DIREITO PROBATÓRIO FICHA DA DISCIPLINA

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1 1 DIREITO PROBATÓRIO FICHA DA DISCIPLINA Docente: Paulo Dá Mesquita SUMÁRIO: I. Objectivos; II. Tópicos programáticos; III. Metodologia IV. Bibliografia I OBJECTIVOS A disciplina integra-se nas finalidades globais de um mestrado forense dominado pelas preocupações de aprofundamento de conhecimentos jurídicos e de confronto com as exigências da prática profissional numa pluralidade de cenários judiciários. Contexto académico que implica a ultrapassagem de barreiras rígidas entre disciplinas jurídicas, designadamente entre os direitos substantivo, processual e judiciário (a prova reporta-se a factos relevantes juridicamente, pelo que indissociável da aludida valoração num determinado quadro operativo), e obriga a que se aborde de forma articulada os princípios e regras jurídicas e as condições da respectiva aplicação em diferentes papeis forenses. Constituem objectivos específicos da disciplina a aquisição de conhecimentos (v.g. sobre o direito probatório, as vertentes judiciárias que se repercutem na prova e na comunicação processual, os elementos técnicos e recursos disponíveis e as condicionantes organizacionais) e o desenvolvimento de aptidões ao nível do saber fazer forense (em particular em sede de impulso, aquisição, produção, discussão e valoração da prova). Pretende-se, assim, uma interdisciplinaridade que ultrapasse as fronteiras estritas da área penal e processual e mesmo do espartilho do jurídico, e se apresente aberta às exigências da prática forense. Atenta a divisão da estrutura curricular do curso, a disciplina integra-se na área penal. Contudo, não vai se renunciar a uma abordagem de questões da prova judiciária comuns aos vários ramos do direito, nem ao cruzamento das diversas perspectivas processuais. Reflexões sobre o direito probatório penal em que se visa comunicações com as outras duas grandes áreas do curso, tanto a civil (linhas de comunhão e diferença dos sistemas processuais e as implicações probatórias do princípio da adesão e da (in)transmissibilidade das provas), como a «área empresarial» (recorde-se que algumas das principais questões do direito probatório contemporâneo referem-se à articulação entre procedimentos, provas e

2 2 obrigações, no quadro dos direitos societário, tributário e das entidades reguladoras com as indagações do processo penal, designadamente na abordagem de várias antinomias, como a existente entre o dever de colaboração e a prerrogativa contra a auto-incriminação nos diferentes universos). Acresce que a metodologia da abordagem de casos vai ser explorada nessa dimensão interdisciplinar, em que as situações hipotéticas e simulações trabalhadas (infra III) não vão ser recortadas pelas ficções das estritas fronteiras formais das disciplinas. II TÓPICOS PROGRAMÁTICOS Os tópicos indicados abaixo não correspondem a uma cronologia do trabalho, nem sequer à segmentação de matérias, mas, tão só, a uma síntese enunciativa dos principais elementos temáticos. Este enunciado de tópicos será complementado por um programa mais desenvolvido e um cronograma das sessões. Como vai resultar evidenciado do cronograma pretende-se o cruzamento de várias viagens pelo direito probatório, umas envolvendo abordagens conformadas pela diacronia do processo penal, outras centradas em problemas específicos em sede de conhecimento do facto e reconstituição de eventos no contexto do processo penal. I. Enquadramento da disciplina de direito probatório: dimensões jurídicas e epistemológicas II. Prova e políticas intrínsecas e extrínsecas aos direitos processuais III. Princípios probatórios penais e suas implicações no direito em acção IV. Método judiciário: Aquisição, produção e valoração probatórias V. Constituição, provas proibidas e invalidades processuais VI. Meios de prova e relevo jurídico-prático das classificações legais VII. Os meios de obtenção de prova VIII. A prova testemunhal (em sentido amplo) IX. O arguido como fonte de prova e as suas declarações X. A prova documental

3 3 XI. As provas performativas (prova por reconhecimento e reconstituição do facto) XII. A prova pericial XIII. A prova técnica XIV. A prova electrónica XV. A prova e os segredos (protegidos, desprotegidos, revelados e ocultos) XVI. Dinâmica do processo penal e prova XVII. Julgamento do facto e prova III METODOLOGIA 1. Aulas As sessões de trabalho vão compreender: A) Abordagens introdutórias sobre o essencial dos elementos temáticos de direito probatório que integram o programa (incidindo nos respectivos pressupostos teóricos e normativos, vertentes dinâmicas do direito probatório e principais implicações jurídico-práticas). B) Aulas práticas que visam diálogo sobre as várias dimensões do direito probatório e as exigências da aplicação nos vários cenários forenses, com participação do docente e estudantes, e, pontualmente, podem culminar na realização de pequenos exercícios ou treinos escritos (designadamente, a elaboração de peças processuais). C) Participação em simulações processuais (em regra em trabalho de grupo) em que se vão cruzar diversos elementos temáticos. - Depois da abordagem introdutória dos temas (que não irá além de 1/3 do total das aulas), vai privilegiar-se o tratamento e discussão de casos (a partir de situações hipotéticas, casos reais e decisões judiciais), e ainda algumas simulações, como base de ilustração e reflexão sobre temas e questões de direito probatório e cenários de ensaio de práticas forenses. - Vai ser disponibilizado um cronograma que permitirá o conhecimento prévio do objecto das aulas, da metodologia empregue e, tempestivamente, vão ser distribuídos os instrumentos necessários para a reflexão prévia à participação nas aulas (nomeadamente peças processuais ou casos objecto de discussão).

4 4 2. Avaliação Aplicam-se as regras gerais de avaliação, sendo ponderadas a presença e participação nas aulas e a qualidade das várias intervenções (orais e escritas). O exame escrito final poderá será substituído pela elaboração de peça(s) processual(is). IV BIBLIOGRAFIA A) TEXTOS BASE SILVA, GERMANO MARQUES DA Curso de Processo Penal, volume II, Lisboa: Verbo (a edição mais recente é a 5.ª de 2011) DÁ MESQUITA, PAULO Sumários da disciplina de direito probatório (2012), policopiados (serão disponibilizados ao longo das aulas elementos escritos com os sumários, tópicos e referências bibliográficas para uso exclusivo na disciplina) B) BIBLIOGRAFIA SUPLEMENTAR ALBUQUERQUE, PAULO PINTO DE Comentário do Código de Processo Penal, Lisboa, 4ª ed., UCE, 2011 DÁ MESQUITA, PAULO Processo penal, prova e sistema judiciário, Coimbra, Coimbra Editora, 2010 A prova do crime e o que se disse antes do julgamento, Coimbra, Coimbra Editora, 2011 DIAS, JORGE DE FIGUEIREDO Direito Processual Penal, I, Coimbra, Coimbra Editora, 1974 (existe reimpressão) Direito Processual Penal, I, Coimbra, policopiado, 1988/9 FERREIRA, MANUEL CAVALEIRO DE Curso de Processo Penal, vols. I a III, 1954 (reimpressão Lisboa: UCP, 1980) Curso de Processo Penal, vols. I e II, Lisboa, Danúbio, 1986 NEVES, ANTÓNIO CASTANHEIRA Sumários de Processo Criminal ( ), polic., Coimbra, 1968

5 5 SILVA, GERMANO MARQUES DA Curso de Processo Penal, volumes I e III, Lisboa: Verbo (as edições mais recentes, são, respectivamente, a 6.ª de 2011 e a 3.ª ed. de 2009) Nota: A disciplina vai compreender várias outras referências bibliográficas e de jurisprudência que serão fornecidas a respeito de cada segmento temático.