclusão das análises de laboratório, a Análise multivariada de componentes principais foi utilizada para elaborar o zoneamento longitudinal das bacias hidrográficas, condensando a informação essencial obtida através das variáveis limnológicas em dois componentes principais, permitindo a demonstração gráfica das variações espaciais (MARQUES, 2003). Foram descritos os gradientes ambientais ao longo do curso da bacia, sendo possível delimitar trechos de comportamento relativamente homogêneo, conforme postulado pela teoria de Dinâmica de Manchas ( Patchy Dynamics Concept, PRINGLE, 1995). A análise foi realizada inicialmente a partir de uma matriz contendo 12 variáveis (OD, ph, condutividade, NO 2, NO 3, NH 4, Si(OH) 4, PO 4, PT e NT, seston e clorofila-a) em função dos 17 pontos de coleta. A partir de uma matriz de correlação, as variáveis que apresentaram um grau de correlação muito alto foram agrupadas buscando uma melhor visualização dos dados e a identificação exata dos trechos do rio que possuem comportamento relativamente homogêneo ao longo do ano. Cada ponto plotado na Figura 3.14 representa a média de todas as réplicas coletadas em cada dia de coleta e em cada ponto de coleta. Os vetores representam os autovalores para cada variável e sua direção demonstra a qual dos eixos estão mais associados.

96 8812/00-6B-RL VIII NT NO2 0.6 Mt1a PT Eixo 2 NO3 Mt3j Mt2j Gd1j NH4 Mt1j Seston An3j Ig2a Ig4j Mt2a Mt3a An2j Ig1a Ig3a Ig3j Gd2a Ig4a Ig5j Cp3j -0.2 Cp2j An1j Gd1a Ig5a Gd3a Cp1j Ig1j Ig2j -0.3 Gd2j Gd3j OD -0.5 Cloro An1a Si(oh)4 Condut Cp3a An3a Cp2a PO4 An2a Cp1a PH -0.6 Vector scaling: 1,45 Eixo 1 Figura 3.14 Ordenação dos pontos de coleta nas campanhas de abril (a) e junho (j), através de análise de componentes principais. O gráfico demonstra 60,9% da variabilidade total em dois eixos (Eixo 1 = 25,0%, Eixo 2 = 35,9%) A Figura 3.14 demonstrou as diferenças entre os períodos amostrados: os pontos amostrados em abril (seco) localizam-se nos quadrantes superiores, enquanto os pontos amostrados em junho (chuvoso) agruparam-se nos quadrantes inferiores. Para a amostragem do período chuvoso (junho), a grande quantidade de água e sedimentos carreados para os tributários do rio Iguaçu fez com que a qualidade das águas se apresentasse homogênea entre os rios, como demonstra o visível agrupamento dos pontos de coleta nos quadrantes inferiores. Na maioria dos gráficos individuais das variáveis este comportamento é observado, sendo que as diferenças entre os rios notam em variáveis específicas diretamente influenciadas pelo aumento da vazão, como é o caso do material particulado em suspensão. Na amostragem do período seco (abril), os valores encontrados são mais representativos do que pode ser considerado como o comportamento normal dos diferentes ecossistemas, e isto pode ser evidenciado pelos agrupamentos formados em torno de variáveis específicas que diferenciam o tipo de alteração a que cada rio está submetido. Para melhor visualização dos padrões, a análise foi repetida utilizando uma matriz correlacionando apenas os dados da coleta de abril em função das 12 variáveis selecionadas (Figura 3.15).

97 8812/00-6B-RL VIII - 79 PCA case scores 0.88 Ig2a 0.66 Cloro 0.44 Axis 2 NH4 Ig1a Ig3a Gd3a Ig5a Gd1a Ig4a Gd2a 0.22 Cp3a An3a An2a Seston Cp2a OD Cp1a PO4 PH NID An1a Mt3a Mt2a Condut NO2 Mt1a PT Si(oh)4 NT Figura 3.15 Ordenação dos pontos de coleta na campanha de abril, através de análise de componentes principais. O gráfico demonstra 65% da variabilidade total em dois eixos (Eixo 1 = 38,54%, Eixo 2 = 26, 42%) Para o rio Iguaçu, verifica-se que os pontos distribuem-se continuamente ao longo do eixo 2, formando um gradiente rio abaixo, mostrando que a qualidade da água que sai do reservatório da UHE Salto Caxias é bem diferente daquela do final do trecho compreendido por este estudo (foz do rio Gonçalves Dias). As variáveis diretamente associadas a este gradiente (maior correlação com o eixo 1) são de Nitrogênio (NH 4 e NID), Fósforo, Oxigênio Dissolvido, material em suspensão e ph. Este fato pode ser relacionado à influência da represa a montante, que produz os já bastante estudados padrões de descontinuidade serial do rio, formando estes gradientes rio abaixo, mas também evidencia a grande importância dos tributários na qualidade das águas de todo este trecho. Dentre os tributários, o que provoca maiores diferenças sobre o rio Iguaçu é o rio Andrada. Observa-se a formação de um grupo com os rios Andrada e Capanema, altamente relacionado às variáveis oxigênio dissolvido, ph e principalmente fosfatos, enquanto o rio Monteiro aparece em um agrupamento isolado, associado às variáveis relativas às diferentes formas de nitrogênio. Esta análise corrobora a afirmação anterior de que a qualidade da água do rio Monteiro é diretamente afetada por fontes de contaminação ligadas às áreas urbanas do Município de Capitão Leônidas Marques, ricas em compostos nitrogenados; enquanto os rios Capanema e Andrada sofrem maior influência das atividades agrícolas, principalmente através do aporte de compostos fosfatados.

98 8812/00-6B-RL VIII Potencial de eutrofização O fenômeno de eutrofização dos corpos d água é um dos principais fatores a se considerar no gerenciamento e manejo de ecossistemas aquáticos, pelas alterações ecológicas que produz e, principalmente, pelos riscos apresentados à saúde humana. A avaliação ou a previsão deste fenômeno é altamente complexa, em virtude da grande quantidade de variáveis que podem contribuir a sua ocorrência. Normalmente se utilizam índices de estado trófico (IET), que tem por finalidade classificar corpos d'água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas, ou o potencial para o crescimento de macrófitas aquáticas. O Índice do Estado Trófico adotado, conforme as recomendações de CETESB (2004), será o índice clássico introduzido por Carlson e modificado por Toledo et al. (1983) e Toledo (1990), que alteraram as expressões originais através de regressão linear para adequá-las a ambientes subtropicais (Quadro 3.1). Este índice utiliza três avaliações de estado trófico em função dos valores obtidos para as variáveis: transparência (disco de Secchi), clorofila a e fósforo total. Das três variáveis citadas para o cálculo Índice do Estado Trófico foram aplicadas neste relatório apenas duas: clorofila a e fósforo total, uma vez que os valores de transparência muitas vezes não são representativos do estado de trofia, pois esta pode ser afetada pela elevada turbidez decorrente de material mineral em suspensão e não apenas pela densidade de organismos planctônicos. Nesse índice, os resultados correspondentes ao fósforo, IET(P), devem ser entendidos como uma medida do potencial de eutrofização, já que este nutriente atua como o agente causador do processo. A avaliação correspondente à clorofila a, IET(CL), por sua vez, deve ser considerada como uma medida da resposta do corpo hídrico ao agente causador, indicando de forma adequada o nível de crescimento de algas que tem lugar em suas águas (CETESB, op. cit.). Quadro 3.1 Classificação do Estado Trófico segundo o Índice de Carlson Modificado Estado Trófico Critério P total (µg/l) Clorofila-a (µg/l) Oligotrófico IET = 44 P < 26,5 Cl < 3,8 Mesotrófico 44 < IET = 54 26,5 < P < 53,0 3,8 < C < 10,3 Eutrófico 54 < IET = 74 53,0 < P < 211,9 10,3 < CL < 76,1 Hipereutrófico IET > ,90 < P 76,1 < CL A partir da tabela acima, foram calculados os IET para Fósforo e Clorofila, utilizando as seguintes equações propostas por Toledo e cols. (CETESB, op.cit.), e os pontos de coleta foram caracterizados a partir do seu estado trófico no Quadro 3.2. IET(P) = 10 { 6 - [ ln ( 80,32 / P ) / ln 2 ] } IET(CL) = 10 { 6 - [ ( 2,04-0,695 ln CL ) / ln 2 ] } onde:

99 8812/00-6B-RL VIII - 81 P = concentração de fósforo total medida à superfície da água, em mg.l-1 CL = concentração de clorofila a medida à superfície da água, em mg.l-1 Quadro 3.2 Classificação do estado trófico das sub-bacias estudadas. Índices IET(P) e IET(CL) E. Trófico Descrição IET (Fósforo) IET (Clorofila) Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico Corpos de baixa produtividade, em que não ocorrem interferências indesejáveis sobre os usos da água Corpos de água com produtividade intermediária, com possíveis implicações sobre a qualidade da água, mas em níveis aceitáveis, na maioria dos casos. Corpos de água com alta produtividade em relação às condições naturais, de baixa transparência, em geral afetados por atividades antrópicas, em que ocorrem alterações indesejáveis na qualidade da água CA1;CA2 MT2;MT3 GD1;GD2;GD3 AN1;AN2; IG4;CA3 AN3;MT1 CA1;CA2; MT1;MT2;MT3 GD1;GD2;GD3 IG1;IG3;IG4;IG5 CA3 AN1;AN2;AN3;IG2 Segundo a tabela acima, os rios Andrada e Monteiro (este último apenas no ponto Mt1) podem ser considerados eutróficos através do índice aplicado, corroborando com as considerações formuladas a partir dos resultados individuais das variáveis analisadas. No rio Iguaçú, o ponto IG2 figura também como eutrófico, justamente no ponto em que recebe as águas do rio Andrada. Conforme demonstrado na discussão sobre os teores de clorofila, as águas do rio Iguaçú parecem reunir condições favoráveis para a ocorrência de fenômenos como o bloom fitoplanctônico, e esta condição poderá ser agravada pela formação de um reservatório, modificando a característica do ecossistema aquático de lótico para lêntico. Este pode ser considerado o aspecto mais crítico da qualidade da água encontrado neste estudo Contaminação por agrotóxicos Estudos sobre a contaminação das águas por agrotóxicos, bem como suas consequencias para a qualidade das águas de um futuro reservatório, também necessistam de amostragem mais apurada. A análise da concentração de agrotóxicos em amostras de água não é indicada por ser extremamente cara e não fornecer resultados precisos, uma vez que grande parte dos contaminantes são adsorvidos às particulas em suspensão e são depositados em diferentes trechos das bacias. O aporte de agrotóxicos também se dá de maneira difusa e não se conhecem totalmente as variáveis que interferem neste processo. Os métodos mais seguros são as realização de bioensaios de toxicidade, utilizando especies bioindicadoras, bem como o estudo da concentração de metais pesados em sedimentos depositados ao longo dos rios ou a análise de tecidos em peixes.

100 8812/00-6B-RL VIII - 82 A utilização predominantemente agrícola das bacias, destacando-se as monoculturas de soja na bacia do rio Andrada, bem como o precário estado de conservação da vegetação ciliar levam a crer que a contaminação por agrotóxicos poderá vir a ser um problema para o reservatório a longo prazo, principalmente em função dos processos de magnificação biológica da concentração de contaminantes em diferentes níveis tróficos Considerações finais As análises realizadas e os resultados obtidos mostraram-se eficientes para descrição do comportamento limnológico dos rios que terão influência na qualidade das águas do reservatório da UHE Baixo Iguaçu. Destacamos os seguintes fatos evidenciados, que deverão ser contemplados por estudos específicos e medidas de prevenção e recuperação: - A degradação da vegetação ciliar na margem esquerda do rio Gonçalves Dias coloca em risco este que pode ser considerado o rio de referência para ações de recuperação dos demais rios da área de influência; - Grande aporte de efluentes urbanos na bacia do rio Monteiro; - As condições de eutrofização e o fenômeno de bloom fitoplanctônico apresentadas principalmente pelo rio Andrada e em menor grau pelo rio Capanema; - As condições precarias de conservação da vegetação ciliar em toda a área de influência do empreendimento. - Ressaltamos que a simples aplicação da legislação ambiental, no que concerne à regulação de efluentes urbanos e agrícolas, bem como à preservação obrigatória da vegetação ciliar, pode ser bastante eficaz para a mitigação dos problemas evidenciados neste estudo Organismos planctônicos O plâncton é constituído por organismos que, devido ao seu tamanho e capacidade locomotora reduzida, não conseguem se opor ao movimento das massas d água. Microalgas (fitoplâncton), animais (zooplâncton), protistas (protozooplâncton) e organismos procariontes autótrofos e heterótrofos (bacterioplâncton), são os principais componentes do plâncton. Nos ecossistemas aquáticos o plâncton é de vital importância, pois representam a base da cadeia alimentar. Mudanças em sua composição e estrutura podem ocasionar profundas modificações em outros níveis tróficos. Em seu conjunto, a comunidade planctônica apresenta um caráter muito dinâmico, com elevadas taxas de reprodução e perda, respondendo rapidamente às alterações físicas e químicas do meio aquático e estabelecendo complexas relações intra e interespecíficas na competição e utilização do espaço e dos recursos (HORNE & GOLDMAN, 1994).

101 8812/00-6B-RL VIII Atributos da comunidade fitoplanctônica O levantamento da ficoflórula do baixo Iguaçu foi representado por 149 táxons genérico e infragenéricos identificados, dentre as quais Chlorophyceae com 71 táxons (47,6%), Bacillariophyceae com 35 táxons (23,4%) e Cyanophyceae com 25 táxons (16,7%), constituíram as Classes mais representativas. Dominaram as Chlorococcales entre as Chlorophyceae, com 56,3% do total dos táxons identificados (Figura 3.1, Anexo VIII-III). Chlorophyceae Bacillariophyceae Cyanophyceae Euglenophyceae Rhodophyceae Chrysophyceae Dinophyceae Figura 3.16 Número de táxons por Classes da comunidade fitoplanctônica Os Táxons de Bacillariophyceae com maior freqüência de ocorrência nas amostras foram Synedra ulna (100%), Synedra goulardi (95%), Melosira varians (90%), Aulacoseira distans var. alpigena e Nitzchia sp. (85%) e Amphipleura lindheirmeri (70%). Entre as Chlorophyceae, Sphaeorocystis schroeteri ocorreu em 90 % das amostras e Botryococcus braunii, Sphaeocystis planctonicus e Scenedesmus quadricauda em 80%. As Cyanophyceae Chrococcus limneticus e Microcystis protocystis registraram 95% de freqüência nas amostras, e Phormidium willei e Lyngbya major 85%. Os táxons Euglena communis Peridinium sp. Audouinella violácea, pertencentes a outras classes ocorreram em 70% das amostras (Anexo VIII-III). A composição florística dos reservatórios de Segredo (LUDWIG et al., 1997), de Salto Caxias (SZAWKA, 2001), embora se tratando de um reservatório foram muito semelhantes com as observadas no baixo rio Iguaçu e tributários, sendo Chlorophyceae, Bacillariophyceae e Cyanophyceae, as Classes com maior riqueza de espécies. No mês de abril de 2004, o maior valor para a riqueza de espécies no rio Iguaçu foi registrado no ponto IG-2 (70 táxons) e nos tributários, no rio Capanema (ponto CA-3-78 táxons). Entretanto, em junho de 2004 verificou-se que a precipitação apresentou forte influência na composição das espécies nas estações do rio Monteiro (MO-2-27 táxons) e do rio Capanema (CA-3-24 táxons), atuando como fator carreador e perturbador das

102 8812/00-6B-RL VIII - 84 comunidades aquáticas, principalmente em Chlorophyceae e Cyanophyceae. A maior riqueza nesse mês foi observada no ponto IG-5 (78 táxons) (Figura 3.17). Riqueza (S) IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-2 MO-1 MO-2 GD-2 CA-3 Abril Junho Figura 3.17 Riqueza de espécies (S) registrada para a comunidade fitoplanctônica A maior equitabilidade no mês de abril no rio Iguaçu foi registrada nos pontos IG-2 e IG-3 (0,70) e nos tributários no rio Gonçalves Dias (GD-2-0,74). Os menores valores foram obtidos no ponto IG-4 (0,62) e no rio Monteiro (MO-2-0,49) quando foram detectadas altas densidades de algas pertencentes a Classe Cyanophyceae, principalmente de Pseudoanabaena mucicola. No mês de junho os pontos localizados nos tributários apresentaram uma maior equitabilidade em relação aos pontos do rio Iguaçu. O menor valor no rio Iguaçu ocorreu no ponto IG-2 (0,52) e nos tributários nos rios Andrada e Gonçalves Dias (AN-2 e GD-2-0,78). Nesses pontos houve alta densidade de Bacillariophyceae com dominância de Aulacoseira granulata var. ambigua e Melosira varians (Figura 3.18). Equitabilidade 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-2 MO-1 MO-2 GD-2 CA-3 Abril Junho Figura 3.18 Equitabilidade (J) registrada para a comunidade fitoplanctônica

103 8812/00-6B-RL VIII - 85 A função de Shannon Weaver aplicada para a comunidade fitoplanctônica mostrou que no mês de abril, o ponto IG-2 apresentou maior diversidade (3,01 Bits), comparada aos demais pontos localizados no rio Iguaçu, e o rio Gonçalves Dias (GD-2-3,09 Bits), entre os tributários. O maior índice de diversidade registrado no ponto IG-2 foi influenciado pela riqueza de espécies e no ponto GD-2 pela maior equitabilidade. O menor índice (1,94 Bits) foi registrado no rio Monteiro (MO-2) devido a dominância de Pseudoanabaena mucicola. Nas amostragens realizadas em junho, os pontos do rio Iguaçu registraram menores índices quando comparados aos tributários. O menor índice de diversidade observado no ponto IG-2 (2,22 Bits) pode ser atribuído a menor equitabilidade e dominância de Aulacoseira granulata var. ambígua (Figura 3.19). Diversidade (H') 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 Abril Junho 0,5 0,0 IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-2 MO-1 MO-2 GD-2 CA-3 Figura 3.19 Diversidade (H) registrada para a comunidade fitoplanctônica Chlorophyceae é a classe que apresenta maior diversidade de algas planctônicas, contribuindo com quase metade dos gêneros do fitoplâncton observados em ecossistemas aquáticos tropicais (HUSZAR, 1994). A maioria das espécies é encontrada em todos os corpos de água doce de lagos tropicais e temperados com salinidade variável, de moderada a baixa (BICUDO et al., 1999). No entanto, pode tornar-se um grupo secundário se comparado à biomassa das Cyanophyceae e Bacillariophyceae, ocorrer em pequenas densidades (HAPPEY-WOOD, 1988). Entre os fatores que afetam o crescimento e a ocorrência das Chlorophyceae, podem ser citados os atributos ambientais tais como, a turbulência da água, nutrientes e características das próprias células, como a morfologia, fisiologia, genética e ainda atributos relacionados a outros organismos livres no plâncton (HAPPEY-WOOD, 1988). As Chlorococcales imóveis, geralmente apresentam maior freqüência durante alguns períodos do ano determinado pelas condições ambientais. Por não apresentarem capacidade de movimentação, as algas dependem da turbulência da água no epilimnion para se manterem em suspensão, podendo sedimentar e ocorrer um declínio da população. As formas das células e a mucilagem reduzem esse processo de sedimentação. Durante a circulação completa da água na primavera durante o início dos estágios de estratificação (HAPPEY-WOOD, 1988).

104 8812/00-6B-RL VIII - 86 A variabilidade espaço-temporal das densidades fitoplanctônicas no mês de abril, registrou maiores picos de abundância no rio Monteiro (ponto MO-1 com ind./ml) com dominância de Pseudoanabaena mucicola e Microcystis protocystis. A menor abundância foi observada no rio Iguaçu (IG-5 com ind./ml), onde Pseudoanabaena mucicola também foi dominante seguida de Terpsinoe musica. Nas amostragens de junho foram registradas as densidades máximas e mínimas para o período estudado, com dominância de Bacillariophyceae. As maiores densidades ocorreram no rio Iguaçu (IG-2 com ind./ml), com picos de abundância de Aulacoseira granulata var. ambigua e Aulacoseira granulata var. angustissima. A menor densidade ocorreu no rio Capanema (CA-3 com 163 ind./ml) (Figura 3.20). Densidade Total (Céls./mL) Abril Junho IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-2 MO-1 MO-2 GD-2 CA-3 Figura 3.20 Densidade (ind./ml) registrada para a comunidade fitoplanctônica Espécies de Aulacoseira são freqüentes em reservatórios não estratificados de São Paulo (ESPINDOLA et al., 1996), apresentam vantagens em relação a outras espécies, por apresentarem as células em cadeias, pela presença de espinhos nas extremidades das células (REYNOLDS, 1987), pela resistência ou ao baixo aproveitamento por herbívoros, pois representa uma barreira para muitas espécies de zooplâncton, por obstruir o aparato filtrador de Cladocera e Copepoda (INFANTE & RIEHL in BECKER & MOTTA- MARQUES, 2004), e tendem a saturar a fotossíntese sob baixa intensidade luminosa (SOMMER, 1988) Atributos da comunidade zooplanctônica A comunidade zooplanctônica do baixo rio Iguaçu e tributários, amostrada nos 17 pontos de coleta nos meses de abril e junho, foi constituída por 91 táxons (Anexo VIII-III). Os rotíferos dominaram numericamente, registrando maiores densidades e riqueza de táxons, em relação aos microcrustáceos (cladóceros e copépodos). Devido a essa diferença numérica entre os grupos, as análises feitas para avaliar os atributos da comunidade, foram realizadas separadamente para os rotíferos e microcrustáceos.

105 8812/00-6B-RL VIII - 87 a) Rotíferos Um total de 57 táxons foi registrado para os rotíferos. Esse grupo foi representado por 15 famílias, sendo Brachionidae (14), Lecanidae (12) e Trichocercidae (6) as que apresentaram o maior número de táxons (Figura 3.21). Rotifera Collothecidae Colurellidae Conochilidae Euchlanidae Fililiidae Floscularidae Gatropodidae Hexarthridae Mytilinidae Notommatidae Ploesomidae Synchaetidae Trichotridae Trichocercidae Brachionidae Lecanidae Figura 3.21 Número de táxons por famílias de rotíferos Os táxons de rotíferos com maior freqüência de ocorrência nas amostras foram Proales sp. (100%), Keratella cochlearis (91%), Lepadella patella (88%), Lecane cornuta (79%), Lecane bulla (76%) e espécies pertencentes a ordem Bdeloidea com (94%). 51% dos táxons podem ser considerados acidentais, pois registraram uma ocorrência nas amostras inferior a 25%. Brachionus caudatus personatus, Brachionus mirus reductus, Brachionus quadridentatus, Lecane thienemanni, Mytilina bisulcata, Notommata sp., Trichocerca bicristata e Trichotria tetractis, foram os menos freqüentes, todos com apenas 3% de ocorrência nas amostras (Anexo VIII-III). No mês de abril, os rotíferos registraram maior riqueza específica nos pontos localizados no rio Iguaçu com valor médio de 23 táxons. A maior riqueza ocorreu no ponto IG-4 (25 táxons) localizado próximo a foz do rio Monteiro. Nos tributários as maiores riquezas foram registradas nos rios Gonçalves Dias (GD-2-24 táxons) e Monteiro (MO-3-22 táxons). Em junho, os maiores valores para a riqueza foram registrados nos rios Capanema (CA-3-23 táxons) e Andrada (AN-2-22 táxons). Os pontos e registraram os menores valores foram no rio Iguaçu (IG-1 com 10 táxons e IG-5 com11 táxons) (Figura 3.22).

106 8812/00-6B-RL VIII - 88 Riqueza (S) Abril Junho 5 0 IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-1 AN-2 AN-3 CA-1 CA-2 CA-3 MO-1 MO-2 MO-3 GD-1 GD-2 GD-3 Figura 3.22 Riqueza de espécies (S) registrada para a comunidade de rotíferos A equitabilidade não mostrou diferenças significativas para os rotíferos no mês de abril para os pontos localizados no rio Iguaçu. Isto mostra que a distribuição dos organismos foi bastante semelhante. Os maiores valores no rio Iguaçu ocorreram nos pontos IG-2 e IG-3 e nos tributários no rio Gonçalves Dias (GD-1), todos com valores de equitabilidade igual a 0,90. O menor valor foi registrado no ponto IG-1 (0,85), para o rio Iguaçu, com dominância de Keratella cochlearis e no rio Andrada (AN-3-0,73), entre os tributários, com dominância de Proales sp. Nas amostras de junho ocorreram diferenças significativas principalmente nos pontos de amostragens dos tributários, com maiores valores de equitabilidade registrados nos rios Andrada (AN-1-0,91) e Gonçalves Dias (GD-1-0,96) e a menor (0,75) no rio Monteiro (MO-3), com dominância de Lepadella patella. No rio Iguaçu o ponto IG-3 diferiu significativamente dos demais pontos de coleta apresentando menor equitabilidade (0,72) devido a dominância de Collotheca sp. (Figura 3.23).

107 8812/00-6B-RL VIII - 89 Equitabilidade 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 Abril Junho 0,2 0,1 0,0 IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-1 AN-2 AN-3 CA-1 CA-2 CA-3 MO-1 MO-2 MO-3 GD-1 GD-2 GD-3 Figura 3.23 Equitabilidade (J) registrada para a comunidade de rotíferos A diversidade dos rotíferos em abril, seguiu o mesmo padrão observado para a riqueza de espécies, registrando maiores valores no rio Iguaçu. O valor máximo foi registrado no ponto IG-2 (2,86 Bits) e o mínimo no ponto IG-1 (2,65 Bits). Nos tributários, o rio Gonçalves Dias (ponto GD-2) foi responsável pelo maior índice de diversidade (2,82 Bits), e o menor ocorreu no rio Andrada (ponto AN-3 com 1,94 Bits). Os menores índices de diversidade observados no rio Iguaçu e tributários apresentaram um maior grau de sensibilidade à equitabilidade, mostrando que a distribuição dos organismos nesses pontos não foi muito semelhante. No mês de junho, os maiores índices foram registrados nos pontos do rio Andrada, com valor máximo para o ponto de coleta AN-2 (2,60 Bits). Nesse ponto a diversidade foi mais sensível ante à riqueza do que a equitabilidade. O menor índice registrado nos tributários ocorreu no rio Monteiro (ponto MO-1 com 2,05 Bits) quando Keratella americana registrou seu pico de abundância. No rio Iguaçu o maior índice foi registrado no ponto IG-2 (2,36 Bits), coincidindo com maiores valores de riqueza e equitabilidade. O menor índice (1,83 Bits) registrado no ponto IG-1, pode ser atribuída a maior correlação da diversidade com a riqueza de espécie, que também foi menor (Figura 3.24).

108 8812/00-6B-RL VIII - 90 Diversidade (H') 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 Abril Junho 0,5 0,0 IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-1 AN-2 AN-3 CA-1 CA-2 CA-3 MO-1 MO-2 MO-3 GD-1 GD-2 GD-3 Figura 3.24 Diversidade de Shannon-Wiener (H ) registrada para a comunidade de rotíferos Para os rotíferos, nas duas fases de estudo, as densidades médias variaram de org./m 3 (±e.p. 401), no mês de abril, a org./m 3 (±e.p ), no mês de junho. Em abril, a maior densidade registrada no rio Iguaçu ocorreu no ponto IG-1 (2.975 org./m 3 ), com dominância de Keratella cochlearis. Nos tributários foram registradas as maiores densidades nos rios Capanema (ponto CA-3 com org./m3) e Andrada (AN-2 com org./m 3 ), quando Lecane luna e Euchlanis dilatata dominaram nas amostras. Os pontos IG-4 (1.388 org./m 3 ) e AN-1 (528 org./m 3 ) registraram as menores abundâncias entre os pontos localizados no rio Iguaçu e tributários, com dominância de Lecane bulla e Lecane luna, respectivamente. Nas amostras de junho, o maior pico de abundância ocorreu no rio Iguaçu (ponto IG-3 com org./m 3 ), com maior densidade registrada para Collotheca sp. (4.725 org./m 3 ). Entre os tributários, a maior densidade foi registrada no rio Andrada (AN-2 com org./m 3 ), com dominância de Proales sp. que registrou org./m 3. A menor densidade no rio Iguaçu ocorreu no ponto IG-2 (8.100 org./m 3 ) com maior densidade registrada para Conochilus coenobasis. Nos tributários o rio Gonçalves Dias (ponto GD-2 com 225 org./m 3 ) registrou a menor densidade com dominância de Lepadella patella (Figura 3.25).

109 8812/00-6B-RL VIII - 91 Densidade (org./m 3 ) Abril Junho IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-1 AN-2 AN-3 CA-1 CA-2 CA-3 MO-1 MO-2 MO-3 GD-1 GD-2 GD-3 Figura 3.25 Densidade (org./m 3 ) registrada para a comunidade de rotíferos b) Microcrustáceos: Cladóceros e Copépodos Entre os microcrustáceos, os cladóceros registraram um total de 17 táxons distribuídos em seis famílias. Chydoridae (seis táxons) e Daphniidae (quatro táxons), foram as mais representativas. Para os copépodos, foram registrados 16 táxons, dos quais 12 pertencentes a família Cyclopidae e quatro a Diaptomidae (Figura 3.26). Cladocera Bosminidae Chydoridae Daphniidae Macrothricidae Moinidae Sididae Copepoda Cyclopidae Diaptomidae Figura 3.26 Número de táxons por famílias de microcrustáceos (cladóceros e copépodos)

110 8812/00-6B-RL VIII - 92 Os táxons de cladóceros com maior freqüência nas amostras foram Ceriodaphnia cornuta, Ceriodaphnia laticaudata e Bosmina hagmanni, todos com 35% de ocorrência. Microcyclops anceps anceps, Tropocyclops prasinus prasinus com 29% e Notodiaptomus amazonicus com 18% foram os copépodos com maior freqüência de ocorrência nas amostras (Anexo VIII-III). A menor ocorrência de microcrustáceos nas amostras, pode ser atribuída a elevada carga de sedimento transportada no rio, dificultando a herbivoria. A riqueza de espécies dos microcrustáceos foi maior nos pontos do rio Iguaçu nas duas fases amostradas. No mês de abril, o ponto IG-2 registrou um total de 13 táxons, havendo uma redução no sentido a foz do rio, com menores valores registrados para o ponto IG-3 (3 táxons). Em junho, a maior riqueza ocorreu no ponto IG-5 (15 táxons), e a menor no ponto IG-1, onde foram registrados quatro táxons. Nos tributários, no mês de abril, o maior número de táxons foi registrado no rio Capanema (ponto CA-3, com 9 táxons). No rio Andrada (AN-2), em abril, não foi registrado nenhum táxon para os microcrustáceos. Este fato pode estar associado a dominância de cianobactérias nesse ponto e a maior seletividade ou dificuldade dos microcrustáceos em consumir algas pertencentes a essa Classe (Figura 3.27). Riqueza (S) Abril Junho IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-1 AN-2 AN-3 CA-1 CA-2 CA-3 MO-1 MO-2 MO-3 GD-1 GD-2 GD-3 Figura 3.27 Riqueza de espécies (S) registrada para os cladóceros e copépodos Uma correlação significativa foi observada para a equitabilidade nos pontos do rio Iguaçu em relação as duas fases de amostragens, porém os maiores valores ocorreram nos pontos dos tributários. Em abril, a maior equitabilidade foi registrada no ponto IG-5 (0,97), e a menor no ponto IG-3 (0,77), onde Moina minuta foi dominante. Esse ponto também registrou o menor valor de equitabilidade (0,72) no mês de junho/04, com dominância de Ceriodaphnia laticaudata. Nos tributários, o rio Andrada (AN-1), e os três pontos localizados no rio Gonçalves Dias, registraram os maiores valores (1,0) para equitabilidade. Por outro lado, a menor riqueza de espécies e densidade na maioria dos pontos dos tributários resultaram em valores mínimos de equitabilidade, principalmente na segunda fase de amostragem, quando as chuvas foram mais intensas (Figura 3.28).

111 8812/00-6B-RL VIII - 93 Equitabilidade 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 Abril Junho 0,2 0,1 0,0 IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-1 AN-2 AN-3 CA-1 CA-2 CA-3 MO-1 MO-2 MO-3 GD-1 GD-2 GD-3 Figura 3.28 Equitabilidade (J) registrada para os cladóceros e copépodos Os índices de diversidade seguiram o mesmo padrão observado para riqueza, com maiores valores registrados no rio Iguaçu. Os maiores índices ocorreram nos pontos IG-2 (2,1 Bits), no mês de abril, e IG-5 (2,4 Bits), no mês de junho. Os menores índices no rio Iguaçu, nas duas fases, foram registrados no ponto IG-3 (0,84 Bits) e IG-1 (1,16 Bits). O ponto IG-3, em abril e ponto IG-1, em junho, mostraram-se significativamente sensíveis ante a riqueza do que a equitabilidade. No ponto IG-1, os cladóceros foram dominantes com maiores densidades registradas para Daphnia gessneri. Nos pontos localizados nos tributários, o maior índice foi registrado no rio Gonçalves Dias (GD-3, com 1,79 Bits no mês de abril, e GD-2, com 1,60 Bits, no mês de junho). Alguns pontos dos tributários (CA-2, MO-2, MO-3 e GD-3) foram bastante influenciados pela chuva, apresentando valores mínimos de diversidade em relação as amostras de abril (Figura 3.29).

112 8812/00-6B-RL VIII - 94 Diversidade (H') 2,6 2,4 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 Abril Junho IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-1 AN-2 AN-3 CA-1 CA-2 CA-3 MO-1 MO-2 MO-3 GD-1 GD-2 GD-3 Figura 3.29 Diversidade de Shannon-Wiener (H ) registrada para os cladóceros e copépodos Os microcrustáceos também registraram baixas densidades, com valores médios variando de 912 org./m 3 (±e.p. 570), no mês de abril, a 86 org./m 3 (±e.p. 38), no mês de junho. Em abril, o maior pico de abundância no rio Iguaçu ocorreu no ponto IG-2 (1.383 org./m 3 ), com maiores densidades registradas para Moina minuta (338 org./m 3 ) e o menor no ponto IG-5 (35 org./m 3 ), com dominância de Microcyclops anceps anceps (10 org./m 3 ). Em junho, houve um aumento na densidade de microcrustáceos no sentido a foz do rio Iguaçu, com pico de abundância registrado no ponto IG-5 (605 org./m 3 ), onde Bosmina hagmanni foi dominante (135 org./m 3 ). A menor densidade ocorreu no ponto IG-1 (50 org./m 3 ), com Daphnia Gessneri registrando maiores densidades (25 org/m 3 ). Nos tributário, o maior pico de abundância foi registrado no rio Monteiro (ponto MO-1, com org./m 3 ), com maior densidade registrada para Thermocyclops decipiens (7.800 org./m 3 ), em abril. No mês de junho, o rio Andrada (AN-3), registrou a maior densidade para os microcrustáceos (apenas 50 org./m 3 ), com dominância de Bosmina longirostris (40 org./m 3 ). Na maioria dos pontos localizados nos tributários os microcrustáceos registraram baixas densidades (Figura 3.30).

113 8812/00-6B-RL VIII - 95 Equitabilidade 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 Abril Junho 0,2 0,1 0,0 IG-1 IG-2 IG-3 IG-4 IG-5 AN-1 AN-2 AN-3 CA-1 CA-2 CA-3 MO-1 MO-2 MO-3 GD-1 GD-2 GD-3 Figura 3.30 Densidade (org./m 3 ) registrada para os cladóceros e copépodos Padrão de distribuição espaço-temporal A distribuição dos escores nos dois eixos da DCA para as duas comunidades separou os pontos e os meses de coleta, proporcionando uma visão mais compreensiva da heterogeneidade espacial e temporal das comunidades planctônicas nas duas fases amostradas. Nas duas fases de amostragens a distribuição dos escores nos dois eixos da DCA, separou os pontos do rio Iguaçu dos pontos localizados nos tributários, confirmando as diferenças entre os ambientes e a influências das variáveis abióticas e bióticas sobre a estrutura das comunidades planctônicas (Figuras 3.31 e 3.32). a) Comunidade fitoplanctônica Na primeira fase, em abril, a Classe Cyanophyceae registrou as maiores densidades, tanto no rio Iguaçu quanto nos tributários. As maiores densidades ocorreram nos rios Andrada e Monteiro (AN-2 e MO-1). A Classe Bacillariophyceae, foi dominante em junho, com picos de abundância no rio Iguaçu, no ponto IG-2, e no rio Andrada (AN-1) (Figura 3.16). Em relação às Cyanophyceae, Reynolds (1997), Szawka (2001) e outros comentam que a sua presença é mais abundante em lagos tropicais no período quente, e tendem a dominar na coluna d água mais estabilizada. São organismos comuns em todas as estações do ano e climas, apesar de serem sensíveis a mudanças abruptas, ainda que pequenas. Sua habilidade para estocar fósforo na forma de corpos polímeros de polifosfatos e de fixar nitrogênio atmosférico, permitem-nas sobreviver em águas de variados estados tróficos e manter seu crescimento durante períodos posteriores a deficiência desses nutrientes (PAERL, 1988; AZEVEDO, 2003). Entretanto, alterações do ambiente como modificação na velocidade e/ou direção do vento podem resultar em um impacto negativo sobre a dominância das cianofíceas. Por outro lado, observação de

114 8812/00-6B-RL VIII - 96 heterocitos nesta Classe foi rara, necessitando observar as concentrações de nitrogênio, pois, pode estar positivamente influenciada no crescimento populacional do que na fixação do nitrogênio (JATI, 1998 apud SZAWKA, 2001). Quando houve precipitação durante a coleta em junho, ocorreu uma predominância de diatomáceas cêntricas, filamentosas e apresentando elevado número de formas reprodutivas como auxósporos de Aulacoseira e autósporos em algumas espécies de Chlorococcales. As diatomáceas cêntricas são mais abundantes nos trópicos do que as penadas e ainda, tendem a ser dominante com a coluna d água em mistura (REYNOLDS, 1997). A dominância de Bacillariophyceae em ambientes turbulentos contribui para a densidade e biomassa fitoplanctônica, indicando a ampla distribuição e resistências das espécies às variações do ambiente. As águas abrigam muitas espécies e cada espécie alcança uma densidade máxima em diferentes pontos no espaço e momentos de tempo, decrescendo em abundância quando as condições são menos favoráveis, com o ecossistema aquático sendo dominado por poucas ou muitas espécies (MARGALEF, 1983). A presença elevada de diatomáceas coloniais filamentosas pode ser atribuída ao aumento da vazão do reservatório próximo ao local de coleta, em conseqüência da precipitação, pois, estes organismos são freqüentemente citados nestes ambientes, onde o tempo de residência d água é maior e propicia o desenvolvimento dos mesmos. 280 FITOPLÂNCTON 240 Abril Junho CA3 200 Bacillariophyceae DCA IG5 IG3 IG4 IG1 IG2 MO3 AN2 CA3 Cyanophyceae MO3 IG1 AN2 GD2 MO1 IG4 IG5 IG2 IG MO1 GD DCA 1 Figura 3.31 Distribuição dos escores nos eixos 1 e 2 derivados da DCA aplicada para a comunidade fitoplanctônica

115 8812/00-6B-RL VIII - 97 b) Comunidade zooplanctônica Os padrões de distribuição espaço-temporal da comunidade zooplanctônica nas amostras do mês de abril, mostrou que para os rotíferos, a família Lecanidae foi dominante no rio Iguaçu e nos tributários. O maior pico de abundância foi registrado no rio Capanema, ponto CA-3. Em junho, a família Synchaetidae foi a mais abundante no rio Iguaçu, com maior densidade registrada no ponto IG-3. Nos tributários, a família Brachionidae foi responsável pelas maiores abundâncias, com densidade máxima registrada no rio Andrada, ponto AN-2. Entre os cladóceros, a família Daphniidae foi dominante no rio Iguaçu nas duas fases de amostragens. Em abril, o maior pico de abundância foi registrado no ponto IG-2, e no mês de junho, no ponto IG-3 e IG-5. Nos tributários, a família Bosminidae registrou a maior densidade nas duas fases, com picos de abundância no rio Capanema (ponto CA-3), em abril, e no rio Andrada (AN-3), em junho. Os copépodos foram representados apenas por duas famílias. No mês de abril, Cyclopidae foi dominante nos tributários, com maior densidade registrada no rio Monteiro (MO-1), e Diaptomidae no rio Iguaçu (IG-1). Em junho, Cyclopidae dominou tanto no rio Iguaçu quanto nos tributários. Porém, no rio Iguaçu, Diaptomidae foi pouco menos abundante que Cyclopidae. As maiores densidades de Cyclopidae nesse mês, ocorreram nos rios Iguaçu (IG-5) e Gonçalves Dias. Em ecossistemas lóticos, os fatores que interferem na estrutura e dinâmica das comunidades planctônicas geralmente incidem em duas categorias: (i) fatores que afetam a deriva desses organismos de áreas de remansos, canais laterais, lagoas marginais e represas (onde são desenvolvidas grandes populações); e (ii) fatores que afetam o seu crescimento e reprodução (por exemplo, a alta carga de sedimento transportada pelo rio pode inibir a produção fitoplanctônica e reduzir a disponibilidade de recursos para o zooplâncton) (HYNES, 1972; WINNER, 1975). Os resultados obtidos para a composição e abundância da comunidade zooplanctônica na área de influência, mostraram que os pontos do rio Iguaçu registraram um maior número de táxons em relação aos tributários, fato esse que evidencia a deriva de organismos dos reservatórios, e dos próprios tributários localizados na área de influência do reservatório. Esse fato é assumido para a maioria dos rios conectados a corpos de água permanentes ou temporárias (HYNES, 1972; WINNER, 1975; JOSÉ DE PAGGI, 1988; POURRIOT et al., 1997). Estudos desenvolvidos sobre a comunidade zooplanctônica nos reservatórios do Irai (altíssimo rio Iguaçu), da UHE de Segredo e Salto Caxias (médio rio Iguaçu), registraram a presença de alguns táxons encontrados nos pontos amostrados no baixo rio Iguaçu e tributários (LOPES et al., 1997; SERAFIM-JR., 2002; SERAFIM-JR. et al., 2003).

116 8812/00-6B-RL VIII Abril Junho ZOOPLÂNCTON DCA IG2 Lecanidade IG1 Lecanidade Daphniidae Bosminidae Diaptomidae IG3 GD1 CA1 Cyclopidae IG4 AN1 GD2 MO2 IG5 AN3GD3 MO3 CA3 CA3 CA2 CA2 AN3 IG5 Sychaetidade MO1 IG3IG4 Daphniidae AN2 GD2 CA1 AN1 AN2 GD1 GD3 Cyclopidae IG1 MO2 MO3 IG2 Brachionidade Bosminidae Cyclopidae MO DCA 1 Figura 3.32 Distribuição dos escores nos eixos 1 e 2 derivados da DCA aplicada para a comunidade zooplanctônica Serafim-Jr. & Lansac-Tôha (subm.) estudaram os efeitos do represamento em um trecho do médio rio Iguaçu sobre alguns atributos da comunidade zooplanctônica e registraram uma maior riqueza de espécies nos pontos localizados no rio Iguaçu na fase prérepresamento. Esses autores observaram ainda que a diversidade apresentou maiores valores nos pontos mais distantes da UHE de Salto Osório, registrando um padrão inverso ao observado para a riqueza de espécies. Considerando a presença do reservatório da UHE de Salto Caxias, localizado a montante da área de estudo, provavelmente, as maiores densidades registradas para a comunidade zooplanctônica nos pontos do rio Iguaçu sejam atribuídas a deriva de organismos e as características da água e composição do fitoplâncton. A importância de se conhecer a composição da comunidade zooplanctônica do baixo rio Iguaçu é justificada pela escassez de estudos na própria bacia. Dentre os táxons identificados, os litorâneos contribuíram significativamente nos pontos localizados nos tributários. No rio Iguaçu, houve uma predominância das formas planctônicas para todos os grupos analisados (Anexo VIII-III). Os microcrustáceos foram bastante influenciados pela composição do fitoplâncton, principalmente nos pontos onde as Cyanophyceae foram predominantes. Outro fator que afetou a composição dos microcrustáceos, foi a elevada carga de sedimento observada no rio Iguaçu e nos tributários, decorrente das chuvas ocorridas no mês de junho de 2004.

117 8812/00-6B-RL VIII - 99 A interação entre as comunidades zooplanctônica e fitoplanctônica está na predação do primeiro em relação ao segundo. Esta interação também influencia na fixação do nitrogênio, sendo este mais fixado por cianobactérias do que pelo zooplâncton, devido a grande concentração de nutrientes existentes no ambiente (ELSER, 1988, 1991; JAMES, 1990). A atividade alimentar do zooplâncton também pode exercer grande influência na proliferação do próprio fitoplâncton e bacterioplâncton através dos efeitos simultâneos de herbivoria e reciclagem de nutrientes (ANDERSEN e HESSEN, 1991). Como exemplo, pode ser citada a excreção do fósforo pelo zooplâncton que é considerada como um dos principais mecanismos de regeneração desse elemento químico, em adição à ação da fosfatase (EJSMONT-KARABIN e SPODNIEWSKA, 1990). Os resultados obtidos para o fitoplâncton, mostraram uma forte correlação entre as densidades e as concentrações de nutrientes. As maiores densidades registradas para a comunidade fitoplanctônica nos três primeiros pontos do rio Iguaçu e nos pontos dos tributários AN-2 (rio Andrada), CA-3 (rio Capanema) e MO-1 e MO2 (rio Monteirinho e Monteiro) confirmaram esse padrão. Estes dados corroboram com os dados físico-químicos de que os rio Monteiro está sendo diretamente afetado por fontes de contaminação ligadas às áreas urbanas do Município de Capitão Leônidas Marques, ricas em compostos nitrogenados; enquanto os rios Capanema e Andrade sofrem maior influência das atividades agrícolas, principalmente através do aporte de compostos fosfatados. A dominância de cianobactérias no período seco (mês de abril) é o fato mais preocupante, principalmente nos pontos localizados nos rios Monteirinho, Monteiro e Andrada. Estas áreas devem ser monitoradas freqüentemente e suas fontes de poluição pontual e difusa identificadas e eliminadas. As respostas do zooplâncton ao fitoplâncton nos pontos de coleta amostrados, mostrou que os microcrustáceos foram bastante influenciados pela composição do fitoplâncton, períodos de amostragem e pontos de coletas. Nos pontos do rio Iguaçu no mês de abril, a maior densidade nos dois primeiros pontos se deve à deriva de organismos do reservatório da UHE Salto Caxias. Porém, nos tributários os picos de abundância foram decorrentes da composição da comunidade fitoplanctônica. No rio Monteiro (ponto MO-1) T. decipiens dominou quando Pseudoanabaena mucicola e Microcystis protocystis foram abundantes. Em ecossistemas aquáticos tropicais, a dominância dos Cyclopoida sobre os Calanoida se deve principalmente à capacidade de alimentação dos Cyclopoida, pois a grande maioria das espécies tende a ser onívora e com hábito raptorial; enquanto nos Calanoida, a grande parte é herbívora e seletiva em relação ao alimento. A seletividade dos microcrustáceos em relação ao alimento foi evidenciada rio Andrada (ponto AN-2), onde foram observadas baixas densidades para cladóceros e copépodos. Os picos de abundância dos rotíferos também acompanharam as variações da comunidade fitoplanctônica. Ao contrário do observado para os microcrustáceos, os rotíferos registraram altas densidades no rio Andrada (ponto AN-2), mostrando que a composição do fitoplâncton não foi o fator limitante para o grupo.

118 8812/00-6B-RL VIII A dominância dos rotíferos em relação aos microcrustáceos se deve ao fato de que, esse grupo é considerado oportunista (r-estrategistas), apresentando ciclo de vida curto, desenvolvendo grandes populações transitórias com altas taxas de crescimento (ALLAN, 1976) Macroinvertebrados bentônicos Composição Ao longo da área estudada foram registrados espécimens de macroinvertebrados aquáticos distribuídos em 16 grandes grupos taxonômicos, 41 famílias e 89 gêneros ou morfotipos (Anexo VIII-IV). O grupo dominante foi o dos Ephemeroptera, com 27 % das espécies e 29 % do número total de organismos (Figura 3.33). Odonata, Trichoptera, Diptera e Gastropoda, juntamente com os Ephemeroptera somaram 76 % do total de espécies e 74 % da abundância total. Os demais grupos faunais registrados pertenceram aos grupos dos Plecoptera, Megaloptera, Coleoptera, Hymenoptera, Lepidoptera, Bivalvia, Platyhelminthes, Hirudinea, Oligochaeta, Crustacea e Aracnida. Quando os dados são analisados ao nível taxonômico de família observa-se que entre as 41 famílias estudadas, os Gastropoda Ampullaridae, os Ephemeroptera Baetidae, Caenidae Leptophlebiidae e Leptohyphidae, os Trichoptera Hydropsychidae e Phylopotamidae, os Diptera Chironomidae, os Coleoptera Elmidae, os Oligochaeta Tubificidae, os Bivalvia Unionidae e os Plecoptera Perlidae foram as mais freqüentes e abundantes, somando 85 % dos números totais. Dentre os 89 morfotipos, quase todos identificados ao nível taxonômico de gênero, os Trichoptera Macronema sp. e Chimarra sp., os Ephemeroptera Cryptonympha sp., os Plecoptera Anacroneuria sp., os Diptera Chironominae, duas espécies (morfotipos) de gastropoda da Família Ampullaridae e um Bivalvia Unionidae somaram mais de 50 % do número total de organismos coletados. Estes dados bem representam a característica geral das comunidades de macroinvertebrados aquáticos, onde ocorre uma grande diversidade de organismos e a dominância numérica de poucas espécies. Devido ao limitado conhecimento taxonômico e pela quase completa ausência de estudos sobre os aspectos biológicos dos Insecta aquáticos (VANZOLLINI, 1964), a discussão sobre a distribuição das espécies no Brasil, e mesmo na região Neotropical, pode representar mais as diferenças entre áreas onde há algum estudo do que efetivamente o padrão de distribuição biogeográfica da fauna. De acordo com estudo de Paprocki et al. (2004), sobre os Trichoptera do Brasil, o gênero Chimarra está representado por 5 espécies e o gênero Macronema por apenas uma espécie no Estado do Paraná. Entre os Ephemeroptera, Salles et al. (2004) registraram apenas duas espécies de Cryptonympha para o Brasil, não havendo registros do gênero para o Paraná até o presente momento. Anacroneuria foi o único representante dos Plecoptera a ocorrer nas amostras. Segundo Froehlich (2002), este gênero é o dominante na região Neotropical e em muitos lugares o único a ocorrer. Dentre os Ephemeroptera, um gênero da Família Caenidae (Caenis), um de Polymitarcidae (Asthenopus), seis de Baetidae (Apobaetis, Aturbina, Baetodes, Cloeodes, Cryptonympha, Spiritiops) e nove de Leptophlebiidae (Farrodes, Goncerellus,

119 8812/00-6B-RL VIII Hagenulopsis, Hydrosmilodom, Leentvaaria, Meridialaris, Simothraulopsis, Thraulodes e Ulmeritoides) tiveram seu primeiro registro para o Paraná, sendo dois novos para o Brasil (Goncerellus e Hydrosmilodom). Como ressaltado anteriormente, estes novos registros refletem mais a ausência de estudos sobre os macroinvertebrados aquáticos na região do que efetivamente a conquista de novos ambientes pela fauna. Vale ressaltar também que estudos mais aprofundados podem resultar, para pelo menos alguns destes novos registros, na descrição de novas espécies e gêneros de Ephemeroptera. N SP Ephemeroptera Odonata Trychoptera Diptera Gastropoda Coleoptera Hemiptera Bivalve Crustacea Plecoptera Megaloptera Lepidoptera Platyhelminthes Hyrudinae Oligochaeta Quelicerata Figura 3.33 Número total de organismos (N) e espécies (SP) de macroinvertebrados aquáticos Riqueza de espécies A curva de acumulação de espécies-amostras evidenciou o registro inicial de muitas espécies e um contínuo registro com o aumento do número de amostras, sem alcançar a estabilização. Este padrão de curva é típico para macroinvertebrados aquáticos (MELLO & FROEHLICH, 2000). Existem organismos que vivem todo o seu ciclo de vida e aqueles que vivem apenas uma parte do ciclo de vida na água, o que proporciona à fauna que compõe a comunidade aquática um diversificado modo de vida e uma grande capacidade de ocupar diferentes habitats. Estas características fazem com que curvas de acumulação espécies-amostras raramente se estabilizem, porém, diversas considerações podem ser feitas sobre as curvas de coletor. Através da curva de coletor, calculada pelo índice de diversidade Jacknife 2 (Figura 3.34), foi estimado que com cerca de seis a sete amostras pode-se atingir o total de espécies realmente observado. Se este valor for reportado para cada um dos rios, pode-se inferir que seriam necessárias de seis a sete amostras por rio para se realizar uma efetiva amostragem da fauna. Conforme o planejamento amostral adotado foram realizadas seis amostras em cada um dos tributários e dez amostras no rio Iguaçu. Com cerca de 50 % das amostras estimou-se que já haviam sido coletadas cerca de 88 % das espécies,

120 8812/00-6B-RL VIII indicando que se obteve um variado registro de espécies ao longo de cada rio e também entre os rios estudados. Este fato também evidenciou que mesmo com as diferenças registradas na estrutura da comunidade, (vide padrão de distribuição da fauna), estas diferenças estiveram mais relacionadas às variações nas abundâncias dos animais do que na sua composição taxonômica. Entretanto, os macroinvertebrados aquáticos caracteristicamente variam na sua composição ao longo de ciclos diários, sazonais e mesmo anuais. Isto demonstra que a amostragem foi mais representativa das variações que ocorrem numa curta escala de tempo (p. ex., com chuva e sem chuva) do que das variações sazonais esperadas Espécies Observado Estimado Amostras Figura 3.34 Curva de coletor para as amostras de macroinvertebrados aquáticos. O tracejado indica o número máximo de espécies registradas As análises de diversidade alfa e beta foram realizadas com os dados ao nível taxonômico de gênero, sendo, portanto, bastante conservativos e estando sub-estimados. As amostras do rio Monteiro apresentaram a maior riqueza de espécies, variando de 19 a 30 espécies por amostra (Quadro 3.3). Enquanto, as amostras do rio Iguaçu apresentaram menor riqueza, de sete a 20 espécies por amostra. O ponto mais a jusante do rio Gonçalves Dias na amostragem de abril (GD1A) apresentou a maior diversidade alfa, enquanto o ponto na desembocadura do rio Andrada na coleta de junho (NA3J) apresentou a menor diversidade alfa. Ambos os rios foram os que apresentaram as maiores variações na diversidade ao longo de seu curso e entre as datas de amostragem. Este resultado evidencia a grande semelhança na diversidade alfa ao longo da área estudada. Reflexo direto da amostragem estar concentrada numa pequena região geográfica e da relativa homogeneidade ambiental, representada pelas semelhanças na fisiografia, hidrografia e geologia local.

121 8812/00-6B-RL VIII Iguaçu Andrada Capanema Monteiro Gonçalves Dias Quadro 3.3 Diversidade das amostras de macroinvertebrados aquáticos Rio Período Ponto H' J' S N Abril Junho Abril Junho Abril Junho Abril Junho Abril Junho H = índice de Shannon; J = equitabilidade; S= riqueza de espécies; e N= número de indivíduos 1 2,04 0, ,97 0, ,17 0, ,52 0, ,98 0, ,21 0, ,37 0, ,20 0, ,45 0, ,30 0, ,85 0, ,81 0, ,58 0, ,24 0, ,48 0, ,79 0, ,46 0, ,59 0, ,99 0, ,46 0, ,56 0, ,54 0, ,27 0, ,50 0, ,83 0, ,63 0, ,89 0, ,06 0, ,15 0, ,98 0, ,51 0, ,63 0, ,70 0, ,56 0,

122 8812/00-6B-RL VIII Os índices de diversidade beta foram mais elevados no rio Andrada e menores no rio Monteiro. Embora seja possível observar uma variação nos valores de diversidade beta entre os rios estudados, as variações que ocorreram dentro de um mesmo rio foram tão diferentes ou similares quanto as variações que ocorreram entre os rios, como indicado pelo desvio padrão dos dados (Figura 3.35). 0,95 0,85 Diversidade Beta 0,75 0,65 0,55 0,45 0,35 Iguaçu Andrade Capanema Monteiro Gonçalves Dias Rios Figura 3.35 Diversidade beta (médias e desvios) dos macroinvertebrados bênticos nos distintos rios estudados Padrão de distribuição espaço-temporal O padrão de distribuição espacial e temporal dos macroinvertebrados aquáticos no rio Iguaçu foi significativamente diferente daquele dos tributários, rios Gonçalves Dias, Monteiro, Capanema e Andrade (ANOSIM, Quadro 3.4, Figura 3.36). Este resultado foi o previsto, uma vez que a região do baixo rio Iguaçu, localizada a aproximadamente a 500 km de distância de suas nascentes, pode ser classificada como a de um rio de sexta ordem. Enquanto os outros rios avaliados têm suas nascentes nas áreas próximas, podendo ser classificados como de quarta ordem. A ordem de classificação de um rio aumenta com o encontro deste rio com um outro de mesmo porte. Com o aumento da ordem de classificação pode-se esperar uma mudança no regime hidrodinâmico. A hidrodinâmica é um dos principais agentes físicos de grande escala atuando ao longo dos rios e causando diferenças na composição e abundância da fauna (STATZNER & HIGLER, 1986). A fauna dominante no curso estudado do rio Iguaçu pertenceu ao grupo dos Oligochaeta, Chironomidae e Bivalvia. Enquanto, nos tributários dominaram numericamente os Ephemeroptera, Trichoptera e Plecoptera.

123 8812/00-6B-RL VIII Quadro 3.4 Análise de Similaridade das amostras de macroinvertebrados aquáticos Fontes de variação R P Data (Abril x Junho) 0,226 0,01 Rio (entre todos) 0,286 0,01 Iguaçu - Andrade 0,552 0,001 Iguaçu Capanema 0,448 0,001 Iguaçu-Monteiro 0,644 0,00002 Iguaçu - Gonçalves Dias 0,327 0,007 Andrade Capanema -0,037 0,600 Andrade Monteiro 0,337 0,00002 Andrade Gonçalves Dias -0,013 0,485 Capanema - Monteiro 0,339 0,0013 Capanema - Gonçalves Dias 0,024 0,00372 Monteiro-Gonçalves Dias 0,139 0,00091 Dimensão 2 Dimensão 1 Abril Junho Rio Monteiro Rio Gonçalves Dias Rio Capanema Rio Andrade Rio Iguaçu Figura 3.36 Análise de ordenação (nmds) das amostras de macroinvertebrados aquáticos. Stress = 0,2. Entre os tributários do Iguaçu as amostras do rio Gonçalves Dias não diferiram das amostras dos demais rios. Amostras da fauna do rio Monteiro foram distintas daquelas dos rios Andrade e Capanema, conforme mostrado pela Análise de Similaridade.

124 8812/00-6B-RL VIII Devido a proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu, esperava-se que o potencial de colonização de espécies aquáticas fosse maior e mais diversificado no rio Gonçalves Dias. Entretanto, a composição e a abundância da fauna não diferiu dos demais. A ausência da cobertura vegetal natural na margem dos rios tem causado a perda do solo, que é carreado rio abaixo (vide material particulado em suspensão no item físico-química da água). Este evento ocorre em todos os rios da região e pode ser considerado como uma das maiores perturbações antrópicas causadoras da grande similaridade encontrada entre os vários rios estudados, uma vez que homogeniza o ambiente e causa perda de habitats para a fauna. O rio Gonçalves Dias é a zona limite do Parque Nacional do Iguaçu, possuindo toda a sua margem direita inteiramente preservada. Fato que não ocorre na margem esquerda. Por ter área bastante plana nas proximidades do rio, permitindo a preparação mecanizada da terra para cultivo, praticamente toda a mata ciliar da margem esquerda deste rio foi removida. Esta situação pode ser a responsável pela grande similaridade entre as amostras do rio Gonçalves Dias e os demais tributários. A bacia hidrográfica do rio Monteiro é menor que as demais e está sob influência direta dos efluentes domésticos e industriais do município de Capitão Leônidas Marques. Esta característica pode ser um fator importante na diferenciação da associação da fauna deste rio, uma vez que este apresenta os menores valores de diversidade beta registrados. As faunas dominantes neste rio foram os Trichoptera Macronema e Chimarra e os Coleoptera da Famílila Elmidae, principalmente Sthenelmis. Já as bacias hidrográficas dos rios Andrade e Capanema possuem extensas áreas de plantio e parecem estar mais sujeitas aos efeitos de resíduos de agrotóxico (vide item qualidade da água). Nestes rios dominam numericamente os Plecoptera Anacroneuria e os Ephemeroptera Cloeodes e Cryptonympha. A análise de ordenação das amostras evidenciou, também, que o padrão de distribuição da fauna diferiu nas duas datas de amostragem (ANOSIM, Quadro 3.4, Figura 3.35). Estas diferenças provavelmente estiveram relacionadas com períodos de seca, em abril, e período de chuvas, no mês de junho. A diminuição do nível da água nos rios pode causar uma maior agregação da fauna, que se distribui no ambiente de acordo com os recursos que estão disponíveis. Neste caso ocorre uma maior heterogenidade ambiental, com a disponibilidade de diferentes hábitats (p. ex., o acúmulo de folhas e folhiços e a fixação de perifiton e algas sobre pedras). Ao contrário, o aumento repentino no nível da água do rio desestrutura os microambientes formados, causando instabilidade e uma maior homogeneidade ambiental. A fauna tende a ficar mais dispersa no ambiente, uma vez que é levada pelas correntes ou fica agarrada ao fundo ou a qualquer superfície sólida Análise dos grupos de alimentação funcional A fauna dos rios estudados esteve composta preferencialmente por indivíduos de hábito Predador (42 %) e Coletor Juntador (24 %), ocorrendo uma baixa proporção de organismos Fragmentadores (19 %), Coletores Filtradores (14 %) e Raspadores (1 %) (Figura 3.22). Entretanto, os Coletores Juntadores dominaram numericamente na maioria dos rios, exceto nas amostras do rio Andrade onde dominaram os raspadores. Nos rios

125 8812/00-6B-RL VIII Capanema e Monteiro as proporções entre coletores juntadores e coletores filtrantes foi muito parecida. A contribuição relativa dos fragmentadores foi maior nas amostras do rio Iguaçu e dos predadores foi maior nos rios Capanema e monteiro. Col. Juntador Col. Filtrante Fragmentador Raspador Predador 100% 80% 60% 40% 20% 0% Todos IG AN CA MO GD Figura 3.37 Proporção de macroinvertebrados bentônicos segundo o Grupo de Alimentação Funcional para os rios Iguaçu (IG), Andrade (NA), Capanema (CA), Monteiro (MO) e Gonçalves Dias (GD) O Quadro 3.5 mostra a proporção dos grupos funcionais de alimentação dos macroinvertebrados como um indicador para os atributos do ecossistema de rio. O índice R/P indicou heterotrofia (quando a base da cadeia alimentar é composta pelo acúmulo de folhas submersas provenientes da mata ciliar) para os rios Iguaçu, Capanema, Monteiro e Gonçalves Dias e autotrofia (quando a base da cadeia alimentar é composta de algas e plantas vasculares aquáticas) para o rio Andrada. Este resultado é concordante com aqueles registrados pela análise de qualidade da água, que mostrou altos índices de nutrientes nitrogenados e de clorofila na água, e aqueles do plâncton, que registrou uma maior incidência de fitoplâncton neste rio.

126 8812/00-6B-RL VIII R:P Quadro 3.5 Proporções dos grupos funcionais de alimentação para os macroinvertebrados aquáticos Parâmetro CPOM:FPOM TFPOM:BFPOM CANAL Rio Proporção Limiar IG 0,47 Heterotrófico AN 0,97 Autotrófico CA 0,33 > 0,75 Heterotrófico MO 0,28 Heterotrófico GD 0,54 Heterotrófico Interpretação IG 0,04 Relação muito pobre entre fragmentadores e vegetação ripária AN 0,03 Relação muito pobre entre fragmentadores e vegetação ripária CA 0,01 > 0,25 Relação muito pobre entre fragmentadores e vegetação ripária MO 0,01 Relação muito pobre entre fragmentadores e vegetação ripária GD 0,02 Relação muito pobre entre fragmentadores e vegetação ripária IG 0,38 Aporte reduzido de FPOM em suspensão AN 0,64 Grande aporte de FPOM em suspensão CA 0,98 > 0,50 Grande aporte de FPOM em suspensão MO 0,88 Grande aporte de FPOM em suspensão GD 0,34 Aporte reduzido de FPOM em suspensão IG 1,00 Substrato estável adequado AN 2,17 Substrato estável adequado CA 1,60 > 0,50 Substrato estável adequado MO 1,39 Substrato estável adequado GD 1,06 Limiar proposto por Cummins and Merritt (2003) Substrato estável adequado Os atributos que estimam a relação entre o tamanho das partículas orgânicas disponíveis dentro do rio e que podem ser usados como um indicativo da qualidade da vegetação ciliar evidenciaram a quase completa ausência das matas ciliares na região estudada, com nenhum dos rios alcançando o limiar mínimo desejável. Os atributos da fauna que indicam a qualidade da matéria fina particulada em suspensão e depositada mostraram maior incidência de material em suspensão nos rios Andrada, Capanema e Monteiro, indicando que estes locais são mais favoráveis à exportação de matéria. Nos rios Iguaçu e Gonçalves Dias houve uma maior incidência de material particulado depositado, indicando por um lado a grande retenção de partículas em suspensão rio acima, por causa da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias, e a grande carga de material que está entrando nestes rios. No caso do rio Iguaçu, os tributários podem ser os responsáveis pela entrada do material que está sendo depositado, uma vez que estes possuem um grande aporte de material em suspensão. No rio Gonçalves Dias, como já foi ressaltado anteriormente, mesmo sendo área limite do Parque Nacional do Iguaçu, a mata ciliar em sua margem esquerda foi quase completamente removida e substituída por culturas agrícolas com grande potencial de erosão.

127 8812/00-6B-RL VIII Os atributos da fauna que indicam a estabilidade do canal mostraram que o substrato nos rios estudados é adequado e abundante, indicando a existência de habitats diversificados Peixes Composição e riqueza As amostragens realizadas na área de estudo resultaram em exemplares de 43 espécies, o que somado aos dados bibliográficos e museológicos perfizeram um total de 67 espécies, distribuídas em 35 gêneros e 16 famílias. O enquadramento sistemático, a forma de registro, a distribuição e o estado de conservação de cada espécie se encontram no Anexo VIII-V, assim como algumas fotografias da ictiofauna registrada durante os trabalhos de campo. Os resultados apresentados mostraram uma ictiofauna dominada principalmente por Characiformes e Siluriformes, com 86% das espécies registradas, padrão típico para os rios neotropicais (LOWE-MCCONNELL, 1987) (Quadro 3.6). Ordens Quadro 3.6 Famílias e número de espécies registradas na área de estudo Famílias (número de espécies registradas) Characiformes Characidae (19), Curimatidae (4), Crenuchidae (2), Parodontidae (1), Erythrinidae (1) Siluriformes Loricariidae (8), Trichomycteridae (8), Heptapteridae (5), Callichthyidae (4), Pimelodidae (3), Auchenipteridae (2) Cyprinodontiformes Anablepidae (1), Poeciliidae (1) Atheriniformes Atherinidae (1) Cypriniformes Cyprinidae (1) Perciformes Cichlidae (5) Gymnotiformes Gymnotidae (1) Apesar dessa constatação, este número de espécies pode ser considerado subestimado em virtude da falta de conhecimento da composição taxonômica de alguns táxons representados, como o caso de Astyanax, Bryconamericus, Characidium, Pimelodus, Rhamdia, Hypostomus, Ancistrus e Crenicichla. Das 81 espécies já citadas para estudos realizados no rio Iguaçu, 82,7% são previstas para este trecho estudado, sendo as espécies Apareiodon vitattus, Glanidium ribeiroi, Steindachneridion, Tatia sp., Pimelodus spp. e Crenicichla spp. reconhecidas como espécies das regiões do médio e baixo Iguaçu. Cerca de 62% das espécies registradas são exclusivas dessa bacia hidrográfica e a maior parte dos indivíduos capturados pertencem a essas espécies (Figura 3.38). Essa participação indica a importância dos processos regionais na determinação desta ictiofauna, como por exemplo as variáveis abióticas, as interações intra e interespecíficas, as relações tróficas e os ciclos reprodutivos (JACKSON & HARVEY, 1989),

128 8812/00-6B-RL VIII que podem ser os principais responsáveis pela caracterização da comunidade do futuro reservatório e da área de influência (AGOSTINHO et al., 1997). 34% não endêmicas 4% exóticas 9,5% não endêmicas 0,5% exóticas 62% endêmicas 90% endêmicas número de espécies número de exemplares Figura 3.38 Proporção entre espécies endêmicas, não endêmicas e exóticas na área de estudo De um modo geral, a ictiofauna estudada apresenta o padrão generalizado do rio Iguaçu, com poucas espécies e um elevado grau de endemismo (GARAVELLO et al., 1997). Caracteriza-se ainda pela ausência das famílias de peixes migradores mais comuns na bacia do rio Paraná, embora dele seja tributário desde a formação histórica desta última bacia. O isolamento causado pelas Cataratas do Iguaçu, associado a fenômenos climáticos, podem ter levado a uma compartimentalização geológica da bacia do rio Iguaçu, sendo este fenômeno o principal evento responsável pela atual situação da ictiofauna desta bacia (SAMPAIO, 1988) Caracterização dos grupos amostrados Os peixes da família Characidae apresentam forma muito variada, quase sempre comprimidos ou lateralmente achatados. Os hábitos alimentares são diversificados (herbívoros, omnívoros e carnívoros), o que permite a exploração de uma grande variedade de habitats. As espécies do gênero Astyanax registradas na área de estudo são vulgarmente conhecidas como lambaris, e servem de forrageiras para espécies maiores como a traíra Hoplias malabaricus e muitos bagres, constituindo um elo indispensável na cadeia alimentar. Os representantes da família Crenuchidae são peixes pequenos, sem fontanela frontal. A boca é pequena e apresenta dentes cônicos em uma única série nas maxilas. O gênero registrado é o mais comum para a região neotropical (Characidium) e provavelmente trata-se de uma espécie nova, endêmica da área de estudo.

129 8812/00-6B-RL VIII Os peixes registrados da família Curimatidae são de pequeno porte e não possuem dentes nas maxilas. Alimentam-se de detritos e matéria orgânica em decomposição e provavelmente terão sucesso na colonização do futuro reservatório, em função de suas características oportunistas e preferência por ambientes lênticos. As três espécies registradas para a área de estudo (Cyphocharax spp. e Steindachnerina sp.) pertencem a bacia do rio Paraná, e sua ocorrência no rio Iguaçu parece fruto de estocagem realizado por concessionárias hidrelétricas na bacia. As traíras não foram comuns nas coletas. Peixes da família Erythrinidae, são carnívoros, predadores, que apresentam ampla distribuição pela América do Sul. Assim como os Curimatidae, devem ter sucesso na colonização do futuro reservatório, por habitar preferencialmente ambientes lênticos, embora possam ser encontradas em rios de pequeno e grande porte. Sua alimentação apresenta variações ontogenéticas, sendo que os indivíduos jovens são predominantemente insetívoros, enquanto que os adultos são ictiófagos. Somente uma espécie endêmica da família Parodontidae é conhecida para o rio Iguaçu e foi registrada na área de estudo. Como vivem geralmente em rios de águas correntes e de fundo pedregoso, devem sofrer grandes alterações populacionais em função do represamento do rio. Alguns exemplares foram observados sobre o substrato (pedras e rochas), raspando e ingerindo os organismos fixados neste ambiente, o que é permitido em função da boca inferior, com dentes espatulados. Os bagres registrados pertencem a três famílias: Pimelodidae, Heptapteridae e Auchenipteridae. Estas famílias incluem um conjunto muito grande de peixes muito importantes na pesca regional, como os gêneros Pimelodus e Steindachneridion, que são animais bentônicos encontrados em corredeiras e poços profundos do rio Iguaçu. Os representantes do gênero Pimelodus e Glanidium foram particularmente abundantes nos tributários, muito embora esse último Auchenipteridae tenha sido capturado apenas na primeira fase de campo. Os candirus do rio Iguaçu são bagres de pequeno porte da família Trichomycteridae. Possuem espinhos na região opercular e sua ocorrência foi maior nas cabeceiras dos rios. Diversas espécies endêmicas são conhecidas para o rio Iguaçu e uma delas, que pode ocorrer na área de estudo, está citada na lista de espécies ameaçadas do Ibama de 2004 (Trichomycterus castroi). Os cascudos da família Callichthyidae são peixes de pequeno porte (<20 cm), e são caracterizados pelo revestimento de dupla fileira de placas ósseas na lateral do corpo. A boca é subterminal, pequena, e parte do trato digestivo pode funcionar como auxiliar respiratório. Poucos exemplares foram registrados, o que pode estar relacionado ao método de coleta utilizado no leito do rio Iguaçu (rede de espera), que tem se demonstrado seletivo para a espécie, ou a preferência por outros ambientes, haja visto a grande abundância que Corydoras paleatus apresenta no leito do rio Iguaçu entre Curitiba e União da Vitória.

130 8812/00-6B-RL VIII Os cascudos da família Loricariidae possuem o corpo recoberto por placas ósseas em várias séries, sendo que as espécies registradas podem ser divididas em dois grupos: as endêmicas do rio Iguaçu, como Hypostomus derbyi, Hypostomus myersi e provavelmente Ancistrus sp., e as espécies comuns a outros sistemas hidrográficos, como Hypostomus albopunctatus, Hypostomus commersoni e Loricarichthys rostratus, as quais ocorrem na área de estudo provavelmente pela mesma razão dos Curimatidae, ou seja, escapes de reservatórios da bacia que sofreram estocagem com espécies exóticas. Todos os cascudos registrados possuem lábios alargados em forma de ventosa e as maxilas providas de dentículos adaptados para raspar alimentos do substrato, e poucas espécies parecem ter sucesso na colonização de reservatórios, em função de seus hábitos reofílicos. Os acarás (família Cichlidae) são espécies oportunistas, muito comuns em alguns reservatórios de pequeno porte na bacia do rio Iguaçu. Seu sucesso na colonização desse tipo de ambiente está relacionado ao longo período reprodutivo, ao cuidado parental que apresentam e ao largo espectro alimentar, já que vários itens fazem parte de sua dieta, muito embora sejam caracterizados como bentófagos. Os barrigudinhos das famílias Anablepidae e Poeciliidae são peixes de pequeno porte e apresentam adaptações pouco usuais dentre os teleósteos, sendo a viviparidade a principal delas, o que envolve modificações morfológicas e fisiológicas em machos e fêmeas. Poucos exemplares de Phalloceros foram registrados, e a ocorrência parece estar relacionada somente aos pequenos corpos d água. Somente uma espécie de peixe eletrogênico foi registrada na área de estudo, muito embora a família Gymnotidae apresente ampla distribuição na região neotropical. São peixes de hábitos noturnos que usam órgãos elétricos para sua orientação, vivendo preferencialmente em ambientes lênticos. Muito embora a ocorrência natural do peixe-rei (família Atherinidae) seja em regiões de água salobra no litoral do Brasil, alguns exemplares foram capturados na área de estudo. Assim como o considerado para as carpas (Cyprinus carpio), os Curimatidae e para algumas espécies de Loricariidae, sua ocorrência na bacia deve estar associada às atividades humanas, como o cultivo em estações de piscicultura A ictiofauna e os ambientes amostrados O grande número de espécies observado e a predominância daquelas que apresentam uma ampla distribuição na área de estudo podem indicar que não existem preferências por um ou outro ambiente. Entretanto, quando observa-se a grande variação fisiográfica da bacia do rio Iguaçu, com áreas periodicamente alagáveis e lagoas naturais no Primeiro Planalto, e grandes extensões com corredeiras e poças profundas, nos trechos médio e inferior da bacia, diferentes ictiocenoses podem ser esperadas. Estas diferentes comunidades podem ser fruto dos distintos ecossistemas existentes, os quais estão fortemente associados às características físicas e químicas de cada ambiente e as condições climáticas de cada região.

131 8812/00-6B-RL VIII De acordo com a análise de similaridade/dissimilaridade realizada, pelo menos quatro ambientes distintos podem ser reconhecidos: leito principal do rio Iguaçu, rios de médio porte, riachos e córregos temporários (Figura 3.39). CAP AFL RH2 RH1 RH6 RH5 RH4 RH3 IGU QUI MOT AND COT MON MED JUS riachos riachos córregos temporários rios de médio porte rio Iguaçu Distância de Manhattan Figura 3.39 Dendrograma representando as relações de similaridade/dissimilaridade de espécies entre os locais de amostragens Além da variação na composição de espécies, variações no número de espécies de peixes entre cada sistema foram observadas (Figura 3.40), o que pode estar relacionada a fatores abióticos, naturais, antropogênicos e/ou relativos a interações entre as espécies, que interferem local e diretamente sobre seus domínios. RH6 RH5 RH4 RH3 RH2 RH1 IGU CAP AFL MOT QUI AND COT %& #' $ $ !"# # 5 0 JUS MED MON Figura 3.40 Número de espécies capturadas nas diversas estações e categorias de ambientes amostrados

132 8812/00-6B-RL VIII O trecho do rio Iguaçu estudado (pontos JUS, MED, MON) apresenta um aspecto rejuvenescido, com inúmeras ilhas e corredeiras, drenando uma área com pequenos centros urbanos e extensas áreas agrícolas. Esta região possui comunidades de peixes com muitas espécies e com interrelações complexas entre seus membros, como conseqüência de uma grande heterogeneidade ambiental. Algumas espécies registradas nos levantamentos de campo foram Astyanax sp., Astyanax altiparanae, Pimelodus spp., Apareiodon vittatus, Hypostomus cf. albopunctatus, Hypostomus myersi, Cyphocharax spp. e Crenicichla sp. Os rios de porte médio (pontos COT, AND, QUI, MOT) apresentam uma grande variabilidade longitudinal, sendo os trechos inferiores profundamente influenciados pelo rio Iguaçu, especialmente nos períodos de alta pluviosidade. Algumas espécies registradas no leito do rio Iguaçu encontram provavelmente ambientes propícios à reprodução nestes tributários, conforme já constatado para o rio Iguaçu na área de influência da UHE de Segredo (SUZUKI & AGOSTINHO, 1997). Esta constatação demonstra a importância dos tributários do rio Iguaçu na manutenção dos estoques pesqueiros dos reservatórios da bacia. Os riachos da bacia do rio Iguaçu (pontos AFL, CAP, RH2, RH1) apresentam uma grande variabilidade fisiográfica, sendo que as características topográficas e fisionômicas regionais proporcionam uma ampla gama de microambientes, provocando alterações na riqueza e diversidade da ictiofauna de cada sistema considerado. A ocorrência de distintos ambientes propicia a manutenção de um considerável número de espécies, as quais apresentam variações na sua abundância e na fase de desenvolvimento de acordo com o ambiente considerado. Apesar dessas diferenças, estes riachos amostrados apresentam uma fauna de peixes bastante peculiar e semelhante, o que permite o seu agrupamento em uma única categoria. Os riachos apresentaram uma ictiofauna composta principalmente por espécies reofílicas (torrentícolas), como por exemplo os caracídeos Astyanax (lambaris), Bryconamericus (pequiras) e Characidium (canivetes), os siluriformes dos gêneros Ancistrus, Corydoras e da subfamília Hypoptopomatinae, e ainda os bagres dos gêneros Rhamdia e Trichomycterus. As comunidades dos córregos temporários (pontos RH3, RH4, RH5 e RH6) são afetadas de modo marcante por mudanças estacionais decorrentes da expansão e contração do ambiente aquático durante as variações climáticas, sendo que as espécies resistem a grandes alterações, com o ambiente variando de riachos correntosos, durante a época de chuva, à poças isoladas, nas épocas de baixa pluviosidade. Para os peixes, este regime estacional reflete-se principalmente em mudanças na alimentação, reprodução e tamanho das populações. Estas condições levam ao desenvolvimento de uma comunidade peculiar, possivelmente isolada de outros riachos pelas águas mais volumosas dos trechos inferiores de sua bacia. Foram registrados para estes ambientes exemplares de Astyanax sp. e Gymnotus cf. carapo. Embora o termo ictiofauna de riachos não possa definir essa unidade como natural, a predominância de alguns padrões, como o pequeno porte de seus componentes e as adaptações às mudanças estacionais, permite a caracterização desse ecossistema particular, o qual apresenta uma série de características fisiográficas e hidrológicas que influenciam diretamente os ciclos de vida das espécies que aí vivem.

133 8812/00-6B-RL VIII Na área estudada da bacia do rio Iguaçu, as variáveis físico-químicas e hidrológicas apresentaram variações sazonais entre as duas fases de campo (seca/chuva), que acarretaram modificações sobre a ictiofauna, como já constatado por diversos autores em outros riachos (UIEDA, 1984; LEMES & GARUTTI, 2002; Castro et al., 2004). No mês de pluviometria mais baixa (abril/2004) foram constatados maiores valores de temperatura e menor vazão, sendo que essas mudanças tiveram atuação mais acentuada nesse tipo de ambiente (riacho) em função de sua dimensão reduzida Padrões de dominância, diversidade e abundância As espécies que dominaram as assembléias foram Bryconamericus ikaa (pequira), com 255 exemplares (17%); Astyanax sp. B (lambari-de-rabo-vermelho), com 236 exemplares (15,7%); Pimelodus sp. (pintado); com 176 exemplares (11,7%); Astyanax altiparanae (lambari-relógio), com 116 exemplares (7,7%); Crenicichla spp. (joaninha), com 75 exemplares (5%); Astyanax ita (lambari), com 57 exemplares (3,8%); Apareiodon vittatus (perna-de-moça), com 50 exemplares (3,3%); Characidium aff. zebra (canivete), com 38 exemplares (2,5%) e Pimelodus ortmanni (pintado), com 29 exemplares (1,9%). Essas espécies mais abundantes compuseram cerca de 70% do total capturado (Tabela 3.2). Tabela 3.2 Espécies mais abundantes nas capturas Espécie N % Bryconamericus ikaa ,0 Astyanax sp. B ,7 Pimelodus sp ,7 Astyanax altiparanae 116 7,7 Crenicichla spp. 75 5,0 Astyanax ita 57 3,8 Apareiodon vittatus 50 3,3 Characidium aff. Zebra 38 2,5 Pimelodus ortmanni 29 1,9 As espécies de Astyanax compuseram cerca de 30% da amostragem e demonstram uma ampla distribuição na área de estudo e na bacia do rio Iguaçu, o que leva a crer que sua abundância é decorrente de características que estes organismos apresentam que permitem a invasão e a colonização de ambientes que sofrem alterações cíclicas. Essas características adaptativas, como o pequeno porte, o alto potencial reprodutivo, o largo espectro alimentar e a tolerância ambiental, permitem que essas espécies sobrevivam em condições estressantes, o que leva a crer que sua abundância registrada em reservatórios no rio Iguaçu (AGOSTINHO et al., 1997; CORDEIRO & CORRÊA, 1997; ABILHO et al., 2003) e na área de estudo é decorrente da tolerância que estes organismos apresentam às variações ambientais. Essas espécies devem encontrar boas condições de sobrevivência no futuro reservatório e naturalmente deve ocorrer uma expansão de suas populações, em decorrência de

134 8812/00-6B-RL VIII fatores como novas fontes de alimento, da estratégia reprodutiva e a disponibilidade de novos ambientes (abrigos) na área represada e alagada. Outro componente importante da ictiofauna registrada mostra a importância das espécies reofílicas (de água corrente) na composição e estrutura das comunidades, tais como as espécies dos gêneros Apareiodon e Charadium e alguns componentes do gênero Hypostomus, como pode ser observado na Tabela 3.2. Tais espécies apresentam normalmente maior susceptibilidade às alterações ambientais devido a variados fatores, tais como sua ocorrência em ambientes de corredeiras, sua provável dependência de florestas ciliares para alimentação e abrigo e algumas especializações reprodutivas. Estas espécies são bem adaptadas a bruscas variações nos fatores abióticos, como o aumento da vazão do rio em função da chuva, o que é uma das características marcantes de muitos tributários e riachos na área de estudo. As variações provocadas pelo futuro reservatório, com perda de algumas áreas de corredeiras e o desmatamento das poucas áreas florestais ciliares remanescentes nas margens do rio Iguaçu, devem comprometer as populações dessas espécies. Com relação a diversidade, o maior valor foi registrado para o leito do rio Iguaçu, o mesmo acontecendo isoladamente para os parâmetros desse componente: riqueza e eqüitabilidade (Figura 3.41). A maior riqueza específica e diversidade observada para esse ambiente pode ser reflexo da grande heterogeneidade de ambientes que o leito do rio Iguaçu apresenta, suportando então um maior número de táxons. Número de espécies ,59 0,77 1,98 1,96 0,69 0,71 H E 5 0 rio Iguaçu rios afluentes riachos córregos Figura 3.41 Variação no número de espécies, diversidade (H ) e equitabilidade (E) entre as comunidades dos ambientes do leito do rio Iguaçu (rio Iguaçu), rios de médio porte (rios afluentes) e riachos

135 8812/00-6B-RL VIII As capturas totais realizadas nos pontos de amostragem no leito do rio Iguaçu (JUS, MED e MON) perfizeram 29 espécies e 841 peixes. No ponto amostral JUS foram capturados 21 espécies, representando 49,5% dos exemplares. Nos pontos MED e MON foram registradas 16 e 17 espécies, respectivamente, sendo que no ponto MED o número de exemplares representou 30,8% e no ponto MON 19,7% do total amostrado. A maior abundância de espécies e exemplares ocorreu no ponto JUS (Figura 3.42) espéc ies ex emplares biomass a , , ,07 JUS MED MON Figura 3.42 Número de espécies, exemplares e biomassa (em Kg) nos pontos amostrados no leito do rio Iguaçu Entre os exemplares capturados nesses pontos, as médias de comprimento total foram de 11,95±0,28cm (JUS), 13,62±0,36cm (MED) e 14,36±0,44cm (MON), o que permite caracterizar as populações de peixes desta região como de pequeno e médio porte. No ponto amostral JUS as espécies predominantes foram Astyanax sp. B, A. vitttatus, Pimelodus sp., B. ikaa, Crenicichla sp. e A. altiparanae. No ponto amostral MED as espécies predominantes foram Pimelodus sp., A. altiparanae, Crenicichla sp., G. ribeiroi, Astyanax sp. B e A. vitttatus. No ponto amostral MON as espécies predominantes foram Astyanax sp. B, P. ortmanni e Hypostomus sp.. Muito embora a maior abundância de indivíduos tenha sido registrada no ponto JUS (CPUE ind = 85,3), o maior índice de captura por unidade de esforço por peso (CPUE Kg = 2,4) foi registrado para o ponto MON, fato possivelmente relacionado ao maior porte das espécies registradas nesse local (14,36±0,44cm de comprimento total). Esses resultados demonstram que as diferentes modificações ambientais que podem ocorrer a montante e a jusante do futuro empreendimento hidrelétrico podem ser analisados separadamente, pois os impactos causados pela obstrução do canal do rio serão relativamente diferentes dos impactos causados pelo ambiente artificial do reservatório em função da proximidade e operação da UHE Salto Caxias, haja vista as diferenças na composição e estrutura da ictiofauna entre as áreas amostradas no leito do rio Iguaçu.

136 8812/00-6B-RL VIII Muito embora a maior parte das espécies esteve bem representada nos três pontos de coleta, co-habitando esses diferentes ambientes, pode-se inferir que a ictiofauna do rio Iguaçu na área de estudo se encontra parcialmente estratificada em função dos diferentes impactos que existem nesse trecho da bacia hidrográfica. A menor diversidade e abundância de espécies no ponto MON, além do domínio de algumas (Hypostomus, Pimelodus ortmanni e Astyanax sp. b) comuns em outros reservatórios do rio Iguaçu, indicam claramente que essa área está sendo afetada pela operação da UHE de Salto Caxias, indicando uma certa fragilidade para este trecho do rio Hábitos alimentares As categorias tróficas consideradas para o agrupamento das espécies de peixes seguem o proposto por Agostinho et al. (1997): - Herbívoros, que são peixes que se alimentam de vegetais superiores como folhas, sementes e frutos de plantas aquáticas e terrestres, além de algas filamentosas; - Insetívoros, que são peixes que se alimentam de insetos aquáticos e terrestres; - Detritívoros, que são peixes que ingerem sedimento juntamente com restos e excrementos de invertebrados; - Bentófagos, que são peixes que exploram o fundo e selecionam a presa da fauna bentônica; - Ictiófagos, também denominados de piscívoros, que são peixes que se alimentam de outros peixes; e - Onívoros, que são peixes que consomem indistintamente itens de origem animal e vegetal. Através da análise realizada de exemplares de 37 espécies capturadas, foi possível a caracterização da dieta das espécies de acordo com as preferências alimentares (Quadro 3.7), sendo que algumas espécies não foram incluídas nessa análise em função de terem sido representadas por poucos indivíduos. Dados complementares foram obtidos através de bibliografia. Quadro 3.7 Espécies de peixes registradas para a área de influência do estudo, agrupadas de acordo com as categorias tróficas predominantes Categorias Herbívoros Insetívoros Detritívoros Bentófagos Ictiófagos Onívoros Astyanax sp. B, Cyphocharax sp. Espécies registradas Astyanax spp; Bryconamericus sp.; Characidium sp.; Gymnotus carapo; Pimelodus sp. Hypostomus sp.; Ancistrus sp.; Apareiodon sp.; Cyphocharax sp. Geophagus brasiliensis; Corydoras sp. Oligosarcus longirostris; Hoplias malabaricus; Crenicichla sp., Rhamdia sp., Pimelodus sp., Glanidium ribeiroi Astyanax spp.; Oligosarcus longirostris

137 8812/00-6B-RL VIII As espécies insetívoras e ictiófagas constituíram os grupos mais diversificados, considerando-se todos os ambientes estudados. Aquelas espécies comuns à ambientes lóticos e lênticos mostram flexibilidade na sua dieta, sendo que uma das razões desta observação pode ser a estratificação espacial entre jovens e adultos, principalmente dos ictiófagos, que normalmente consomem insetos (larvas e/ou adultos) na fase inicial de crescimento, como o caso de Pimelodus sp. e Oligosarcus longirostris. As espécies ictiófagas foram representadas principalmente pelos peixes de grande porte, correspondendo a seis espécies. Com exceção apenas de H. malabaricus, a maior parte destes piscívoros são reofílicos e normalmente utilizam riachos, lagoas ou canais de planícies de inundação para o desenvolvimento inicial, ou freqüentam estes locais quando adultos para se alimentarem (AGOSTINHO et al., 1997). Os ictiófagos apresentaram freqüência de espécies ligeiramente maior que os outros táxons analisados (seis espécies, 15%), contudo, os insetívoros predominaram em termos de abundância total, representando 30% dos exemplares capturados. Ainda que não tenham sido realizados estudos completos sobre alimentação das espécies ocorrentes na área de estudo, o espectro apresentado mostra a importância da matéria orgânica importada da vegetação ripária na alimentação de alguns peixes. Isto pode ser claramente observado no consumo de itens alimentares autóctones (larvas aquáticas, insetos, algas e macrófitas) e/ou alóctones (artrópodos terrestres e frutos). Com o represamento, a alimentação, juntamente com o estresse ambiental, deve ser o fator primordial na estruturação das taxocenoses de peixes Reprodução A reprodução representa um dos aspectos mais importantes na biologia de uma espécie, visto que de seu sucesso dependem o recrutamento e a manutenção de populações viáveis. Assim como o considerado para a estrutura trófica, não foram realizados estudos aprofundados sobre a reprodução das espécies na área do empreendimento, já que para a análise da atividade reprodutiva das espécies seria necessário um longo período de amostragem, mas exemplares de 37 espécies foram dissecados para a observação do sexo e estádio de maturação gonadal, levantando informações importantes para essa fase dos estudos (Quadro 3.8).

138 8812/00-6B-RL VIII Quadro 3.8 Espécie, comprimento total médio, peso médio e estádio de maturação gonadal observado em alguns exemplares dissecados Espécie Comprimento total médio Peso médio Estádio de maturação gonadal Astyanax sp. B 11,2±0,3cm 16,1±1,4g em maturação (abril) e descanso (junho) Astyanax altiparanae 11,7±3,2cm 17,2±1,4g maduro (abril e junho) Oligosarcus longirostris 16,1±2,5cm 29,1±4,8g esvaziado (abril) e em maturação (junho) Apareiodon vittatus 14,7±1,5cm 23,1±2,7g descanso (junho) Hoplias malabaricus 15,9±0,5cm 30,1±2,7g descanso (junho) Rhamdia sp. 21,3cm 62g descanso (junho) Glanidium ribeiroi 27,5±1,5cm 38±3,5g descanso (abril) Pimelodus sp. 32,5±6,3cm 48±4,5g em maturação (abril) e maduro (junho) Corydoras paleatus 5,4cm 4,8g em maturação (abril) Cyphocharax sp. 12,1±1,3cm 22,3±3,7g maduro (abril e junho) Crenicichla 21,3±2,2cm 41,1±3,5g descanso (abril e junho) Baseado nestas informações e em dados bibliográficos, as espécies de peixes puderam ser enquadradas em dois grandes grupos: (i) aquelas que cumprem todo o seu ciclo de vida na região e (ii) aquelas que cumprem apenas uma fase de seu ciclo de vida no rio principal, utilizando cabeceiras, tributários e áreas alagadas como áreas de reprodução. Quanto a este segundo grupo, apesar de não existirem comprovações do fenômeno migratório reprodutivo de peixes na bacia do rio Iguaçu, algumas espécies capturadas são de ambiente tipicamente fluvial e apresentam estratégias reprodutivas adaptadas à ambientes de maior vazão. No rio Iguaçu, as espécies Pimelodus ortmanni, Pimelodus sp., Astyanax spp., Apareiodon vittatus e Oligosarcus longirostris podem ser enquadrados nessa categoria. Entre as espécies analisadas, a maior parte apresentou características de atividade reprodutiva recente, coincidindo com o observado para o trecho médio do rio Iguaçu (SUZUKI & AGOSTINHO, 1997). Estas informações podem indicar que os tributários onde estas espécies foram capturadas são importantes sítios de desenvolvimento de seu ciclo reprodutivo. Na bacia do rio Iguaçu, a escassez de informações relativas a bionomia das espécies de peixes indica uma limitação na adoção de medidas atenuadoras de impactos ambientais. Entretanto, a dependência dos peixes em relação à floresta já foi evidenciada em diversos estudos, sendo que além de fornecer alimento, a vegetação também pode ser responsável pela proteção dos hábitats de desova e crescimento, e pela estabilidade do sistema.

139 8812/00-6B-RL VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção Devido à falta de conhecimento básico sobre a distribuição dos peixes neotropicais, as espécies raras ou ameaçadas dificilmente são consideradas na elaboração de listas oficiais. Raras exceções são observadas na legislação do Estado de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do sul, na relação de peixes ameaçados do Brasil (ROSA & MENEZES, 1996), nas publicações avulsas de sobre os padrões de biodiversidade da mata Atlântica do sudeste e sul do Brasil (MENEZES et al., 1996) e sobre as ações prioritárias para conservação de elasmobrânquios (LESSA et al., 2000). Apesar da escassez de informações, na recente lista nacional (Instrução Normativa MMA no. 5, de 21/05/2004) e paranaense (ABILHOA & DUBOC, 2004) de espécies de peixes ameaçados de extinção, algumas das espécies aqui registradas foram enquadradas em categorias de ameaça da IUCN, em função da constatação do declínio de suas populações, da destruição de seus hábitats, do isolamento das populações sobreviventes e de áreas de distribuição reduzidas. Duas espécies registradas para este trecho da bacia do rio Iguaçu foram citadas nos trabalhos de conservação acima: os lambaris Astyanax gymnogenys e Psalidodon gymnodontus, ambas de status vulnerável, sendo que somente A. gymnogenys foi capturada na área de estudo. Estas espécies são endêmicas do rio Iguaçu e têm sido registradas em pequeno número nos estudos recentes realizados pelo Nupélia/UEM na área de influência da UHE de Salto Caxias no rio Iguaçu (A. A. AGOSTINHO, com. pess.). Também vale citar o candiru Trichomycterus castroi, presente na lista nacional, mas ausente na lista paranaense, uma vez que é comum nas partes altas da bacia do rio Iguaçu e tem sido registrado nos trechos médio e inferior. Outra espécie de destaque é a espécie Steindachneridion sp., ou surubim, o maior peixe nativo da bacia, de ocorrência rara e procurado pelos pescadores. Esta espécie habita locais de remanso próximos a fortes corredeiras do rio Iguaçu. De acordo com informações de moradores desta região (COPEL, 1993), a distribuição da espécie se restringia a jusante de Salto Santiago e esta espécie era relativamente comum em Salto Caxias. Apesar da importância da espécie, ainda não foi formalmente descrita e, portanto, não pode ser incluída nas discussões sobre as espécies ameaçadas Espécies migratórias No rio Iguaçu não existem estudos sobre a migração de peixes. Mas, comparando com as espécies migratórias, filogeneticamente próximas, de outras bacias, pode-se dizer que as encontradas no Iguaçu não realizam longas migrações. Desta forma, estão ausentes aquelas espécies reconhecidamente migratórias, tais como os curimbatás (Prochilodus spp.), piaparas (Leporinus spp.) e dourados (Salminus spp.). Isso pode ser conseqüência das grandes quedas ao longo do seu curso, o que dificultaria a subida dos peixes a montante. Provavelmente o aspecto rejuvenescido de vários trechos do rio Iguaçu e o represamento de alguns trechos, provocando a compartimentalização da bacia, pode ter

140 8812/00-6B-RL VIII extinguido aquelas espécies que dependiam de longos trechos para realizar as migrações reprodutivas (SAMPAIO, 1988). Os impactos causados pela obstrução do canal de um rio são diretos sobre a maioria dos peixes migradores dos rios brasileiros. Muito embora não existam constatações que permitam assegurar a ocorrência de fenômenos migratórios das espécies de peixes do rio Iguaçu (piracema), espécies reofílicas, que apresentam normalmente menor aptidão para suportar as alterações ambientais, podem ser enquadrados nessa categoria de espécies migradoras (sensu AGOSTINHO et al., 1992), como os lambaris do gênero Astyanax, a saicanga Oligosarcus longirostris e o bagre Pimelodus sp. Embora essas informações biológicas obtidas não sejam conclusivas, os estudos realizados em outros reservatórios do rio Iguaçu indicam que muitas dessas espécies podem ser encontradas em trechos mais superiores de ambientes represados, com características fluviais, sendo que as espécies reofílicas necessitam desses trechos lóticos para as atividades reprodutivas. Assim, a UHE Baixo Iguaçu deve permitir que essas condições sejam encontradas nos tributários, para que o desaparecimento local dessas espécies não ocorra Espécies de interesse comercial As espécies consideradas de interesse comercial regional são os peixes que ocorrem em grandes aglomerações e os de maior porte (Quadro 3.9). Embora a biologia dessas espécies na área estudada ainda seja desconhecida, resultados levantados pelo Nupélia/UEM indicam a utilização de ambientes torrentícolas para a realização de atividades reprodutivas. A constatação de atividades de pesca intensiva na região e a ausência de um monitoramento eficiente da explotação e do recurso pesqueiro, exigido pela dinâmica do ecossistema em questão, pode estar comprometendo os estoques pesqueiros regionais e a sua exploração econômica, o que, associado à carência de informações biológicas da maioria das espécies não permite o estabelecimento de um controle da atividade pesqueira local.

141 8812/00-6B-RL VIII Quadro 3.9 Espécies, etnoespécies (segundo a percepção dos pescadores) e petrecho de pesca registrado na área de influência Nome científico Etnoespécie Petrecho de pesca Astyanax altiparanae (1) Tambiú, lambari-relógio Rede de espera Astyanax sp. (2) Alambari, lambari Rede de espera Oligosarcus longirostris (2) Saicanga, cachorra Anzol, espinhel Hoplias aff malabaricus (1) Traíra, lobó, taraíra Anzol, espinhel Cyphocharax sp. (1) Sagüiru, escrivão Rede de espera Glanidium ribeiroi (2) Bocudo, morrudo, mojolo Anzol, espinhel Steindachneridium sp. (1) Sorubim, surubim, pintado Anzol, espinhel Hypostomus sp. (1) Cascudo Rede de espera Odonthestes bonariensis (3) Peixe-rei, pexerrei Rede de espera Cyprinus carpio (3) Carpa Rede de espera, anzol NOTA (1) Espécie de ampla distribuição na bacia do rio Paraná; (2) espécie endêmica do rio Iguaçu; (3) espécie exótica. Fonte: Dados obtidos através de entrevistas livres (rapport) Espécies invasoras e exóticas Uma pequena parcela de espécies registradas corresponde a peixes exóticos: o peixe-rei Odonthestes bonariensis, a carpa Cyprinus carpio e a tilápia Tilapia rendalli. Apesar de difícil constatação, a presença dessas espécies no trecho estudado pode estar causando a redução de populações locais, devido à competição por alimentação, abrigo ou até mesmo a disseminação de parasitos. A alteração da composição dos ecossistemas pode causar perdas irreversíveis aos recursos naturais, como a redução dos recursos genéticos, a perda potencial de fontes de alimentação e do controle de doenças, além da redução da estabilidade dos ecossistemas (KNAPP & MATTHEWS, 1999; KNAPP & MATTHEWS, 2000) Interpretação dos resultados O estudo das comunidades ictiofaunísticas de água doce necessitam da correta identificação dos exemplares obtidos, bem como de todo o conhecimento possível sobre sua ecologia, bionomia, estrutura populacional e história natural. Obviamente, em se tratando do Brasil, o país que possui o maior número de bacias hidrográficas e o maior número de espécies de peixes de água doce do planeta, este estado quase nunca é alcançado, sempre havendo novidades e fatores novos a serem estudados e conhecidos. De qualquer forma, a base de quaisquer tipos de estudos com comunidades de água doce é a bacia hidrográfica, ou seja, o conjunto dos corpos de água que drenam juntos, constituindo, pois, uma unidade. A bacia do rio Iguaçu é um exemplo disso. Decorre que o conhecimento da ictiofauna dulcícola também deve ser realizado de maneira contextualizada a partir da análise de sua bacia. Assim as identificações sistemáticas, bem como as conseqüentes chaves, são sempre obtidas para as bacias, não se devendo

142 8812/00-6B-RL VIII (embora muitas vezes seja o único caminho possível) utilizar chaves sistemáticas construídas para outras bacias. As mudanças produzidas pelos barramentos dos rios para fins energéticos, como primariamente a passagem do ambiente lótico para o lêntico, resultam no desaparecimento das espécies estritamente fluviais e secundariamente num rearranjo geral das espécies remanescentes (LOWE-MCCONNEL, 1975). O reservatório recém formado é colonizado por espécies previamente existentes, mas como nem todas as espécies são capazes de suportar o novo ambiente, a ictiofauna deste reservatório é bem menos diversificada que a de seu rio formador (AGOSTINHO et al., 1997). Os resultados demonstraram que as diferentes modificações ambientais que podem ocorrer a montante e a jusante do empreendimento devem ser analisadas separadamente, pois os impactos causados pela obstrução do canal do rio são relativamente diferentes dos impactos causados pelo ambiente artificial do reservatório, haja vista as diferenças na composição e estrutura da ictiofauna entre as áreas amostradas nos trechos montante e jusante do trecho do rio Iguaçu estudado. Segundo Lowe-McConnel (1975), as espécies de peixes submetidas a modificações como aproveitamentos hidrelétricos podem ser divididas em dois grupos. O primeiro é composto por espécies reofílicas, de água corrente, que aparentemente apresentam menores condições para permanecer em uma área represada. As espécies dessa natureza apresentam hábitos migratórios, normalmente relacionados a atividades reprodutivas, como o já relatado para estudos realizados no rio Paraná (AGOSTINHO et al., 1992). No rio Iguaçu, as espécies Pimelodus ortmanni, Pimelodus sp., Astyanax spp., Apareiodon vittatus e Oligosarcus longirostris podem ser enquadrados na categoria de espécies migradoras propostas por Agostinho et al. (1992), entretanto, até o momento, não há descrições ou constatações que permitam assegurar a ocorrência de fenômenos migratórios dessas espécies de peixes na bacia do rio Iguaçu. O segundo agrupamento é composto por espécies adaptadas a ambientes lênticos, como áreas profundas, remansos e regiões alagadas. Teoricamente, essas espécies se adaptariam melhor a um reservatório, por apresentarem amplo espectro alimentar e características reprodutivas adaptadas a ambientes de águas calmas. Os peixes registrados para o rio Iguaçu, notadamente para a área de implantação da barragem, em sua maioria apresentaram espécies que podem ser enquadradas nestas duas categorias, sendo que o ponto JUS, localizado próximo ao futuro eixo da UHE Baixo Iguaçu, apresentou uma maior representatividade de espécies reofílicas, como por exemplo os cascudos da família Loricariidae. As espécies mais abundantes, pertencentes ao gênero Astyanax (lambaris), foram capturadas em águas rasas próximas a vegetação marginal, sendo que os indivíduos maiores foram coletados na calha do rio ou em zonas profundas. Esses peixes apresentaram tamanho médio inferior a 10 cm, sendo portanto caracterizados como peixes de pequeno porte. Espécies de pequeno porte, sedentárias, com alto potencial reprodutivo, baixa longevidade e ampla tolerância ambiental caracterizam-se normalmente como oportunistas, as quais exibem maior facilidade na invasão de novos

143 8812/00-6B-RL VIII ambientes (AGOSTINHO & GOMES, 1997). Essas características demonstram-se apropriadas à maioria das espécies do gênero Astyanax registradas na área de estudo. Por este motivo, provavelmente, Agostinho & Gomes (1997) encontraram pelo menos duas espécies do gênero Astyanax ocorrendo em cerca de 97% das amostras do reservatório da UHE de Segredo (rio Iguaçu). Espécies com abundância subseqüente no reservatório foram Oligosarcus longirostris, Pimelodus ortmanni e Hypostomus myersi, muito embora esta última tenha sido abundante apenas no primeiro ano daquele estudo. As outras espécies registradas nos pontos amostrados no leito do rio Iguaçu (JUS, MED e MON), como o bagre Rhamdia quelen, o lambari Astyanax sp. C, a saicanga Oligosarcus longirostris, o canivete Apareiodon vittatus e os ciclídeos Geophagus brasiliensis e Crenicichla iguassuensis, por apresentarem uma distribuição espacial sem predominância entre os locais de coleta (barragem e montante), não ofereceram indicações sobre suas preferências ambientais. Isto posto, pode-se inferir que a ictiofauna da área de estudo se encontra parcialmente estratificada em função das diferentes pressões que esses ambientes vêm sofrendo nessa bacia hidrográfica. Segundo a fisiografia do rio Iguaçu na área estudada, seria esperado que sua ictiofauna sofresse variações dentro do trecho estudado, mas sua descaracterização bionômica é evidente, a qual provavelmente leva a supor que sua ictiofauna esteja sofrendo algum grau de impactação em função da operação da barragem de Salto Caxias. As variações ocorrentes hoje devem estar relacionadas ao estado de alteração ambiental da região, com perda significativa das áreas florestais e alteração da dinâmica de suas águas, o que pode comprometer o ecossistema regional. 4 - Contexto local: vegetação e flora Vegetação Área de influência indireta A área de influência indireta está entre as mais alteradas por ocupação humana na bacia. Apesar de contar com aproximadamente 38% de florestas, praticamente a metade dessas encontra-se no Parque Nacional de Iguaçu. Fora da unidade de conservação, os remanescentes estão dispersos em uma matriz de propriedades rurais via de regra pequenas, e, portanto, incapazes de manter grandes extensões florestadas. Com uma altitude média de 453 m, a área de influëncia indireta concentra boa parte da Floresta Estacional Semidecidual da bacia, enquanto que a Floresta Ombrófila Mista aparece somente nas terras altas no extremo norte da margem direita (onde a altitude chega a 800m) e ao sul da margem esquerda (até praticamente 900m de altitude). Há algumas áreas de silvicultura, além de plantio em pequena escala de madeiras eucalipto em minifúndios. O empreendimento madeireiro de maior porte encontra-se na porção nordeste da área de influência indireta, entre as rodovias BR-277 e PR-180, nas subbacias dos rios Saltinho e São Salvador.

144 8812/00-6B-RL VIII O Desenho 8812/00-6B-A apresenta o mapa da vegetação e uso do solo da área de influência indireta e a Tabela 4.1 os quantitativos de cada classe. Tabela 4.1 Cobertura do solo na Área de Influência Indireta Cobertura do solo Km² % Floresta Estacional Semidecidual 2.191,30 25,39 Floresta Ombrófila Mista 1.134,26 13,14 Silvicultura 78,18 0,91 Agropecuária 3.166,75 36,70 Solo exposto 1.874,29 21,72 Área urbana 41,66 0,48 Água 139,95 1,62 Nuvens (células não classificadas) 2,75 0,03 As áreas de agricultura e pecuária representam 58% da área de influência indireta (mais de km² - soma das classes agropecuária e solo exposto), e acrescidas da silvicultura e de solo pavimentado (urbanizado), dominam a paisagem Área de influência direta Os Desenhos 8812/00-6B-A a 8812/00-6B-A apresentam os mapas da cobertura vegetal da área de influência direta e entorno imediato. Pode-se observar que a paisagem encontra-se bastante fragmentada. Pela margem esquerda do rio Iguaçu, a situação parece um pouco melhor, com os maiores fragmentos, principalmente no rio Capanema, onde existem alguns fragmentos de floresta primária alterada. Pela margem direita a situação não é das melhores. A cidade de Capitão Leônidas Marques e a BR-163 exercem uma forte pressão de ocupação da área. Alguns pequenos fragmentos de floresta secundária em estágio avançado de regeneração ainda existem, principalmente na região do rio Andrada, e uma pequena área de floresta primária alterada pode ser encontrada próxima da região do eixo da barragem. A Tabela 4.2 apresenta os quantitativos. Conforme definido no item 1.1, foi considerada como área de influência direta: - a área inundada pelo futuro reservatório, incluindo as ilhas, que terão a vegetação suprimida, totalizando cerca de 1,359 ha; - a área de preservação permanente de 100 m do futuro reservatório, com ha; - local das obras, subestação, canteiros, áreas de empréstimo e bota-fora, com 455 ha. Ressalte-se que nesta fase atual dos estudos, as áreas de canteiro e de estocagem temporária do material de escavação do desvio do rio, bem como os acessos, ainda não foram locados em detalhe suficiente para permitir a quantificação das perdas de vegetação, Sendo assim, considerou-se a pior hipótese e quantificou-se, dentro da

145 8812/00-6B-RL VIII área restituída, as propriedades que abrangem os polígonos delimitados no desenho 8812/00-30-DE ; - trecho de 10 km do rio Iguaçu, acrescido de sua área de preservação permanente, a jusante da barragem, com ha. Essa área, uma vez que não foi restituída, foi quantificada por meio da imagem de satélite; e - uma porção do Parque Nacional do Iguaçu, em um raio aproximado de 1 km da foz do rio Gonçalves Dias, com 107 ha. Da mesma forma que no item anterior, foi quantificada por imagem de satélite. Cobertura do solo Tabela 4.2 Cobertura do solo (em ha) na Área de Influência Direta Faixa de inundação Área de Local das preservação obras 1 permanente Porção do PNI Faixa a jusante Total % Floresta primária 1,5 31,4 7,9 106,9 453,1 600,8 10,9 Floresta secundária avançada 2,1 225,5 28,5 256,1 4,6 Floresta secundária média 211,9 340,8 32,7 29,8 615,2 11,2 Floresta ripária 278,1 123,4 9,9 28,6 440,0 8,0 Capoeira 64,6 55,4 8,3 203,0 331,3 6,0 Pasto 492, ,0 172,1 260, ,0 38,0 Arvoredo 3,3 17,4 20,7 0,4 Reflorestamento 0,5 0,5 0,0 Cultivo 280,4 568,5 195,2 23, ,6 19,4 Área úmida/alagada 8,7 1,7 10,4 0,2 Área construída 0,3 10,0 10,3 0,2 Afloramento rochoso 15,4 15,2 34,1 64,7 1,2 Total 1.359, ,3 454,6 106, , ,6 100,0 Nota: 1 Estimativa Com relação às classes de cobertura do solo apresentadas na tabela acima, capoeira é um tipo de vegetação arbórea, em algum estágio de regeneração, mas que não foi possível de ser classificada segundo os critérios definidos pela Resolução Conama nº 02/94 a partir da observação das fotografia aéreas. Entretanto, para efeito de cálculo de áreas, foi considerada como sendo nativa e, portanto, protegida por lei (Decreto nº 750/93 e legislação correlata). As áreas úmidas e alagadas não podem aqui ser totalmente consideradas como áreas naturais, pois na sua quantificação também foram incluídos açudes, tanques, aterros de drenagens em estradas e outras intervenções humanas. Pelos dados apresentados acima, observa-se que, dos ha que compõem a área de influência direta (AID), pouco mais de 40%, ou cerca de ha, são cobertos por algum tipo de vegetação nativa arbórea. Cerca de 560 ha, representando 90% das florestas primárias existentes na AID estão contidas nos limites do Parque Nacional do Iguaçu. Por outro lado, cerca de 290 ha, ou 65% das florestas ripárias da AID estão dentro da área de

146 8812/00-6B-RL VIII inundação, e serão suprimidas com a formação do reservatório da UHE Baixa Iguaçu. Com relação às outras classe de vegetação nativa, deverão ser suprimidas algo em torno de 75 ha de capoeira, 250 ha de floresta secundária em estágio médio de regeneração e 30 ha de floresta secundária em estágio avançado de regeneração Ecologia da paisagem A conectividade florestal na área de influência indir eta (desenho 8812/00-6B-A ) é baixa, considerando-se que originalmente essa região era densamente coberta por florestas, como ainda o é o Parque Nacional do Iguaçu. A distância média das áreas não florestadas até o remanescente mais próximo é de 209 m (figura 4.1), o que equivale a dizer que a distância média entre dois remanescentes é o dobro, ou 418m. Figura 4.1 Histograma e estatística descritiva do mapa de conectividade florestal na área de influência indireta (abcissa = distância em metros, ordenada = número de células da imagem) A margem esquerda encontra-se em melhor condição que a direita (excetuando-se a área do Parque Nacional), em virtude de uma miríade de pequenos fragmentos, os quais resultam em pequenas distâncias entre uma floresta e outra. Na margem direita, fora do

147 8812/00-6B-RL VIII Parque, há uma ocupação agropecuária mais intensa, menos remanescentes e, por conseguinte, menor conectividade. As regiões com menor conectividade na margem direita localizam-se ao norte do Parque, entre Foz do Iguaçu e Medianeira, bem como na área de silvicultura entre a BR-277 e a PR-180. Na margem esquerda, o trecho ao norte da BR-163, entre a PR-182 e Capanema apresenta os valores mais baixos de conectividade, seguido pela região de Realeza- Santa Isabel do Oeste. O tamanho dos remanescentes florestais varia de dois (considerando a escala de trabalho 1: ) a ha (Parque Nacional do Iguaçu) (desenho 8812/006B-A ). A média é de 21,75 ha, porém esse valor é influenciado pelo Parque. Calculando-se a média de tamanho dos remanescentes florestais sem considerar essa unidade de conservação, obtém-se como resultado 10,82 ha, ou seja, a metade do valor anterior. Esse é o quadro de fragmentação na escala de trabalho adotada, refletindo um universo formado por fragmentos de diversos tamanhos. O efeito de borda na área de influência direta, em virtude dessa intensa fragmentação, é mais marcante se compararmos a área do Parque com os remanescentes fora do mesmo. Considerando a totalidade da área de influência indireta, a distância média do interior da floresta até a borda mais próxima é de m, e a máxima, m (figura 4.2). Esses valores são fortemente influenciados pelo maciço florestal que é o Parque, enquanto que as demais florestas apresentam efeito de borda de muito elevado a, na melhor das hipóteses, médio (desenho 8812/00-6B-A ). Figura 4.2 Histograma e estatística descritiva do mapa de efeito de borda na área de influência

148 8812/00-6B-RL VIII indireta, considerando o Parque Nacional do Iguaçu (abcissa = distância em metros até a borda, ordenada = número de células da imagem) Descontando-se o Parque, a distância média até a borda reduz-se para 74 m, e a máxima, 994 m (figura 4.3). Nessas condições, fica evidenciado que a única região de floresta com características nucleares (ou seja, sem características de ecótono e sem influência de ecótonos próximos) é a porção central do Parque. Na margem direita, encontra-se uma situação mais favorável, com alguns fragmentos grandes entre o Parque e a BR-277 e na porção nordeste da área. No entanto todos esses apresentam efeito de borda médio ou, quando muito, ligeiramente baixo. Não há florestas com baixo efeito de borda na margem esquerda do rio Iguaçu, dentro da área de influência indireta. A grande maioria dos fragmentos tem elevado efeito de borda, e alguns poucos remanescentes chegam a valores médios em seu centro. Essas áreas encontram-se entre Pérola do Oeste e Santo Antônio do Sudoeste, a leste de Ampere e na margem direita do Rio Capanema, próximo à confluência da BR-163 com a PR-182. Figura 4.3 Histograma e estatística descritiva do mapa de efeito de borda na área de influência indireta, considerando somente os remanescentes fora do Parque Nacional do Iguaçu (abcissa = distância em metros até a borda, ordenada = número de células da imagem)

149 8812/00-6B-RL VIII O índice de circularidade dos fragmentos florestais na área de influência indireta demonstra a mesma predominância de ecótonos que o mapa de efeito de borda. O valor médio do IC é de 0,253, com amplitude entre 0,049 e 0,891 (figura 4.4). De fato há fragmentos com IC maior que 0,7, e que poderiam ser considerados bastante circulares, considerando que o máximo teórico é de 1,0. Entretanto isso não significa pequeno efeito de borda, pois esses fragmentos que tendem à circularidade são de fato pequenos, e por isso apresentam um contorno mais regular que grandes polígonos como o do Parque, sendo favorecidos na relação área/perímetro, embora a distância interna até a borda seja pequena. Figura 4.4 Histograma e estatística descritiva do mapa de circularidade dos fragmentos na área de influência indireta (abcissa = valor do índice de circularidade, ordenada = número de células da imagem)

150 8812/00-6B-RL VIII Análise florística Composição e riqueza de espécies Ao todo foram registradas 629 espécies de plantas, representando 14 famílias de Pteridófitas (53 espécies), uma família de Gimnosperma (uma espécie) e 98 famílias de angiospermas (575 espécies) (Anexo VIII-VI). Deste total, 40% das espécies foram efetivamente coletadas na região, sendo que os materiais encontram-se depositados no herbário MBM da Prefeitura Municipal de Curitiba, 45% foram registradas por meio de coleções já existentes para a região do baixo Iguaçu e 15% foram registradas visualmente. Dentre as famílias mais diversas destacam-se Asteraceae (56 espécies.), Solanaceae (28 spp.), Euphorbiaceae (24 spp.), Fabaceae (24 spp.), Rubiaceae (24 spp.), Myrtaceae (22 spp.), Mimosaceae (20 spp.), Sapindaceae (18 spp.), Bignoniaceae (16 spp.), Orchidaceae (15 spp.) Poaceae (14 spp.) e Lauraceae (13 spp.) (Figura 4.1) Asteraceae Solanaceae Euphorbiaceae Fabaceae Rubiaceae Myrtaceae Mimosaceae Sapindaceae Bignoniaceae Orchidaceae Poaceae Lauraceae Figura 4.5 Número de espécies para as doze famílias botânicas de maior riqueza As famílias Asteraceae e Poaceae, com a maioria de suas espécies tipicamente de hábito herbáceo, ocorrem principalmente nas margens ou sobre rochas no leito do rio, bem como em áreas alteradas. A grande incidência de espécies desta família provavelmente se deva ao alto grau de antropização verificada na região, favorecendo o estabelecimento de plantas com esse tipo de hábito. Em oposição os representantes epifíticos da família Orchidaceae tendem a ocorrer em áreas florestadas em estágio avançado de regeneração, uma vez que estas dependem de forófitos estruturados e microclimas estáveis para seu estabelecimento. Como característica própria das Florestas Estacionais verifica-se uma grande quantidade de lianas, estas representadas principalmente pela família Bignoniaceae com as espécies Adenocalymma marginatum, Adenocalymma paulitarum, Adenocalymma bracteatum,

151 8812/00-6B-RL VIII Pithecoctenium crucigerum, Pyrostegia venusta, Tynanthus micranthus e Clytostoma sciuripabulon, além de Pisonia aculeata, da família Nyctaginaceae. No estrato herbáceo, presente no interior dos fragmentos florestais, destacam-se várias espécies de pteridófitas, sendo as mais comuns Blechnum brasiliense, Blechnum occidentale, Didymochlaena truncatula, Adiantopsis radiata, Doryopteris concolor, Heminitis tomentosa, Pteris deflexa, Pteris denticulata, Anemia phyllitidis, Tectaria villosa, Thelypteris dentata e Thelypteris riograndensis. As espécies Alsophila setosa (xaxim-deespinho), Diplazium ambiguum, Dennstaedtia globulifera, Dennstaedtia obtusifolia e Lindsaea botrichioides tendem a ocorrer apenas em ambientes florestais em bom estado de conservação, servindo como indicadores da qualidade e estruturação do sub-bosque florestal. Ainda para as pteridófitas cabe salientar a presença de Pteridium aquilinum (samambaiadas-taperas), uma espécie indicadora de ambientes alterados, presente principalmente nas áreas de pastagem ou na borda dos fragmentos florestais. Cabe destacar as espécies que compõem a flora típica das margens e das ilhas rochosas do rio Iguaçu, caracterizadas fisionomicamente pela presença marcante dos Sarandis (Sebastiania schottiana, Phyllanthus sellowianus e Calliandra foliolosa). Destacam-se várias espécies de Poaceae, Cyperaceae, Rubiaceae, Acanthaceae, Mimosaceae e Myrtaceae, além da notável presença de densos agrupamentos de Dyckia microcalix (caraguatá-da-pedra). Apesar desta região ser considerada biogeograficamente como um ecótono de floras distintas, floristicamente está representada principalmente por espécies típicas da Floresta Estacional Semidecidual (FESD), com a presença de poucos elementos da Floresta Ombrófila Mista (FOM), como por exemplo a própria Araucaria angustifolia. A ausência do xaxim (Dicksonia sellowiana) e da Imbuia (Ocotea porosa) corrobora esta evidência, uma vez que no Paraná estas espécies ocorrem tipicamente em regiões de floresta com Araucária. No entanto nota-se que a riqueza de espécies é bastante alta quando comparada a outros estudos já realizados em FESD. Em parte isso se deve ainda à ocorrência de elementos típicos das florestas ombrófila densa e ombrófila mista, aliado à proximidade dos remanescentes estudados para com o Parque Nacional do Iguaçu, o qual contribuiria diretamente na diversidade regional em decorrência da dispersão de sementes a partir de suas florestas primárias Espécies ameaçadas de extinção Para a confecção da lista de espécies ameaçadas de extinção presentes na área do empreendimeto, foram utilizadas as bases legais para proteção de espécies ameaçadas em âmbito estadual e federal, especificadas em SEMA-PR (1995), IUCN (1997) e IBAMA (1992). Ao todo foram constatadas 24 espécies ameaçadas de extinção na área do empreendimento (Quadro 4.1). Destas se destacam as espécies arbóreas de interesse comercial, como Aspidosperma polyneuron, Balfourodendron riedellianum, Tabebuia

152 8812/00-6B-RL VIII heptaphylla (Figura 4.6), Araucaria angustifolia, Machaerium muehlenbergianus, Euterpe edulis, Jacaratia spinosa (Figura 4.7), Gleditsia amorphoides, Astronium graveolens, Esenbeckia grandiflora, Machaerium paraguariensis e Myrocarpus frondosus, as quais poderão sofrer danos não somente pela perda de hábitat em decorrência das obras e formação do reservatório, como também pelo extrativismo seletivo. Quadro 4.1 Lista das espécies ameaçadas de extinção presentes na área do empreendimento Espécie Família Hábito Ocorrência (1) Ameaça Fonte Adenocalymma paulistarum Bignoniaceae Liana FOD, FESD Rara SEMA-PR Aphaerema spicata Flacourtiaceae Herbácea FOM, FESD Rara SEMA-PR Araucaria angustifolia Araucariaceae Árbórea FOM Rara Aspidosperma polyneuron Apocynaceae Arbóreo FESD Rara SEMA-PR IBAMA SEMA-PR IUCN Astronium graveolens Anacardiaceae Arbóreo FESD Rara SEMA-PR Balfourodendron riedellianum Rutaceae Arbóreo FESD Rara SEMA-PR Bauhinia microstachya ) Caesalpiniaceae Liana FOD e FESD Rara SEMA-PR Calycorectes psidiiflorus Myrtaceae Arbóreo FESD Rara SEMA-PR Centrolobium tomentosum Fabaceae Arbóreo FESD Rara SEMA-PR Croton paulinianus Euphorbiaceae Arbustivo FESD Rara SEMA-PR Esenbeckia grandiflora Rutaceae Arbóreo FOM e FESD Indeterminada IUCN Euterpe edulis Arecaceae Arbóreo FOD, FOM, FESD Vulnerável IUCN, IBAMA Geissomeria pubescens Acanthaceae Arbóreo FOD e FESD Rara SEMA-PR Gleditsia amorphoides Caesalpiniaceae Arbóreo FESD Em perigo SEMA-PR Jacaratia spinosa Caricaceae Arbóreo FOD e FESD Rara SEMA-PR Justicia laevilinguis Acanthaceae Herbáceo FESD Vulnerável SEMA-PR Justicia lythroides Acanthaceae Herbáceo FESD Rara SEMA-PR Lonchocarpus muehlenbergianus Fabaceae Arbóreo FESD Rara SEMA-PR Machaerium paraguariense Fabaceae Arbóreo FOM e FESD Rara SEMA-PR Myrocarpus frondosus Fabaceae Arbóreo FOD e FESD Rara SEMA-PR Picrosia longifolia Asteraceae Herbáceo FESD Rara SEMA-PR Polygala klotzschii Polygalaceae Herbáceo FESD Rara SEMA-PR Savia dictyocarpa Euphorbiaceae Arbóreo FOD e FESD Rara SEMA-PR Tabebuia heptaphylla Bignoniaceae Arbóreo FESD Rara SEMA-PR FOD: Floresta Ombrófila Densa; FESD: Floresta Estacional Semidecidual; FOM: Floresta Ombrófila Mista

153 8812/00-6B-RL VIII Dentre as 24 espécies aqui consideradas como ameaçadas de extinção, quase que a totalidade apresentam o status de rara, sendo que apenas Euterpe edulis (palmito), Gleditsia amorphoides (faveiro), Justicia laevilinguis (junta-de-cobra) são consideradas como vunlneráveis ou em perigo de extinção. Estas espécies, além das com potencial econômico merecem uma maior atenção no que se refere a estudos sobre os impactos que poderiam afetar suas populações. Figura 4.6 Tabebuia heptaphylla Figura 4.7 Jacaratia spinosa Espécies de interesse comercial As espécies de interesse comercial, relacionadas nos Quadros 4.2 e 4.3, referem-se aos produtos florestais madeiráveis e não-madeiráveis presentes nos remanescentes sob influência direta do empreendimento e que poderão sofrer pressões de exploração por ocasião das obras e operações do pretendido empreendimento.

154 8812/00-6B-RL VIII Quadro 4.2 Recursos vegetais madeiráveis de interesse comercial na região Espécie Utilização Conservação Acacia polyphylla (Monjoleiro) Lenha, construção civil --- Alchornea triplinervea (Tapiá) Marcenaria --- Apuleia leiocarpa (Grápia) Construções, marcenaria --- Araucaria angustifolia (Araucária) Construção civil, marcenaria Ameaçada Aspidosperma polyneuron (Peroba) Construção civil Ameaçada Balfourodendron riedelianum (Pau-marfim) Construção civil, marcenaria Ameaçada Cabralea canjerana (Canjerana) Construção civil --- Cedrela fissilis (Cedro-rosa) Construção civil, marcenaria --- Cordia trichotoma (Louro-pardo) Construção civil --- Cupania vernalis (Camboatá) Construção civil --- Diatenopteyx sorbifolia (Maria-Preta) Enterolobium contortisiliquum (Timbaúva) Construção civil Construção embarcações civil, Holocalix balansae (Alecrim) Construção civil --- Inga marginata (Ingá-feijão) Marcenaria --- Jacaranda puberula (Caroba) Marcenaria --- Luehea divaricata (Açoita-cavalo) Construção civil, marcenaria --- Matayba elaeagnoides (Miguel-pintado) Construção civil --- Myrocarpus frondosus (Cabreúva) Construção marcenaria Civil, Nectandra megapotamica (Canela-imbuia) Marcenaria, construção civil Ameaçada Ocotea pretiosa (Canela-sassafrás) Marcenaria Ameaçada Ocotea puberula (Canela-sebo) Construção civil --- Ocotea pulchella (Canela-lageana) Construção Civil --- Parapiptadenia rigida (Angico-vermelho) Construção civil, lenha --- Patagonula americana (Guajuvira) Construção civil --- Peltophorum dubium (Canafístula) Construção civil, marcenaria --- Piptocarpha angustifolia (Vassourãobranco) Construção civil --- Prunus sellowii (Pessegueiro-bravo) Construção civil --- Roupala brasiliensis (Carvalho-brasileiro) Construção civil, marcenaria --- Scheflera morototoni (Mandiocão) Marcenaria --- Schinus terebinthifolius (Aroeira-vermelha) Construção civil --- Tabebuia heptaphylla (Ipê-roxo) Marcenaria, construção civil Ameaçada Vernonia discolor (Vassourão-preto) Marcenaria --- Xilopia brasiliensis (Pindaíba) Construção civil --- Zanthoxylum rhoifolium (Mamica-de-porca) Construção civil ---

155 8812/00-6B-RL VIII Quadro 4.3 Recursos vegetais não-madeiráveis de interesse comercial na região Espécie Utilização Conservação Aechmea recurvata (Bromélia) Ornamental --- Bilbergia nutans (Bromélia) Ornamental --- Dyckia microcalix (Caraguatá-da-pedra) Ornamental --- Euterpe edulis (Palmito) Alimentação Ameaçada Leptotes unicolor (Orquídea) Ornamental --- Maxillaria marginata (Orquídea) Ornamental --- Maxillaria vitelliniflora (Orquídea) Ornamental --- Miltonia flavescens (Orquídea) Ornamental --- Oncidium fimbriatum (Orquídea) Ornamental --- Oncidium longicornum (Orquídea) Ornamental --- Pleurobotrium hatschbachii (Orquídea) Ornamental --- Pleurothallis platysemus (Orquídea) Ornamental --- Pleurothallis ramosa (Orquídea) Ornamental --- Pleurothallis riograndensis (Orquídea) Ornamental --- Pleurothallis sonderana (Orquídea) Ornamental --- Sacoila lanceolata (Orquídea) Ornamental --- Stenorhyncus australis (Orquídea) Ornamental --- Dentre as espécies vegetais ilegalmente comercializadas na região destaca-se a Euterpe edulis (palmito), a qual figura na lista das espécies ameaçadas de extinção do IBAMA, sendo a extração de seus indivíduos nativos proibida por lei. Observa-se que esta espécie está presente apenas em remanescentes de florestas primárias alteradas, onde as condições microclimáticas do interior florestal permitem a regeneração de suas populações. Muito embora seja uma espécie ameaçada de extinção, a facilidade nos métodos de extração e a grande procura comercial fazem com que esse recurso natural continue sendo indiscriminadamente explorado na região (Figura 4.8), inclusive nas áreas dentro do Parque Nacional do Iguaçu.

156 8812/00-6B-RL VIII Extrativismo vegetal Figura 4.8 Exploração do palmiteiro (Euterpe edulis) na área do empreendimento Tendo em vista o alto potencial madeireiro dos remanescentes na região, observa-se que em vários dos remanescentes a extração seletiva de alguns recursos florestais ainda persiste, tanto nas reservas legais quanto nas áreas de preservação permanente. Apesar de protegidas legalmente, observa-se que a vegetação ripária encontra-se muito abaixo dos limites legais esperados para a região, principalmente pela supressão e substituição desta vegetação por áreas agrícolas e/ou de pastagem. Dentre as espécies mais procuradas destaca-se Euterpe edulis (palmito) (Figura 4.8), Aspidosperma polyneuron (peroba-rosa), Luehea divaricata (açoita-cavalo), Balfourodendron riedellianum (pau-marfim), Peltophorum dubium (canafístula), Parapiptadenia rigida (angico-vermelho) e Holocalix balansae (alecrim) Vegetação a ser afetada Vegetação Aquática A vegetação aquática está representada basicamente por espécies de macrófitas submersas que permanecem aderidas ao substrato rochoso do rio Iguaçu (Figura 4.9). Normalmente as espécies tendem a ocorrer com maior abundância em áreas de corredeira onde a lâmina d água não ultrapassa um metro de profundidade, reunindo condições de luminosidade favoráveis ao estabelecimento destas comunidades (Figura 4.10). Dentre as espécies de macrófitas aquáticas destacam-se Apinagia yguazuensis Chodat & Vischer, Mourera aspera (Bong.) Tul., Podostemum aguirense Chodat & Vischer, Podostemum comatum Hicken, Podostemum rutifolium Warm. e Tristicha trifaria (Bory ex Willd.) Spreng. da família Podostemaceae e Echinodorus uruguayensis Arech. da família Alismataceae. Por apresentar características específicas de microhábitats, além de fornecerem abrigo e alimentação para uma gama de vertebrados e invertebrados, as espécies de

157 8812/00-6B-RL VIII Podostemaceae tem sido amplamente utilizadas com bioindicadoras da qualidade ambiental dos rios onde estas ocorrem (PHILBRICK & NOVELO 1995). Dentre os maiores impactos verificados sobre essas comunidades Tur (1997) destaca a implantação de usinas hidrelétricas como as principais ações antrópicas causadoras do declínio destas populações, uma vez que tais usinas tendem a serem construídas justamente em rios encorredeirados com forte declividade no relevo. Cabem aqui algumas considerações acerca das espécies de Podostemaceae encontradas na área de influência direta da UHE Baixo Iguaçu, uma vez que, apenas à exceção de Tristicha trifaria, todas as espécies presentes na área do empreendimento são endêmicas da bacia do rio Iguaçu. Figura 4.9 Macrófitas aquáticas parcialmente submersas Figura 4.10 Macrófitas aquáticas presas ao substrato rochoso Figura 4.11 Repolho-de-anta, Mourera aspera, macrófita atualmente restrita às corredeiras do rio Iguaçu Mourera aspera (Bong) Tul. Espécie endêmica da bacia do rio Paraná, originalmente presente no Brasil, Paraguai e Argentina. Popularmente conhecida como repolho-deanta, esta espécie era outrora abundante nas corredeiras rochosas dos rios Paraná, Uruguai e Iguaçu. Atualmente sua distribuição está restrita ao rio Iguaçu (FONTANA,

158 8812/00-6B-RL VIII ), tendo sido extinta das corredeiras do rio Paraná pela construção da usina hidrelétrica de Itaipu (Figura 4.11). Apinagia yguazuensis Chodat & Vischer Espécie endêmica das corredeiras do rio Iguaçu, sendo conhecida apenas por sua coleção original, de 1917, sugerindo uma raridade natural desta espécie em sua área de ocorrência. Em locais expostos ao sol a comunidade de Apinaya yguazuensis recobre quase que completamente a superfície das rochas, se comportando como uma erva anual. Associada a esta espécie normalmente se encontram indivíduos de Podostemum rutifolium e Tristicha trifaria. Tristicha trifaria (Bory ex Willd.) Spreng.: Uma das poucas espécies de Posotemaceae com ampla distribuição geográfica, ocorrendo na África, Austrália e América Tropical e Subtropical. Esta espécie, apesar de amplamente distribuída, no Paraná está restrita às corredeiras do rio Iguaçu. Podostemum aguirense Chodat & Vischer: Planta herbácea de oito centímetros de altura. Sua distribuição está restrita às corredeiras do rio Iguaçu, próximo à fronteira entre o Brasil e a Argentina. Podostemum comatum Hicken: Espécie de porte moderado, atingindo 50 centímetros de altura, conhecida apenas para as corredeiras do rio Iguaçu. A última coleta para esta espécie foi em 1968 (TUR, 1997). Podostemum rutifolium Warm.: Espécie pequena de Podostemaceae, atingindo no máximo sete centímetros de altura. Sua distribuição está restrita aos rios Iguaçu e seus afluentes próximos à fronteira entre o Brasil e a Argentina. Finalmente, ressalte-se que estas espécies poderão sofrer danos consideráveis em suas populações, uma vez que seu ambiente será afetado pelo reservatório da UHE Baixo Iguaçu. Tal redução poderá ainda interferir diretamente na manutenção da variabilidade genética das demais populações eventualmente presentes nas corredeiras localizadas abaixo do pretendido empreendimento, uma vez que várias das espécies apresentam distribuição restrita à bacia do rio Iguaçu Florestas ripárias e insulares As florestas ripárias, ou matas ciliares, são definidas como a vegetação adjacente aos cursos d água, direta ou indiretamente afetadas pelas variações nos regimes hídricos e decorrentes alterações nos níveis do lençol freático (Figura 4.12).

159 8812/00-6B-RL VIII Na região em questão as florestas ripárias presentes às margens do rio Iguaçu e tributários apresentam uma estrutura bastante diversa, com a presença de espécies características de florestas de terrenos mais elevados. Tal fato se deve ao relevo encaixado observado neste trecho do rio Iguaçu, fazendo com que os níveis do lençol freático não sejam drasticamente alterados com as flutuações do regime fluvial. Como espécies características das florestas ripárias da região se destacam os popularmente denominados Sarandis, representados pelas seguintes espécies: Sebastiania schottiana (Müll. Arg.) Müll. Arg., Phyllanthus sellowianus Muell. Arg. (Figura 4.13) e Calliandra foliolosa Benth.. Estas espécies estão restritas ao leito do rio Iguaçu e afluentes, imediatamente às margens dos rios, conferindo uma fisionomia bastante peculiar à paisagem (Figura 4.14). Estas espécies representam também a vegetação preponderante nas ilhas do rio Iguaçu. Nestas ilhas, evidentemente rochosas, a limitação imposta pelo solo raso e freqüentemente alagado pelas variações nos níveis fluviais, faz com estas espécies dominem quase completamente a cobertura vegetal, formando densos agrupamentos de árvores conspicuamente ramificadas desde a base, com altura média de quatro metros. Ainda sobre as ilhas rochosas do rio Iguaçu, observa-se a presença da Bromeliaceae Dyckia microcalyx (Figura 4.15), formando densas populações sobre as rochas desprovidas de solo. Esta espécie, com suas rosetas coriáceas e espinhos rígidos, apresenta-se restrita a estas ilhas fluviais, devendo ser diretamente afetada pela formação do reservatório. Para as Florestas Ripárias, foram amostrados 1000 m 2 de área, alocados em 25 parcelas de 40m 2. Ao todo foram registrados 330 indivíduos representando 32 famílias e 72 espécies de árvores, com altura média de 8,36 metros e uma densidade de 3300 indivíduos por hectare. As famílias com maior número de indivíduos foram Myrtaceae (37), Bignoniaceae (36), Meliaceae (34), Sapindaceae (28), Apocynaceae (23), Fabaceae (17), Flacourtiaceae (15), Rutaceae (15) e Moraceae (14), correspondendo a aproximadamente 60% (66,3%) de todos os indivíduos amostrados. Apenas as famílias Arecaceae, Caricaceae, Dilleniaceae, Loranthaceae e Urticaceae foram representadas por apenas um indivíduo (Anexo VIII-VII).

160 8812/00-6B-RL VIII Figura 4.12 Floresta Ripária Figura 4.13 Sarandi Phyllanthus sellowianus Figura 4.14 Fisionomia dominada pelas sarandis Figura 4.15 Bromélia Dickia microcalyx Das 72 espécies amostradas, 21 se destacaram como as mais representativas nesta formação, contabilizando mais de 60% do total do índice de valor de importância (VI%), quais sejam: Ficus eximia, Tabernaemontana catharinensis, Endichleria paniculata, Casearia sylvestris, Guarea macrophylla, Guarea kunthiana, Luehea divaricata, Gleditsia amorphoides, Eugenia moraviana, Chrysophyllum gonocarpum, Myrcia laruotteana, Alophyllus edulis, Cordia ecalyculata, Serjania reticulata, Adenocalymma marginatum, Zanthoxylum rhoifolium, Aspidosperma polyneuron, Clytostoma sciuripabulum, Holocalix balansae, Eugenia hyemalis e Campomanesia xanthocarpa (Anexo VIII-VII). O volume madeireiro estimado por hectare é de 240,17 m 3, com uma área basal de 64,21 m 2.ha -1. A biomassa total do componente arbóreo para a área amostrada é de ,74 Kg (Anexo VIII-VII), o qual perfaz uma estimativa de 423,4 Ton./ha. Note-se que houve uma participação relativamente eqüitativa de várias espécies na estrutura da comunidade, referendando a grande diversidade verificada e o relativo grau de preservação destes remanescentes.

161 8812/00-6B-RL VIII A família Myrtaceae, apesar de não apresentar os maiores valores de importância, foi a família com o maior número de indivíduos, sendo a grande maioria constituída de árvores de altura e área basal pequenas. Dentre todos os remanescentes analisados, as florestas ripárias apresentaram a maior riqueza de espécies (72), embora isso não tenha refletido em um maior número de indivíduos. Em parte isso poderia ser explicado pela presença de espécies não comumente encontradas em ambientes ripários que, no entanto, encontram condições favoráveis ao seu estabelecimento propiciadas pelo relevo íngreme das margens do rio Iguaçu (Figura 4.16). Comparação entre as unidades amostrais ,25 240,17 Floresta Ripária 42, ,19 142,72 14,5 Estádio Médio ,14 303,96 Estádio Avançado 35, ,19 844,5 Primária Alterada 51,3 Famílias Espécies Nº de Indiv. Área basal/ha Volume/ha Biomassa (Ton.) Figura 4.16 Comparação da riqueza e da estrutura entre as Unidades Amostrais A análise do esforço amostral indica que houve uma tendência na estabilização da curva amostral, apesar de duas novas espécies terem sido registradas nas duas últimas parcelas. A confrontação dos dados observados com os estimados (JACKNIFE) sugere que com a análise de nove unidades amostrais teríamos uma amostragem significativa da comunidade local (Figura 4.17). Como comentado no parágrafo anterior, a existência de uma gama bastante variável de ambientes decorrente de condições edáficas diferenciadas ao longo dos leitos dos rios, poderia estar contribuindo para a alta diversidade verificada nas florestas ripárias da região.

162 8812/00-6B-RL VIII S Estimado Observado Parcelas Figura 4.17 Esforço amostral indicado pela relação acumulativa de Espécie/Área (observado) e diversidade estimada (Jacknife) para os remanescentes de Floresta Ripária Floresta primária alterada Para os remanescentes de floresta primária alterada (Figura 4.18) foram amostrados 1000 m 2 de área, alocados em 25 parcelas de 40m 2. Para estes remanescentes foram registrados 262 indivíduos representando 26 famílias e 49 espécies de arbóreas, com altura média de 8,85 metros e uma densidade de 2620 indivíduos por hectare. As famílias com maior número de indivíduos foram Meliaceae (42), Arecaceae (38), Moraceae (30), Euphorbiaceae (20), Lauraceae (20) e Rutaceae (19), correspondendo a aproximadamente 64% de todos os indivíduos amostrados. Apenas as famílias Piperaceae, Caricaceae, Araliaceae e Bombacaceae foram representadas por apenas um indivíduo (Anexo VIII-VII). Figura 4.18 Remanescente de floresta primária alterada

163 8812/00-6B-RL VIII Das 49 espécies amostradas 13 se destacaram como as mais representativas da estrutura desta comunidade, somando mais de 60% (62,51%) do total do Índice de Valor de Importância (VI%), as quais foram: Euterpe edulis, Sorocea bonplandii, Patagonula americana, Alchornea triplinervea, Ocotea puberula, Holocalix balansae, Luehea divaricata, Aspidosperma polyneuron, Chrysophyllum gonocarpum, Guarea kunthiana, Cabralea canjerana, Guarea macrophylla e Alsophila setosa (Anexo VIII-VII). O volume estimado por hectare é de 844,5 m 3, com uma área basal de 70,16 m 2.ha -1. A biomassa total do componente arbóreo para a área amostrada é de ,88 Kg (Anexo VIII-VII), perfazendo um total estimado de 513,06 Ton./ha. Cabe salientar que o palmito (Euterpe edulis) e o pau-cincho (Sorocea bonplandii) foram as espécies com maior VI%, principalmente pela grande concentração de indivíduos verificada nestes remanescentes, além da presença também marcante do xaxim-deespinho (Alsophila setosa) como um dos componentes importantes da estrutura desta tipologia vegetal. Estas espécies são freqüentemente consideradas indicadoras de florestas primárias, uma vez que sua ocorrência depende de vários fatores ambientais relacionados a este grau de preservação. Adicionalmente destaca-se a presença de espécies arbóreas de altura e área basal grandes, remanescentes da extração seletiva verificada nestes fragmentos florestais, como a peroba (Aspidosperma polyneuron), o alecrim (Holocalix balansae), o açoitacavalo (Luehea divaricata), a guajuvira (Patagonula americana), o tapiá (Alchornea triplinervea) e a canela-sebo (Ocotea puberula). Todas essas espécies são também consideradas como sendo características de florestas primárias. As florestas primárias alteradas apresentaram o menor número de indivíduos dentre todas as formações vegetais analisadas. No entanto, apesar da baixa densidade, aos valores de dominância e volume foram os maiores obtidos, os quais são decorrentes da presença das espécies arbóreas de grande porte acima mencionadas. Da mesma forma se verifica uma biomassa consideravelmente maior em relação aos outros estágios sucessionais (ver Figura 4.19). A análise do esforço amostral, indicado pela relação acumulativa Espécie/Área, indica a estabilização da curva amostral nas quatro últimas parcelas. A confrontação dos dados observados com os estimados (Jacknife) sugere que com a análise de onze parcelas teríamos obtido uma amostragem significativa da comunidade local (Figura 4.19).

164 8812/00-6B-RL VIII S Estimado Observado Parcelas Figura 4.19 Esforço amostral indicado pela relação acumulativa de Espécie/Área (observado) e diversidade estimada (Jacknife) para os remanescentes de florestas primárias alteradas Floresta em estágio avançado de regeneração Para os remanescentes florestais em estágio avançado de regeneração (Figura 4.20) foram amostrados 1000 m 2 de área, alocados em 25 parcelas de 40m 2. Para estes remanescentes foram registrados 374 indivíduos representando 27 famílias e 67 espécies de arbóreas, com altura média de 9,46 metros e uma densidade de 3740 indivíduos por hectare. As famílias com maior número de indivíduos foram Mimosaceae (42), Bignoniaceae (32), Rutaceae (30), Fabaceae (28) Nyctaginaceae (26), Meliaceae (25), Verbenaceae (24) e Tiliaceae (20), correspondendo a aproximadamente 61% de todos os indivíduos amostrados. Somente a família Myrsinaceae foi representada por apenas um indivíduo (Anexo VIII-VII). Figura 4.20 Remanescente florestal em estágio avançado de regeneração

165 8812/00-6B-RL VIII Das 67 espécies amostradas, 17 (25%) se destacaram como as mais representativas da estrutura desta formação, somando mais de 60% (61,28%) do total do Índice de Valor de Importância (VI%), as quais foram: Parapiptadenia rigida, Alchornea triplinervea, Heliocarpus americanus, Luehea divaricata, Pisonia aculeata, Maclura tinctoria, Enterolobium contorticiliquum, Citrus sinensis, Aegiphila sellowiana, Rollinia sylvatica, Tabernaemontana catharinensis, Casearia sylvestris, Machaerium stipitatum, Ocotea puberula, Lonchocarpus nitidus, Guarea kunthiana e Anemopaegma sp. (Anexo VIII-VII). O volume madeireiro estimado por hectare é de 303,96 m 3, com uma área basal de 59,11 m 2.ha -1. A biomassa total do componente arbóreo para a área amostrada é de ,45 Kg (Anexo VIII-VII). Observa-se que neste estágio de regeneração as lianas assumem um papel importante na estrutura da vegetação, uma vez que a maioria destas espécies são heliófilas e de regeneração rápida, aqui evidenciadas pela presença marcante de Pisonia aculeata e Anemopaegma sp. A ocorrência de espécies típicas de ambientes alterados, como Heliocarpus americanus e Aegiphila sellowiana, indica um relativo grau de perturbação no ambiente. Muito embora espécies clímax estejam também presentes nestes remanescentes, sua representatividade é ainda bastante baixa (e.g. Balfourodendron riedellianum e Sorocea bonplandii). A presença do limoeiro-bravo (Citrus sinensis) como uma das espécies com maior VI% provavelmente se deva inicialmente a uma ação antrópica, sendo posteriormente disseminada no fragmento florestal, ocorrendo de forma subespontânea nos remanescentes florestais da região. Dentre todos os remanescentes analisados este estágio sucessional apresentou valores intermediários no que se refere à riqueza de espécies, densidade, volume e área basal. Verifica-se um decréscimo no número de indivíduos em relação às florestas em estágio médio, com um considerável aumento no número de espécies, área basal, volume e biomassa (ver Figura 4.21). A análise do esforço amostral, indicado pela relação acumulativa Espécie/Área indica a estabilização da curva amostral nas quatro últimas parcelas. A confrontação dos dados observados com os estimados (JACKNIFE), sugere que com a análise de onze parcelas teríamos uma amostragem significativa da comunidade local (Figura 4.21).

166 8812/00-6B-RL VIII S Estimado Observado Parcelas Figura 4.21 Esforço amostral indicado pela relação acumulativa de Espécie/Área (observado) e diversidade estimada (Jacknife) para os remanescentes em estágio avançado de regeneração Floresta em estágio médio de regeneração Para os remanescentes florestais em estágio médio de regeneração (Figura 4.22) foram amostrados 1000 m 2 de área, alocados em 25 parcelas de 40m 2. Para estes remanescentes foram registrados 414 indivíduos representando 28 famílias e 54 espécies de arbóreas, com altura média de 7,36 metros e uma densidade de indivíduos por hectare. As famílias com maior número de indivíduos foram Fabaceae (104), Verbenaceae (83), Mimosaceae (45), Piperaceae (22) e Meliaceae (19), correspondendo a aproximadamente 60% (65,9%) de todos os indivíduos amostrados. Apenas as famílias Lauraceae, Urticaceae e Bignoniaceae foram representadas por apenas um indivíduo (Anexo VIII-VII). Figura 4.22 Remanescente florestal em estágio médio de regeneração

167 8812/00-6B-RL VIII Das 54 espécies amostradas, apenas 12 (22%) se destacaram como as mais relevantes, representando mais de 60% (60,83%) do total do índice de valor de importância (VI%), as quais foram Aloysia virgata, Heliocarpus americanus, Dalbergia frutescens, Holocalix balansae, Myrocarpus frondosus, Piper amalago, Parapiptadenia rigida, Machaerium stipitatum, Chrysophyllum gonocarpum, Cupania vernalis, Lonchocarpus nitidus e Trichilia pallida (Anexo VIII-VII). O volume madeireiro estimado por hectare é de 142,72 m 3, com uma área basal de 29,18 m 2.ha -1. A biomassa total do componente arbóreo para a área amostrada é de ,82 Kg (Anexo VIII-VII). Ressalte-se a presença marcante da lixeira (Aloysia virgata) como uma das espécies de maior densidade e área basal nestes remanescentes, representando aproximadamente 15% do total do valor de importância para esta tipologia vegetal. Esta espécie tende a desaparecer em estágio sucessionais mais avançados, estando praticamente ausente nas florestas primárias. Nota-se que as espécies dominantes (excetuando-se Holocalix balansae) são na sua maioria espécies pioneiras de regeneração rápida. Os poucos indivíduos de Aspidosperma polyneuron e Holocalix balansae amostrados foram provavelmente poupados da extração realizada nestas áreas. Os remanescentes em estágio médio de regeneração apresentaram o maior número de indivíduos dentre todos os estágios sucessionais analisados. No entanto, a alta densidade não se reflete em diversidade e volume maiores, uma vez que a maioria dos indivíduos apresentou diâmetro e altura reduzidos (ver Figura 4.23). Da mesma forma, a biomassa estimada representou cerca de 1/2 do valor encontrado para o estágio avançado e 1/3 do encontrado para as florestas ciliares e primárias alteradas, referendando os dados obtidos para a diversidade e volume apresentados. Cabe ressaltar também a presença de apenas um indivíduo representando a família Lauraceae, a qual ocorre com relativa abundância nos demais estágios sucessionais analisados. A análise do esforço amostral, indicado pela relação acumulativa Espécie/Área, indica a estabilização da curva amostral nas quatro últimas parcelas. A confrontação dos dados observados com os estimados (JACKNIFE) sugere que com a análise de onze parcelas teríamos uma amostragem significativa da comunidade local (Figura 4.23).

168 8812/00-6B-RL VIII S Estimado Observado Parcelas Figura 4.23 Esforço amostral indicado pela relação acumulativa de Espécie/Área (observado) e diversidade estimada (Jacknife) para os remanescentes em estágio médio de regeneração Análises de diversidade Similaridade entre as unidades amostrais Uma comparação entre a riqueza de famílias e espécies, bem como para os valores de densidade, dominância, volume e biomassa, é apresentada na Figura Uma discussão detalhada sobre estas relações foi apresentada nos comentários para cada estágio sucessional. A análise de similaridade entre os estágios sucessionais, calculado pelo índice de Sorensen, indica uma maior similaridade florística entre os fragmentos em estágio avançado de regeneração e as florestas ripárias (IS=0,62). Esta similaridade pode estar relacionada aos valores de riqueza, densidade e área basal registrados para estas formações. Nota-se também uma grande similaridade entre as florestas primárias alteradas e as florestas ripárias (IS=0,58), as quais apresentam valores aproximados de biomassa, densidade e riqueza específica. O menor grau de similaridade foi observado entre os fragmentos em estágios médio e avançado de regeneração (IS=0,37). Utilizando o método de Bray-Curtis para fins de comparação entre os estágios sucessionais analisados (análise de cluster ), obteve-se também uma maior similaridade entre as florestas ripárias e os fragmentos em estágio avançado de regeneração (Figura 4.24 e Quadro 4.4), concordando com os valores obtidos pelo índice de Sorensen. Notase que as florestas em estágio médio de regeneração apresentam os menores índices de similaridade para com as outras, o que poderia ser explicado pela presença de várias espécies pioneiras na amostra, cada uma apresentando grande densidade relativa, as quais estão representadas em menor freqüência e densidade nas demais amostras.

169 8812/00-6B-RL VIII Figura 4.24 Dendrograma de similaridade obtido pela análise de Bray-Curtis para os fragmentos florestais amostrados Quadro 4.4 Índices de similaridade obtidos pela análise de Bray-Curtis Passos Clusters Distância Similaridade Junção 1 Junção , , , , , , Matriz de Similaridade Primária Ripária Médio Avançado Primária * 57, , ,1538 Ripária * * 55, ,4286 Médio * * * 55,7377 Avançado * * * * Quanto aos valores da média e do desvio padrão (Tabela 4.2), observou-se que os dados apresentam um alto coeficiente de variação, indicando que os desvios padrões são significativos para as amostras analisadas (Figura 4.25). Isso provavelmente está relacionado à grande variação de ambientes e estágios sucessionais dos locais de amostragem, conferindo uma grande variação na diversidade e estrutura das comunidades.

170 8812/00-6B-RL VIII Médias e desvios padrão das Unidades Amostrais Floresta Ripária Primária Alterada Secundário Avançado Secundário Médio Figura 4.25 Média e desvio padrão para as unidades amostrais (erro: 10%; nível de probabilidade 5%; variável: n) Tabela 4.2 Valores da média, desvio padrão e coeficiente de variação (CV%) para as unidades Unidades Média Desvio padrão Cv% Floresta Ripária 13,20 5,60 42,41 Primária Alterada 10,48 4,23 40,40 Secundário Avançado 14,96 6,33 42,30 Secundário Médio 16,56 7,16 43, Diversidade alfa Para as florestas ripárias, o índice de diversidade alfa de Shannon (H ) obtido foi de 4,0 e a equabilidade (J) igual a 0,93. Estes valores estão bem acima do esperado para florestas estacionais semideciduais (LEITÃO-FILHO, 1987), o que pode ser explicado pela alta variação de ambientes decorrente das características pedológicas e de relevo verificados nesta porção do rio Iguaçu. Tal variação poderia estar influenciando na distribuição e ocorrência de várias espécies que normalmente não ocorreriam em ambientes ripários, onde os níveis do lençol freático e a composição do solo lhes são favoráveis, somando-se então às espécies típicas das florestas ripárias e contribuindo para o alto índice de diversidade verficado. Para as florestas primárias alteradas, o índice de diversidade alfa de Shannon (H ) foi de 3,30 e a equabilidade (J) igual a 0,85, corroborando outros estudos já realizados para Florestas Estacionais Semideciduais (LEITÃO-FILHO, Op. Cit.) Para as florestas em estágio avançado de regeneração, o índice de diversidade de Shannon (H ) foi de 3,83 e, para a equabilidade (J), foi 0,91, os quais estão um pouco acima dos encontrados para outras áreas de florestas estacionais semideciduais (LEITÃO-FILHO, Op. Cit.). Provavelmente isso se deva à participação conjunta de espécies pioneiras e clímax na estrutura da floresta, conferindo uma diversidade maior a este estágio sucessional. Cabe ressaltar ainda que o Parque Nacional do Iguaçu, pela sua proximidade destes fragmentos florestais, poderia estar servindo como fonte de sementes

171 8812/00-6B-RL VIII e propágulos e, dessa maneira, contribuindo para manutenção da diversidade regional. O maior valor de equabilidade apresentado, em relação aos demais remanescentes, sugere uma distribuição bastante homogênea das espécies neste estágio sucessional. Para as florestas em estádio médio de regeneração o índice de diversidade de Shannon (H ) foi de 3,26 e a equabilidade (J) igual a 0,82, o que está em conformidade com outros estudos já realizados para esta tipologia vegetal (LEITÃO-FILHO, Op. Cit.) Diversidade beta Os dados obtidos para as diversidades ß foram maiores para as florestas ripárias e menores para as florestas primárias alteradas, indicando uma menor e uma maior homogeneidade, respectivamente. Da mesma forma, observa-se que os desvios padrões foram proporcionais, sendo que estas duas áreas apresentaram também os maiores e menores valores de desvio padrão, respectivamente 0,12 e 0,06. Embora seja possível observar uma variação nos valores de diversidade ß entre os remanescentes analisados, as variações que ocorreram dentro de um mesmo estágio sucessional (desvio padrão) podem ser tão distintos ou iguais, quanto as variações que ocorreram entre os diferentes estágios sucessioanis, como indicado pelo desvio padrão dos dados (Figura 4.26). Índice de diversidade Beta 0,8 0,7 Diversidade Beta 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Primária alterada Floresta Ripária Estágio Avançado Estágio Médio Figura 4.26 Índices de diversidade beta para os remanescentes estudados (médias e desvio padrão)

172 8812/00-6B-RL VIII Contexto local: fauna terrestre e semi-aquática Invertebrados terrestres: aracnídeos e miriápodes Riqueza de espécies São listadas cerca de 152 espécies de aracnídeos e seis miriápodes na área de influência direta e indireta da UHE Baixo Iguaçu. As aranhas compreendem o grupo mais numeroso (141 espécies), seguido dos opiliões (cinco), quilópodes (quatro), escorpiões (quatro), diplópodes (duas), escorpião-vinagre (uma) e pseudoescorpião (uma espécie) (Anexo VIII-VIII). Dos táxons listados, 95 foram amostrados (capturados) na área de influência do empreendimento. O restante foram registrados através da literatura, doação de escolas e/ou moradores locais e consultas aos museus. A área amostrada com maior diversidade foi um pequeno fragmento de mata primária próximo ao eixo da barragem, com 30 espécies. Para outras áreas amostradas, como alguns fragmentos de mata secundária, o número de espécies variou de doze a 16 espécies, enquanto que em áreas peridomiciliares esse número variou de uma a dez espécies. O fato de a ordem Araneae ser o grupo mais abundante neste inventário, não representa nenhuma novidade, já que é considerado o sétimo maior grupo de artrópodes, superado em número de espécies somente pela ordem Acari (Arachnida) e cinco ordens de insetos (PARKER, 1982). Das 31 famílias de aranhas, Araneidae e Theridiidae, representaram o grupo de aranhas mais diverso no levantamento. Ambas são famílias de aranhas de teia e com comportamento sedentário, portanto de fácil visualização no campo. Outras espécies comumente encontradas em todas as amostras realizadas em campo compreendem as famílias Ctenidae, Lycosidae e Theraphosidae. Todos os invertebrados peçonhentos foram registrados nas escolas visitadas dentro da área de influência, exceto a aranha-armadeira que também foi coletada em duas ocasiões. A análise da composição da fauna aracnológica registrada para a área de influência da UHE Baixo Iguaçu revela que a maioria das espécies identificadas possui ampla distribuição, evidenciando o alto impacto antrópico na região. Pode-se dividir as espécies encontradas em várias categorias em relação à área de distribuição conhecida de cada táxon: - Distribuição cosmopolita ou pantropical: Esta categoria inclui espécies sinantrópicas ou facilmente carregadas pelo homem, com distribuição por vários continentes. Exemplos: Smeringopus pallidus, Achaearanea tepidariorum, Wamba crispula etc; - Distribuição americana: Esta categoria inclui espécies que ocorrem desde a América do Sul até áreas temperadas da América do Norte. Exemplos: Argiope argentata, Cheiracantium inclusum, Nephila clavipes, Thwaitesia affinis etc; - Distribuição neotropical: Esta categoria inclui espécies que ocorrem em toda a América do Sul, podendo alcançar a América Central. Exemplos: Alpaida truncata, Metazygia gregalis, Micrathena plana, etc;

173 8812/00-6B-RL VIII Distribuição brasileira: Esta categoria inclui espécies que ocorrem em todo o Brasil (algumas espécies ausentes da região Norte) e áreas limítrofes dos países fronteiriços. Exemplos: Alpaida hoffmanni, Mesabolivar luteus, Lyssomanes leucomelas, etc; - Distribuição na região Sul do Brasil: Esta categoria inclui espécies que ocorrem apenas na região Sul do Brasil e em áreas limítrofes dos países fronteiriços. Exemplos: Metaltella iheringi, Ctenus longipes, Vitalius paranaensis etc. A única espécie considerada endêmica para a região de Iguaçu é o escorpião Bothriurus moojeni. Contudo, deve-se levar em conta que a fauna de escorpiões do Paraná é pouco conhecida e, provavelmente, essa espécie possua uma distribuição em outras áreas do estado. Além disso, existe um registro duvidoso para Iguazu, no lado argentino do rio Paraná. Uma outra espécie com distribuição conhecida apenas na área das cataratas do Iguaçu é Mesabolivar iguazu, coletada dos dois lados do rio Paraná. Quanto à fauna de myriapoda, todas as espécies listadas possuem ampla distribuição no centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. Somente algumas espécies são restritas as áreas florestadas do sul do Brasil como, Thereouquima admirabilis e Cryptops galatheae Espécies de interesse médico Entre as espécies registradas neste diagnóstico, três aracnídeos podem ser incluídos na categoria de peçonhentos e tornam-se importantes durante a fase de enchimento do reservatório. São elas, a aranha-armadeira (Phoneutria nigriventer), o escorpião-marrom (Tityus bahiensis) e o escorpião-amarelo (Tityus costatus). Segundo informações da responsável técnica do Posto de Saúde de Capanema, 90% dos casos de picadas de artrópodes peçonhentos são causados por de aranhas (provavelmente Phoneutria nigriventer). As aranhas do gênero Phoneutria, popularmente conhecidas por aranhas armadeiras, têm sido consideradas as mais perigosas do Brasil. Estas aranhas foram responsáveis pelo maior número de acidentes com aracnídeos notificados ao Ministério da Saúde no final da década de A elevada incidência dessas aranhas em certas regiões, o seu hábito, sua agressividade e a toxicidade do seu veneno são os principais fatores que determinam a sua periculosidade. Outra aranha altamente venenosa é a aranha marrom, Loxosceles sp. Este gênero é conhecido pela sua periculosidade e por habitar as residências, atrás de quadros, armários, no meio de livros, caixas de papelão e outros objetos pouco remexidos. Não são encontradas com facilidade no campo, mas podem proliferar-se em telhas ou materiais de construção empilhados, folhas secas, em casca de árvores, paredes de galinheiros e muros velhos, como o caso verificado neste trabalho. A coleta dessa espécie na área de inluência direta do empreendimento mostrou-se como uma surpresa nas amostras do trabalho, já que a mesma habita as regiões mais frias do estado do Paraná (informação interpretada somente com as espécies de Loxosceles com distribuição restrita ao Paraná). No entanto, dois fatores reforçam a presença dessa espécie na região: o local onde foi coletado o indivíduo (área peridomiciliar) e a existência de outro registro de uma espécie, não determinada, do gênero na área de influência direta.

174 8812/00-6B-RL VIII Outro aracnídeo, da ordem dos escorpiões, gênero Tityus, popularmente conhecido com escorpião amarelo, marrom ou preto, tem uma importância muito grande do ponto de vista epidemiológico. Suas espécies são responsáveis pela maioria dos acidentes humanos no Brasil. Três espécies deste gênero têm sido responsáveis por acidentes humanos graves, inclusive casos fatais: Tityus serrulatus, o mais perigoso escorpião da América do Sul, T. bahiensis e T. stigmurus. Tityus serrulatus é encontrado na região Sudeste, Paraná, sul de Goiás e Bahia, mas na área do empreendimento não foi registrada. Tityus bahiensis ocorre nas regiões Sul e Sudeste, sul de Minas Gerais e norte da Argentina e T. costatus nas regiões Sudeste e Sul, ambos foram registrados no presente estudo Insetos vetores Espécies registradas Os resultados nas áreas estudadas foram negativos para a ocorrência de flebotomíneos (mosquito-palha), simulídeos (borrachudo) e triatomíneos (barbeiro). Os resultados negativos para flebótomos, assim como a baixa produtividade das coletas de mosquitos, podem estar associados com a baixa precipitação pluviométrica da região, o que afeta diretamente os criadouros de mosquitos, uma vez que as formas larvais dependem dessa variável climática, assim como as baixas temperaturas que acometiam a região na segunda fase de campo. No entanto, foram registradas 22 espécies de culicídeos passíveis de transmissão de doenças (Quadro 5.1). Através das visitas aos postos de saúde, no setor de vigilância sanitária, dos municípios de Capanema, Capitão Leônidas Marques e Realeza, pode-se constatar que nos últimos anos, não houve notificação de casos autóctones de nenhuma doença transmitida por insetos vetores. Todos os casos registrados nessas áreas foram de pessoas que migraram de outras regiões do país, ou seja, casos importados. Porém, de acordo com dados da FNS (Fundação Nacional de Saúde) de Francisco Beltrão e Cascavel, áreas geograficamente próximas á área de influência direta e indireta,verificou-se um número significativo de casos de leishmaniose tegumentar no período de 1988 a Concomitantemente, nos inquéritos realizados nos postos de vigilância sanitária de Capanema e de Realeza, foi obtida a informação sobre a ocorrência na região de Aedes albopictus, descrito na literatura como potencial vetor da dengue. Como medida profilática, são necessários conhecimentos de quais as doenças tropicais mais prevalentes nas regiões de origem das populações migrantes. Por outro lado, são necessários estudos que esclareçam a receptividade da região para aquelas doenças, a fim de ser determinado o risco de implantação de uma nova endemia. Essas recomendações se justificam pela presença na área de estudo de vetores e reservatórios capazes de manter o ciclo de transmissão de determinadas doenças.

175 8812/00-6B-RL VIII Quadro 5.1 Espécies de culicídeos registradas na área de influência da UHE Baixo Iguaçu Espécies Espécimes Anopheles darlingi 08 Anopheles albitarsis 05 Anopheles shannoni 18 Anopheles rondoni 21 Anopheles sp 19 Aedes scapularis 32 Aedes sp 29 Aedes albopictus Coquilletidia justamansonia 34 Coquilletidia shannoni 11 Culex quinquefasciatus 07 Culex coronator 12 Culex sp 09 Haemagogus leucocelenus 05 Mansonia humeralis 14 Mansonia flaveola 06 Mansonia wilsoni 04 Mansonia indubitans 03 Runchomya sp 03 Uranotaenia apicalis 06 Uranotaenia sp 02 Tipurius sp 23 Total 271 E = registro através de entrevistas E O conhecimento dos portadores de doenças entre as pessoas migrantes antes da entrada na região, representa uma informação básica para que se possa evitar a instalação de alguma endemia na região. Ou seja, há ocorência de vetores da malária, dengue e febre amarela na região, dessa forma, a migração de operários, de origens diversas, que muitas vezes ignoram albergar parasitas, pode promover a infestação dos vetores locais, favorecendo a implantação de endemias. Com relação aos criadouros de mosquitos, com o represamento das águas do rio, este pode perder velocidade e isto pode estar criando condições favoráveis para o aumento da população de culicídeos nas áreas sob influência. Dessa forma, o crescimento da população de mosquitos nessas áreas pode trazer incômodos para os moradores que vivem em suas proximidades, aumentando, do ponto de vista epidemiológico, o risco de transmissão de malária e arboviroses.

176 8812/00-6B-RL VIII A presença de anofelinos na região, especialmente de Anopheles darlingi e Anopheles albitarsis, sugere a necessidade de se estabelecer vigilância epidemiológica permanente nas áreas de influência da UHE Baixo Iguaçu Insetos vetores de interesse médico Família Culicidae: No desenvolvimento do ciclo biológico, larvas e pupas são adaptadas ao ambiente hídrico, onde se comportam como animais aquáticos, participantes das comunidades ali existentes, ocupando nichos ecológicos próprios. As formas adultas representam uma fase diferenciada e destinada a reprodução e à dispersão das espécies. Nesta família estão os transmissores da febre amarela e dengue, assim como de diversas arboviroses, pertencentes a subfamília Culicinae. Na subfamília Anophelinae estão os mosquitos transmissores da malária, dentre eles o Anopheles albitarsis Arribalzaga, 1878, que segundo Guimarães et al. (1997) teve atuação primordial na vetoração do plasmódio em áreas da Usina Hidroelétrica de Itaipu, município de Foz do Iguaçu, PR. Família Psychodidae: Os flebotomíneos de importância médico-veterinária estão agrupados na sub-família phlebotominae, eles atuam como vetores de agentes etiológicos que causam graves doenças aos homens e outros mamíferos, tais como as leishmanioses (visceral e tegumetnar).trata-se de doenças relacionadas ao desmatamento, atacando, preferencialmente, trabalhadores das matas, relacionados à exploração de madeiras. Não será um problema na UHE Baixo Iguaçu, uma vez que não ocorrerão desmatamentos significativos. Subfamília Triatominae: A Ordem Hemiptera abriga os triatomíneos pertencentes à família Reduviidae, mais conhecidos como barbeiros, que são os vetores do parasita Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas. Na região norte do estado do Paraná foram reportadas recentemente por Toledo et al. (1997) e Guilherme et al. (2001) duas das principais espécies vetoras de T. cruzi no Brasil: Panstrongylus megistus (BURMEISTER, 1835) e Triatoma sordida (STAL, 1859). Todas as fases evolutivas, ninfas e adultos, dos triatomíneos se desenvolvem em ambiente terrestre, principalmente em ocos de árvores, bromélias, ambientes rupestres, dentre outros Anfíbios Riqueza de espécies Diversos trabalhos realizados nestas últimas décadas (e. g. DUELMANN, 1988; HEYER et al., 1990) revelaram que a região Neotropical apresenta as maiores diversidades de anfíbios anuros conhecidas. Entretanto, esta fauna que compreende sapos, rãs e pererecas ainda é pouco conhecida, sendo relativamente comum a descoberta de novas espécies. O rio Iguaçu apresenta grande importância geográfica para o Estado do Paraná, pois ao longo do seu percurso no território paranaense, ele representa um importante canal de dispersão da fauna terrestre, passando entre diversificadas formações florestais, com uma seqüência contínua de interfaces de gradientes ambientais (MAACK, 1981). Porém,

177 8812/00-6B-RL VIII a devastação das florestas em substituição a áreas de lavoura, agropecuária e ocupações urbanas, ocasionou grandes transformações na paisagem natural, descaracterizando assim este corredor. Certamente essas modificações interferiram e continuam a influenciar na dinâmica das populações e na distribuição das espécies. Uma das principais causas na diminuição da riqueza de espécies de anfíbios é a supressão da cobertura vegetal (AICHINGER, 1991; HADDAD, 1998) possivelmente devido as suas altas exigências reprodutivas que não encontram condições adaptativas para a reprodução em ambientes alterados (TOCHER, 1998; BERNARDE et al., 1999). As espécies de anfíbios estimadas para a região de estudo são aquelas do domínio da Floresta Estacional Semidecidual e da Floresta Ombrófila Mista. Durante as fases de campo apenas dez espécies foram registradas através dos diferentes métodos. Além destas, empregando o conhecimento prévio dos anfíbios que participam da formação florestal encontrada na região, do conhecimento da corologia de algumas espécies e através de dados secundários são estimados mais 27 anfíbios passíveis de ocorrência ao longo do rio Iguaçu, na região do empreendimento (ver Anexo VIII-IX). O total de espécies com provável ocorrência para a região foi 37, o que corresponde a cerca de 31% da anurofauna conhecida para o Estado do Paraná (c.a. 120 spp; SEGALLA & LANGONE, 2004). Todas as espécies apresentadas no Anexo VIII-IX pertencem à ordem Anura, que compreende sapos, rãs e pererecas. Representantes da ordem Gymnophiona (cecílias ou cobra de duas cabeças) não foram registrados para a região, refletindo a necessidade de estudos sobre este grupo, uma vez que é esperada a sua ocorrência. A ordem Caudata só possui ocorrência para Amazônia com uma única espécie. Acredita-se que a composição faunística de anfíbios encontrada nos estudos do Parque Estadual do Rio Guarani (PERG) e no EIA-Rima da UHE de Salto Caxias apresentem alto índice de similaridade dado à proximidade com a área sob influência do empreendimento e a influência dos mesmos domínios florestais (Floresta Estacional Semidecídua e Floresta Ombrófila Mista). O mesmo não parece ser verdadeiro para os dados obtidos para a UHE de Segredo. Em uma análise de similaridade envolvendo espécies de répteis a correlação entre Segredo e Salto Caxias foi igual a 0,55, enquanto entre Segredo e Foz do Areia foi de 0,73 (com. pessoal Sérgio A. Morato, 2004). Assim, foram considerados para a elaboração da lista de espécies apenas os estudos realizados no Parque Estadual do Rio Guarani, o EIA-Rima da UHE de Salto Caxias e o Plano de Manejo do Parque Nacional do Iguaçu (PNI), o qual está inserido na área de influência do empreendimento. No Anexo VIII-IX, as espécies estão classificadas quanto à ocupação do ambiente, status de conservação e distribuição. Desta forma pode-se considerar a comunidade anurofaunística da região dividida em dois grandes grupos. O primeiro grupo composto por espécies generalistas que originalmente habitavam áreas abertas naturais, as quais são beneficiadas pela substituição da vegetação florestal por áreas abertas e outras áreas antrópicas acumulativas de água, quer sejam para formação de açudes, lagoas artificiais, etc., podendo ser caracterizadas como espécies oportunistas, como, por exemplo, o sapo Bufo schneideri e a rãzinha Elachistocleis ovalis. Ainda dentro deste grupo pode-se incluir aquelas espécies que originalmente habitam áreas florestadas ou a borda destas e apresentam plasticidade em ocupar ambientes antropizados, também sendo caracterizadas como espécies oportunistas. Entre estas podemos citar Bufo crucifer

178 8812/00-6B-RL VIII (sapo), Hyla faber (sapo-ferreiro), Hyla minuta (perereca pequena), Phyllomedusa tetraploidea (perereca-macaco) e Physalaemus cuvieri (rã-cachorro) (KWET & DI- BERNARDO, 1999; IZECKSOHN & CARVALHO-E-SILVA, 2001). O segundo grupo é formado por espécies mais exigentes que necessitam da formação florestal ou então de áreas abertas naturais. Ou seja, alterações da formação vegetacional original dos seus habitats podem provocar um declínio nas suas populações devido à exigência requerida em seus modos reprodutivos especializados e adaptados a microambientes de florestas e áreas abertas naturais. Entre estas se destacam Hyalinobatrachium uranoscopum (perereca-de-vidro), Aplastodiscus perviridis (perereca verde), Hyla cf. semiguttata (perereca-verde), Osteocephalus langsdorffii (perereca grande), Scinax gr. catharinae (perereca), Crossodactylus sp. (rã-de-riacho-de-mata), Eleutherodactylus binotatus (rã-do-chão-da-floresta), Eleutherodactylus guentheri (rã-dochão-da-floresta), Limnomedusa macroglossa (rã) e Procerathophrys avelinoi (sapo-dechifre). Para estas espécies estenóicas é possível fazer menção aos aspectos conservacionistas relacionados a suas peculiaridades bioecológicas categorizando-as como "Indicadora", quando a alta exigência na qualidade ambiental for requerida para suas atividades reprodutivas e ou "Rara" quando por baixa densidade populacional e/ou por características crípticas, ou seja, quando os animais não forem de fácil registro ou visualização (Anexo VIII-IX). As espécies estenóicas representam cerca de 27% das espécies estimadas para a região sob influência do empreendimento e são elas que sofrerão em maior magnitude as conseqüências dos impactos principalmente devido à supressão de vegetação causando a perda de seus habitats e/ou dos seus sítios reprodutivos. As espécies podem ser consideradas especialistas também, quanto ao seu sítio de reprodução sendo que as que ocupam exclusivamente corpos d água lóticos parecem ser bastante sensíveis às alterações da qualidade da água. Dentre as 37 espécies estimadas para a região oito espécies ocupam exclusivamente este tipo de ambiente. O sapinho-debarriga-vermelha (Melanophryniscus gr. tumifrons) vocaliza e deposita seus ovos em pequenos córregos temporários (observação pessoal E. M. WISTUBA). A perereca-devidro (Hyalinobatrachium uranoscopum) (IZECKSOHN & CARVALHO-E-SILVA, 2001), a perereca-verde (Phrynohyas venulosa) (CAMPOS & TOSSULINO, 2002) e duas rãs (Leptodactylus podicipinus e Limnomedusa macroglossa) utilizam ribeirões para a sua reprodução (BERNARDE & MACHADO, 2001). Já outra perereca-verde (Hyla cf. semiguttata), a perereca-grande (Osteocephalus langsdorffii) (IZECKSOHN & CARVALHO-E-SILVA, 2001) e a rã-de-riacho-em-mata (Crossodactylus sp.) tem sua reprodução em córregos rochosos no interior de florestas. Esta última espécie não pode ser devidamente identificada porque possivelmente trata-se de uma nova espécie. Neste estudo oito espécies são consideradas tendo distribuição restrita, são elas: Melenophryniscus gr. tumifrons, Hyla caingua, Hyla raniceps, P. venulosa, Crossodactylus sp., Leptodactylus labirynthicus, L. podicipinus e L. macroglossa. Há, ainda, a presença de uma espécie exótica, Rana catesbeiana originária da América do Norte.

179 8812/00-6B-RL VIII Espécies raras e ameaçadas de extinção Das 37 espécies estimadas para a região, Limnomedusa macroglossa é a única com provável ocorrência para a área de influência que consta como criticamente em perigo de extinção no Paraná sendo considerada ameaçada, também, no Uruguai (SEGALLA & LANGONE, 2004), mas não está presente na lista do Brasil (Biodiversitas, 2002). Esta espécie foi registrada no Parque Estadual do Rio Guarani, (BERNARDE & MACHADO, 2001) e no rio Jordão, Município de Reserva do Iguaçu (obs. pessoal M. V. SEGALLA), sendo que os relatos indicam o desaparecimento de suas populações após a formação dos reservatórios das usinas hidrelétricas de Salto Caxias e Segredo. L. macroglossa apresenta distribuição para o Uruguai, Argentina e nos três estados do sul do Brasil (LANGONE, 1995), sendo que no Estado do Paraná ela parece estar associada à Floresta Ombrófila Mista (SEGALLA & LANGONE, 2004). Vive sobre as rochas nas margens de rios (Cei, 1980), possui hábitos terrestres e semifossoriais (GUDYNAS & GERHAU, 1981), e encontra-se associada a ambientes florestais. O período de reprodução compreende os meses de setembro a fevereiro (BERNARDE & MACHADO, 2001). Os girinos são encontrados em pequenos remansos em corredeiras ou em poças sobre o substrato rochoso (GERHAU & DE SÁ, 1980). A perereca-de-vidro (Hyalinobatrachium uranoscopum) está relacionada no livro vermelho da fauna ameaçada de extinção do Paraná (SEGALLA & LANGONE, 2004) na categoria de dados insuficientes. Ela está associada à Floresta Ombrófila Densa (IZECKSOHN & CARVALHO-E-SILVA, 2001), Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Semidecidual (BERNARDE & MACHADO, 2001), ocorrendo desde o norte do Rio Grande do Sul até o Espírito Santo (GARCIA & VINCIPROVA, 2003). São sugeridos estudos visando o conhecimento da biologia, distribuição e da dinâmica populacional da espécie. A preocupação com esta espécie tem como justificativa a sua alta especificidade ecológica a qual potencializa os efeitos negativos de qualquer impacto sobre o seu habitat, sendo que a supressão das formações florestais e a degradação dos ambientes lóticos parecem ser os principais fatores para o seu declínio populacional (GARCIA & VINCIPROVA, 2003; SEGALLA & LANGONE, 2004). Sob o status de raras, encontram-se oito espécies (ver Anexo VIII-IX). Entre elas destacam-se três hilídeos que ocupam ambientes florestados (Osteocephalus langsdorffii, Hyla cf. semiguttata e Scinax gr. catharinae), uma espécie de sapo (Melanophryniscus gr. tumifrons) e três leptodactilídeos (Leptodatylus podicipinus, Limnomedusa macroglossa, e Proceratophrys avelinoi), os quais se encontram sempre associados a formações florestais seja para atividades de reprodução ou abrigo. É importante ressaltar as espécies de distribuição restrita, sendo que cinco são classificadas tanto como raras quanto com distribuição restrita (Melanophryniscus gr. tumifrons, Hyla caingua, Leptodactylus labirynthycus, Leptodactylus podicipinus e Limnomedusa macroglossa). Todas carecem de informações sobre seus aspectos ecológicos e biológicos, necessitando de estudos de monitoramento de longa duração a fim de compreender a dinâmica de suas populações.

180 8812/00-6B-RL VIII Espécie exótica Os trabalhos realizados no Parque Estadual do Rio Guarani (BERNARDE & MACHADO, 2001 e CAMPOS & TOSSULINO, 2002), no Parque Nacional do Iguaçu (SEGALLA, 1998) e na área de influência da UHE de Salto Caxias (COPEL, 1993) apontam a presença de uma espécie exótica (Rana catesbeiana rã touro). Esta rã originalmente norteamericana foi introduzida em diversas regiões do mundo para diferentes fins. No Brasil foi trazida com o intuito de ser usada para a criação em massa e servir como fonte proteica alternativa. Devido às péssimas condições das instalações ou negligência dos criadores, este animal teve a possibilidade de ingressar no ambiente natural. Não se sabe no Brasil qual o real efeito desta introdução, pois os primeiros estudos estão ainda sendo desenvolvidos, porém sabe-se que em outros países, Rana catesbeiana, pode afetar negativamente alguns anuros autóctones (KUPFERBERG, 1997). De qualquer forma, é encontrada vivendo em condições naturais (GUIX, 1990; BERNARDE & MACHADO, 2001) podendo estar se reproduzindo. Acredita-se que a mesma utiliza áreas abertas para se dispersar podendo se beneficiar pelos impactos gerados na supressão de cobertura florestal Bioindicadores Os anfíbios são ótimos organismos para avaliar a qualidade físico-química de um ambiente devido às suas características morfológicas e fisiológicas que os deixam susceptíveis às alterações ambientais e a fatores antrópicos. A grande maioria das espécies possui um ciclo de vida complexo, com uma fase aquática e outra terrestre, ovos anamnióticos, susceptíveis ao calor e ao frio, fácil captura por predadores e pele altamente permeável (BASTOS, et al. 2003; ETEROVICK & SAZIMA, 2004). São estimadas para a região nove espécies de anuros com características bioindicadoras levando em consideração o caráter estenóico associado a ambientes de florestas e/ou modos reprodutivos complexos dependentes ou não de água, são elas: Hyalinobatrachium uranoscopum (perereca-de-vidro), Aplastodiscus perviridis (perereca verde), Hyla cf. semiguttata (perereca-verde), Osteocephalus langsdorffii (Perereca grande), Scinax gr. catharinae (perereca), Crossodactylus sp. (rã-de-riacho-de-mata), Eleutherodactylus binotatus (rã-do-chão-da-floresta), Eleutherodactylus guentheri (rã-dochão-da-floresta), Limnomedusa macroglossa (rã) e Procerathophrys avelinoi (sapo-dechifre). As espécies H. uranoscopum (perereca-de-vidro), H. cf. semiguttata (perereca-verde), O. langsdorffii (Perereca grande), Crossodactylus sp. (rã-de-riacho-de-mata) e L. macroglossa (rã), além de dependerem da cobertura florestal necessitam também para a sua reprodução de ambientes lóticos com boa qualidade ambiental (FEIO, et al. 1998), ou seja, isentos de produtos químicos como exemplo pesticida. As rãs-do-chão-da-floresta (E. binotatus e E. guentheri) depositam seus ovos no chão da floresta necessitando de um solo com uma quantidade específica de umidade para o desenvolvimento direto do embrião, não ocorrendo, portanto a formação de um estágio larval (DUELLMAN & TRUEB, 1986, HEYER, et al. 1990, RAMOS & GASPARINI, 2004). Dado o seu modo reprodutivo estas espécies necessitam da cobertura florestal para obter um ambiente propício para o desenvolvimento dos seus ovos.

181 8812/00-6B-RL VIII A fêmea dos sapos-de-chifre (P. avelinoi) deposita seus ovos em ninhos de espuma em brejos e poças em floresta e borda florestal, onde seus girinos completam sua metamorfose (SÁ & LANGONE, 2002). Todas as espécies consideradas acima necessitam de estudos sobre aspectos de sua biologia e ecologia. Porém, L. macroglossa se destaca entre elas, haja visto que constitui uma espécie criticamente ameaçada de extinção, além disso, é rara, apresenta caráter estenóico e distribuição restrita Répteis Riqueza de espécies A literatura científica aponta para a região estudada alguns poucos registros de répteis: Tupinambis merianae (citado como Tupinambis teguixin) em Leonardi (1975), Caiman latirostris em Morato (1991), Phrynops williamsi, Atractus taeniatus e Leptophis ahaetulla em Moura-Leite et al. (1996), Pseudoboa haasi em Morato et al. (1996), Hydromedusa tectifera e Phrynops williamsi em Ribas & Monteiro-Filho (2002). O Parque Nacional do Iguaçu, vizinho à área estudada e sob influência da UHE Baixo Iguaçu, através do seu Plano de Manejo (SEGALLA, 1999), registra 41 répteis com presença "certa" ou "confirmada" e mais 16 com ocorrência "provável" ou "incerta". Das espécies indicadas como constituintes da herpetofauna daquela unidade de conservação, cinco que foram dadas como de "ocorrência certa" não foram consideradas no presente estudo. Isso se deve ao fato de haver registros dessas espécies apenas para as porções mais baixas daquela unidade de conservação ou para as áreas lindeiras ao rio Paraná, todas significativamente distantes da área de influência direta (AID) e com características ambientais muito próprias, distintas das apresentadas na região em estudo. São elas: Chironius exoletus (uma cobra-cipó), Mastigodryas bifossatus (cobra-nova), Erythrolamprus aesculapii (uma cobra falsa-coral), Philodryas aestivus (uma cobra-verde) e Bothrops moojeni (jararacão). A ocorrência dessas espécies é aqui considerada como pouco provável para a AID e a área de influência indireta (AII) do empreendimento, mas não é de todo descartada. Por outro lado, quatro répteis registrados para a AII do presente estudo (Urostrophus vautieri, Atractus taeniatus, Echinanthera cephalostriata e Micrurus altirostris) não haviam sido considerados ocorrentes no Parque Nacional do Iguaçu por ocasião do Plano de Manejo. O maior volume de dados obtido para a região provém das coleções científicas consultadas. Procedentes dos municípios envolvidos no presente estudo foram levantados registros de répteis (a maioria pertencente ao acervo do MHNCI, em Curitiba), de mais de 80 topônimos localizados em 18 municípios da AII do empreendimento, que permitiram a formulação de uma lista com 41 répteis, ou seja, quase 100% das espécies consideradas neste estudo (42 répteis). A única exceção foi a serpente Atractus taeniatus, registrada em literatura e confirmada através de exemplares observados em unidades de ensino de alguns dos municípios visitados em abril e junho de 2004, mas até então não constante de nenhum dos acervos científicos examinados. Tal material é resultado tanto do esforço dos herpetólogos atuantes no Paraná em mapear todas as espécies do Estado (em especial Julio Cesar de Moura-Leite, Sérgio A.

182 8812/00-6B-RL VIII A. Morato e Renato S. Bérnils), quanto dos estudos desenvolvidos entre 1992 e 1999, sob patrocínio da Companhia Paranaense de Energia (Copel), na área afetada pela UHE de Salto Caxias. As unidades de ensino e saúde dos municípios visitados, por sua vez, acrescentaram um expressivo volume de dados e registros corológicos pontuais, permitindo avaliar com maior precisão a distribuição geográfica regional das espécies e estimar a sua abundância relativa. Ao todo foram 328 espécimes analisados nessas escolas e postos de saúde, de 22 espécies (52% das espécies consideradas), um montante de informações sem o qual a análise regional ficaria bastante empobrecida. As atividades de campo registraram 17 exemplares de nove espécies nativas e diversos registros da lagartixa-das-paredes exótica (Hemidactylus mabouia), nos limites da AID (Quadro 5.2). Quadro 5.2 Espécies de répteis registrados em campo Espécie (nome vulgar) Exemplares registrados Pontos de constatação Phrynops williamsi (cágado-rajado) três 3, 36, 52 Caiman latirostris (jacaré-do-papo-amarelo) um 112 Hemidactylus mabouia (lagartixa-das-paredes) diversos coordenadas não anotadas Tupinambis merianae (lagarto-teiú) três 9, 15, 31 Liophis poecilogyrus (cobra-de-capim) um 71 Oxyrhopus guibei (falsa-coral) um 61 Sibynomorphus ventrimaculatus (dormideira) dois 31, 62 Spilotes pullatus (caninana) dois 16, 26 Bothrops jararaca (jararaca) dois 17, 31 Bothrops jararacussu (jararacuçu) um 102 Crotalus durissus (cascavel) um 16 À exceção das duas formas aquáticas (o cágado e o jacaré), todas as espécies constatadas na AID durante as fases de campo são freqüentemente encontradas em áreas alteradas das regiões Sul e Sudeste do Brasil, porque são eurióicas (como Tupinambis merianae e Bothrops jararaca Figura 5.1), ou suportam um certo grau de atividade antrópica (como Spilotes pullatus Figura 5.2 e Bothrops jararacussu), ou ocupam ativamente ambientes antropizados (como Oxyrhopus guibei e Crotalus durissus Figura 5.3). Assim, a partir dos dados de campo, museu, unidades municipais de ensino e saúde e literatura, um total de 42 espécies de répteis foi levantado como habitante da região em estudo (AID + AII), sendo: dois quelônios (Ordem Testudines), um crocodiliano (Ordem Crocodylia), sete lagartos (Ordem Squamata, Sub-Ordem Lacertilia), quatro cobras-da-

183 8812/00-6B-RL VIII terra (Ordem Squamata, Sub-Ordem Amphisbaenia) e 28 serpentes (Ordem Squamata, Sub-Ordem Serpentes), conforme exposto no Anexo VIII-X. Figura 5.1 Bothrops jararaca, jararaca Figura 5.2 Spilotes pullatus, caninana Figura 5.3 Crotalus durissus, cascavel Figura 5.4 Micrurus corallinus, uma das cobras corais verdadeiras Na herpetofauna levantada para a região da AID e da AII, o número de espécies preferencialmente silvícolas (florestais) é relativamente elevado (16 espécies, 39%), mas se trata de um conjunto quase sempre enquadrado como "incomum" na região. Nenhum dos répteis essencialmente florestais pode ser classificado como "muito comum". Esse grupo contrasta com o de espécies preferencialmente campícolas, que em sua grande maioria é composto por formas invasoras recentes, oriundas de ambientes abertos de outras regiões. Estas são apenas nove espécies (cerca de 21%), mas em geral é um grupo representado por répteis que puderam ser classificados como "comuns" ou "muito comuns". Esse contraste entre a abundância relativa e a freqüência de formas silvícolas com campícolas, é típico de ambientes em que ocorre a chamada "inversão de fauna", ou seja, a substituição de uma fauna outrora florestal e ombrófila por uma fauna mista ou predominantemente campestre e heliófila (MOURA-LEITE et al., 1993).

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