CONSUMO PÓS-CONSUMO MEIO AMBIENTE

Transcrição

1 CONSUMO PÓS-CONSUMO MEIO AMBIENTE Professora: Livia Abdalla

2 Sociedade Século XX Sistema econômico capitalista, baseado na produção, mercadoria, trabalho social, trocas (circulação) e propriedade privada. Alienação do trabalhador em relação ao seu produto. Mercadoria: base de todo o funcionamento social, ganham status de sujeitos (fetichismo).

3 Sociedade Século XX Sistema econômico de produção, com ênfase na acumulação de riqueza. Aumento crescente da quantidade de produtos para atender à demanda de lucro, mais do que atender à necessidades básicas da sociedade. Ciclo: expansão-lucro-expansão Produção engendrada e dependente das trocas: CONSUMO (material e produtivo)

4 Sociedade Século XXI Nos dias de hoje, de que consumo estamos falando? Consumo de bens materiais. Mas sobretudo de bens simbólicos, de representações, estilos de vida, enunciações. Consumo como construção identitária, junto com o trabalho. Trabalhadores do século XX e XXI também são consumidores. Trabalho também é visto como mercadoria, grife. Consumo de espaço-tempo. Compras em hipermercados, distantes, objeto para armazenar (freezer).

5 Imaterialidade do consumo. Sociedade Século XXI Consumo como sistema de comunicação. Disseminação de diferentes tipos de mensagens. Possibilidade de fazer arqueologia a partir do consumo. Estudo das relações sociais. O que as pessoas compram? Por que compram? Para quem? Compras no mercado como ato de amor. Interações entre membros da família, poder da dona de casa.* * Miller, Daniel. Teoria das compras.

6 Sociedade Século XXI Passagem do consumo ao consumismo Consumismo é um tipo de arranjo social resultante da reciclagem de vontades, desejos e anseios humanos rotineiros, permanentes, transformando-os na principal força propulsora e operativa da sociedade. Bauman, Zygmund. Vida para o consumo.

7 Sociedade século XXI Consumo: definidor das dinâmicas sociais. Mecanismo de diferenciação e pertencimento. Quem sou e de quem me diferencio? Elemento de classificação social (Bourdieu) Violência simbólica embutida nestas definições. Sentidos disputados por determinados grupos sociais. Dominantes e dominados. Sentido da sociedade é definido através da circulação. Se funde sobre as trocas. (Maurice Godelier) E as trocas sempre foram assim?

8 Sociedade século XXI Mercantilização da vida. Gestão privada dos riscos. Caso do check-up genômico. Produção e uso capitalista do tempo e das possibilidades. Desaparecimento da gestão coletiva dos riscos. Discurso da saúde começa a se misturar com a beleza. Corpo são = corpo belo

9 Sociedade século XXI Mercantilização das trocas. Dinâmica do capital atravessa todas as esferas. Fenômeno da Reificação (Lukács). Mercantilização da morte. Caso dos diamantes.. Espetacularização: as trocas não são feitas para durar. O consumidor é uma espécie de colecionador às avessas. Em vez de colecionar objetos coleciona atos de aquisição de objetos. [...] O colecionador às avessas sabe que os objetos que adquire desvalorizam assim que ele os agarra. [...] Para o colecionador às avessas, o desejo não tem um objeto com o qual possa conformar-se, pois sempre haverá outro objeto chamando sua atenção. (Beatriz Sarlo)

10 Sociedade Século XXI Estética do descartável. Cultura do desperdício. Obsolescência programada. Produtos que duram pouco tempo. Mudança do conceito de bens duráveis (Mészaros). Consumo como hedonista, moralista ou naturalista (Douglas & Isherwood) Desdobramentos sociais e ambientais

11 Documentário comprar, jogar fora, comprar

12 Desdobramentos sociais e ambientais do consumo

13 Dimensão territorial Complexo Soja 25% Fibras e Produtos Texteis 2% Sucos de Fruta 3% Cereais, Farinhas e Preparações 3% Fumo e seus Produtos 4% Carnes 20% Café 7% Couros 4% Demais Produtos 8% Produtos Florestais 13% Complexo Sucroalcooleiro 11% Fontes: AgroStat Brasil a partir de dados da SECEX/MDIC Elaboração: CGOE / DPI / SRI / MAPA

14 A expansão da soja ha ha ha ha Fonte: PAM, IBGE

15 Dimensão territorial Maiores áreas ocupadas pela atividade agrícola (milhões de hectares) GADO SOJA MILHO CANA FLORESTAS PLANTADAS FEIJÃO ARROZ 21,6 14,2 7,7 6,0 4,2 2,9 199,0 TRIGO 2, Quatro setores respondem por mais de 80% da área ocupada pela produção agropecuária: pecuária, soja, cana de açúcar e florestas plantadas. Fonte: elaborado a partir de dados do IBGE (2008), Conab (2009) e Abraf (2009)

16 Exportação virtual de água

17 Desdobramentos sociais consumo Pecuária extensiva consumo virtual de água Fonte:

18 Emissões brasileiras de GEEs Percentual das emissões brasileiras de GEE por setores a partir do Inventário de Emissões de 2005 Mudanças no uso da terra e florestas 58% 80% das emissões brasileiras de GEEs são resultantes das atividades agropecuárias Outros 4% Agropecuária 22% Energia 16% Fonte: MCT (2009)

19 Pecuária extensiva

20 Consumo de madeira industrial das florestas artificiais percentuais, Brasil, 2007 No Brasil, estima-se que mais de 30% do total de ferro-gusa seja produzido com uso do carvão vegetal Fonte: Abraf

21 Desdobramentos consumo Consumo produtivo: o que consomem as empresas em suas produções? 11% dos habitantes não tem acesso a água potável** 37% não possuem saneamento básico** Necessidade de se repensar todo o processo de produção **ONU

22 Desdobramentos consumo 2,5 bilhões de pessoas foram atingidas por desastres ambientais nos últimos dez anos. A maioria em países em desenvolvimento.* 50 milhões de refugiados ambientais* (até 2010) 80% da produção e consumo em países com menos da 20% da população* Pegada ecológica:** - Hoje: 2,7 hectares - Limite: 1,8 - Déficit: 0,9 (1, 5 planetas) * ONU ** WWF - Brasil

23 Desdobramentos consumo Cruzando os dados de renda do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança média de vida, natalidade e outros fatores) e de volume de lixo coletado conclui-se que uma renda maior gera um aumento da quantidade de lixo por habitante : (IDH) Lixo kg/hab./dia AL 0,67 0,94 RJ 0,83 1,29 E a imensa maioria desse lixo, não importa se é de ricos ou pobres, é levada para depósitos inadequados. *Panorama Abrelpe 2010

24 Geração RSU Brasil A geração de RSU no Brasil registrou um crescimento expressivo de 2009 para 2010, superando a taxa de crescimento populacional urbano que foi de cerca de 1% no período*: Quantidade tonelada/ano Aumento de 6% Maior quantidade e diversidade. Uso de plásticos que não são absorvidos pela natureza. *Panorama Abrelpe 2010

25 Destino RSU Destino do lixo no Brasil* Aterro sanitário 56,8 % 57,6% Aterro controlado 23,9% 24,3% Lixão 19,3% 18,1% *Panorama Abrelpe 2010

26 Situação RSU - Rio A geração de RSU no Rio é de aproximadamente toneladas diárias. A cidade do Rio de Janeiro recicla somente 3% do lixo, 0, 27 a cargo da Comlurb e o restante é feito pelos catadores. Dos 160 bairros, somente 41 recebem o serviço de coleta seletiva pela Comlurb (40% zona sul, 42% oeste e 18% na zona norte). Há três usinas de reciclagem (custo de 79 milhões de reais): uma não funciona, a outra funciona com um terço da capacidade praticamente não funciona. e a terceira * Fonte: O Globo

27 Aterro Metropolitano Jardim Gramacho O futuro dos catadores de materiais recicláveis após o encerramento do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho