O LÚDICO COMO FERRAME TA AUXILIAR O E SI O DA QUÍMICA Maria das Graças egreiros de MEDEIROS (PQ), Maria de Fátima Vilar de QUEIROZ (PQ), Ernani Lacerda de OLIVEIRA ETO (IC), Maristela Marinho de Carvalho GUIMARÃES (IC), Instituto Federal de Educação. Ciência e Tecnologia -Paraíba (IFPB), João Pessoa PB. CEP: 58015-430. Curso de Licenciatura em Química Grupo de Pesquisa em Metodologias Inovadoras para o Ensino da Química (GPMIEQ) E-mail: mgnegreiros@cefetpb.edu.br ernanilacerda@gmail.com RESUMO: Métodos tradicionais e arcaicos fazem parte da dura realidade da escola. Na disciplina de Química, a situação é ainda pior. Para reverter esse quadro, muitos teóricos têm citado a utilização do lúdico como ferramenta facilitadora e auxiliar de ensino. Este trabalho focaliza a proposta, elaboração e construção de jogos como ferramentas didáticas que complementem as aulas de Química no Ensino Médio. O jogo pedagógico ou didático é aquele fabricado com o objetivo de proporcionar determinadas atividades, diferenciado-se do material didático, por conter aspecto lúdico, e utilizado para atingir determinados objetivos pedagógicos, além de propiciar a criatividade, interação e construção do conhecimento. Pretendemos apresentar, experimentar e avaliar os jogos construídos, para se obter resultados concretos e verificar a eficiência dos mesmos. PALAVRAS-CHAVE: Química, Jogo Didático, Ferramenta, Aprendizagem, Alternativa de ensino. ABSTRACT: Traditional and archaic methods are part of the hard reality of school. When the subject is Chemistry the situation is even worse. To reverse that, many theorists have pointed to the use of playful techniques as a tool to facilitate and help in teaching. This paper focuses on the proposal development and construction of games as teaching tools that complement the lessons in Chemistry in High School. The educational or teaching game is made with the purpose of providing certain activities, different from the traditional material because it contains playful appearance and it is used to achieve some educational goals as well as to encourage the creativity, interaction and construction of knowledge. We want to show, try and evaluate the games built in order to obtain concrete results and verify their efficience. KEY-WORDS: Chemistry, Teaching Play; Tools; Learning; Alternative Education
I TRODUÇÃO: O atual sistema de educação passa por diversas dificuldades. As políticas públicas têm deixado os investimentos nesse ramo em segundo (ou terceiro) plano. Como conseqüência disso, ocorre a desvalorização do profissional da educação, que se vê cada dia mais desestimulado a exercer sua profissão e a procurar meios para a melhoria deste quadro. Segundo MENEGOLLA (1995), a escola foi a que menos evoluiu, tendo permanecido, ao longo do tempo, embebida numa antiquada e inadequada pedagogia que não atende à realidade e às necessidades atuais de seus alunos. A situação piora, quando utilizamos desse raciocínio no ensino de química, onde é cotidiana a memorização de fórmulas e a aprendizagem mecânica dos conteúdos, onde é visada, principalmente, a prova de vestibular. Para resolver essa problemática na química, surge a educação lúdica, uma técnica de ensino secular baseada na utilização de jogos no processo de ensinoaprendizagem. A palavra lúdica vem do latim ludus, que significa jogo. Um dos sentidos derivados de ludus é escola, palavra esta que vem da grega scholé, que significa lazer. Tal ferramenta tem se desenvolvido aos poucos, visto sua grande importância na construção coletiva do conhecimento. Uma de suas vantagens é a motivação trazida para os alunos com a utilização de jogos como complemento dos conteúdos dados em sala de aula. De acordo com KISHIMOTO (2006), o jogo que é considerado educativo tem duas funções: a lúdica, que relaciona o jogo à diversão, ao prazer e até ao desprazer (quando não se tem propósito educativo com a escolha deste); e a função educativa, que diz respeito ao fato de o jogo ensinar e, ao mesmo, propiciar a compreensão de mundo. A educação lúdica não é uma prática atual. ALMEIDA (1990) cita Platão (427-348), um dos maiores filósofos da Grécia Antiga, que afirmava que as crianças, em seus primeiros anos de vida, deveriam ser ocupadas com jogos educativos, sob vigilância de alguma pessoa mais velha. O grego ainda se colocava contra o espírito competitivo dos jogos, já que isso poderia causar prejuízos à formação das crianças e dos adolescentes. As práticas lúdicas, além de propiciar um ambiente favorável ao processo de ensino-aprendizagem pelo fato do jogo trazer prazer, estimulam a interação entre os alunos a partir da construção coletiva do conhecimento. Conforme ARAÚJO (2005), com a aplicação de práticas lúdicas, o cérebro é estimulado a desenvolver mecanismos indispensáveis à aprendizagem. Para isso, faz-se necessário que haja uma boa preparação por parte do aluno, que será o construtor desse conhecimento; e do professor, que agora será um mediador do conhecimento gerado durante o jogo. Ao discente, que deve ter uma boa relação com o professor, são necessárias que sejam dadas as devidas recomendações a fim de eliminar todo o espírito competitivo que os jogos executados possam conter, de modo a haver uma melhor compreensão dos conteúdos abordados. Ao docente, cabe primeiramente saber a importância do lúdico como proposta alternativa de ensino e avaliar a função educativa do jogo, para que seja possível a aprendizagem de forma lúdica. ALMEIDA (1990) lista algumas recomendações aos professores ao aplicar os jogos: a de ser um dinamizador enquanto orienta e juiz quando dirige; a de estar atento ao desempenho de cada participante no decorrer do jogo; estar ciente e seguro do que faz.
Este trabalho tem como proposta a apresentação de alguns jogos lúdicos como ferramenta no ensino da química, desde suas regras até a área em que os mesmos podem ser usados pelo professor. PROCEDIME TO METODOLÓGICO Após uma extensa pesquisa bibliográfica, procedeu-se a criação de jogos didáticos, tais como: cruzadinhas químicas, dominó, bingo e baralho com suas respectivas regras. Os conteúdos abordados foram Teoria Atômica, Propriedades Periódicas, Misturas, Ligações Químicas, Funções inorgânicas, Soluções, Eletroquímica, Termoquímica, Funções Orgânicas e Isomeria. Os jogos já construídos pelo grupo estão especificados abaixo com suas respectivas regras e conteúdos trabalhados. 1. Baralho Químico Este jogo tem como princípio básico a formação de três trincas, onde são reforçadas as nomenclaturas, fórmulas estruturais e algumas características dos ácidos, bases, sais e óxidos, os quatro naipes deste baralho (figura 01). Nele, podem jogar até oito participantes. Cada um deles fica com nove cartas do baralho. 2. Bingo Químico Figura 01 Baralho químico. O bingo associa o elemento químico ao seu símbolo. Ele tem algumas vantagens: a mais importante é, a partir dos elementos da tabela periódica que forem chamados no decorrer do jogo, haver uma discussão a respeito destes. Além do contato que os alunos podem ter a tabela periódica. O professor será o animador do bingo, que tem como ganhador o primeiro a marcar todos os elementos da cartela.
3. Dominó das funções orgânicas Com vinte e oito peças, este dominó funciona a partir da associação entre o grupo funcional e sua respectiva estrutura (figura 02). Figura 02 Dominó das funções orgânicas 4. Cruzadinhas químicas Construiu-se palavras-cruzadas, criptogramas e caça-palavras abordando conteúdos das três séries do ensino médio que foram encadernados em três volume na forma de revista, utilizando papel reciclado.. Em um primeiro momento, aplicamos os jogos construídos na Feira de Ciências no CEFET PB, em 2008. Num segundo momento iremos trabalhar com as turmas do ensino Técnico Integrado e PROEJA do IFPB e a escolas estaduais de Ensino Médio de João Pessoa PB. E, com o intuito de se verificar a eficácia desta ferramenta com maior fidedignidade, aplicar-se-á instrumentos de avaliação, com alunos e professores, antes e após a utilização dos jogos. CO SIDERAÇÕES FI AIS Ao término dessa primeira parte do projeto foi possível concluir que objetivos foram alcançados, dentre eles: o estímulo de relações inter-pessoais, desenvolvimento do aspecto cognitivo do aluno, bem como a identificação de erros e dificuldades de aprendizagem do aluno, entre outros. Tudo isso, acima citado, só foi permitido graças ao papel de mediador exercido pelo professor durante todo o processo educacional. A atividade despertou nos alunos uma maior motivação constatada através das discussões que os temas abordados geraram. O grupo de trabalho decidiu utilizar, quando possível, material alternativo, não poluente na construção destes jogos, como por exemplo, a utilização de papel reciclado nos livretos das cruzadinhas químicas.
REFERÊ CIAS ALMEIDA, P.M. Educação Lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1990. ARAÚJO, V. A. Análise comparativa entre práticas lúdicas e tradicionais no ensino das ciências biológicas (Dissertação de Mestrado em Educação do Programa de Pós- Graduação em Educação - PPGE: UFPB). João Pessoa, 2005. KISHIMOTO, K.M. Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. In: O Jogo e a Educação Infantil. 9. ed. Kishimoto, T.M. (Org.) São Paulo: Cortez Editora, 2006. MENEGOLLA, M. E agora, aluno? Petrópolis: Vozes, 1995. 2.ed. SOARES, M.H.F.B.; CAVALHEIRO, E.T.G. O ludo como um jogo para discutir conceitos em termoquímica. Química ova na Escola, São Paulo, n. 23, p. 27-31, 2006. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc23/a07.pdf. Acesso em 27 de fevereiro de 2009. OLIVEIRA, A.S.; SOARES, M.H.F.B. Júri químico: Uma atividade lúdica para discutir conceitos químicos. Química ova na Escola, São Paulo, n. 21, p. 18-24, 2005. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc21/v21a04.pdf. Acesso em 27 de fevereiro de 2009.