O Metro Ligeiro de Superfície



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Transcrição:

UMA SOLUÇÃO DE TRANSPORTE O Metro Ligeiro de Superfície AÁrea Metropolitana de Lisboa poderá contar nos próximos anos com uma nova solução de transporte rápido para os concelhos limítrofes de Lisboa, e para a ligação destes com a capital. Trata-se do Metro Ligeiro de Superfície (MLS), como o que já se encontra a funcionar no Porto, em várias cidades europeias e também já projectado para a região sul do Tejo. O Metro de Superfície tem como principais impulsionadores o Metropolitano de Lisboa e a Carris, para além dos municípios de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Oeiras. O aumento da mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa, em parte, devido ao tipo de ocupação do espaço urbano nas zonas circundantes da capital, concretamente nos concelhos da Amadora, Loures, Oeiras e Odivelas e a falta de um transporte público de qualidade, conduziram a uma maior dependência em relação ao automóvel. 51 metrópoles

A saída e dispersão da habitação da capital para as suas zonas envolventes e a continuidade da concentração da actividade terciária em Lisboa contribuíram mais para o aumento das distâncias e da dificuldade dos percursos a efectuar, do que para o crescimento da sua frequência diária. Há hoje quem more na Ramada, Odivelas, e trabalhe em Alcoitão, Cascais, ou habite em Lisboa e tenha o seu emprego em Mem Martins, Sintra, por exemplo. São viagens que implicam a utilização de autocarro, metro e comboio, na opção de transporte colectivo. Para além disso, também incluem, na maior parte dos casos, a passagem pela capital, demorando em tempo de viagem provavelmente várias horas, para chegar ao destino. Teresa Zambujo Presidente da Câmara Municipal de Oeiras A principal vantagem será a melhoria da mobilidade não só na área oriental do Concelho, mas também para quem entra ou sai das freguesias dessa área. A linha aprovada entre Algés e a Falagueira, que, aliás, foi aproveitada de um estudo de 4 câmaras (Oeiras, Amadora, Cascais e Sintra) sobre as acessibilidades inter-municipais, irá melhorar e tornar mais rápida, num primeiro nível, a mobilidade nas deslocações pendulares entre Oeiras e Lisboa. Num segundo nível, vai melhorar as acessibilidades entre a zona de Algés e a Amadora, permitindo em simultâneo uma articulação entre as Linhas de Cascais e Sintra através de um modo de transporte em sítio próprio. Quem viva em Queluz, por exemplo, terá aqui uma alternativa mais atractiva para chegar à linha de Cascais. Num terceiro nível, o Metro Ligeiro de Superfície terá impactos positivos na mobilidade dentro do Concelho, fomentando uma deslocação mais rápida e cómoda entre as zonas de comércio e de serviços de Algés/Miraflores e as zonas de forte implantação residencial da Outurela ou Carnaxide. O Metro Ligeiro de Superfície terá ainda outro impacto de relevo ao ter uma função estruturante no Concelho, ao nível da organização espacial e de requalificação do território, podendo a zona da Outurela ser uma das zonas mais beneficiadas. Sendo uma área com acessibilidades limitadas e de elevada concentração de habitação social, além da instalação de serviços e equipamentos ao longo da linha decorrentes do aparecimento de uma infra-estrutura deste tipo, o Metro Ligeiro de Superfície poderá ter aqui também um papel importante na integração social das populações servidas directamente por este novo modo de transporte. OPÇÕES PARA O FUTURO São várias as opções que estão a ser pensadas para contrariar a tendência do uso de automóvel próprio a favor do transporte colectivo. Para além da necessidade de mudança do sistema tarifário, de forma a torná-lo mais simples e acessível, há outras decisões estratégicas. Uma delas é o incremento da eficiência das redes de transportes colectivos, como a introdução de sistemas de capacidade intermédia, como é o caso do Metro Ligeiro de Superfície. Já foram remetrópoles 52

alizados estudos para o seu traçado, apresentados durante a semana Europeia da Mobilidade organizada pela Carris e Metropolitano de Lisboa em Setembro do ano passado. Incluem uma Circular Externa, entre Algés e Loures, e duas Internas, a unir a futura estação de Metropolitano da Falagueira, na Amadora, e a de Santa Apolónia, a primeira, e Alcântara e o Aeroporto/Estação do Oriente, a segunda. Já mais recentemente, em Fevereiro, o projecto do MLS foi apresentado ao público pelo Secretário de Estado dos Transportes, Francisco Seabra Ferreira. Segundo este membro do Governo, o sistema deverá entrar em funcionamento em 2006, mas não avançou compromissos quanto a prazos. Afinal, trata-se de um empreendimento ainda sem verbas definidas, nem uma decisão final do Governo. Há apenas a indicação da tutela para continuar com a linha entre Algés e a Falagueira, apesar de aquele governante ter referido que a sua concepção ainda não foi apresentada. Francisco Seabra Ferreira assegurou, no entanto, a sua disposição para discutir, no primeiro semestre do corrente ano, o MLS. Só que ainda não foram definidos os seus modelos de concessão, financiamento e de viabilidade económica e financeira. No entanto, Seabra Ferreira, apesar de referir que o Estado Carlos Teixeira Presidente da Câmara Municipal de Loures Numa lógica metropolitana, é mais um projecto estruturante que vem contribuir para a melhoria das acessibilidades num vasto espaço geográfico, densamente povoado, apesar da ideia original não corresponder ainda à institucionalização de uma política de transportes metropolitana pensada de uma forma global e integrada. No nosso caso particular, a sua implantação assume uma importância acrescida dado que o corredor de Loures é o único que não dispõe de transporte pesado em sítio próprio (comboio, metropolitano), factor que condiciona decisivamente o desenvolvimento do concelho e a qualidade de vida das populações. Atendendo a esta realidade, o traçado previsto para o território concelhio foi concebido de modo a responder às necessidades de mobilidade de transporte, através do interface de Odivelas, e à criação de uma nova centralidade na zona norte do concelho. O nosso interesse no desenvolvimento do projecto é total e já sugerimos à equipa técnica que o elaborou a abertura em simultâneo de duas frentes de obra: uma a iniciar-se em Algés e outra em Loures. Manuel Varges Presidente da Câmara Municipal de Odivelas Odivelas, como concelho limítrofe à cidade de Lisboa, sofreu nas últimas décadas uma enorme pressão urbanística, desenvolvendo-se assim um estigma de concelho dormitório. A oferta de emprego e outros serviços, muito centrada em Lisboa, tem feito com que a população de Odivelas e também os que vêm da região Oeste através da A8 para ali se desloquem tomando como principal caminho a Calçada de Carriche, representando tal situação enormes 53 metrópoles

continuará a ser responsável pelos investimentos de monta, como são as infraestruturas ferroviárias, o financiamento dos modos mais ligeiros e os seus custos de exploração serão gradualmente suportados pelas autarquias. A CIRCULAR EXTERNA A Circular Externa irá permitir a acessibilidade entre as grandes aglomerações urbanas de Algés, Linda-a- Velha, Carnaxide, Alfragide, Damaia, Amadora, Brandoa, Odivelas, Póvoa de Santo Adrião, Santo António dos Cavaleiros e Loures. Trata-se de uma solução ferroviária que dará um contributo essencial para a ligação, em termos de Transporte Colectivo, entre os concelhos limítrofes de Lisboa. Vai unir-se ao comboio e metropolitano através dos interfaces de Algés, Damaia, Falagueira e Odivelas, permitindo também uma maior coesão territorial entre as regiões abrangidas da Área Metropolitana de Lisboa. Como irá servir vários parques de estacionamento localizados ao longo do percurso, haverá maiores capacidades e potencialidades para a transferência modal do transporte individual para o colectivo. No plano deste traçado está previsto o reordenamento urbano e a requalificação de ruas e avenidas de Algés e Miraflores, em zonas anteriormente ocuincómodos para os odivelenses, apesar de residirem às portas de Lisboa. Para a resolução desse problema muito contribuirá a extensão do Metro a Odivelas, pela qual o Município bastante lutou. Contudo, esta extensão apenas serve a cidade de Odivelas. Impõe-se agora que um modo de transporte de grande capacidade, e em complementaridade com o Metro, sirva uma maior área da cidade e do concelho. Mas a importância deste projecto poderá não ficar por aqui se, como pretendemos, ele vier a servir uma estratégia que não seja apenas deslocar a população de Odivelas para Lisboa. Odivelas está em franco desenvolvimento e transformação, abandonando já o velho estigma de dormitório. Incrementam-se importantes pólos de comércio e serviços, estão em desenvolvimento novas áreas geradoras de emprego. E há ainda a prevista construção do Hospital de Loures, do qual a população de Odivelas será primordial utente. Se este projecto vier de facto a reforçar as ligações em transporte público cómodo e rápido entre os diversos concelhos limítrofes a Lisboa, em forma de circular como tem sido apresentado, se vier a servir de facto as principais deslocações internas e pólos de mobilidade, então vemo-lo como factor de desenvolvimento, fomentando a coesão territorial do concelho e contribuindo para que Odivelas se reforce como uma nova centralidade no contexto da Área Metropolitana de Lisboa. Joaquim Raposo Presidente da Câmara Municipal da Amadora O traçado do Metro Ligeiro de Superfície no Concelho da Amadora constitui uma circular exterior que permite a deslocação das populações de Alfragide, Buraca, Damaia, Amadora e Brandoa entre os pólos de residência, emprego e equipamentos colectivos. O que assume particular relevância em termos de desenvolvimento futuro do Concelho, já que a Amadora pretende assumir uma nova cen- metrópoles 54

padas por bairros degradados, e da Outurela, Cova da Moura, EN8 e Loures. CIRCULARES INTERNAS A linha de MLS, que se iniciará na Falagueira, vai penetrar em Lisboa através das Portas de Benfica. Seguirá até Sete Rios, Praça de Espanha, Rego e Avenidas Marquês Sá da Bandeira e Duque D Ávila até ao Arco Cego. Daqui, deverá prosseguir em túnel até ao Largo do Leão, a Rua Morais Soares, a Praça Paiva Couceiro, a Avenida Mouzinho da Silveira e a Rua da Bica do Sapato são as vias finais previstas deste traçado, que terminará em Santa Apolónia. O eixo desta via será transversal à cidade na directralidade no quadro da Área Metropolitana de Lisboa (AML), com pólos para o desenvolvimento de emprego e novas indústrias, sedes de empresas e a provável colocação de Ministérios. Embora a população da Amadora continue a ser uma das populações que, no quadro da AML, mais utiliza os transportes colectivos, tal como revelado no último inquérito realizado aos movimentos pendulares da AML, este projecto permite consolidar e reforçar a utilização do transporte colectivo na mobilidade Amadora-Lisboa, apresentando carreiras regulares, boa cobertura territorial e ligação a outros modos de transporte: metro (Falagueira, Sete Rios, Praça de Espanha, São Sebastião, Saldanha e Arroios) e comboio (Sete Rios, Rego e Santa Apolónia). Permite ainda a transferência modal do transporte individual colectivo, com a sua passagem por diversos parques de estacionamento. Em suma, o projecto potencia um aumento da qualidade de vida das populações, ao permitir a redução da circulação automóvel com a aposta no aumento da qualidade dos transportes (frequência, cobertura, conforto dos veículos, menos ruído e poluição ambiental). Manuel Frasquilho Presidente do Metropolitano de Lisboa Os projectos em estudo para as circulares externas e internas na AML pretendem ser instrumentos fundamentais para a articulação de uma rede fixa de transportes intermodal. A actual rede de Transportes Colectivos pesada e semi-pesada está hoje incompleta, faltando sistemas de capacidade intermédia que permitam assegurar melhores padrões de mobilidade nas ligações pe- 55 metrópoles

ção Este - Oeste e permitirá interfaces com o Metro na Falagueira, Sete Rios, Praça de Espanha, São Sebastião, Saldanha, Arroios e Santa Apolónia. Também o possibilitará com o comboio em Sete Rios, Rego e Santa Apolónia. Os parques de estacionamento da Falagueira, Fonte Nova, Sete Rios, Rego, Berna, Valbom e Arco do Cego, potenciarão a transferência de pessoas entre o transporte individual e colectivo para esta linha. Na sua execução está prevista a requalificação da Estrada de Benfica, Avenida Duque D Ávila, Rua Morais Soares e Rua da Bica do Sapato, para maior segurança dos peões. O traçado da via de MLS entre Alcântara e o Aeroporto/Estação do Oriente será transversal à ci- riferia centro e periferia periferia que garantam maior regularidade e maiores níveis de serviço quer nas ligações directas, quer com transbordos com adequada articulação temporal. Estes projectos podem ainda ser instrumentos fundamentais para processos de requalificação urbana e, talvez por isso, ou também por isso, esta iniciativa conjunta Carris/ Metropolitano de Lisboa tenha a colaboração interessada e activa das diversas Câmaras envolvidas, o que, sendo sempre desejável, não pode, nem deve, deixar de ser apontado como um marco inovador. António CrisóstomoTeixeira Presidente da CP Este projecto de metro de superfície é muito importante para a articulação da rede pesada de transportes públicos em interfaces com o caminho de ferro em Algés (linha de Cascais) e em Santa Cruz/Damaia (linha de Sintra) e com o Metropolitano na Falagueira e em Odivelas. Os clientes do sistema vão passar assim a ter mais possibilidades de transitar entre alguns dos principais eixos de transporte na Grande Lisboa. Seria desejável que, numa segunda fase, fossem considerados um prolongamento a Sacavém, para ligação à linha do Norte, e outro a área do concelho de Loures, onde o desenvolvimento habitacional ou a localização de equipamento social relevante o justifique. Silva Rodrigues Presidente da Carris O Projecto de Metro Ligeiro de Superfície (MLS) que a Carris e o Metropolitano de Lisboa têm, em conjunto, estudado e desenvolvido, assume grande importância na melhoria dos transportes na Área Metropolitana de Lisboa, podendo constituir um contributo decisivo para a construção de metrópoles 56

dade de Lisboa, fazendo-se na Direcção Sul - Norte, atravessando alguns pares de Origem e Destinos (O/D) mais procurados em Lisboa, como o Aeroporto, a Praça de Espanha, o Hospital de Santa Maria ou a Cidade Universitária. O troço previsto entre Alcântara e o Rego fará parte de uma circular interior na coroa de transição da capital, enquanto o restante seguirá a coroa periférica. A linha permite a existência de interfaces com o Metropolitano na Praça de Espanha, na Cidade Universitária, em Alvalade e na Gare do Oriente. Neste último terá também com o comboio, tal como no Rego. Os parques de estacionamento do Aeroporto ou da Gare do Oriente, entre outros, serão soluções para a transferência entre Transporte Individual e Colectivo um verdadeiro sistema de transportes intermodal, facilitando a articulação e coordenação entre os diferentes modos e operadores que actuam na AML. A concretização deste importante projecto, cuja 1.ª fase - Algés / Falagueira - tem já a aprovação do Governo, terá de fazer-se por etapas, ponderando-se cautelosamente os diferentes factores intervenientes para evitar desperdícios e irracionalidade de decisões. Trata-se de investimentos importantes cuja concretização terá de reflectir a relação custo/benefício para a colectividade, articulando as procuras estimadas com as capacidades de oferta dos diferentes modos e operadores. Os projectos de MLS, agora em estudo, constituem, por outro lado, uma oportunidade única de requalificação e regeneração do espaço urbano, ao propor uma nova partilha de espaço entre o transporte individual e colectivo, obrigando, por isso, os municípios a repensar a gestão do espaço viário. No caso particular de Lisboa, o MLS complementará as redes pesadas e semi-pesadas de transporte colectivo, que servem Lisboa e a área metropolitana envolvente, que não estão preparadas para sustentar deslocações circulares nas coroas de transição e periférica da Cidade, nem deslocações circulares na coroa periurbana, devido à sua configuração radial. O MLS, no eixo Algés - Loures, constituindo um modo de transporte com capacidade intermédia (oscilando entre os 2.500 e os 18.000 passageiros/hora /sentido), constituirá, assim, uma resposta apropriada ao fecho da malha das redes ferroviárias pesada e semi-pesada (comboio e metropolitano), naturalmente complementada com o rebatimento da rede de autocarros. As potencialidades de transferência modal do transporte individual para o transporte colectivo aumentam com a sua prevista passagem em diversos parques de estacionamento ( Park and Ride ) de Algés, Linda-a-Velha e Falagueira, na 1.ª fase do troço Algés-Loures. Os estudos, já desenvolvidos e em curso, no âmbito deste projecto apontam para resultados muito positivos, estimando-se níveis de procura elevados. Estou certo que a concretização do MLS em Lisboa constituirá um marco ao permitir uma melhoria significativa da oferta e um reforço da articulação e coordenação efectivas entre os diferentes modos e operadores que actuam na Área Metropolitana de Lisboa 57 metrópoles