PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR TURMA A PROGRAMA

Transcrição

1 PRÁTICA JURÍDICA INTERDISCIPLINAR TURMA A PROGRAMA 1 INFORMAÇÕES GERAIS Coordenador: Regente: Tiago Félix da Costa Docentes: Tiago Félix da Costa/João Lima Cluny Ano letivo: 2016/2017 Curso (1.º ou 2.º Ciclo): 1.º Ciclo Semestre: 2.º Semestre ECTS: 8 Contacto dos docentes: tfcosta@mlgts.pt ( )/ jlcluny@mlgts.pt ( ) Horário: 2.ªs feiras, das 9h00 às 13h15 1

2 2 OBJETIVOS E COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR O principal objectivo traçado é o de fornecer aos alunos aos ferramentas necessárias para saberem protagonizar a articulação entre o conhecimento teórico dos direitos fundamentais (que já tinha sido adquirido noutras unidades curriculares anteriormente leccionadas) e a aplicação prática dos mesmos no âmbito dos diversos procedimentos existentes. Ou seja, pretende-se ajudar a esbater as barreiras existentes entre o ensino exclusivo dos direitos fundamentais e o ensino exclusivo dos diversos processos, permitindo, dessa forma, que os alunos aprendam a utilizar os conhecimentos adquiridos na vida prática, em especial, na vida processual. De igual modo, pretende-se aproximar os alunos do dia-a-dia da aplicação do Direito, através das simulações de diligências processuais que se realizarão e que, julgamos, ajudam a estimular o raciocínio jurídico na sua vertente da solução de casos práticos. 3 PROGRAMA I. INTRODUÇÃO 1. O Processo como Espaço de Aplicação dos Direitos Fundamentais; Prática; Interdisciplinaridade. 2. O julgamento dos homens pelos homens. A experiência de um Juiz e de um Magistrado do Ministério Público convidados. 3. Os Processos Escolhidos: Processo Civil, Processo Penal, Processo Contra- Ordenacional. 2

3 4. Law in the Books e/vs. Law in Action: a visão de um jornalista de investigação. 5. Uma série (Making a murderer, Laura Ricciardi e Moira Demos): o sistema de Júri e a importância da prova. 6. Um Filme (12 Angry Men, Sidney Lumet): da teoria à prática, dos conceitos aos preconceitos. II. PROCESSO CIVIL 1. Princípios Gerais do Processo Civil - constitucionalização das garantias processuais e o direito à jurisdição e a um processo justo: i) Direito de acção, ii) iii) iv) Direito de defesa, Direito a um processo equitativo (direito ao contraditório, à igualdade, de armas e à imparcialidade), Princípio do prazo razoável. 2. Da teoria à prática, três temas em especial: Os direitos processuais fundamentais no Processo Civil; O antigo e o novo processo: mudança de paradigma? A relevância da prova testemunhal no processo civil português: a sua 3. A Arbitragem. dimensão prática ou o caminho para a (in)justiça? 3

4 III. PROCESSO PENAL 1. Princípios Gerais de Processo Penal e a Constituição da República Portuguesa (e as fontes normativas internacionais): i) Princípio da jurisdição, ii) iii) iv) Princípio do acusatório, Princípio do inquisitório, Princípio da igualdade de armas, v) Princípio da lealdade, vi) vii) viii) ix) O direito a um processo justo e equitativo e as garantias de defesa, Princípio do contraditório, Princípio da presunção de inocência, Princípio da publicidade e segredo de justiça. 2. A questão da legalidade e da oportunidade, num contexto de complexidade e crise. 3. Algumas questões avulsas: i) As medidas de coacção, ii) iii) iv) As proibições de prova, As nulidades do processo penal, Os indícios suficientes. 4

5 4. Análise de Jurisprudência seleccionada. 5. Trial by Newspaper. IV. OS PROCESSOS DE NATUREZA CONTRA-ORDENACIONAL 1. O processo de natureza contra-ordenacional como processo de Direito Sancionatório Punitivo. 2. Os princípios fundamentais dos processos de natureza contra-ordenacional. 3. O núcleo das garantias: qual o grau de divergência desejável face ao processo penal. 4. O direito de defesa do Arguido e o direito à não auto-incriminação, em especial: 5. A Supervisão e a Regulação vs. Direito à não auto-incriminação: o contexto português na actualidade. 4 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO Exame escrito em data a definir pela FDUNL ou trabalho final sobre a matéria leccionada nas aulas a entregar até à data definida para o Exame, com ponderação de 75% (setenta e cinco por cento) na nota final. A estes dois elementos de avaliação acresce a avaliação contínua, nomeadamente no que respeita à apresentação de trabalhos a ocorrer em cada aula e participação nas simulações processuais, com uma ponderação de 25% (vinte e cinco por cento) na nota final. 5

6 5 BIBLIOGRAFIA ALBUQUERQUE, PAULO PINTO DE, Comentário ao Código de Processo Penal, UCE, 2011; ALEXY, ROBERT, Theorie der GrundRechte, trad. para o Castelhano por Ernesto Garzón Valdés, Teoria de los Derechos Fundamentales, Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, Madrid, ANDRADE, JOSÉ CARLOS VIEIRA DE, Os Direitos Fundamentais da Constituição Portuguesa de 1976, Almedina, 3ª ed., ANDRADE, MANUEL DA COSTA, Sobre as proibições de prova em processo penal, Coimbra Editora, 1991, reimpressão de 2013; ANTUNES, MARIA JOÃO, Direito ao silêncio e leitura em audiência de declarações do arguido, Edição Fronteira do Caos, 2007; CALAMANDREI, PIERO, Il Processo Come Giuoco; CANOTILHO, J.J. GOMES / MOREIRA, VITAL, Constituição da República Portuguesa Anotada, vol. 1, 2007, Coimbra Editora; CANOTILHO, J.J. GOMES, Direito Constitucional e Teoria da Constituição, Almedina, 1998; COSTA, TIAGO FÉLIX DA, A Des(I)gualdade de Armas nas Providências Cautelares sem Audiência do Requerido, Almedina, 2012; DIAS, AUGUSTO SILVA, E RAMOS, VÂNIA COSTA, O Direito à não autoinculpação (nemo tenetur se ipsum accusare) no processo penal e contraordenacional português, Coimbra Editora, 2009; 6

7 DIAS, JORGE DE FIGUEIREDO, ANDRADE, MANUEL DA COSTA, E PINTO, FREDERICO DE LACERDA DA COSTA, Supervisão, Direito ao Silêncio e Legalidade da Prova, Almedina, 2009; DWORKIN, RONALD, Taking Rights Seriously, Duckworth, FREITAS, JOSÉ LEBRE DE, Introdução ao Processo Civil, Coimbra Editora, 2006; LUHMANN, NIKLAS, Legitimação pelo Procedimento; MIRANDA, JORGE/MEDEIROS, RUI, Constituição Portuguesa Anotada, Coimbra Editora, 2005; NOVAIS, JORGE REIS, Os Princípios Constitucionais Estruturantes da República Portuguesa, Coimbra Editora, 2004; PATRÍCIO, RUI, O Princípio da Presunção de Inocência do Arguido na Fase do Julgamento no Actual Processo Penal, disponível em PINTO, FREDERICO DE LACERDA DA COSTA, A supervisão no novo Código dos Valores Mobiliários, in Cadernos dos Valores Mobiliários 7 (2000); RAMOS, VÂNIA COSTA, Corpus Juris 2000 Imposição ao arguido de entrega de documentos para prova e nemo tenetur se ipsum accusare, RMP 108 e 109 (2006). RAWLS, JOHN, Theory of Justice; SILVA, GERMANO MARQUES DA, Curso de Processo Penal, Verbo,

8 SOUSA, MIGUEL TEIXEIRA DE, Introdução ao Processo Civil, Lisboa, Lex, 2000; VEIGA, CATARINA / MÁXIMO DOS SANTOS, CRISTINA, Constituição Penal, Coimbra Editora, LEGISLAÇÃO Constituição da República Portuguesa; Código de Processo Penal; Código de Processo Civil; Regime-Geral das Contra-Ordenações; Convenção Europeia dos Direitos do Homem; Declaração Universal dos Direitos do Homem. 7 JURISPRUDÊNCIA Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 121/97, de 19/2; Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 137/2001, de 28/3; Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 483/2002, de 20/11; Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 311/2008, de 30/5/2008; Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 135/2009, de 18/3; 8

9 Acórdão do Tribunal Constitucional n.º 376/2016, de 8/6; Acórdão de Fixação de Jurisprudência do Supremo Tribunal de Justiça n.º 1/2003, de 25 de Janeiro de 2003 (publicado no Diário da República, I-A, n.º 21, de 25 de Janeiro de 2003); Acórdãos do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem: o Golder vs United Kingdom (1975); o Saunders Vs. United Kingdom (1996); o J.B. Vs Switzerland (2001); o O'Halloran and Francis vs United Kingdom (2007). 9