A HISTÓRIA DA CRIAÇÃO DO HOSPITAL E DA HOSPITALIZAÇÃO MARIA DA CONCEIÇÃO MUNIZ RIBEIRO M E S T R E E M E N F E R M A G E M ( U E R J )
A palavra hospital origina-se do latim hospitalis, que significa "ser hospitaleiro", acolhedor, adjetivo derivado de hospes, que se refere a hóspede, estrangeiro,viajante, aquele que dá agasalho, que hospeda. Assim, os termos "hospital" e "hospedale" surgiram do primitivo latim e se difundiram por diferentes países. No início da era cristã, a terminologia mais utilizada relacionava-se com o grego e o latim, sendo que hospital tem hoje a mesma concepção de, lugar dos doentes, asilo dos enfermos e que significa recepção de doentes.
Aspectos Históricos sobre o Hospital A idéia de internar pessoas surgiu na Antiguidade, como uma estratégia política para retirar as pessoas pobres e enfermas do convívio com a sociedade. Naquela época, oficialmente, não existiam hospitais. Para isolar essas pessoas eram escolhidos locais distantes onde elas pudessem morar até a morte, sem representarem nenhum perigo a sociedade. Os médicos atendiam as pessoas em seus domicílios e só tinham acesso aos seus serviços às pessoas das classes privilegiadas. Aos pobres era negado o direito do contato com esse profissional.
As primeiras figuras humanas a exercerem a "arte de curar" são os sacerdotes dos templos e, estes, os primeiros locais para onde afluem os doentes. No início, são movimentos espontâneos, pois os enfermos iam orar ao deus, pedindo cura para seus males. Aos poucos, com o número desses enfermos aumentando, foi necessária a criação de lugares apropriados e, finalmente, por iniciativa dos sacerdotes, os novos templos foram sendo erguidos em locais de bosques sagrados, com fontes de água de propriedades terapêuticas, para atender aos doentes.
Os Hospitais surgem, com conceito de "hospedagem", ou seja, atendimento de viajantes doentes, os iatreuns, lugares públicos de tratamento, servidos por médicos que não pertenciam à casta sacerdotal. Muitos não passavam de residência dos médicos e seus estudantes, que acolhiam enfermos.outros representavam local de "internação" de doentes, sob a supervisão dos especialistas (medicina empírica, magia e feitiçaria, pelo menos nos primeiros tempos). De qualquer forma, os iatreuns passaram a funcionar também como escolas de medicina
Da profana incumbência de seqüestrar pobres, moribundos, doentes e vadios do meio social, escondendo o incômodo, disciplinando os corpos e guardando-os até a morte,à nobre função de salvar vida, o hospital tem percorrido um caminho complexo e tortuoso, em busca do tecnicismo científico, adequado às suas novas funções. (Pitta, 1990)
Em 1848, foi criada em Londres a Casa de São João, mais tarde associada ao Hospital Kings College, que tinha o objetivo de estabelecer o treinamento sistemático de enfermeiras em hospitais e atrair jovens mulheres da classe média para atuarem como enfermeiras em hospitais. Nos dois primeiros anos, as alunas permaneciam em período probatório, findo o qual eram qualificadas como enfermeiras (nurses), cujo estágio poderia durar até cinco anos, com direito a alojamento, alimentação e salário. Depois de cinco anos atuando como enfermeiras, passavam à categoria de SISTER.
A casa de São João tornou-se reconhecida como uma instituição para o ensino de enfermagem pela maioria dos hospitais mais importantes da época em Londres. Em 1856, o Hospital Kings College assumiu todo o serviço de enfermagem e, em 1885, estabeleceu sua própria escola. Cabe lembrar que esse modelo hierárquico na enfermagem inglesa perdura até os dias de hoje, ou seja, NURSES, enfermeiras de cabeceira e de unidade, e SISTERS, as supervisoras.
Brasil No Brasil, os primeiros hospitais foram fundados pelos portugueses no Estado de São Paulo. Associando sempre a sua figura a religião e a caridade, em 1538 fundaram a Santa Casa em Santos e mais tarde a Santa Casa em São Paulo. O surgimento do hospital como cenário privilegiado da tecnologia médica, cumprindo finalidades terapêuticas, é fato relativamente recente e tem como marco da transformação de suas atribuições no final do século XVII. (Pitta, 1990)
O capitalismo trouxe ao Brasil outras configurações ao hospital, principalmente mo que diz respeito aos aspetos econômico e social. Dividi-lo em duas categorias: o hospital para os pobres e o hospital para os ricos, foi uma estratégia política que está prevalecendo até os dias atuais. As diferentes funções que o hospital tem desempenhado ao longo da sua história, tem dificultado em muito, a tarefa dos buscam entender o processo de trabalho hospitalar, como um corpo de práticas institucionais articuladas as demais práticas sociais, numa dada sociedade e submetido a determinadas regras históricas, econômicas e políticas. (Pitta, 1990
Organização Mundial de Saúde Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o hospital é a parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é dispensar à comunidade: completa assistência médica, preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família em seu domicílio, e ainda um centro de formação dos que trabalham no campo da saúde e para as pesquisas. (Campos, 1995)
Ministério da Saúde O Ministério da Saúde, opina sobre o hospital, entendendo-o como: parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica consiste em proporcionar a população, assistência médico-sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisa em saúde a ele vinculados tecnicamente. (Campos,1995)
Todavia, a realidade concreta observada atualmente nos hospitais brasileiros é outra bem diferente. Bem distante de ser uma instituição para pobres, movida por preceitos caritativos e religiosos, os modernos hospitais brasileiros, que de fato possuem condições de proporcionar saúde as pessoas, mais parecem condomínios de luxo, onde somente aos ricos é permitido morar. Hoje, os hospitais públicos, sem recursos para proporcionar saúde aos seus usuários, estão se transformando apenas em lugares para isolar pessoas pobres e doentes do convívio com a sociedade. Lugares onde tais pessoas podem morrer sem se tornar um incômodo para os ricos e sadios.
A hospitalização, certamente pode ser também definida como uma decisão médica, motivada por sintomatologia, para a confirmação de diagnóstico ou para debelar uma patologia. Uma estratégia médica que deverá ocorrer preferencialmente, com o consentimento da pessoa enferma e em casos específicos,da família desta, porém, somente quando o tratamento extra-hospitalar não for possível e suficiente para garantir o seu restabelecimento.
Pelas desestabilidades física, emocional e social que a hospitalização causa ao homem, ela deve visar, prioritariamente, a cura e o bem-estar da pessoa enferma. Deve ser uma decisão médica necessária, a recuperação da pessoa e colocada acima de quaisquer outros interesses.
Hospitalização Gaylin (1997) descreve a hospitalização como uma experiência em que o indivíduo fica exposto a uma condição de passividade e impotência, que se assemelha a uma prisão. O paciente é vestido com a roupa da instituição, recebe ordens sobre o que deve fazer: levantar, deitar, comer.as discussões dos casos clínicos entre os profissionais da saúde ocorrem geralmente na frente dos doentes, como se eles fossem objetos inanimados.
Hospitalização Já Ferreira e Derntl (2005) diz que a hospitalização ocasiona a ruptura do cotidiano vivido na residência para um ambiente muito diferente do seu.