HEDGE DE MÍNIMA VARIÂNCIA PARA O MERCADO DE CAFÉ ROBUSTA NO MUNICÍPIO DE CACOAL/RO NO PERÍODO COMPRENDIDO ENTRE 2000 E 2008. anandamaciel@yahoo.com.br POSTER-Trabalhos de Iniciação Científica CÁSSIO SOUSA NASCIMENTO; LARISSA ANANDA MACIEL; PÂMELA MARCELA SILVA BONFIM. UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA, PORTO VELHO - RO - BRASIL. HEDGE DE MÍNIMA VARIÂNCIA PARA O MERCADO DE CAFÉ ROBUSTA NO MUNICÍPIO DE CACOAL/RO NO PERÍODO COMPRENDIDO ENTRE 2000 E 2008. RESUMO: Em se tratando de café robusta há dois Estados de grande relevância nacional: Espírito Santo e Rondônia. Em Rondônia o processo de cultivo do café rondoniense iniciou-se na época que o então Estado era ainda Território Federal, quando houve a migração de famílias de sua grande maioria do Sudeste e Sul do país para colonizar o Estado. Este artigo teve como objetivo estimar o hedge de mínima variância para o café robusta em Cacoal no período entre 2000 e 2008, utilizando dados da BM&F e Safras&Mercados. Para o cálculo das estratégias de hedge foi utilizado o Método de Regressão Linear por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), e a redução de riscos foram obtidos por meio da redução do desvio-padrão. As estratégias encontradas mostraram que a utilização de hedge em Cacoal mostrou-se atrativa para o cafeicultor reduzindo os riscos. Mesmo que sendo qualidades de cafés diferentes o uso da ferramenta é importante na redução de volatilidade para o produtor de café. PALAVRAS-CHAVE: Café, Estratégias de hedge, Mínima Variância, Riscos. HEDGE OF MINIMUM VARIANCE FOR ROBUST MARKET CAFÉ IN CACOAL CITY/ RO ON THE PERIOD FROM 2000 AND 2008 ABSTRACT : In the case of robusta coffee there are two states of great national importance: Espirito Santo and Rondônia. In Rondônia the process of growing coffee rondoniense begins at the time that then state still was a federal territory, when there was a migration of families mostly in Southeast and South, to colonize the state. This paper aims to estimate the minimum variance hedge for robusta coffee in Cacoal between 2000 and 2008 using data from the BM&F and Safras&Mercados. For calculation of the hedging strategies we used linear regression by Ordinary Least Squares (OLS), and the risk reduction was achieved by reducing the standard deviation. The strategies found showed that the use of hedge Cacoal proved attractive to the grower reducing the risks. Same as being qualities of different coffees using the tool is significant reduction in volatility for the producer of coffee. KEY WORDS: Coffee, hedging strategies, Minimum Variance, Risk.
1. Introdução A produção de café no Brasil teve inicio desde a época em que era colônia de Portugal. Com o passar do tempo e com o aperfeiçoamento tecnológico o seu cultivo passou a ter grande importância para a economia nacional, tornando-se o maior produtor de café do mundo. Segundo Siqueira (2005) a influência da cultura do café para o país pode ser visto em termos de compras de máquinas e implementos agrícolas ou de máquinas e equipamentos industriais para unidades de beneficiamento, pelos impactos na logística de transporte e armazenamento para distribuição dos insumos e escoamento da safra, pela geração de emprego e renda no campo e na cidade e pela contribuição para o aumento das exportações brasileiras. A produção de café no Brasil teve inicio desde a época em que era colônia de Portugal. Com o passar do tempo e com o aperfeiçoamento tecnológico o seu cultivo passou a ter grande importância para a economia nacional, tornando-se o maior produtor de café do mundo. Atualmente há dois tipos cafés que são comercializados: café arábica e robusta (conillon), sendo o primeiro mais comercializado na BM&F. Tendo como seus principais Estados produtores: Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, Bahia, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Rio de Janeiro e outros. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC, 2009) Rondônia tem um parque cafeeiro com cerca de 156.000 ha, sendo produzido1. 876 sacas de 60 kg tendo uma produtividade de 12,03 sacas/ha. O processo de cultivo do café rondoniense inicia-se na época que o então Estado era ainda Território Federal, quando houve a migração de famílias de sua grande maioria do Sudeste e Sul do país para colonizar o Estado (MARCOLAN et.al 2009). Destacando o município de Cacoal. No que se refere ao Pólo de Cacoal, o mesmo é composto por seis municípios, quais sejam: Cacoal, Espigão d'oeste, Ministro Andreazza, Pimenta Bueno, Primavera de Rondônia e São Felipe d'oeste, situados no centro-leste do Estado. Tabela 1. Produção (1.000 sacas de 60Kg) e produtividade (sacas/ha) dos principais estados produtores café e Brasil por qualidade para safra 2006/2007. Estado Produção Arábica Robusta Total Produtividade Minas Gerais 21.957 30 21.987 21,73 Espírito Santo 2.128 6.881 9.009 19,04 São Paulo 4.470-4.470 21,07 Paraná 2.248-2.248 22,41 Bahia 1.725 526 2.251 23,02 Rondônia - 1.263 1.263 7,77 Brasil 33.015 9.497 42.512 19,75 Fonte: CONAB Verifica-se a baixa produtividade de Rondônia em comparação com os principais estados produtores (7,77 sacas/ha), entre os motivos da baixa produtividade, estão o 1
manejo com práticas inadequadas, elevado custos dos insumos, baixa fertilidade dos solos, cafezais decadentes, entre outros. 2. Fundamentação Teórica Em se tratando de mercados futuros há dois tipos de contratos: Hedge de venda quando a operação requer uma posição vendida em contratos futuros utilizada geralmente pelos produtores de café, nesse caso é quando o hedger possui o ativo e espera vendê-lo no futuro, e o hedge de compra é quando o hedger assume uma posição comprada num contrato futuro sendo geralmente utilizado por indústrias que adquirem um produto no futuro travando seu preço no presente (HULL, 1999). Uma das formas de se obter a quantidade de contratos que minimizam as incertezas no mercado do café é o hedge de mínima variância. Segundo CARTER (1999 apud Santos et al., 2008) os produtores de commodities podem se beneficiar com a redução de risco de preço de seus produtos ao realizarem hedge (proteção) com contratos futuros. 3. Metodologia De acordo com Hull (1999) a razão de hedge é a proporção do tamanho da posição em contratos futuros com a extensão da exposição ao risco, é dada pela seguinte equação:, (01) Em que: : desvio padrão de S; : desvio padrão de F; : coeficiente de correlação entre S e F; : razão de hedge que minimiza a variância da posição do hedger. 4. Resultados e discussão A Ilustração 1 mostra a evolução dos preços do café tanto físico quanto futuro no período compreendido entre os anos de 2000 a 2008. Nele observa-se que os preços caminham juntos, sendo os preços futuros sempre maiores em relação aos preços no mercado à vista. Ilustração 1. Comportamento dos preços futuro e à vista do café para o município de Cacoal, no período de 2000 a 2008. Fonte: Safras&Mercados, BMF, 2009. Destaca-se no mesmo a baixa ocorrida nos preços da commodity nos anos 2001/2002 causada por um grande desequilíbrio entre a oferta e a demanda de café fazendo com que os preços depreciassem no período citado. Contudo nos anos seguintes a essa crise o preço do café tornou-se a patamares consideráveis, tanto que no ano de 2005 o preço da commodity comercializado nas Bolsas 2
de Mercadorias elevou-se consideravelmente, mas os preços à vista de café robusta em Cacoal não seguiram a mesma trajetória, inviabilizando assim a utilização de estratégias de hedge, o que será observado mais adiante. Observa-se na Tabela 2 as estratégias de hedge usadas no período compreendido entre 2000 e 2008, mostram que em 2000 o preço à vista teve uma variação de US$8,35, enquanto a variação do preço efetivo foi de US$4,19 tendo uma redução de risco em torno de 49,75% mostrando que o uso de hedge realmente reduz risco. Tabela 2. Estratégias de Hedge. Ano Desvio Padrão (US$) Preço à Vista Preço Efetivo Redução de Riscos (%) 2000 8,35 4,19 49,75 2001 6,02 3,49 42,09 2002 4,47 2,55 42,85 2003 3,63 3,56 1,95 2004 2,85 2,56 10,41 2005 5,14 5,14 0,00 2006 7,00 5,70 18,61 2007 7,56 5,15 31,92 2008 8,99 4,33 51,84 Fonte: Dados da Pesquisa Como pode ser observado em praticamente todos os anos o cafeicultor terá proteção quanto à variação dos preços, sendo o ano de 2008 o melhor ano para a realização de hedge, onde terá redução de risco em torno de 51,84%. Ao contrário, em 2005 não é possível a realização de hedge, pois não haverá redução de risco, portanto tanto a variação dos preços efetivos quanto do à vista são os mesmos (US$5,14), que o mostra que o produtor não terá proteção da sua produção. 5. Considerações Finais. Nos anos estudados verificou-se que em grande parte dos anos a redução de risco é favorável ao produtor, como em 2008 tendo uma redução de em torno de 52%. Contudo houve momentos em que não houve essa redução é o caso do ano de 2005, onde não apresentou redução de risco para o produtor de café rondoniense. Mesmo sendo cafés distintos em relação à qualidade, sendo na BM&F os contratos futuros em sua grande maioria realizados utilizando o café arábica como commodity e em Rondônia o café cultivado em alguns municípios em especial Cacoal e do tipo robusta (conillon), o uso de estratégias de hedge para a redução da volatilidade é de grande importância para o produtor rural. Para sugestão de trabalhos posteriores a utilização de contratos futuros comercializados na London International Financial Future & Options (LIFFE), para a estimação de estratégias de hedge é de grande significância, pois ela é a bolsa de mercadorias e futuros especializada na comercialização de café tipo robusta (conillon). 6. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE CAFÉ. Estatísticas: Produção Agrícola. Disponível em: http://www.abic.com.br/estat_pagricola.html. Acessado em 20 de dezembro de 2009. HULL, John. Introdução aos mercados futuros e de opções. 2ª ed. São Paulo: Bolsa de Mercadorias & Futuros, 1999. 3
MARCOLAN, Alaerto Luiz (et.al). Cultivo dos Cafeeiros Conilon e Robusta para Rondônia. 3. ed. rev. atual. Porto Velho: Embrapa Rondônia: EMATER-RO, 2009 SANTOS, Marcelo Pereira dos; FILHO, Flávio Borges Botelho; ROCHA, Carlos Henrique. Hedge de mínima variância na BM&F para soja em grãos no Centro-Oeste. Distrito Federal: Instituto de Estudos Agrários e Combate à Pobreza. 205 p. 2008. SIQUEIRA, Tagore Villarim de. A cultura do café: 1961-2005. Rio de Janeiro: BNDES Setorial. 207 p. 2005. CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da Safra Brasileira: Café Safra 2007/2008, quarta estimativa. Brasília: CONAB, 2007. 4