Projeto: Desenvolvimento de Casos Clínicos para Aplicação no Ensino de Biologia Celular e Molecular para Medicina



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Transcrição:

Departamento de Biologia Celular e Molecular Projeto: Desenvolvimento de Casos Clínicos para Aplicação no Ensino de Biologia Celular e Molecular para Medicina Tema: Bases Moleculares do Câncer e Ação A dos Quimioterápicos Monitor: Danilo Cosme Klein Gomes Orientadores: Profas. Lídia L Maria da Fonte Amorim e Patricia Burth

Projeto Surgimento Escolha do tema Momento Horário rio Correlação BásicoB sico-profissional Importância Aceitação e Resultados

BASES MOLECULARES DO CÂNCER E AÇÃO DOS QUIMIOTERÁPICOS

Benigno ou Maligno? CARACTERÍSTICAS BENIGNO MALIGNO Diferenciação/ Anaplasia Bem diferenciado; estrutura típica do tecido original Indiferenciado e com anaplasia; estrutura atípica Taxa de crescimento Progressivo e lento Errática, lenta ou rápida Invasão local Massas coesivas, expansíveis e bem demarcadas Massas expansíveis que se infiltram no tecido vizinho Metástase Ausente Presente Fonte: ROBBINS, Stanley L et al. Patologia Estrutural e Funcional, 1996.

O Câncer O câncer éuma doença cuja iniciação e progressão envolvem acúmulo de alterações genéticas e epigenéticas.

Genes Importantes Proto-oncogenes: Genes relacionados com a proliferação celular Quando alterados promovem a hiperproliferação celular sendo então denominados de ONCOGENES

Crescimento Celular Fonte: FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular, 2004

Sinalização Celular e Proteínas RAS

Ativação dos Oncogenes Mutação Pontual Amplificação Gênica Rearranjos Cromossômicos (Translocações ou Inversões Cromossômicas)

Mutação Pontual 5 ATT CGA TAT TCA 3 5 ATT CGC ATA TTC A 3

Amplificação Gênica Área Duplicada Antes da Duplicação Depois da Duplicação

Rearranjo Cromossômico

Fonte: FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular, 2004

Oncogenes envolvidos em Tumores Humanos e os seus Mecanismos de Ativação ONCOGENE FUNÇÃO DO PROTO- ONCOGENE TIPO DE CÂNCER MECANISMO DE ATIVAÇÃO ABL Tirosina-quinase Leucemia mielóide crônica Translocação AKT Serina/treoninaquinase Carcinoma de ovário Amplificação BCL-2 Proteína antiapoptótica Linfoma folicular de células B Translocação ERBB-2 Tirosina-quinase Carcinoma de mama e ovário Amplificação gênica C-MYC Fator de transcrição Linfoma de Burkitt Trasnslocação H-RAS GTPase Carcinoma de tireóide Mutação pontual K-RAS GTPase Carcinoma de cólon, pulmão, pâncreas Mutação pontual N-Ras GTPase Leucemias linfocíticas e mielóides agudas Mutação pontual PDGFR Receptor de superfície Leucemia mielóide crônica Translocação Fonte: FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular, 2004

Genes Supressores de Tumor Conceito São genes que regulam o crescimento das células, freiam a proliferação celular impedindo, assim, a formação de tumores. Exemplos gene Rb gene TP53

Ciclo Celular Fonte: FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular, 2004

Fonte: FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular, 2004

Ação da Rb Fonte: ROBBINS, Stanley L et al. Patologia Estrutural e Funcional, 1996.

Inativação da Rb Fonte: FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular, 2004

TP53 Fonte: FILHO, Geraldo B. Bogliolo Patologia. 7 ed: Guanabara Koogan, 2006

Mutações em TP53 como fingerprints

Principal ponto de controle do ciclo celular em G1/S Fonte: FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular, 2004

Radioterapia Cirurgia Quimioterapia Tratamento do câncer Monoquimioterapia Poliquimioterapia Isolado ou Combinado

Atualidade no Tratamento do Cancêr

Ação do GLIVEC Fonte: FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular, 2004

Caso Clínico 1 Em 1974, 397 pacientes de tribos do Kenya foram intoxicados com aflatoxina, sendo que 108 morreram. Tais tribos utilizam o milho como sua principal fonte de alimento. Os sintomas apresentados pelos pacientes eram: febre alta, icterícia, edema nos membros inferiores, vômito e hepatomegalia. Anos após o surto, alguns pacientes apresentaram hepatocarcinoma. 1.O que é aflatoxina? 2.Qual a relação existente entre os hábitos alimentares das tribos e a ocorrência de intoxicação por aflatoxina? 3.Como essa toxina induz o desenvolvimento de hepatocarcinoma?

Ação da Aflatoxina

Polimorfismos no Tamanho dos Fragmentos de Restrição RFLP 158 bp CGG AGG AGT CCC CCC 5 3 Hae-III restriction sites 92 pb 66 pb

Caso Clínico 2 Paciente de 63 anos, nos últimos 2 meses vem sentido muita fadiga, canseira aos pequenos esforços e dor pré-cordial tipo anginosa. Foram realizados todos os exames cardiológicos, que se mostraram normais. Porém, o exame hematológico mostrou hemoblobina de 11 mg/dl e leucocitose de 35.000. Dentre os leucócitos há um aumento de neutrófilos, bastonetes, metamielócitos e também de eosinófilos e basófilos. As plaquetas estavam em 450.000. Diante do quadro, suspeitou-se de leucemia mielóide crônica e ele foi encaminhado ao hematologista. Foi realizado um exame de biópsia de medula óssea (mielograma), que se mostrou hipercelularidade com granulócitos em diferentes estágios de maturação (bastonetes, metamielócitos, mielócitos, promielócitos e mieloblastos), aumento de eosinófios e basófilos.o exame citogenético detectou cromossomo Filadélfia. Fonte: http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/11/29/saude-geriatria/estudo-de-caso-leucemiamieloide-cronica/

Questões 1. Defina cromossomo Filadélfia. 2. Explique como a atividade de tirosina quinase da proteína de fusão poderia contribuir para a leucemia. 3. Atualmente uma nova terapia está sendo aplicada com o uso do Glivec. Qual o mecanismo de ação desse medicamento?

Bibliografia 1) FERREIRA, Carlos Gil; ROCHA, José Cláudio da. Oncologia Molecular. 1 ed: Atheneu, 2004. 2) ROBBINS, Stanley L et al. Patologia Estrutural e Funcional. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1996. 3) KASPER, Dennis L et al. Harrison Medicina Interna. 16 ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2006. 4) GUYTON, Arthur C; HALL, John E. Tratado de Fisiologia Médica. 10 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2002. BERNE, Robert M; LEVY, Matthew N; KOEPPEN, Bruce M. Fisiologia. 5 ed: Elsevier, 2004. 5) FILHO, Geraldo B. Bogliolo Patologia. 7 ed: Guanabara Koogan, 2006 VOET, D.; Voet, J.G.; Pratt, C.W. Fundamentos de Bioquímica. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul Ltda., 2008. 6) MONTGOMERY, R.; Conway, T.W.; Spector, A. A. Bioquímica: Uma Abordagem Dirigida por Casos. 5 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. 7) http://www.medicinageriatrica.com.br/2007/11/29/saude-geriatria/estudo-de-casoleucemia-mieloide-cronica/