Revista Brasileira de Geografia Física
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- Célia Lisboa Chaves
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1 ISSN: Revista Brasileira de Geografia Física v.6, n.4 (2013) Revista Brasileira de Geografia Física Homepage: Distribuição Espacial da Condutividade Elétrica e Matéria Orgânica em Neossolo Flúvico Jucicléia Soares da Silva 1 ; Abelardo Antônio de Assunção Montenegro 2 ; Ênio Farias de França e Silva 3 ; Carolyne Wanessa Lins de Andrade 4 ; José Roberto Lopes da Silva 5 1 Doutoranda em Engenharia Agrícola, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, jucicleiass@gmail.com. 2 Professor associado, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, abelardo.montenegro@yahoo.com.br. 3 Professor adjunto, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, enio.silva@dtr.ufrpe.br. 4 Mestranda em Engenharia Agrícola, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, carolynelins200@gmail.com. 5 Doutorando em Engenharia Agrícola, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil, rlopes.s@gmail.com. R E S U M O Artigo recebido em 25/09/2013 e aceito em 26/09/2013 A agricultura de precisão permite, pelo uso de delimitação por coordenadas georreferenciadas, um planejamento mais racional do manejo de nutrientes, controle de incidência de pragas, umidade do solo, controle de plantas daninhas, além de seleção de cultivares em função de sua adaptabilidade às diferentes condições identificadas nas áreas cultivadas. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a distribuição espacial da condutividade elétrica do extrato de saturação, carbono orgânico total e matéria orgânica em Neossolo Flúvico. O experimento foi conduzido em uma área com malha regular 4 x 4 m, totalizando com 49 pontos, onde foram coletadas amostras nas camadas de 0-0,20 m para analisar a condutividade elétrica do extrato de saturação, carbono orgânico total e matéria orgânica. As variáveis foram analisadas por meio da estatística descritiva e de ferramentas de geoestatística. As variáveis apresentaram distribuição normal, os semivariogramas se ajustaram a um modelo esférico, as variabilidades do carbono orgânico total e matéria orgânica apresentaram-se moderadas, e a condutividade elétrica do extrato de saturação apresentou fraca dependência espacial. Os mapas de isolinhas apresentaram homogeneidade e similaridade, os mapas condutividade elétrica do extrato de 0-0,20 m foram inversamente proporcionais aos da matéria orgânica e do carbono orgânico. Palavras-chave: Geoestatística, salinidade, carbono orgânico total, matéria orgânica. Spatial Distribution of Electrical Conductivity and Organic Matter in Fluvic Neosol A B S T R A C T Precision agriculture allows, by the use of delimitation by georeferenced coordinates, more rational planning of the management of nutrients, pests control, soil moisture, weeds control, and cultivar selection due to its adaptability to different conditions in cropped areas. Hence, the objective of this study was to evaluate the spatial distribution of the electrical conductivity of the saturation extract, total organic carbon and organic matter in a Fluvic Neosol. The experiment was conducted in an area with regular mesh 4 x 4 m, with a total of 49 points, where soil samples were collected in layers from 0 to 0.20 m, to analyze the electrical conductivity of the saturation extract, total organic carbon and organic matter. The variables were analyzed using descriptive statistics and geostatistical tools. The variables were normally distributed, the semivariogram adjusted to a spherical model, the variability of total organic carbon and organic matter showed a moderate behavior, while electrical conductivity of the saturation extract showed weak spatial dependence. The contour maps presented homogeneity and similarity maps the electrical conductivity of the extract of m was inversely proportional to the organic matter and organic carbon. Key-Words: Geostatistics, salinity, total organic carbon, organic matter * para correspondência: jucicleiass@gmail.com (Silva, J. S.). Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 764
2 Introdução A salinização ocorre frequentemente em regiões semiáridas, devido às características climáticas, à irregularidade pluviométrica e altos índices de evaporação, acarretada mais pelas irrigações manejadas de forma inadequada e em solos com drenagem deficitária. A salinidade é influenciada por uma combinação de propriedades físicas e químicas do solo, tais como a textura do solo, o teor de matéria orgânica, ph e tipos de solo (Corwin & Lesch, 2005). A qualidade da água utilizada para irrigação é um importante fator a ser observado, pois elevadas concentrações de sais podem ocasionar a salinização do solo (Santos et al., 2012). As propriedades físico-químicas do solo (textura, teor de matéria orgânica, a concentração de sais, ph do solo, etc), podem influenciar o crescimento, desenvolvimento da cultura (Corwin & Lesch, 2005). A matéria orgânica desempenha um papel significativo na manutenção propriedades físicas do solo e está associada a um acúmulo de nutrientes e retenção de água, fatores que estão diretamente relacionados com a salinidade. A importância da matéria orgânica em relação às propriedades químicas, físicas e biológicas do solo é amplamente reconhecida, sendo considerada um dos principais indicadores da qualidade do solo (Moreira, 2005). A agricultura enfrenta o desafio de aumentar a produção de alimentos, em resposta ao acelerado crescimento populacional mundial. O atual cenário mundial caracteriza-se pela globalização dos mercados, pela crescente aceleração tecnológica e pela democratização da informação e do conhecimento, obrigando o setor agrícola nacional a utilizar novos conceitos, métodos e técnicas, a fim de atender as necessidades dos consumidores finais, fornecendo produtos com qualidade superior, preços mais acessíveis e possibilitando maior competitividade no mercado mundial. A crescente intensificação da produção agropecuária levou a agricultura convencional a tratar o campo de maneira uniforme, com base em valores médios, ignorando as variações espaciais e temporais dos diversos fatores envolvidos no processo de produção agrícola, tais como: o teor de nutrientes, o teor de matéria orgânica, a umidade, a variabilidade do solo e do clima, etc. O embasamento da agricultura de precisão está na análise dessas variações espaciais e temporais dos fatores de produção, especialmente do solo. A partir dessa análise, o agricultor define como aplicar, no local correto, no momento adequado, as quantidades de insumos necessários à produção agrícola. A agricultura de precisão permite, pelo uso de delimitação por coordenadas georreferenciadas, um planejamento mais racional do manejo de nutrientes, controle de Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 765
3 pragas, umidade do solo, controle de plantas daninhas, além de seleção de cultivares em função de sua adaptabilidade às diferentes condições identificadas nas áreas cultivadas. Atualmente os países mais desenvolvidos vêm utilizando a condutividade elétrica como um indicador no monitoramento de características do solo e uma das mais frequentes medições utilizada para caracterizar variabilidade do campo para aplicação em agricultura de precisão (Corwin & Lesch, 2003). Os mapas de condutividade elétrica do solo são um método utilizado para determinar zonas de manejo dentro de um campo, devido ao baixo custo e agilidade de medição (Shaner et al., 2008). A propriedade do solo que tem despertado interesse é a matéria orgânica devido a sua importância na qualidade do solo, do ambiente e na produtividade das culturas. O conteúdo de matéria orgânica normalmente é determinado em laboratório utilizando-se técnicas que medem a quantidade de carbono orgânico presente em amostras de solo. Neste sentido, atualmente tem ocorrido demanda do conhecimento da variação espacial e temporal da matéria orgânica em solos de modo a permitir um maior entendimento dos atributos de solo (Milori et al., 2002). Os solos aluviais são intensamente utilizados para a prática da agricultura irrigada, principalmente devido suas características físicas e químicas e sua proximidade das fontes hídricas. Por isso, é muito importante ter o conhecimento da variabilidade espacial desses solos, seja em superfície ou em profundidade, pois de posse dessas informações é possível planejar as técnicas adequadas para o manejo agrícola. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a distribuição espacial da condutividade elétrica do extrato de saturação, carbono orgânico total e matéria orgânica em Neossolo Flúvico. Material e Métodos Caracterização da área de estudo O experimento foi realizado no Assentamento Nossa Senhora do Rosário, localizado no Município de Pesqueira, Agreste Pernambucano, distante 230 km de Recife, PE (Figura 1), entre as coordenadas geográficas de 8º 15 e 8º 30 de Latitude Sul e 31º 45 e 37º 00 de Longitude Oeste e 650 m de altitude, em uma área aluvial da Bacia Hidrográfica do Rio Ipanema, caracterizada pela presença de Neossolo Flúvico e níveis de salinidade variáveis. Conforme a classificação de Köppen, o clima na região é do tipo BSsh (extremamente quente, semiárido), com precipitação total anual média de 730 mm e evapotranspiração potencial anual média de 1683 mm. A área experimental consistiu de um lote de agricultura familiar de aproximadamente dois hectares, sob cultivo de cenoura (Daucus carota L.). Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 766
4 Durante o cultivo a área era irrigada 1,5 h por dia por um sistema de microaspersão, com vazão de 105 L h -1 espaçados em 4 x 4 metros, havendo, portanto, controle da lâmina aplicada. A água da irrigação era proviniente de aquífero aluvial, com condutividade elétrica (CE) de 0,57 ds m -1, utilizando-se dois poços com águas de condutividade elétrica média de 0,7 e 0,9 ds m -1. Amostragem O experimento foi conduzido em uma área com malha regular, espaçada de 4 x 4 metros, formando um grid 7 x 7 e georreferenciadas utilizando o GPSMAP 76S da GARMIN. (Figura 2), totalizando 49 pontos amostrais. Figura 1. Mapa do Brasil (A) com a localização do estado de Pernambuco e mapa do estado de Pernambuco (B) com a localização de Pesqueira Figura 2. Localização dos pontos de amostragem na área experimental Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 767
5 Em cada ponto de amostragem foram coletadas amostras deformadas na profundidade de 0-0,20 m. A profundidade de coleta foi definida devido a maior concentração de matéria orgânica nesta camada. As análises da condutividade elétrica real do extrato de saturação do solo (CE 0-20) e do carbono orgânico total foram realizadas conforme a metodologia da EMBRAPA (1997), no Laboratório de Resíduos e Mecânica dos solos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Enquanto que a matéria orgânica foi determinada a partir do fator de Van Bemmelen através dos valores de carbono orgânico total. Análise dos dados A estatística descritiva foi utilizada determinando-se a média, a mediana, o desvio padrão, os valores máximos e mínimos, os coeficientes de assimetria e curtose e o coeficiente de variação. A dispersão e a distribuição das variáveis foram analisadas através de teste de normalidade de Kolmogorov Smirnov (KS) ao nível de 5% de probabilidade. Para ambas as análises foi utilizado o programa Surfer 11.0 (Golden Software, 2002). A variabilidade das variáveis foi classificada por meio dos valores de coeficiente de variação (CV), segundo Warrick & Nielsen (1980), como baixa (CV < 12%), média (CV < 12 > 62%) e alta CV > 62%). A análise da dependência espacial foi realizada por meio da geoestatística (Vieira 2000, Robertson, 1998) e do ajuste de semivariogramas. Com base na pressuposição de estacionariedade, a autocorrelação espacial entre locais vizinhos foi calculada através da semivariância γ(h) a qual é estimada pela Equação (1): ( ) ( ) ( ) [ ( ) ( )] (1) em que (h) é o n mero de pares e perimentais de o serva es ( i) e ( i h) separados por uma distância h semivariograma é representado pelo gráfico γ (h) versus h. Para construção e ajuste dos semivariogramas foi o utilizado os programas GEOEAS (Englund & Sparks, 1991), GS+ e o Microsoft Excel. Os critérios e procedimentos para ajuste do modelo do semivariograma foram conduzidos conforme Vieira et al. (1983). Foram ajustados modelos matemáticos e definidos os parâmetros para os semivariogramas: a) efeito pepita (C0), que é o valor de γ quando h=0; b) alcance da dependência espacial (a), que é à distância em que γ(h) permanece apro imadamente constante, após aumentar com o incremento de h; c) patamar (C0 C1) que é o valor de γ(h) a partir do alcance e que se aproxima da variância dos dados. Após a obtenção dos semivariogramas experimentais, testaram-se os modelos gaussiano, esférico e exponencial, descritos pela Equação (2), (3), (4) e (5), respectivamente, que permitiram melhor representar a estrutura de variação espacial das variáveis. Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 768
6 Modelo Esférico: ( ) [ ( ) ( ) ] (2) Para a construção dos mapas espaciais e visualização distribuição espacial utilizou-se o programa Surfer 11.0 (Golden Software, 2002). ( ) (3) Modelo Gaussiano: ( ( ) [ ) ] (4) Modelo Exponencial: ( ( ) [ ) ] (5) Para validação dos modelos de ajustes foi utilizado o programa GEOEAS, para verificar se os erros padronizados apresentaram média próxima a zero e desvio-padrão próximo à unidade, segundo o critério de Jack-Knifing (Vauclin et al., 1983). O grau de dependência espacial (GDE) foi analisado segundo Cambardella et al. (1994), em que se preconiza a proporção em porcentagem do efeito pepita (C0) em relação ao patamar (C0+C1), apresentando: (a) dependência forte < 25%; (b) dependência moderada entre 25 e 75% e (c) dependência fraca > 75%, calculado pela Equação (6): ( ) (6) Resultados e Discussão Estatística descritiva As variáveis analisadas apresentaram distribuição Normal pelo teste Kolmogorov Smirnov (KS) a 5% probabilidade (Tabela 1), corroborando com Montenegro & Montenegro (2006), Souza et al (2008) e Souza et al. (2004). Os valores da média e mediana das variáveis, apresentadas na Tabela 1, foram relativamente próximos, com exceção dos dados de condutividade elétrica do extrato de saturação da camada de 0-0,20 m, que caracterizou-se por apresentar uma grande quantidade de valores baixos, e alguns valores altos proporcionando a diferença entre a média e a mediana. Resultados semelhantes foram encontrados por Silva et al. (2010) e diferiram dos resultados verificados por Souza et al. (2008b). A curtose e a assimetra tenderam a zero, mostrando um comportamento simétrico, com exceção da condutividade elétrica do extrato de saturação para camada de 0-0,20 m. Como comentado anteriormente, os coeficientes de assimetria e de curtose foram maiores e distantes de zero; consequentemente, pela estatística descritiva apresentar valores de tendência central (média) e mediana distintas (Tabela 1), corroborando com resultados de Souza et al (2008b). Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 769
7 Verificou-se que os dados de carbono orgânico total e matéria orgânica na camada de 0-0,20 m apresentaram média variabilidade (12 < CV < 62%), enquanto os valores de condutividade elétrica real do extrato de saturação na camada de 0-0,20 apresentou alta variação dos dados (CV > 62%), segundo o critério de Warrick & Nielsen (1980) apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Parâmetros da estatística descritiva dos valores da condutividade elétrica do extrato de saturação (CE es 0,20), do carbono orgânico total (CO 0,20) e matéria orgânica (MO 0,20) na camada de 0-0,20 m. PARÂMETROS CE es 0,20 CO 0,20 MO 0,20 ds m g. kg Nº de Amostras Mínimo 0,6 4,8 8,3 Máximo 6,1 13,4 23,1 Média 2,2 8,2 14,1 Mediana 1,7 7,9 13,7 Desvio Padrão 1,5 2,2 3,73 CV (%)* 67,0 26,4 26,4 Assimetria 1,4 0,3 0,32 Curtose 1,0-0,60-0,60 KS* 0,2 0,2 0,2 Erro max< KS 0,2 0,1 0,1 1º Quartil 1,2 6,7 11,5 3 ºQuartil 2,7 9,9 16,9 DEQ 1,5 3,2 5,4 Limite Inferior -1,9-17,0-29,2 Limite Superior 6,5 33,5 57,6 Variância 2,2 4,7 13,92 *CV=Coeficiente de Variação, KS=Kolmogorov Smirnov. Montenegro & Montenegro (2006), em pesquisa realizada no mesmo vale aluvial do presente estudo, adotando uma escala maior, encontraram CV de 15% para os dados em logaritmo, indicando média variação para a condutividade elétrica. Souza et al. (2007), em estudo no mesmo vale aluvial, obtiveram dados condutividade elétrica apresentando média variação. Já Costa Netto (2008) e Montenegro et al. (2010) verificaram média variação para a condutividade elétrica na mesma região, enquanto Souza et al. (2008b) encontraram coeficientes de variação da umidade que atingiram os níveis baixo e médio. Souza et al. (2004) encontraram baixo coeficiente de variação de 10,4% para matéria orgânica na profundidade de 0,0 0,2 m, diferindo dos resultados do presente trabalho. Resultados semelhantes foram observados por Cavalcante et al. (2007), que obtiveram CV médio em todos os sistemas de usos e manejos estudados para a variável matéria orgânica (Souza et al., 2003; Araújo 2002; Souza et al., 1997). Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 770
8 Os semivariogramas da condutividade elétrica do extrato, carbono orgânico total e matéria orgânica na camada de 0-0,20 m se ajustaram a um modelo esférico (Tabela 2), corroborando com os resultados encontrados por Souza et al (2004), Silva & Chaves (2001) e Souza et al. (1998). Pesquisa realizada por Loreiro et al. (2010) produziram ajustes dos semivariogramas com o modelo esférico para o dado de carbono orgânico total. O carbono orgânico total e matéria orgânica apresentaram moderada variação no dados (25 e 75%), enquanto a condutividade elétrica do extrato de saturação na camada de 0-0,20 m apresentou fraca dependência espacial > 75% (Tabela 2). Souza et al. (2007) encontraram dependência espacial da CE após o período chuvoso de acordo com os dados do presente trabalho, que foi realizado após irrigação, e Souza et al. (2008b) verificaram moderada dependência espacial. Os semivariogramas foram submetidos à validação através da técnica de Jack-knifing (Vauclin et al., 1983). Os valores da média e do desvio padrão fornecidos na Tabela 3 tenderam zero e um, respectivamente, comprovando validação do semivariogramas ajustados. Tabela 2. Parâmetros da análise semivariográfica dos valores da condutividade elétrica do extrato de saturação (CE es 0,20), do carbono orgânico total (CO 0,20) e matéria orgânica (MO 0,20) na camada de 0-0,20 m. PARÂMETROS CEes 0,20 CO 0,20 MO 0,20 ds m g.kg C ,0 3,0 8,0 C0+C ,0 4,5 6,0 A0 2,0 6 9,0 GD (%) 88,4 66,6 57,14 Classificação FR MD MD Modelo E E E C 0 -Efeito pepita, C 0 +C 1 -Patamar, A0-Alcance, GD-Grau de dependência, FR-Fraca, FT-Forte, MD-Moderada, G- Gaussiano, E- Esférico. Tabela 3. Resultados da validação cruzada para os valores da condutividade elétrica do extrato de saturação (CE es 0,20), do carbono orgânico total (CO 0,20) e matéria orgânica (MO 0,20) na camada de 0-0,20 m. PARÂMETROS CE es 0,20 CO 0,20 MO 0,20 ds m g.kg Média 1 0,001 0,015 0,008 Desvio padrão 2 1,080 1,058 1,112 1-Média dos resíduos, 2-Desvio padrão dos resíduos. Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 771
9 Para melhorar a visualização da distribuição espacial dos valores da condutividade elétrica do extrato, do carbono orgânico total (CO 0,20) e matéria orgânica (MO 0,20) na camada de 0-0,20 m foram gerados mapas de isolinhas adotando-se a técnica da krigagem (Figura 3), e com raio de interpolação limitado ao alcance do semivariograma. Os mapas de isolinhas apresentaram homogeneidade, os mapas temáticos de carbono orgânico total e matéria orgânica na exibiram o mesmo padrão. A mesma similaridade ocorreu para os mapas condutividade elétrica do extrato de 0-0,20 m, onde a mesma foi inversamente proporcional aos da matéria orgânica e do carbono orgânico (Figura 3). As extremidades da área foram as que apresentaram maior salinidade. Tal comportamento possivelmente ocorreu devido à exposição da bordadura à insolação, potencializando o efeito da ascenção capilar, e consequentemente a concentração de sais nas camadas superficiais. O teor de matéria orgânica, foi menor na área de bordadura. Pesquisa realizada por Souza et al. (2008b) na mesma região observou reduções de salinidade em solos com presença de cobertura, corroborrando com os resultados do presente trabalho. O mapeamento da área é importante pois permite o manejo específico das práticas agrícolas, com maior eficiência de aplicação de insumos, diminuição dos custos de produção e redução dos impactos sobre o ambiente. A B. C. Figura 3. Mapa de isolinhas: (A) condutividade elétrica do extrato saturação, (B) caborno orgânico total e (C) matéria orgânica na camada 0-0,20 m Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 772
10 A malha adotada e as estruturas variacionais obtidas possibilitaram mapear os atributos nas regiões intensivamente cultivadas no vale aluvial, são de caráter exploratório, servindo de indicativo preliminar para subsidiar a identificação de regiões potencialmente críticas a serem investigadas definindo-se, assim, locais para futuras coletas. Os dados de condutividade elétrica do extrato de saturação (CE es, ds m -1 ), variaram na camada de 0-0,20 m entre 0,64 a 6,1 ds m -1. Os valores de CE es foram elevados devido ao teor de ânions e cátions na solução do solo. O carbono orgânico total (CO 0,20) e matéria orgânica (MO 0,20) na camada de 0-0,20 m variaram entre 4,82 a 13,42 g.kg -1 e 8,3 a 23 kg -1, respectivamente. Conclusões As variáveis estudadas apresentaram distribuição normal, dependência espacial e os mapas de isolinhas apresentaram homogeneidade e similaridade. O modelo esférico foi o que melhor representou a estrutura de dependência espacial para todas as variáveis. Agradecimentos Os autores agradecem à Universidade Federal Rural de Pernambuco, ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola pelo apoio, à Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão das bolsas de mestrado e doutorado, e à FINEP e ao CNPq por auxílio ao projeto de pesquisa. Referências Araújo, A.A.V Variabilidade espacial de propriedades químicas e granulométricas do solo na definição de zonas homogêneas de manejo. 80p. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Estado de São Paulo, Jaboticabal. Cambardella, C. A.; Moorman, J. M.; Novak, T. B.; Karlen, D. L.; Turco, R. F.; Konopka, A. E Field-scale variability of soil properties in Central Iowa Soils. Soil Science Society of America Journal, v.58, p Cavalcante, E. G. S.; Alves, M. C.; Pereira, G. T.; Souza, Z. M Variabilidade espacial de MO, P, K e CTC do solo sob diferentes usos e manejos. Ciência Rural, v.37, n.2, marabr. Corwin, D. L.; Lesch, S. M Applications of soil electrical conductivity to precision agriculture: Theory, principles, and guidelines. Agronomy Journal, v.95, n.3, p Corwin, D. L.; Lesch, S. M Characterizing soil spatial variability with apparent soil electrical conductivity Part II. Casestudy. Computers and Electronics in Agriculture, v.46, p Costa Netto, M. L Avaliação da salinidade do solo utilizando sensor de indução eletromagnética e geoestatistica em vale aluvial no agreste de Pernambuco. Recife, 93p. Dissertação de mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Embrapa Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos de análise de solo. 2.ed. Rio de Janeiro, p. (Documentos, 1). Silva, J. S.;Montenegro, A. A. A.; Silva, E. F. F.; Andrade, C. W.L.; Silva, J. R. L. 773
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