DEMANDA ENERGÉTICA E CUSTOS NO PREPARO DE SOLO MECANIZADO PARA A IMPLANTAÇÃO FLORESTAL

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1 DEMANDA ENERGÉTICA E CUSTOS NO PREPARO DE SOLO MECANIZADO PARA A IMPLANTAÇÃO FLORESTAL Caique dos Santos Silva Brandão (1) ; Elton da Silva Leite (2) ; Catiúrsia Nascimento Dias (3) ; Johnny Wynter Pinho Araujo (4) ; Deoclides Ricardo de Souza (5) (1) Engenheiro Florestal; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; caiquebrandao@gmail.com; (2) Docente Adjunto; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; elton@edu.ufrb.com ; (3) Estudante de Engenharia Florestal; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; kalnascdias@gmail.com; (4) Engenheiro Florestal; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; johnnyengflorestal@gmail.com; (5) Docente Adjunto; Universidade Federal do Recôncavo da Bahia; drsouza@ufrb.edu.br RESUMO A seleção ideal de equipamentos para uma implantação florestal deve ter como objetivo principal propiciar a redução de custos, tais como: hora de trabalho e quantidade de combustível a ser utilizado e manter ou aumentar a produtividade florestal. Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito das operações mecanizadas na demanda energética e de custos na implantação florestal em diferentes preparos de solo. O experimento foi instalado em um delineamento inteiramente casualizado (DIC), com seis tratamentos (1- cova 0,30 m; 2- cova 0,45m; 3- cova 0,60m; 4- grade aradora 0,20 m; 5- subsolagem 0,30 m e 6- subsolagem 0,60m) e oito repetições. Foram avaliadas a demanda energética, o consumo de combustível por hectare e por hora efetiva de trabalho. Os resultados evidenciaram que o preparo de solo de subsolagem à 0,30m de profundidade apresentou os menores custos. Palavras-chave: Preparo de solo, Mecanização agrícola. ABSTRACT The ideal selection of equipment for a forest deployment should be the main goal of reducing costs, such as: hour of work and amount of fuel to be used and to maintain or increase forest productivity. The objective of this work was to evaluate the effect of mechanized operations on energy demand and of costs in the forest implantation in different soil preparation. The experiment was installed in a completely randomized design (DIC), with six treatments (1-pit 0.30 m, 2-pit 0.45m, 3 pit 0.60m, 4 harrow 0.20 m, 5- subsoiling 0.30 m and 6- subsoiling 0.60 m) and eight repetitions. The energy demand was evaluated, the fuel consumption per hectare and per working hour. The results showed that the preparation of subsoiling soil at 0,30 m depth showed the lowest costs. Key words: Soil preparation, Agricultural mechanization. INTRODUÇÃO Os sistemas de preparo do solo devem levar em consideração a demanda energética e características do solo, tais como a textura e umidade. Os conhecimentos ideias sobre esses fatores levam à redução de custos em uma produção florestal (KICHLER et al., 2007). De acordo

2 Mclaughlin et al. (2008), com uma seleção adequada do sistema de preparo do solo e correta adequação do trator e implemento, obtém-se redução na demanda energética de máquinas agrícolas. Avaliando o consumo energético de diferentes operações agrícolas mecanizadas, Fernandes et al. (2008) concluíram que os sistemas de preparo do solo, com menos operações por área, obtiveram menor consumo de combustível. Este trabalho teve o objetivo de estudar a interferência das operações mecanizadas na demanda energética e de custos na implantação florestal. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no Campo Experimental da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), campus Cruz das Almas Bahia. O solo da região é classificado de acordo com o sistema brasileiro de classificação dos solos, como latossolo amarelo distrocoeso típico. O experimento foi instalado em um delineamento inteiramente casualizado (DIC), com seis tratamentos e oito repetições. Os tratamentos compuseram: plantio direto foram avaliados três dimensões de covas, nas profundidade de 0,30 (1), 0,45 (2) e 0,60 (3); o preparo convencional foi realizado pela grade aradora na profundidade de 0,20 m (4); e no plantio reduzido, foi feito subsolagem nas profundidades 0,30 (5) e 0,60 m (6). As covas foram confeccionadas por trado da marca Tatu Marchesan, modelo PS18, com uma broca de 0,45 m de diâmetro que proporcionou 0,53 m de diâmetro e profundidades de 0,30, 0,45 e 0,60m. A demanda energética constituiu pela determinação do consumo de combustível horário e consumo por área, como mostrado a seguir na tabela 1, seguindo o método de Gamero (2008). O consumo foi determinado pelo fluxômetro marca FLOWMATE, modelo oval M3. Os custos das operações compreenderam pelo custo horário (estimado em US$ h -1 ), segundo a norma da ASAE (2004) (Tabela 2). O custo de horário (estimado em US$ m -3 ) foi estimado pelo somatório dos custos fixos e custos variáveis, conforme método de (LEITE et al., 2014) e o custo por área foi obtido utilizando (FESSEL,2003), conforme as equações 13. Tabela 1: Equações das variáveis estudadas Variáveis de estudo Equação Capacidade de campo teórica (ha h -1 ) (1) Consumo horário de combustível (L h -1 ) (2) Consumo de combustível por área (L ha -1 ) (3) T = tempo de percurso na parcela (s); c= volume consumido (ml); 3,6= fator de correção. Fonte: adaptado de American SocietyofAgriculturalEngineers (ASAE, 2004). Tabela 2: Equações para determinação dos custos horários fixos e variáveis dos conjuntos mecanizados (continua) Depreciação (4) Cu Custos fixos stos Variáv eis Juros (5) Abrigo (6) Taxas administrativas Combustível (8) Óleo hidráulico (9) (7)

3 Graxa (10) Manutenção e reparos (11) Mão de obra (12) Custo horário Custo por área (13) Va = valor de aquisição da máquina (US$ ,02 trator TL75; US$ ,15 trator 8030T; US$ 2.236,71 trado perfurador; US$ 8.499,49 subsolador; R$ ,91 grade aradora) Vr = valor residual, 10% Va (US$); He = horas efetivas de uso anual (1.000 h trator; 400 h subsolador e grade aradora; 200 h trado); N = vida útil (10 anos do trator; 5 anos do trado, subsolador, grade aradora); i = taxa de juros (10%); cc = preço do óleo diesel (US$0,96 L -1 ); Cd = consumo de diesel (Lh -1 ); P = potência do trator (cv); coh = valor do litro de óleo hidráulico (US$3,83); cg = valor do quilo da graxa (US$5,11); Fa = fator de abrigo (2%); FR1 = fator 1 (0,007); FR2 = fator 2 (2); h = hora de uso acumulada (h); S= salário mensal do operador (US$ 383,44); E = encargos (1,7); Hm = horas trabalhadas mensal (176); CF=Custos fixos; CV=Custos variáveis; CCT: Capacidae de campo teórica. Fonte: adaptado de American Society of Agricultural Engineers (ASAE, 2004). Os resultados da demanda energética e custos das operações foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância, por meio do software Estatística 10. RESULTADOS E DISCUSSÃO Demanda energética Os valores referentes a demanda energética dos seis diferentes preparos de solo estão dispostos na tabela 4. Tabela 4: Consumo de combustível por hectare e consumo horário. Tratamentos Consumo por hectare (L ha -1 ) Consumo horário (L h -1 ) CCT (ha h -1 ) (1) Cova 0,30 m 21,54 c* 2,28 a 0,11 d (2) Cova 0,45 m 24,70 c 2,47 ab 0,10 de (3) Cova 0,60 m 34,27 d 3,06 b 0,09 e (4) Grade Aradora 0,20m 15,42 b 12,42 d 0,81 c (5) Subsolagem 0,30m 7,05 a 6,81 c 0,97 a (6) Subsolagem 0,60m 15,36 b 13,78 d 0,90 b (*) Médias seguidas de letras diferentes nas colunas são diferentes estatisticamente. O tratamento que consumiu a maior quantidade de combustível por hectare foi o 3 (cova 0,60m) como mostrado na tabela 4. Esse fato pode ser explicado devido a profundidade, o que requer uma maior força de trabalho pela máquina. O maior valor de consumo por hora efetiva de trabalho foi pelo tratamento 6 (subsolagem 0,60m). Sendo 13,78 L h-1, a subsolagem a 0,30m resultou em uma média de 6,81 L h-1 sendo uma diferença de 49,42% em 0,30m de profundidade ou 16,47% a cada 0,10m. Gamero (2008) constatou um acréscimo de 25,2% no custo horário de combustível para o aumento de 0,10 m em profundidade. A profundidade da subsolagem tem ligação direta com a elevação de custos trabalho e custo horário de combustível, consequentemente o custo operacional do emprego da máquina, como relatado por Montanha et al. (2011).

4 0,60 m. O tratamento que obteve a maior cct foi a subsolagem 0,30 m seguido pela subsolagem Análise de custos Na Figura 3, estão representados os custos fixos, variáveis e totais por hora de trabalho (US$ h -1 ) dos tratamentos. As menores médias de custos, foram referentes aos tratamentos 1,2 e 3. O tratamento 4, grade aradora apresentou maior custo por hora trabalhada, resultando em US$ 37,76 h -1 seguido pelo tratamento subsolagem 0,60 m, com média de hora trabalhada de US$ 37,44 h -1. Figura 3: Custos fixos, custos variáveis e custos totais em dólares das operações de preparo de solo. Na Figura 4, estão apresentados os percentuais inerentes aos custos totais de produção. Observou-se que apesar da cova obter o menor custo horário, o custo de consumo por hectare foram os maiores. De acordo, ao custos da grade aradora e da subsolagem a 0,30m e 0,60m, estes apresentaram menores médias. CONCLUSÕES Figura 4: Custo de produção total de cada tipo de preparo. A subsolagem 0,30 m obteve menores valores de consumo e custo e a capacidade teórica de campo foi a maior em relação aos demais tratamentos. As três profundidades de cova elevaram em seis vezes o custo na implantação florestal quando comparados os demais tratamentos em estudo; Os tratamentos de subsolagem 0,60m e a grade aradora foram similares, sendo 59% mais caro que a subsolagem de 0,30.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASAE American Society of Agricultural Engineers. Terminology and definition for agricultural tillage implements. ASAE Standards St. Joseph, Michigan p (ASAE S414.1FEB2004). FERNANDES, H. C.; SILVEIRA, J. C. M. da; RINALDI, P. C. N. Avaliação do custo energético de diferentes operações agrícolas mecanizadas. Ciência e agrotecnologia, v. 32, n. 05, p , FESSEL, V. A. G. Qualidade, desempenho operacional e custo de plantios, manual e mecanizado de Eucalyptus grandis implantados com cultivo mínimo do solo. Piracicaba, p. dissertação (Mestrado em Ciências florestais) Escola superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, GAMERO, C. A. Desempenho operacional de um subsolador de hastes com curvatura lateral ( Paraplow ), em função de diferentes velocidades de deslocamento e profundidades de trabalho. Botucatu, p. Dissertação Mestrado em Energia na Agricultura - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, KICHLER, C. M. et al. Spatially Monitoring Tractor Performance to Evaluate Energy Requirements of Variable Depth Tillage and Implement Selection. American Society of Agricutural and Biological Engineers, n LEITE, E. S.; FERNANDES, H. C.; GUEDES, I. L.; AMARAL, E. J. Análise técnica e de custos do corte florestal semimecanizado em povoamentos de eucalipto em diferentes espaçamentos. Cerne, Viçosa, v. 20 n. 3, p , MCLAUGHLIN, N. B. et al. Energy inputs for conservation and conventional primary tillage implements in a clay loam soil. Transactions of the ASABE, v. 51, n. 04, p MONTANHA, G. K.; GUERRA, S. P. S.; SANCHEZ, P. A.; FERNANDO HENRIQUE CAMPOS, F. H.; LANÇAS. K. P. Consumo de combustível de um trator agrícola no preparo do solo para a cultura do algodão irrigado em função da pressão de inflação nos pneus. Revista Energia na Agricultura. Botucatu, vol. 26, n.1, p.39-51, 2011.