Desmineralização de águas e precipitação. [Imagem: Hidrosam]

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Figura 1. Variação da solubilidade dos compostos em função da temperatura. fonte: 2010, 2008, 2005, 2002 por P. W. Atkins e L. L. Jones.

Transcrição:

[Imagem: Hidrosam]

Dureza total da água A água que se encontra nos sistemas naturais tem diferentes compostos dissolvidos ou em suspensão. A dureza de uma água corresponde à soma das concentrações de iões cálcio e magnésio nela contidos. A dureza expressa-se em miligramas de carbonato de cálcio por litro (ppm de CaCO 3 ). [considera-se que a dureza de uma água é devida apenas ao carbonato de cálcio] Uma dureza de 100 mg/l de CaCO 3 significa que a água possui diversos sais dissolvidos que lhe conferem uma dureza equivalente à que teria 1 L de solução onde existissem 100 mg de CaCO 3.

Dureza total da água Portugal

Origem das águas duras e macias Águas duras Provêm de solos calcários e dolomíticos, pois apresentam elevadas concentrações de iões Ca 2+ e Mg 2+ em solução. Águas macias Provêm de solos basálticos, areníticos e graníticos, pois apresentam, normalmente, baixas concentrações de iões Ca 2+ e Mg 2+ em solução. Dureza total (mg L -1 de CaCO 3 ) Abaixo de 75 Macias Classificação 75 a 150 Medianamente duras 150 a 300 Dura Superior a 300 Muito dura O valor máximo da dureza da água para o consumo doméstico é 500 mg L -1.

Inconvenientes da utilização de uma água dura Problemas de saúde; Entupimentos nas canalizações devido às incrustações; A solubilidade de sais diminui com a temperatura levando à formação de depósitos e incrustações nas canalizações de água quente: Diminuição da eficiência e durabilidade dos eletrodomésticos; Entupimento e rebentamento de canalizações; Aumento dos consumos energéticos Custos acrescidos pela necessidade de aditivos na lavagem doméstica: Águas duras não se dissolvem bem com o sabão (fazendo pouca espuma) dificultando a lavagem implicando um maior consumo de sabão.

Minimização dos efeitos da dureza de uma água Agentes precipitantes originando sais, de cálcio e magnésio, insolúveis que depois são filtrados. Agentes complexantes uso de substâncias, como o EDTA (ácido etilenodiaminotetracético), que originam iões complexos solúveis. Resinas de permuta iónica - há a substituição de iões Ca 2+ e Mg 2+ por outros iões. [Imagem: am2fenergy.com] [Imagem: www.globalspec.com] [Imagem: www.eurowater.pl]

Remoção de poluentes de uma água São criadas condições para precipitação de substâncias que depois podem ser removidas por sedimentação ou filtração. [Imagem: Prefeitura Municipal de Pelotas] [Imagem: www.corsan.com.br/]

Desmineralização das águas do mar (Dessalinização) Processo que permite converter a água do mar em água potável. O desejo do Homem de transformar a água salgada em água doce remonta a Antiguidade. Aristóteles, há 2300 anos, já costumava dizer: Água salgada, quando passa a vapor torna-se doce e o vapor, quando condensa, não produz água salgada". Os Fenícios usavam esta tecnologia para a obtenção de água potável. A escassez de água potável em muitas regiões do planeta exige a criação de processos de dessalinização seguros e económicos. O consumo de água doce no mundo cresce a um ritmo superior ao do crescimento da população, restando, assim, a produção de água doce a partir do mar. A dessalinização da água do mar apresenta-se como uma das soluções para a Humanidade vencer mais esta crise que se aproxima!

Processos usados Destilação Consiste em aquecer a água à temperatura de 110ºC, passando o seu vapor num circuito em que na parte final condensa. Este processo baseia-se na técnica normal de destilação: vaporização da água do mar, seguida de uma condensação do vapor de água. Os processos de destilação usados consomem energia para realizar a vaporização. O aquecimento pode ser feito por meio da energia solar.

Processos usados Destilação Usam-se tinas de grandes dimensões (cobertas de placas de vidro ou material plástico adequado) onde a água do mar se evapora, condensando o seu vapor na parte interior da placa de vidro, que, devido a sua inclinação, permite a recolha da água pura em recipientes apropriados. Este sistema é muito utilizado em ilhas e costas desérticas, onde o sol é normalmente muito intenso e a necessidade de água e grande. Atualmente, fazem-se esforços de investigação para melhorar este método, que ainda não está a operar em larga escala.

Processos usados Osmose inversa A água é bombeada a alta pressão passando através de membranas semipermeáveis separando os sais da água. A água tem que ser pré tratada para remover partículas que possam colmatar as membranas. A qualidade da agua produzida depende da permeabilidade das membranas. A água da solução salina é forçada a sair, passa para o lado da água pura através da membrana semipermeável, ficando retidos os iões dos sais dissolvidos.

Processos usados Técnica do congelamento de uma solução É um outro processo possível, mas muito pouco usado devido às dificuldades técnicas que apresenta. Quando uma solução como a água do mar congela, produz gelo de água pura sem sal. Os icebergues, por essa razão, são constituídos por água doce.

Processos usados Vantagens da destilação em relação à osmose inversa Desvantagens da destilação Exige tanques que ocupam grandes superfícies. É um processo muito lento de obtenção de água dessalinizada. A sua eficiência depende da intensidade da radiação solar. Vantagens da destilação Interrupções de funcionamento menos frequentes (para limpeza ou troca de peças) do que na osmose inversa. Necessita de menos pré-tratamentos do que a osmose inversa (uso de coagulantes para evitar o seu depósito na membrana). É uma tecnologia menos dispendiosa que a osmose inversa, em termos de equipamentos. Tem menores custos energéticos.

Bibliografia C. C. Silva, C. Cunha, M. Vieira, Eu e a Química 11, Porto Editora, Porto, 2016. J. Paiva, A. J. Ferreira, M. G. Matos, C. Morais, C. Fiolhais, Novo 11Q, Texto Editores, Lisboa, 2016. D. reger, S. Goode, E. Mercer, Química: Princípios e Aplicações, 2ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2010. Miguel Neta, maio de 2018.