Unidade II Resíduo Sólido... quando a atual civilização estiver inteiramente extinta, e os escombros das cidades forem investigados por arqueólogos de alguma Civilização terrestre futura, ou, quem sabe, por viajantes de outros planetas, certamente o lixo encontrado causará espanto: suporão tratar-se de uma civilização que se extinguiu pela falta de inteligência. SAMUEL MURGEL BRANCO Acondicionamento e Coleta de Resíduo Manejo de resíduos sólidos domiciliares Limpeza pública obrigação de responsabilidade do município; Município deve estruturar-se para execução das tarefas: coleta, remoção e destino adequado aos resíduos urbanos; Serviços de limpeza urbana caros requerendo altos investimentos; 1
Segundo USEPA (Agência Americana de Proteção Ambiental) gerenciamento de RSU eficaz consiste: -Uso de práticas administrativas de resíduos com manejo seguro e mínimo impacto sobre a saúde pública e o meio ambiente. Gerenciamento de RSU deverá conter: -Acondicionamento adequado; -Redução de resíduos; -Reciclagem de materiais; -Recuperação de energia e Disposição final (aterro sanitário). Planejamento e gestão da coleta pública municipal dos RS princípio dos três R (Reduzir, reutilizar e reciclar); Estas são as principais estratégias para tentar minimizar a geração de resíduos; O Gerenciamento dos RS deve: reduzir, reutilizar, reciclar os RSU, reduzindo assim a quantidade de resíduo a ser disposto no Aterro Sanitário. Reduzir Reutilizar 3 R s Figura 1 Esquema do 2Rs Reciclar 2
Lembrete: antes de reciclar os RS deve-se reduzir o máximo de lixo na fonte, reutilizar o que pode ser reusado e só então reciclar!!! E o mais importante Preciclar, ou seja, pensar que a história dos resíduos não acaba quando é jogado na lixeira, tampouco acaba a responsabilidade de cada um! Figura 2- Cone representativo da atitude correta em relação aos resíduos sólidos Procedimentos incluídos no manejo de RSU: -Coleta seletiva: separação de algumas categorias de resíduos; -Segregação mecânica: finalidade de separar materiais orgânicos dos inorgânicos nos locais de recepção; -Compostagem e / ou vermicompostagem; -Incineração; -Aterro sanitários energéticos: com drenagem, captação dos gases (gás do lixo GDL: 40 55% CH 4, 35 50% CO 2 e 0 20% N 2 ; 3
Acondicionamento do resíduo sólido domiciliar Acondicionar significa prepará-los para a coleta de forma sanitariamente adequada; Acondicionamento começa dentro de casa; Educação da população acondicionamento do lixo se possível de forma padronizada; Qualidade da operação de coleta e transporte do lixo depende: -Forma adequada do seu acondicionamento; -Armazenamento; -Disposição dos recipientes no local, dia e horários da coleta; -Participação da população. Importância do acondicionamento adequado: -Evitar acidentes; -Evitar a proliferação de vetores; -Minimizar o impacto visual e olfativo; -Reduzir a heterogeneidade dos resíduos; -Facilitar a coleta. 4
Acondicionamento do lixo domiciliar diversos tipos de recipientes; Escolha do tipo de recipiente características do lixo, freqüência da coleta e preço do recipiente; Principais características dos recipientes para acondicionamento resíduo sólido domiciliar: -Peso máximo de 30kg (coleta manual); -Serem herméticos e seguros; -Possuir preço acessível. Acondicionamento de resíduos de grandes geradores Grandes geradores imóveis comerciais e industrias com geração diária de RS > 120L; Grandes geradores devem possuir contêineres diferenciados (cor azul Rio de Janeiro); Coleta normal cor laranja; 5
Acondicionamento de resíduos domiciliares especiais RCC (resíduos da construção civil): Elevado peso específico aparente contêineres metálicos estacionários (4 a 5m 3 ); Pilhas e baterias: Coleta, tratamento e disposição final cargo de fabricantes e importadores (resolução CONAMA 401, de 4 de novembro de 2008); Art. 4o Os estabelecimentos que comercializam os produtos mencionados no art 1o, bem como a rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes e importadores desses produtos, deverão receber dos usuários as pilhas e baterias usadas, respeitando o mesmo princípio ativo, sendo facultativa a recepção de outras marcas, para repasse aos respectivos fabricantes ou importadores. Art. 5o Para as pilhas e baterias não contempladas nesta Resolução, deverão ser implementados, de forma compartilhada, programas de coleta seletiva pelos respectivos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e pelo poder público. Art. 6o As pilhas e baterias mencionadas no art. 1o, nacionais e importadas, usadas ou inservíveis, recebidas pelos estabelecimentos comerciais ou em rede de assistência técnica autorizada, deverão ser, em sua totalidade, encaminhadas para destinação ambientalmente adequada, de responsabilidade do fabricante ou importador. 6
Art. 10. Não é permitida a disposição final de baterias chumbo-ácido em qualquer tipo de aterro sanitário, bem como a sua incineração. Art. 19. Os estabelecimentos de venda de pilhas e baterias referidas no art. 1o devem obrigatoriamente conter pontos de recolhimento adequados. Art. 22. Não serão permitidas formas inadequadas de disposição ou destinação final de pilhas e baterias usadas, de quaisquer tipos ou características, tais como: I - lançamento a céu aberto, tanto em áreas urbanas como rurais, ou em aterro não licenciado; II - queima a céu aberto ou incineração em instalações e equipamentos não licenciados; III - lançamento em corpos d água, praias, manguezais, pântanos, terrenos baldios, poços, cavidades subterrâneas, redes de drenagem de águas pluviais, esgotos, ou redes de eletricidade ou telefone, mesmo que abandonadas, ou em áreas sujeitas à inundação. ANEXO I SIMBOLOGIAS ADOTADAS PARA PILHAS E BATERIAS a) Chumbo ácido: Utilizar qualquer das 3 alternativas abaixo: b) Níquel-cádmio: Utilizar qualquer das 3 alternativas abaixo Se o fabricante ou o importador adotar um sistema de reciclagem poderá utilizar complementarmente a simbologia abaixo 7
Lâmpadas fluorescentes: Estocar lâmpadas não quebradas em caixas ou bombona plástica; Rotular as caixas; Não quebrar as lâmpadas; Caso de quebra, aspirar, remover os cacos e lavar a área (água sanitária); Enviá-las para reciclagem; Figura 3- Lâmpadas fluorescentes descartadas no solo 8
Pneus: Figura 4 - Contêineres em Fibra de Vidro para Lâmpadas Fluorescentes Coleta e destino final empresas fabricantes e importadoras de pneumáticos (resolução CONAMA 258/99); Figura 5 Destino final de alguns pneus 9
Acondicionamento de resíduos de fontes especiais Resíduos sólidos industriais: -Tambores metálicos de 200L para RS sem características corrosivas; -Bombonas plásticas de 200L ou 300L para RS com características corrosivas ou semi-sólidos em geral; -Big-bag plásticos (sacos de polipropileno trançado de grande capacidade de armazenamento, quase sempre superior a 1m 3 ); Embalagens reutilizáveis ou descartáveis utilizadas no acondicionamento de granéis fluidos sólidos, com capacidade variando entre 500Kg e 2.000Kg. Os Big Bags são confeccionados em tecido de polipropileno nas dimensões e características específicas às operações de cada cliente. Os principais segmentos atendidos são: Alimentício, Agricultura, Farmacêutico, Fertilizante, Minério, Cerâmico, Refratários, Petroquímico e Químico. Figura 6- Big bags 10
-Contêineres plásticos, padronizados, 120, 240, 360, 750, 1100 e 1600L para resíduos que permitem o retorno da embalagem; -Caixas de papelão até 50L, resíduos a serem incinerados; Resíduos radioativos: Manuseio feito com uso de EPI: aventais de chumbo, sapatos, luvas, máscara e óculos adequados; Recipientes: confeccionados com material à prova de radiação; 11
Figura 7- Monitoração dos Resíduos Radioativo (Eletronuclear) 12
Figura 8- compactação dos Resíduos Radioativo (Eletronuclear) Figura 9- Identificação e armazenamento dos Resíduos radioativos 13
Resíduos de portos e aeroportos: Acondicionamento domiciliar; mesmo recipiente do resíduo sólido Cuidados especiais situação epidêmica; cargas provenientes de países em Resíduos de serviço e saúde: Manuseio regulamentado NBR 12809; EPI utilizados no manuseio de resíduos infectantes: avental plástico, luvas plásticas, botas de PVC, óculos e máscaras; Resíduos acondicionados sacos plásticos, regulamentados pelas normas NBR 9.190 e 9.191; Coleta seletiva Itália 1941: separação prévia de materiais que podem ser reaproveitados; Objetivo separação na própria fonte geradora dos materiais que podem ser recuperados; Acondicionamento diferenciado para cada material; 14
Com o intuito de incentivar a coleta separadamente dos resíduos a Resolução CONAMA 275/2001 cria o condigo das cores para os diferentes tipos de resíduos. Figura 10 - Identificação dos resíduos por cores Requisitos coleta seletiva: -Existir mercado para os recicláveis; -Cidadão consciente das vantagens. Cada município deve avaliar e adotar o melhor sistema; Coleta seletiva pode ser: -Domiciliar: realizada por caminhão semanalmente (porta a porta); -Através dos PEVs: -Por catadores. 15
Quadro 1 Pesquisa do ABELPRE, 2005 em 111 municípios sobre programas específicos de coleta seletiva Participação dos catadores na coleta seletiva grande importância; Educação ambiental peça fundamental para o sucesso do programa coleta seletiva; Sucesso da coleta seletiva associado aos investimentos feitos para sensibilização e conscientização da população; Maior participação em programas de coleta seletiva menor é custo da administração; Aspectos positivos da coleta: -Diminuição da poluição do solo, água e ar; -Proporciona boa qualidade dos materiais recuperados; -Diminuição da exploração de recursos naturais; -Estimula a cidadania; -Redução de consumo de energia; 16
-Geração de renda pela comercialização dos recicláveis; -Diminuição da proliferação de doenças; -Redução do volume do lixo a ser disposto. Aspectos negativos da coleta: -Necessita esquemas especiais; -Necessita, mesmo com a segregação na fonte de um centro de triagem onde os recicláveis são separados por tipo; Vantagens da Coleta seletiva para o ambiente natural e urbano 17
Quadro 2 Municípios com coleta seletiva no Brasil CEMPRE (2006) Brasil 1994 81 cidades com coleta seletiva 2004, 237 cidades; Quadro 3 Relação da quantidade de matéria prima, com produto final e sua condição de ser ou não 18
Quadro 4 Alguns materiais e seu tempo de degradação na natureza *Este tempo pode variar de acordo com as condições ambientais do local de depósito. Fonte: Adaptado de Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, sd.; AmbienteBrasil, 2006b; InventaBrasilnet, 2006 Enfoque econômico e financeiro da coleta seletiva Custo médio dos programas de coleta seletiva (1997) US$ 240/t coletada (10 vezes maior que o custo de coleta regular); Coleta seletiva prática fundamentada qualidade de vida; 1999, coleta seletiva US$ 159/t (8 vezes coleta convencional); 2002, coleta seletiva US$ 70/t (5 vezes coleta convencional); 19
Quadro 5 Custos envolvidos na coleta seletiva e da coleta tradicional em vários municípios Figura 11 - Evolução da média de custos da coleta seletiva (US$) em 16 municípios Viabilidade de um sistema coleta seletiva determinada por análise de custo-benefício; Custos de capital e de operação/manutenção; Custo de capital terrenos, instalações, veículos e conjunto de contêineres para segregação; Custo de operação/manutenção salários e encargos, combustíveis, água, energia, manutenção, administração, divulgação, serviços de terceiros e leasing de equipamentos; 20
Benefícios receitas, economias e sociais; Receitas resultado da venda dos materiais coletados; Economias redução no custo de transferência e disposição final desses materiais; Sociais geração de empregos diretos e indiretos; Análise custo-benefício não é o único indicador de viabilidade; Meta principal da coleta seletiva quantidade de lixo aterrado; redução da Medição do impacto: Taxa de material desviado do aterro (%) = t/mês de coleta seletiva x 100 t/mês de coleta regular Redução dos custos da coleta seletiva -Aprimorar sua divulgação; -Organizar catadores; -Promover iniciativas espontâneas; -Usar a melhor tecnologia e a mais apropriada ao tamanho da cidade e ao volume de lixo a ser separado e coletado; 21
Participação dos catadores Figura 12 Catadores no aterro Metropolitando de Gramacho- RJ Benefício que os catadores trazem a limpeza urbana é grande; Catadores remuneração acima da média brasileira; Várias cidades brasileiras renda de catadores supera salário mínimo; Catação em lixão opção de vida para milhares de brasileiros; Fechamento de um lixão transtornos para catadores e comunidades locais; Condições de trabalho extremamente insalubres; 22
Administração pública deve incentivar a formação de associação de catadores; Organização dos catadores racionaliza coleta seletiva e triagem, reduz custos e aumenta fluxo de recicláveis; Usinas de triagem Usadas para separação dos materiais recicláveis contidos na massa de resíduos; São equipadas com mesas de catação e prensas; Reduzem a quantidade de resíduos enviados ao aterro 50%; Pontos positivos de uma usina de triagem: -Não requer alteração do sistema convencional de coleta; -Possibilita o aproveitamento da fração orgânica do lixo pela sua compostagem; Pontos negativos: -Investimento inicial em equipamentos; -Necessidade de técnicos capacitados para operar a usina; -Qualidade dos materiais separados da fração orgânica e dos recicláveis não é tão boa quanto da coleta seletiva; 23
Reciclagem Reciclagem alternativa para gerenciamento de resíduos; Reciclagem atividade econômica encarada como um elemento dentro de um conjunto de soluções ambientais; Avaliação qualitativamente e quantitativamente sobre perfil dos RS antes de iniciar a reciclagem dos resíduos; Participação ativa do produtor dos resíduos decisiva para a coleta seletiva e reciclagem; Grande valor da reciclagem sensibilização e mobilização dos indivíduos e coletividades em relação à necessidade de desenvolver uma visão crítica dos processos de produção e consumo; Países industrializados maior produção de lixo e maior reciclagem; Japão reutiliza 50% do lixo sólido; EUA recuperam 11% do lixo; Europa recuperam 30% do lixo; Grande desafio para implantação de programas de reciclagem busca de um modelo que permita sua auto-sustentabilidade econômica; Powelson, 1992 produção através da reciclagem polui menos que a partir de matérias primas virgens; 24
Benefícios da reciclagem: -Diminuição da quantidade de lixo a ser aterrado; -Preservação dos recursos naturais; -Economia de energia; -Diminuição da poluição ambiental; -Geração de empregos, diretos e indiretos. Diminui a emissões para o AR, ÁGUA e SOLO Na NATUREZA nada se perde tudo se transforma Conserva os recursos naturais Figura 15 Reciclagem x meio ambiente Reduz a quantidade de lixo a ser disposto Quadro 6 Vantagens ambientais da reciclagem quando comparada ao processo de produção a partir da matéria prima virgem, redução % *A variação nos valores deve-se aos diferentes processos industriais envolvidos. Fonte: Worldwatch Institute (1987) apud GRIMBERG, BLAUTH, LEPSCH, 1998. 25
Simbologia de alguns materiais: PET: Polietileno Terefitalato; PEAD: Polietileno de Alta Densidade; PVC: Policloreto de Vinila; PEBD: Polietileno de Baixa Densidade; PP: Polipropileno; PS: Poliestireno. Como os municípios podem ajudar na reciclagem? Incentivar ações para a reciclagem através: -Cadastramento de sucateiros e ferros-velhos; -Permissão de uso de terrenos públicos municipais para triagem dos recicláveis; -Redução de impostos para implantação de industrias recicladoras. Implementar ações para a reciclagem e consumir produtos recicláveis: -Implementação de coleta seletiva; -Construção e gerenciamento de usinas de triagem e compostagem; -Treinamento e capacitação dos funcionários municipais envolvidos; 26
Balanço gravimétrico (em peso) das diversas frações do lixo domiciliar em um fluxograma de uma unidade hipotética de 1500Kg/dia de resíduo: Figura 16 - Fluxograma de processo e balanço de massa Sustentação econômica da reciclagem fatores importantes: -Existência de demanda de mercado para o resíduo; -Proximidade da fonte geradora com o local onde será reciclado o material; -Quantidade de material disponível e condições de limpeza; -Custo de separação, coleta, transporte, armazenamento e preparação do resíduo; -Custo de processamento e transformação do resíduo em novo produto; -Existência de demanda de mercado para o produto resultante da reciclagem; 27
Fonte: Adaptado de Wiebeck (1997) Figura 17 As Atividades Relacionadas à reciclagem. 28