DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CONTEXTO DA ESCOLA DO CAMPO Lucielio m. da Costa Lucinete G. da Costa



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Transcrição:

DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CONTEXTO DA ESCOLA DO CAMPO Lucielio m. da Costa Lucinete G. da Costa RESUMO O presente artigo é um recorte de nossas pesquisas voltadas para a Educação do Campo, vinculado à nossa prática pedagógica enquanto professores da Educação de Jovens e Adultos. Tem por objetivo refletir a EJA na perspectiva da Escola do Campo. Trata-se de uma pesquisa realizada no Assentamento Tarumã-Mirim, Ramal do Pau-Rosa no Município de Manaus, realizada com dez alunos e três professoras. Tem enfoque de natureza qualitativa, numa abordagem dialética. O texto ficou estruturado da seguinte forma: no primeiro momento abordaremos sobre os elementos históricos; no segundo discutimos essa modalidade de ensino no contexto da escola do campo, e por fim, o currículo como resgate social no contexto do Campo. Fundamentamos esse estudo em teóricos como: Paiva (1987, 2005) Freire (2003, 1987) Caldart (2000, 2002, 2004), Molina (2004), entre outros. Evidenciamos com essa pesquisa a necessidade de um ensino contextualizado na Educação de Jovens e Adultos, tendo o trabalho no campo como matriz de referência. PALAVRAS CHAVE: Educação de Jovens e Adultos; Educação do Campo; Currículo. RÉSUMÉ Cet article est un aperçu de notre recherche pour l'éducation campagnarde, lié à nos pratiques d'enseignement EN TANT qu enseignants de la Jeunesse et des Adultes. Ce travail vise à penser la EJA dans la perspective de l'école campagnarde. Il s'agit d'une enquête menée dans le règlement Tarumã-Mirim, Ramal do Pau-Rosa dans la ville de Manaus, mené avec une dizaine d'étudiants et trois enseignants, dans une démarche qualitative et une approche dialectique. Le texte a été structuré comme suit: nous débuterons avec un aperçu des éléments historiques, ensuite nous discuterons de ce type d'éducation dans le contexte de l école campagnarde et enfin le curriculum comme une manière de réparation sociale dans le cadre de la campagne. Nous prenons pour base théorique de cette étude des auteurs comme Paiva (1987, 2005), Freire (2003, 1987) Caldart (2000, 2002, 2004), Molina (2004), entre autres. Nous mettons au point dans ce travail la nécessité d'un enseignement contextuel dans l'éducation des Jeunes et des Adultes, ayant comme référence les travaux des paysans à la campagne. Mots-clés: Campagne: Éducation de jeunes et adultes; Education Campagnarde, Curriculum. INTRODUÇÃO A questão da educação de jovens e adultos sofreu grandes transformações a partir dos anos 1946 a 1964, quando surgiram as campanhas nacionais de alfabetização. Com Paulo Freire, o seu conceito vai se movendo na direção de uma educação emancipatória, na medida em que a realidade começa a fazer algumas exigências. Entendemos que é urgente pensarmos a EJA como espaço de apropriação do conhecimento científico elaborado na luta concreta para a transformação e construção de uma nova realidade social. A educação é o espaço pelo qual o homem fortalece sua identidade, partindo de uma prática de ensino

2 conectado com a realidade do sujeito, priorizando suas necessidades, de modo que contribua para o enfrentamento da realidade social baseada numa sociedade capitalista em que a elite é favorecida em detrimento das camadas populares. Nesse contexto, surgem os grandes desafios teórico-práticos colocados pelo processo de Globalização hegemonizado pelo capitalismo, gerando desafios decorrentes do crescente quadro de complexidade que o impregna, com reflexos tais como: desoneração dos Estados nacionais periféricos; alienação do patrimônio nacional processo de privatizações, desemprego estrutural e um grande alcance ideológico da mídia. No atual contexto mundial, a educação em todas as suas dimensões e modalidades se encontra em face de uma necessidade de reinvenção. Enfrenta desafios de orientação em tempos de mudanças permanentes. Vivemos, pois tempos de diversidade, em que repensar a Educação é confrontar conceitos antigos e novos, interrogando os dilemas e as perspectivas que se colocam frente a uma realidade em constante movimento. Nesse novo cenário, é urgente repensarmos a necessidade de maior relacionamento entre os sistemas escolares, movimentos sociais, governo e universidades, de modo que reflitamos o ensino como espaço social do ponto de vista de sua historicidade, seus desafios de ordem pedagógica e política e perspectivas que vislumbram novas condições históricas. Para concretização do estudo e a análise dos pressupostos teóricos que norteiam o entendimento da Educação de Jovens e Adultos numa perspectiva da Educação do Campo utilizamos como arcabouço teórico, os estudos de Paiva (1987, 2005) Freire (2003, 1987) Caldart (2000, 2002, 2004), Molina (2004), entre outros. O campo da pesquisa deu-se no Assentamento Tarumã-Mirim Ramal do Pau-Rosa no Município de Manaus.Teve por base uma abordagem de natureza qualitativa, numa perspectiva dialética, tendo com sujeitos dez alunos e três professoras da EJA. O texto está estruturado em três momentos de reflexões: contextualização da Educação de Jovens e Adultos; A Educação de Jovens Adultos no Contexto do Campo e o Currículo na EJA como resgate social no contexto do Campo. CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Educação em nosso país se inicia na época do Brasil colônia com o sistema de catequese dos indígenas desenvolvidos pelos jesuítas. Como no Brasil colônia a economia era incipiente, agrária e escravista, não havia preocupação com a escolarização da sociedade no geral, pois os reais interesses dos setores hegemônicos era educar para colonizar. A educação era o principal meio de transmição da cultura dominante os indígenas. O objetivo dessa prática era alfabetizar para ler e escrever, preparando a mão-de-obra para o trabalho, mantendo o sujeito alienado e sem conhecimento da realidade social. Somente a partir do

3 processo de desenvolvimento da economia nos finais do século XIX é que o Estado passa a se preocupar com a Educação de Jovens e Adultos. Porém, essa preocupação, não se apresenta como prioridade do governo dessa época, pois privilegia a pequena burguesia ascendente. Segundo Freire (2003), não é possível pensar a educação, sem que se considere a questão do poder. Torna-se evidente que os jovens e adultos ligados às camadas populares em nenhum momento foram vistos como sujeitos no que se refere aos direitos sociais, entre esses, a educação. Somente a partir de 1932 é que o Estado passa a se preocupar mais com a educação num contexto que ocorre o avanço da industrialização e do processo de urbanização da sociedade brasileira, fazendo crescer a demanda pelo acesso à educação, neste momento a escolarização representava um ponto crucial para solucionar os conflitos produzidos pelas transformações das bases econômicas do país. Paiva (1987) acrescenta que essa preocupação, entretanto, não se apresenta como prioridade, uma vez que a sociedade brasileira está voltada à superação de uma imagem de país subdesenvolvido. A temática da Educação de Jovens e Adultos sofreu grandes transformações a partir dos anos 1946 a 1964, quando surgiram as campanhas nacionais de alfabetização representadas por Paulo Freire, em que o conceito de educação de jovens vai se movendo na direção da emancipação. De acordo com Torres (1997), a alfabetização emancipatória torna-se um veículo por meio do quais os oprimidos são equipados com as ferramentas necessárias para reapropriar-se de sua história, cultura e sua prática lingüística. Por meio da educação adquirimos o conhecimento que nos possibilita tomarmos nossas próprias decisões e a agirmos perante a sociedade onde estamos inseridos, pois o bom desenvolvimento humano parte da coletividade e união na busca de novas perspectivas de vida e novos horizontes. Contudo, formar para a sociedade é ir além dos limites políticos, em que os sujeitos passam a ser personagem de sua própria historia de vida, compreendendo seus deveres e fazendo valer seus direitos. É preciso, na verdade, que a alfabetização de adultos, a serviços da reconstrução nacional, contribua para que o povo, tomando mais e mais sua história nas mãos se reforce no futuro da história, fazer a história é estar presente nela e não simplesmente nela estar apresentado. (FREIRE, 2003, p. 40). A Educação de Jovens e Adultos é fruto das reivindicações na luta pelo seu reconhecimento como direito. Consideramos que há muitas transformações a serem feitas na educação em nosso país para que se realize como instrumento de participação democrática e de luta pela justiça social e pela emancipação humana. A história de educação de jovens e adultos no Brasil pode ser dividida em três momentos. O primeiro entre o período de 1946 a 1958, em que foram realizadas as chamadas Cruzadas, campanhas nacionais de iniciativa oficial voltadas para a erradicação do analfabetismo que era entendido como um obstáculo ao desenvolvimento brasileiro.

4 O segundo de 1958 a 1964. Neste período ocorreu a realização do II Congresso Nacional de Educação de Jovens e Adultos, que contou com a participação de Paulo Freire. Partiu daí a idéia de um Programa de enfrentamento do problema da alfabetização que desembocou do Plano Nacional de Alfabetização de Jovens e Adultos, dirigido por Paulo Freire e extinto pelo golpe de estado de 1964, depois de um ano de funcionamento. O terceiro momento, relativo ao governo militar, insistia em campanhas como a cruzada do ABC (Ação Básica Cristã) e posteriormente a criação do MOBRAL. O MOBRAL capacitaria o incapaz, a alfabetização como treinamento e integração da população ao desenvolvimento, no projeto do Estado Militar, que estava centrado na concentração de renda. No que se refere à lei, a educação de jovens e adultos passou a ser reconhecida pela primeira vez como direito de cidadania na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 5.692/ 71, porém limitava ao dever do Estado a faixa etária de 7 a 14 anos, ou seja, é direito do cidadão, mas não é dever do Estado. (PAIVA, 1987). É considerável destacar que a Educação de Jovens e Adultos guarda uma forte ligação com a Educação Popular. Isso acontece por vários aspectos, dentre eles: a Educação Popular destinada àqueles que não tiveram oportunidades educacionais em idade própria ou não tiveram de forma suficiente, diretrizes seguida pelas iniciativas oficiais, percebendo escolarização/ suplência; a educação destinada às camadas populares, aqui incorporando também as iniciativas dos movimentos sociais populares e ainda, a educação das séries fundamentais, extensivas a toda a população. Neste sentido, ela inscreve-se como Educação Popular, dentro das lutas pela democratização da escola pública e ampliação do acesso, como parte do sistema regular de ensino, respeitando as necessidades de formação. O acesso à escola tem sido reivindicado pelas classes populares. Podemos observar que essa luta em parte avançou, pois identificamos o aumento da oferta do sistema escolar. Permanece, porém, o alto índice de evasão e reprovação das crianças das camadas populares. Estas até conseguem ingressar no sistema de ensino, mas, em seguida, dele são afastadas. A educação é um direito de todos e necessária no processo de construção de conhecimentos pra encontrar soluções que eliminem as diferenças e desigualdades sociais, quer sejam na cidade ou no campo. O educando quando chega à sala de aula nunca chega vazio e é esta criatividade e conhecimento de mundo que ele traz consigo que o professor deve estimular para que este aluno exponha e colabore com seu conhecimento fazendo a mudança e mostrando a diferença. Silva (2002) destaca que somos plurais e assim precisam ser nossas escolas. Desta forma, precisamos de propostas curriculares próprias, com projetos políticos e pedagógicos articulados e coerentes com o contexto onde estão inseridos. Os que fazem parte da escola precisam construir um projeto político pedagógico coerente com a realidade local, contribuindo assim para transformar realidade numa perspectiva de emancipação

5 social. Segundo Freire: Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: Os homens se libertam em comunhão. (1987, p.57). A EDUCAÇÃO DE JOVEN S E ADULTOS N O CONTEXTO DA ESCOLA DO CAMPO A literatura dar conta que a educação brasileira reflete os condicionamentos econômicos, sociais e políticos de determinado contexto histórico, desencadeando programas, projetos e iniciativas, quase sempre em descontinuidade. Somos herdeiros e continuadores da luta pela constituição da educação como direito universal de todos: Um direito humano, social, de cidadania ou de participação mais crítica e ativa na dinâmica da sociedade, merecedores de respeito e confiança. [...] é, preciso pensar também que tratar do direito universal á educação é mais do que tratar da presença de todas as pessoas na escola; é passar a olhar para o jeito de educar, quem é sujeito deste direito, de modo a construir uma qualidade de educação que forme as pessoas como sujeitos de direitos, capazes de fazer a luta permanente pela sua conquista. (CALDART, 2004, p.270). A educação é um direito de todos e a nossa luta é no campo das políticas públicas, pois só assim universalizaremos o acesso de todos à educação, formando sujeitos de direito. Caldart (2000, p.66), nos diz que não há escolas do campo sem a formação dos sujeitos sociais do campo que assumem e lutam por essa identidade e por um projeto de futuro. O sentido ideológico da educação segue a seguinte lógica: para os que detêm o poder, a política educacional é organizada de acordo com seus interesses; os que disputam o poder, só têm na educação um instrumento ideológico de mudança, quando as contradições/ crises sistêmicas chegam ao seu ápice. O caráter da luta ideológica pela educação é marcado nas sociedades onde a instrução elementar não foi universalizada. Portanto, os grupos dominantes sempre utilizaram o espaço educativo como uma das formas de recomposição e consolidação do poder político. A educação do campo assume sua particularidade que é o vínculo com sujeitos sociais e com um recorte específico de classe, mas sem deixar de considerar a dimensão da universalidade: antes, durante e depois, de tudo ela é educação, formação de seres humanos. Compreender o lugar da escola na Educação do Campo é compreender o tipo de ser humano que ela precisa ajudar a formar e como pode contribuir com a formação dos novos sujeitos sociais que vêm se constituir no campo hoje. A escola precisa cumprir a sua vocação universal de ajuda no processo de humanização das pessoas e com as tarefas especificas que se pode assumir nesta perspectiva. (MOLINA, 2004,37). Os camponeses estão buscando um novo projeto de sociedade, visando condições melhores para o povo, porque sabem e vivem a dificuldade de ter acesso a seus direitos básicos como: saúde,

6 educação, moradia, trabalho entre outros. A escola tem uma tarefa educativa fundamental, especialmente na formação das novas gerações; e por que a escola pode ser um espaço efetivo de fazer acontecer à educação do campo. (CALDART, 2002, p.34). O povo do campo vem lutando por políticas públicas que garantam seu direito à educação que seja no e do campo, pois todos têm direito a ser educado no lugar onde vivem com sua participação vinculada à sua cultura e suas necessidades de sua realidade. [...] A educação é mais do que tratar da presença de todas as pessoas na escola: é passar a olhar para o jeito de educar quem é sujeito deste direito de modo a construir uma qualidade de educação que forme as pessoas como sujeitos de direitos, capazes de fazer a luta permanente pela sua conquista [...] (CALDART, 2004, p.27). A partir do caminho árduo que esses jovens e adultos percorrem em sua difícil tarefa em se tornarem cidadãos instruídos, ao mesmo tempo em que se encontram em meio a tantos problemas sociais, e principalmente de desigualdade, os mesmos acabam traçando um destino que vem a ser o da grande maioria da sociedade: o afastamento da escola. O que normalmente se vê na prática pedagógica da educação de jovens e adulto é um ensino infantilizado, o que passa uma visão preconceituosa de que esse adulto é um ignorante, atrasado, quando na verdade o desenvolvimento do homem é de natureza social, faz-se pelo trabalho. Embora encontrem muitas dificuldades em permanecer em sala de aula, é grande o número de pessoas que voltaram a estudar na Educação de Jovens e Adultos. Isso mostra que a força de vontade desses jovens em continuar estudando é mais importante do que as dificuldades que encontram pelo caminho. Compreende-se que a massa considerável de excluídos do sistema formal de ensino deve-se muitas vezes, às condições precárias de vida, sem acesso à escola e quando tem acaba encontrando uma escola de má qualidade, que foge à realidade da grande maioria de jovens e adultos. A falta de interesse pela educação de jovens e adultos e a condenação dos mesmos ao analfabetismo, gera um pensamento errôneo de que os mesmos são responsáveis por sua própria ignorância, esquecendo que o analfabeto adulto tem a sua própria vivência independente do que ele aprende na escola. A escola do campo tem que trabalhar com a realidade dos trabalhadores e trabalhadoras do campo, de modo que reconheça os seus valores para que os mesmo tenham dignidade com a perspectiva do desenvolvimento social econômica igualitário para todos. O CURRÍCULO NA EJA COMO RESGATE SOCIAL NO CONTEXTO DO CAMPO A educação de jovens e adultos não pode formar somente cidadãos do futuro, é preciso formar para o presente e para isso acontecer, é fundamental aprofundar, na escola, os saberes e experiências

7 do mundo da cidadania, considerando também o contato dos educandos com movimentos sociais e associações como sindicato e outros grupos, podendo assim participar das atividades políticas e a discutir os problemas que passam a nossa humanidade. O adulto analfabeto é vítima de graves erros pedagógicos, quando são submetidos a métodos impróprios para a sua aprendizagem que os leva a se sentirem menosprezados e envergonhados de sua pouca cultura. Faz-se necessário uma reflexão sobre a importância de uma educação de qualidade direcionada para as camadas sociais menos favorecidas, com destaque para a educação de jovens e adultos, utilizando um conteúdo articulado com a realidade social onde os mesmos estão inseridos. Esta prática educacional possibilita o desenvolvimento da autonomia dos jovens e adultos enquanto sujeitos do aprender a fazer, praticando vários modos de aprendizagens voltados para as necessidades do aprender, conhecer e do agir de modo que se torne uma educação que possibilite ao educando a se organizar e ser sujeito da direção ao seu destino. A EJA precisa partir da realidade cultural do educando e ir ampliando seu processo de ensino a partir de suas experiências, buscando reconstruí-lo num novo sujeito crítico, de modo que não reforce a exclusão por motivo de raça, sexo, culturas ou outras formas de discriminação, ou seja, dar oportunidade aquelas pessoas que não tiveram oportunidade de estudar em idade adequada e hoje sentem a necessidade de está na escola. Segundo Gadoti (2005), a educação de jovens e adultos é especificamente destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudar na idade própria e que buscam por uma oportunidade de superar a idéia de que eram inferiores e incapazes, ao mesmo tempo em que cresceram excluídos da realidade escolar. Para que o homem saia da condição de objeto e assumir seu papel de sujeito da sociedade seria necessário uma educação que passe da transitividade ingênua à crítica, possibilitando que o mesmo adquira uma atitude crítica, devendo integrar - se, superando a atitude do simples ajustamento ou acomodação, apresentando temas e tarefas da sua época, pois sua afirmação como objeto depende em grande parte dessa capacidade de captar ou não estes conhecimentos de construção. Faz necessário conhecer os sujeitos que se pretende educar, seus interesses, aproveitando as experiências trazidas do seu cotidiano. Enfrentando os desafios, principalmente nesta modalidade que apresenta um campo fértil de contradições e desvantagens no processo de escolarização, que precisam ser considerados no planejamento das atividades, que devem ser direcionadas, a partir da observação dos diferentes elementos culturais existentes desta clientela. A educação contribui para a consciência crítica do ser humano, de modo a dar oportunidade para que o mesmo adquira conhecimentos necessários, tendo noção das dificuldades que irão enfrentar na sociedade e no mundo que está inserido, contribuindo para a formação de indivíduos consciente da sua importância na participação da vida em sociedade na construção de uma vida com dignidade.

8 A conquista do conhecimento está ligada com a educação escolar para formação de educandos críticos e capazes de compreender que a educação é para todos sem medir a capacidade de cada um, mas sabendo que todos são capazes de exercer sua cidadania perdida. A Educação do Campo assume sua particularidade, que é o vinculo com sujeitos sociais concretos, e com um recorte específico de classe, mas sem deixar de considerar a dimensão da universalidade: (durante e depois) de tudo ela é educação, formação de seres humanos. Ou seja, a Educação do Campo faz o diálogo com a teoria pedagógica desde a realidade particular dos camponeses, mas preocupada com a educação do conjunto da população trabalhadora do compõe, mais amplamente, com a formação humana. (MOLINA, 2004,17/18). A escola é uma das portas de entrada à cidadania. Deve ser comprometida com o conhecimento e com o ensino de alguns valores básico ligado ao convívio e ao amadurecimento da cidadania em que é um caminho para o bem comum para uma sociedade mais justa e uma vida mais digna. A conjuntura atual da sociedade evidencia a necessidade de um movimento de organização das camadas populares na luta pelos seus direitos básicos e, neste caso específico o direito a educação, porém não qualquer educação. Precisa ser significativa, de modo a gerar um ensino respaldado num currículo crítico que parte sempre de uma situação vivida e produzida, tanto pelo jovem como pelo adulto. Ser cidadão é participar o máximo da vida em comunidade e adotar uma postura em favor do bem comum dando vez e voz para o ser humano se aperfeiçoar e interagir na comunidade que está inserido. É tarefa específica de a escola ajudar a construir uma visão de mundo, significa primeiro lugar fazer um inventário das concepções que os educandos e educadores carregam em si, significa também enraizar as pessoas na história para que se compreendam como parte de um processo histórico (CALDART, 2004, p.41). Partimos do pressuposto que educadores e sua prática de ensino devem estar de acordo com as necessidades dos educandos conforme sua cultura onde se encontram inseridos, favorecendo assim melhor desenvolvimento e rendimento escolar. Nessa direção, a educação configura-se como exercício de liberdade do homem para estruturar o seu projeto de existência, para viver os diferentes horizontes da cultura. CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino que estamos questionando é descontextualizado com a realidade onde se encontram inseridos os sujeitos do campo. Precisamos contribuir na formação de um sujeito crítico que seja responsável por sua própria história, resultado de uma visão de mundo construída a partir da ótica da população campesina em que o significado esteja presente no dia-a-dia do educando.

9 Diante disso deve-se partir sempre de uma situação vivida e produzida tanto pelo jovem como pelo adulto de modo que esteja na direção do que define a Resolução CNE/ CEB nº. 1, de 3 de abril de 2002 que trata das Diretrizes Operacionais para a Educação Básica na Escola do Campo sob a ótica do direito, implicando no respeito às diferenças, tratando a qualidade da educação escolar na perspectiva uma prática docente fortalecedora de um processo de inclusão social. Entre as inúmeras lutas dos movimentos sociais está o acesso à educação de qualidade, conectada com as necessidades das classes populares. Portanto, vale salientar que o paradigma da educação do campo respalda-se na formação humana do homem do campo na direção da contrahegemonia, respeitando seus valores, sua cultura, seus conhecimentos. REFERÊNCIAS BRASIL. Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Resolução nº 01, de 03 de abril de 2002. CALDART, Roseli Salete. Elementos para a construção de um projeto político e pedagógico da Educação do Campo. IN: MOLINA, Jesus. (org) Por Uma Educação do Campo. 5ºed., Brasília, DF: Articulação Nacional, 2004. CALDART, Roseli Salete. Por uma educação do campo: traços de uma identidade em construção/por uma educação do campo: identidades e políticas pública. Vl.4. Brasília, 2002. CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento sem Terra: escola é mais do que escola. Petrópolis, rio de janeiro: Vozes, 2000. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. FREIRE; Paulo. A importância do ato de ler, em três artigos que se completam. SP, 45 ed. Cortez, 2003. GADOTTI, Moacir: Romão, José. Educação de Jovens e Adultos: Teoria Prática e Proposta. (Org) 4ª edição São Paulo, FREIRE, 2005 (guia da escola cidadã). MOLINA, Mônica Castagna, JESUS, Sônia Meire Santos Azevedo. Por uma Educação do Campo. Brasília, DF: Articulação Nacional, 2004. PAIVA, Vanilda Pereira. Educação Popular e educação de adultos. São Paulo - Edições Loyola 1987.

10 PAIVA, Vanilda Pereira. Educação Popular e Educação de Adultos: Introdução e Entrevista de Dermerval Saviane e Betty Antunes de Oliveira_ SP: 14 ed. Cortez, 2005. SILVA; Ezequiel Theodoro da. O ato de ler; fundamentos psicológicos para uma nova pedagogia de leitura. SP ed. _ Cortez, 2002. TORRES; Carlos. Pedagogia da Luta: DA pedagogia do Oprimido a escola Pública Popular; tradução Luzia Araújo, Tália Bugel. SP: Campinas, Papirus- 1997.

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