ESCOLHA DOS COORDENADORES EM MT NO ANO DE 2016: TENSÕES E CONFLITOS RESUMO
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- Ísis Olivares Madureira
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1 ESCOLHA DOS COORDENADORES EM MT NO ANO DE 2016: TENSÕES E CONFLITOS Márcia Cristina Machado Pasuch SEDUC/MT RESUMO O presente trabalho apresenta dados parciais de uma pesquisa em curso que tem como objeto de investigação o papel do coordenador pedagógico no estado de Mato Grosso, tendo como lócus de estudo duas escolas do norte-matogrossense: Escola Estadual Marines Fátima de Sá Teixeira de Alta Floresta e a Escola Estadual Nossa Senhora da Glória, de Sinop. Ambas as escolas apesar de distantes 300 km, viveram as dificuldades de um processo seletivo que desconsiderou a autonomia da escola e do coletivo de profissionais. O recorte ora apresentado focaliza o conflito vivido no processo de escolha do coordenador pedagógico e as tensões observadas no interior das referidas escolas a partir da edição da portaria 036/2016. Esta portaria além de ferir o princípio da gestão democrática, fere também a autonomia das escolas e dos profissionais que a compõem. É importante discutir as alterações que envolvem as mudanças na organização escolar e os envolvidos nesses processos. Sabe-se que todas as ações tomadas na esfera administrativa da educação tem impacto direto na vida escolar de professores e alunos, e exatamente por esse motivo não devem ou não deviam ser desconsideradas, incorrendo em prejuízos para todo o processo de ensino e aprendizagem dos educandos. Os procedimentos metodológicos deste trabalho foram norteados pela abordagem qualitativa: quanto à natureza é um estudo descritivo que tem a finalidade de observar, registrar e analisar os fenômenos observados. Para tanto tomamos como fonte de dados as percepções dos sujeitos que exercem a função de coordenadores pedagógicos, a observação participante e os documentos oficiais da Secretaria de Estado da Educação. Palavras-chave: Autonomia. Portaria 036/2016. Coordenação pedagógica. INTRODUÇÃO É discurso comum nos meios administrativos da Educação que todas as ações destes setores voltam-se para a realização das questões pedagógicas que se desencadeiam no cotidiano escolar. Neste sentido estão colocados desafios de ordem política, administrativa e pedagógica face ao que se almeja com a educação, ao projeto que se tem construído ou em construção, ao arcabouço legal que ampara as ações e ao que efetivamente acontece no cotidiano escolar. Várias são as instituições, órgãos, setores, organizações sociais e sujeitos que compõem o cenário da educação, não obstante considerando que é no cotidiano da 12571
2 2 escola que se corporificam o sentido da existência destes espaços sociais, voltamos nosso olhar para essa realidade, perspectivando entender um pouco mais da dinâmica viva que envolve tantos interesses, tantos sujeitos, tantas vidas em formação. Neste trabalho apresentamos dados parciais de uma pesquisa em curso cujo objeto de estudo é o papel do coordenador pedagógico no estado de Mato Grosso. No projeto em desenvolvimento buscou-se problematizar a realidade vivida pelos coordenadores pedagógicos em duas escolas estaduais do referido estado, a escola Marines Fátima de Sá Teixeira de Alta Floresta e a Escola Estadual Nossa Senhora da Glória, de Sinop. Não obstante, a problematização que norteia os resultados ora apresentados são as tensões e conflitos vividos no processo de escolha dos coordenadores pedagógicos no início do ano de 2016, tendo em consideração a normativa da SEDUC, 036/2016 que dispõe sobre o processo de seleção para a função de coordenador pedagógico. Para o trabalho ora apresentado tomamos como fonte de dados as percepções dos sujeitos que exercem a função de coordenadores pedagógicos, a observação participante e os documentos oficiais da Secretaria de Estado da Educação (SEDUC). Metodologicamente amparamo-nos na abordagem qualitativa de cunho descritivo (TRIVIÑOS, 1984). A referida normativa fere o princípio da gestão democrática, a autonomia das escolas e dos profissionais. É relevante discutir as alterações da organização escolar com os envolvidos nesses processos, pois as ações tomadas tem impacto direto na vida escolar de professores, alunose comunidade. E por esse motivo não deveriam ser desconsideradas, incorrendo em prejuízos para todo o processo de ensino e aprendizagem. A Escola Estadual Marines Fátima de Sá Teixeira é uma escola de médio porte, oferta o Ensino Fundamental, sendo no período matutino os anos finais e no vespertino os anos iniciais, conta com dois coordenadores pedagógicos. Por sua vez a Escola Estadual Nossa Senhora da Glória, também de médio porte, atende alunos do 6º ano ao 3º ano do Ensino Médio no período matutino e no período vespertino as séries iniciais do Ensino Fundamental. Também conta com dois coordenadores. RESULTADOS E DISCUSSÕES 12572
3 3 A condução dada pela SEDUC ao processo de escolha dos coordenadores de 2016 ocasionou desconfortos do ponto de vista organizacional, assim como gerou um sentimento manifesto de que o governo agiu com ingerência, uma vez que adentrou de modo arbitrário na dinâmica pedagógica escolar. Esta afirmação ancora-se nas observações realizadas nas reuniões do coletivo das Escolas Estaduais Marines Fátima de Sá Teixeira realizada em 04/02 e Nossa Senhora da Glória Escola em 01/02, bem como nas reuniões realizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública (SINTEP) em ambos os municípios. O coletivo dos profissionais da educação demonstraram indignação de modo singular ao disposto na Portaria 036/2006 Art.7º O candidato deverá apresentar uma proposta e planejamento que atenda a estrutura do Projeto Político Pedagógico da SEDUC/MT na Dimensão - Prática Pedagógica e Avaliação, com base legal e teórica, nos orientativos pedagógicos de cada etapa/modalidade e nas normativas em vigor. Importante considerar que não havia discordância do coletivo com relação a exigência da Normativa no que refere-se à necessidade do pretendente ao cargo elaborar e apresentar seu projeto de trabalho, notemos que a Portaria 416/2015 já pontava esta necessidade. A não aceitação refere-se mas ao fato de que em observância à Portaria 036/2006, a proposta de trabalho do coordenador pedagógico primeiro seria submetida a apreciação da Assessoria Pedagógica (Setor administrativo pedagógico vinculado à SEDUC) para depois serem avaliados pelos pares no interior da Unidade Escolar. A impertinência desta ação vincula-se ao fato de que fere a autonomia pedagógica da escola tal como disposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu Artigo 12: Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:i - elaborar e executar sua proposta pedagógica (BRASIL, 2016) Observamos que o coletivo de educadores, de ambas escolas, manifestou o entendimento de si mesmos como os sujeitos com maior gabarito para avaliar, aprovar ou reprovar a proposta apresentada por seus pares, pretendentes ao cargo da coordenação pedagógica, considerando sua imersão tanto na elaboração, execução e avaliação do projeto político pedagógico da escola. A escola pulsa, tem uma vivacidade, uma dinâmica, um movimento em curso
4 4 Considerando-se as lutas empreendidas pelos movimento dos trabalhadores da educação em defesa da gestão democrática compreende-se que a Portaria 036/2016 configurou-se como uma ação centralizadora, posto que aponta para a administração central decisões que competem à Unidade Escolar. A descentralização é um importante princípio quando se trata de vencer o Estado autoritário. A partilha do poder, a administração coletiva, o controle social, todos esses são elementos ligados ao poder descentralizado (PASUCH, 2013). Destacamos que a SEDUC ao final de 2015 exarou a Portaria414/2015, que dentre outras coisas assinalava as ações a serem desencadeadas pela escola tão logo iniciassem as atividades do ano letivo de A análise destas ações nos mostram que a coordenação das mesmas figuram entre as atribuições do coordenador pedagógico. Neste mesmo tempo publicou a Portaria 416/2015, que em seu artigo 32 tratava da função do Coordenador Pedagógico, apontando os caminhos de sua escolha, apontando os impedimentos. A tardia publicação da Portaria 036/2016, deixou entrever que o processo seria conduzido pelo constante na Portaria 416/2015 bem como na Instrução Normativa 012/2105. Neste emaranhado o retorno dos profissionais da educação às atividades escolares ocorreram no dia 27 de janeiro, e a conclusão do processo de escolha dos coordenadores aconteceu somente no dia 15 de fevereiro. Nota-se então um vácuo pedagógico e uma tensão criada num momento de intensa necessidade organizativa. Tanto os candidatos à coordenação como os demais profissionais da educação demonstraram dissabor quanto a tal condução. Perguntamos: como então, frente a uma demanda tão frenética de trabalho as escolas poderiam organizar-se de modo a estar em satisfatória sintonia para preparar a acolhida, planejar as aulas e receber os alunos? Notadamente a organização ocorreu, mas não sem alto nível de estresse e desgaste psicológico, ambos evitáveis. CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo de escolha do Coordenador Pedagógico em 2016 ocorreu num clima tensivo e de extremado desconforto. A condução administrativa conduzida pela SEDUC subtraiu energias do coletivo escolar num momento tão singular que configura o início do ano letivo. Sem dúvida está aberto um profícuo campo investigativo acerca do 12574
5 5 desdobramento dos trabalhos do Coordenador Pedagógico considerando as bases legais e o que se traduz no real. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em Acessado em 02/03/2016. MATO GROSSO. Portaria Nº 036/2016/GS/SEDUC/MT. Disponível em: ortarias/portaria%20n%c2%ba%20036.pdf. Acessado em 02/03/ Portaria Nº 416/2015/GS/SEDUC/ MT. ortarias/portaria%20n%c2%ba% gs.seduc.mt.pdf. Acessado em 02/03/2016. PASUCH, Márcia Cristina Machado. Conselhos Municipais de Educação: Espaço Público Democratizador? Tese (doutorado). Programa de Pós-Graduação em Educação, Cuiabá, TRIVIÑOS Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais: a pequisa qualitativa em educação. São Pulo: Atlas,
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