ADOLESCÊNCIA E DROGADIÇÃO: A RESPONSABILIDADE DO ESTADO, DA FAMÍLIA E O CUMPRIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO



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ADOLESCÊNCIA E DROGADIÇÃO: A RESPONSABILIDADE DO ESTADO, DA FAMÍLIA E O CUMPRIMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS NO TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUÍMICO ANA PAULA MEDA GIOVANA ROCHA LEITE RESUMO: Este trabalho traz uma análise do problema social advindo do uso de drogas por adolescentes, fazendo um paralelo entre as necessárias políticas públicas que precisam ser efetivadas por meio do Estado, juntamente com o apoio das famílias dos dependentes químicos e da sociedade como um todo, atuando com cidadania de maneira a enxergar nesse, um problema de campo extenso e competente a todas as pessoas envolvidas no convívio social. Por conseguinte, a vida está envolta em um emaranhado de obrigações, conflitos e cobranças, condicionando os adolescentes a experimentarem novas alternativas que os façam fugir da realidade, traçando novos mundos através de substâncias ilícitas, arrasadoras de lares, organismos e histórias: as drogas. De tal modo, é notório o prejuízo concentrado dentro das relações de drogadição a começar pelo narcotráfico gerador de violência entre jovens, em seguida, remete-se ao adolescente usuário que sustenta esse mesmo tráfico de drogas instigante de retratos insolentes pelo Brasil, como, por exemplo, a cracolândia, na cidade de São Paulo, em que o crack dominou as escolhas dos indivíduos que ali persistem. Mais tarde, o ciclo de relações de drogadição reporta-se às desigualdades sociais extremamente discrepantes, que configuram o cenário atroz do consumo e do tráfico de drogas, resultando em consequências graves no âmbito social, tais quais, a problemática da saúde posteriormente solicitada no tratamento do dependente químico, o crescimento da AIDS, disseminada por Aluna do Curso de Graduação em Direito da Universidade Estadual do Norte do Paraná, Campus de Jacarezinho/PR. anapaula.meda@yahoo.com.br Aluna do Curso de Graduação em Pedagogia da Universidade Estadual do Norte do Paraná, Campus de Jacarezinho/PR. giovanarochaleite9@gmail.com

intermédio das drogas injetáveis e a violência urbana, presenciada constantemente em grandes aglomerações humanas. Nesse sentido, é essencialmente importante o papel da família coligindo com ações de prevenção do Estado para combater o uso de drogas entre adolescentes, a fim de que os mesmos não se tornem vítimas de um caminho sem volta e que pode custar inúmeras vidas. Assim, a família é a sustentação psicológica e emocional do adolescente, servindo como um escudo contra as drogas. Portanto, somente com políticas públicas de prevenção e reinserção social do já dependente químico, em concomitante com a ajuda familiar estruturada por valores, limites e baseada sob a vertente da sobrevivência digna com respaldo de toda a sociedade a voltar-se para a responsabilidade de colaborar na prevenção e no tratamento de dependentes químicos. O trio Estado, família e sociedade são elementos imprescindíveis à consecução de uma realidade justa, igualitária e humana. Palavras-chave: Adolescência. Drogas. Estado. Família 1. A GLOBALIZAÇÃO E OS CONTRASTES SOCIAIS A vivência no mundo globalizado onde a gana pelo ter, pelo comprar e pelo poder estão acima de qualquer relação de convivência que privilegia boa vizinhança. As tecnologias que a cada dia se aperfeiçoam mais fazem com que as pessoas alienem-se de uma vida saudável e que fiquem presas a uma condição de comprar o melhor produto ou aquele que a ajude a interar-se com o grupo social que está ou quer se inserir. Não se pode deixar de considerar que, junto das questões boas que a globalização trouxe, também se acarretaram e se agravaram demasiadamente os problemas sociais que ficaram e que ficam cada vez mais evidentes, principalmente para as pessoas que vivem ás margens da sociedade, chegando a casos extremos de sobrevivência, onde fica nítida a incoerência em que se vive. Os principais afetados com toda essa roda viva que é a sociedade e com os augúrios que ela trás, são os jovens que a cada dia estão mais sem referências e sem limites, visto que a independência é algo muito valorizado. Fazendo-se uma retomada de alguns anos nota-se que as bases familiares de hoje já não correspondem mais as que prevaleciam há algum tempo atrás. Segundo Wagner, (2003) citado por Zanetti, (2009, pág. 66.)... a família passa por um momento de perda de referências. Com isso, a figura dos pais, enquanto autoridade, está a cada dia mais fragilizada, fazendo com que os filhos busquem referências em caminhos que, na grande maioria das vezes, é sem volta, como no mundo do crime, na violência, na marginalidade e nas drogas.

Os maiores contrastes sociais que se denotam são com relação às pessoas que moram em periferias e favelas dispersas por todo território nacional, atingindo um número de 10 milhões de pessoas que estão dispersas em 16.433 favelas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/ Pesquisas de informações básicas municipais). O que mais chama a atenção é a renda que essas pessoas têm para poder sobreviver nesse mundo que a cada dia conta com mais inovações e facilidades. Segundo o Censo 2000 a renda de uma família que reside em uma periferia é de R$ 352,41. É evidente que em grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro a concentração de favelas tende a ser maior atingindo um número de 612 e de 513 respectivamente, segundo o Censo 2000. Com isso, quanto maior forem os centros comerciais que acabam servindo como atrativo às famílias carentes, na ilusão de melhores condições de vida nessas cidades o que acaba acontecendo é o inverso: a exclusão social, as desigualdades, a drogadição seguida de violência, de atos infracionais e outros inúmeros problemas que acontecem diariamente. Todavia, o principal impasse que existe é a disparidade entre a lei e a realidade vivida por pessoas que sofrem com a falta de elementos necessários para a sobrevivência e dignidade humana. 2. ADOLESCÊNCIA E DROGADIÇÃO O uso de alucinógenos é algo bastante antigo na história da humanidade que criam graves problemas de saúde pública, com conseqüências sérias pessoais e sociais no futuro dos adolescentes e de toda a sociedade. A adolescência é uma fase da vida onde se tem que enfrentar inúmeras mudanças, onde se é deixado de ser criança, passando a vida adulta. Segundo Robaina (2010) a adolescência é um período de desorganização temporária, em que o distanciamento dos pais, as rebeldias, os comportamentos estranhos são meios que os adolescentes empregam para evoluir a um padrão de relacionamento mais adulto. Com toda essa efervescência na vida do jovem, o desconhecido e o proibido, por uma questão de rebeldia, acabam se tornando alvo de curiosidade. Essa é a fase em que o jovem precisa ser aceito e pertencer a um grupo, que seja valorizado e reconhecido pelas outras pessoas. Momento este que pode ser perigoso se tal jovem não vê reconhecimento no grupo familiar, na escola, no trabalho; enfim nos lugares que costuma frequentar; isso faz com que

ele valorize as coisas erradas na ilusão de ser aceito na sociedade, de ser independente e adulto. Porém, até mesmo os caminhos errados; como o do mundo do crime, das drogas, da delinqüência, entre outros; também tem muitas regras a serem cumpridas e mesmo que sua orientação familiar seja contraria a tais normas, ele as seguirá. Segundo Robaina (2010, pag. 22.)...o adolescente vê-se obrigado a aceitar essas regras a fim de poder ingressar no grupo. [...] Se a droga for um dos valores importantes de seu grupo, isso pode levar o adolescente novo ao grupo a usá-la, de inicio só para experimentar. Estima-se que hoje no Brasil exista mais de um milhão de viciados em crack, fora o número alarmante que chega a ser comparado com uma epidemia por ser o alucinógeno que mais se alastra atingindo todas as camadas sociais, o que mais assusta é a idade média dos viciados que é em torno de treze anos, é sabido que o crack é considerado uma das drogas mais devastadoras que se tem atualmente, sendo capaz de viciar logo na primeira experimentada. Um exemplo claro desta realidade é a Cracolândia na cidade de São Paulo, onde jovens ficam jogados à própria sorte, fazendo o uso demasiado de drogas. (Revista Veja, 2011.) 3. O PAPEL DA FAMÍLIA Constantemente, uma realidade amparada nas drogas é relatada por conhecidos, comentada por jornais ou presenciadas nos fatos ocorridos no cotidiano. A drogadição cresceu significativamente à medida que se tornou uma fuga da veracidade da vida e, consequentemente, um comércio rentável, coincidindo com o chamado tráfico de drogas. A explosão de consumo desenfreado de drogas, os governos com políticas públicas e a própria população através de informativos, mostraram-se preocupados com a abrangência dos usuários e, principalmente, na tragédia social ocasionada pelo vício dos dependentes químicos. No entanto, o aspecto primordial e de vital importância na prevenção ao uso de drogas é a participação efetiva da família. Somente o ambiente familiar apoiado na devida sensatez de informações pode precaver o primeiro passo para a abertura de um rumo, muitas vezes, caótico e sem reversão: A família no tratamento significa buscar um novo elo entre os seus membros. (...). É também a construção de um novo estilo de vida. Para o dependente e para a

família. (Núcleo Einstein de Álcool e Droga do Hospital Israelita Albert Einstein- NEAI. 2009.) Um guia de prevenção para pais e educadores Crescendo sem drogas desenvolvido pela Associação Parceria Contra Drogas (APCD), expõe, claramente, como a intervenção dos genitores é essencial para minimizar as chances de o filho utilizar drogas: Especialistas dizem que os jovens que conversam sobre drogas com os pais têm menos chance de querer experimentá-las. (Crescendo sem Drogas, p. 17). Assim, o conhecimento advindo dos pais, juntamente, com suas experiências positivas são pontes de sustentação para intensificar o que é dito e aplicado na educação dos filhos. Os modelos de seres humanos provenientes da mãe e do pai influenciam diretamente na concepção daquele que está a ser modelado pelos seus hierárquicos a cada conduta e descoberta, procedente em uma nova fase da vida. A moral além de conversada carece de cerne prático, tal qual concretizando a fala antes colocada. Crianças aprendem com os exemplos, com os valores que os pais demonstram por suas ações. Ficam sensibilizados quando vêem que os pais se preocupam com os outros e os respeitam, dão atenção aos mais necessitados e são honestos em admitir os próprios erros. (Crescendo sem Drogas, p.15). Dessa maneira, não apenas os pais, mas todo o conjunto familiar carece de envolvimento na instrução e no firmamento de exemplos dignos de respeito e cautela para crianças, adolescentes e jovens. Com isso, os avós desenvolvem-se como intérpretes dos netos, que reforçarão os princípios benéficos introduzidos no entendimento dos mesmos: Os avós podem servir como modelos mais estáveis e maduros quando precisarem assumir alguma responsabilidade com os netos. E têm uma vantagem sobre os pais: o relacionamento com as crianças é menos complicado, menos arbitrário e mais distantes dos problemas do dia-a-dia. Os avós podem usar a intimidade confiança que inspiram para reforçar as lições ensinadas pelos pais sobre auto-respeito e vida saudável. (Crescendo sem Drogas, p 15). Por conseguinte, a presença diária dos familiares em convergência com as campanhas de caráter educativo dão respaldo importantíssimo na consequência de formação do pensamento, construído gradativamente a toda idade. Sendo o escudo de proteção contra

qualquer tentativa de socialização que recaia na experimentação de drogas ou em sua dependência pelo simples evento da aceitação por um grupo social recorrente. A família, em simultâneo com efetivas ações do Estado, como, por exemplo, as construções de clínicas de reabilitação para dependentes químicos, configuram-se como um esquadrão de proteção para que o consumo de drogas não atinja crianças e adolescentes de maneira tão incisiva, arrebatando vítimas e presumindo vitimados de forma direta ou indiretamente no âmbito da sociedade. 4. A RESPONSABILIDADE DO ESTADO E A EFETIVAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS Indubitavelmente a resistência ao consumo de tóxicos necessita de força de vontade e precisão na conduta. Por isso, a multiplicidade de dependentes acaba abdicando da terapia antes do término correto. Alguns comportamentos indicados pela cartilha Aspectos Básicos do Tratamento da Síndrome de Dependência de Substâncias Psicoativas mostram táticas a serem efetivadas na reabilitação do dependente químico, tais como, seguimento individual aconselhamento, psicoterapia individual, psicoterapia de grupo, prevenção de recaída, treinamento de habilidades sócias e tratamento familiar. (p. 08) Destarte, cada uma dessas indicações estratégicas compõe um conjunto de regras primordiais na excelência daquilo que se almeja. Não conclamar esse viés de formas auxiliadoras na reabilitação do paciente é estar ultrapassando procedimentos demasiados importantes para a recuperação do mesmo. Vivenciar grupos de ajuda mútua e comunidades terapêuticas também é de grande valia na materialização do renúncio ao vício das drogas: Os grupos de mútua-ajuda têm características de grupo leigo e voluntário, sem qualquer ônus para a comunidade e a sociedade em geral. Estima-se que 1.000.000 (um milhão) de pessoas atualmente frequentam as reuniões do AA em todo o mundo. Embora não possa ser considerado tratamento propriamente dito, os grupos de mútua-ajuda são agentes operacionais na recuperação e reinserção social de dependentes químicos, atuando ainda na restauração familiar e na prevenção à dependência. (Aspectos Básicos do Tratamento da Síndrome de Dependência de Substâncias Psicoativas, p.22).

Conseguintemente, ocorre a avaliação do tratamento a fim de constatar a eficiência das orientações e métodos desempenhados no decorrer da trajetória do processo de recuperação: Avaliar o tratamento não significa apenas avaliar a eficácia de determinado método, mas propicia, também, a possibilidade de adequação das características de um serviço à população que ele assiste. Significa, ainda, fornecer subsídios importantes para a realização de estratégias de prevenção ao abuso de drogas da comunidade em torno de serviços terapêuticos. (Aspectos Básicos do Tratamento da Síndrome de Dependência de Substâncias Psicoativas, p.24). Então, o governo com políticas públicas de prevenção, em concomitante, com o apoio familiar do dependente ao lado de uma terapia especializada, são protagonistas na recuperação do viciado, que, sozinho, dificilmente não conseguirá suprir hábitos antigos e se adaptar a um renovado seguimento de vida. Toda ajuda, nesse sentido, requer um princípio altruístico de acreditar na recuperação do ser humano, um dia, confinado nas relações sociais. Entretanto, os passos acima indicados para a recuperação do dependente químico só podem ser realizados mediante clínicas e profissionais voltados para essa situação. Nesse caso, uma intervenção pública é fundamental no auxílio às famílias de menor renda que tentam tratar os respectivos parentes. O Direito deve abrigar medidas sociais, como a relatada anteriormente, cobrando posições governamentais. De acordo com o depoimento de Maria do Socorro, instrumentadora cirúrgica, ao programa Profissão Repórter de 19 de Julho de 2011, a construção de clínicas não propende ao lucro e, também, não é um feito vistoso o suficiente para o encargo de um político, assim, a realidade prevalece sem as mesmas e as vidas apodrecem a beira de uma ignorância de problemas nascidos em meio a sociedade, sendo que não existem clínicas suficientes para a demanda de dependentes químicos, em especial adolescentes. Diante disso é inevitável que surjam questionamentos como: os direitos prescritos pela lei são efetivamente mantidos para assegurar o principio da dignidade humana? Segundo o artigo 5º da Constituição Federal; todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se o direito aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade. Se perante a lei todos são iguais, é revoltante perceber que de fato o que acontece é completamente o inverso. O direito a ter uma vida de qualidade é dever do Estado, sendo assim, deve assegurar auxílios demandadores de ajuda expressiva mediante o tratamento de

dependes químicos. Porém, vivencia-se desinteresse e descaso pela adolescência ruminada por drogas extremamente potentes na deterioração da existência digna de um menor, que ao menos, carece de ser credenciado ao estudo e a oportunidades de subsistir em sociedade. Ignorar essas realidades infames, mascaradas pela sociedade e, ainda, observar que os mesmos adolescentes não passam de instrumentos do tráfico de drogas, mantenedores do capital dessa iniciativa ilícita, muitas vezes, arrasador de vidas, é continuamente não atenuarse com a despreocupação do cumprimento de políticas públicas. As últimas, solidificam-se no papel escrito, todavia, na prática, a situação se remete ao que é evidenciado, em espécie, na cracolândia, na cidade de São Paulo. A figura abaixo retrata visivelmente o espaço sórdido intitulado de cidade do crak, onde a própria frase reproduz: uma doença chamada crak. FONTE: VEJA 19/07/2011. Contudo, não são atitudes imediatas que transformarão a realidade deturpada pelas drogas em um ambiente coincidente com a vida digna, de maneira instantânea. Ao contrário, projetos de ordem unicamente urgentes não irão reparar e abrandar o descaso efetuado desde a edificação social de uma geração, perfazendo, dessa forma, um ciclo de imprudências sem fim, a todo momento arrebanhando vítimas para a autodestruição, em concomitante, com a exclusão social. A prevenção é a saída para esse impasse. Para isso, [...], necessitamos que a sociedade possa desenvolver atitudes conjuntas, que viabilize políticas

públicas mais efetivas, possibilitando uma qualidade de vida melhor para todos nós. A criação do Conselho Antidrogras pode ser um passo importante para resolver esse problema, como articulador das estratégias, integrando as secretarias de diferentes áreas, visando à solução deste problema. ( Robaina, 2010, pag 108.) Acredita-se que um dos caminhos solucionadores desse entrave ao desenvolvimento cordial da sociedade, deve iniciar-se e guiar-se pela educação, vinculada à tentativa de diminuir as discrepâncias sociais, estabelecendo patamares de estabilidade humana em meio a um mundo contornado pelo dinheiro. Com relação à educação, determinante na busca de alternativas eficazes que atuem incisivamente na profilaxia ao uso de drogas, está prevista no artigo 205 da Constituição federal: a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Deste modo, incumbe ao Estado garantir uma educação de qualidade para primeiro desabrigar o ideário fictício sobre as drogas, simplesmente por aceitação em certo grupo social e também por ausência de personalidade. De forma direcionada à criança e ao adolescente, fica explícita a responsabilidade do Estado como principal ente a assegurar os direitos fundamentais, o direito a liberdade e dignidade infanto-juvenil em artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), exemplificando, o artigo 7º; a criança e o adolescente têm o direito à proteção a vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Artigo 19; é dever do todo comum, velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-se a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Todavia, o principal impasse que existe é a disparidade entre a lei e a realidade vivida pelos adolescentes dependentes químicos e por toda a população esquecida na concentração do território brasileiro, tais como, os economicamente desfavorecidos. Como já dizia Karl Marx "Os filósofos têm apenas interpretado diversamente o mundo; trata-se de modificá-lo. ( Frases de Marx. Pensador. INFO) Na lei 11.343 de 23 de agosto de 2006, consta sobre o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas Sisnad, preceituando medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; fixando normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; determina crimes e dá distintas providências acerca da consequência gerada por cada fato. A mesma lei em seu

artigo 4º, inciso III, rubrica: a promoção dos valores éticos, culturais e de cidadania do povo brasileiro, reconhecendo-os como fatores de proteção para o uso indevido de drogas e outros comportamentos correlacionados. Consagra esse artigo, ser obrigação do Estado promover incentivos à cultura e, também, a inserção da cidadania a fim de contribuir para o progresso de uma sociedade que progrida em um ritmo um tanto quanto equilibrado de igualdades, podendo oferecer uma construção social estruturada na base essencial do ser humano: a família desenvolvida dentro de um lar descente com estudo, lazer e acesso ao que é necessário para uma ideal existência. 5. E O DIREITO DE QUEM QUER USAR DROGAS? O direito, em sua análise crítica, remete o questionamento do assunto então exposto a outro parâmetro de observação a ser refletido pelo referente trabalho: e aqueles que querem e têm o direito de usar drogas? Em princípio, um pressuposto alusivo de liberdade e de direitos individuais, porém, mais tarde, na constância da realidade deflagrada entre crianças e adolescentes, percebe-se um acarretamento de problemas sociais custeados dentre um ciclo vicioso, elucidando uma pérfida estrutura social abalada pelo crime, pelo tráfico e pela morte. Haja vista o uso de drogas ilícitas (proibidas por lei), tal como, a maconha e seus semelhantes, a cocaína e seus derivados, heroína, ópio, morfina e ecstasy, entre outras, recebem tratamento rigoroso mediante a legislação brasileira. Cabe ressaltar a existência de várias controvérsias que giram em torno da punição dos reconhecidos usuários de drogas. Há quem diga que a punição não é aconselhável, uma vez que o usuário entra em contato com mais traficantes e demais dependentes, recaindo novamente no uso contínuo e desesperado de substâncias ilícitas, prejudiciais à saúde e à esfera social. Em um melhor entendimento da complexa situação a que se acomete o uso de drogas, a realidade fracassada de penitenciárias e prisões mostram que a melhor maneira de tentar amenizar e diminuir o número de usuários calca-se em tratamento específico oferecido pelo Estado, a fim de tratar os dependentes químicos de forma a inseri-los na sociedade. Evidentemente, a penitenciária não é o local indicado para o tratamento da dependência química. O ideal seria que o Estado estivesse apto a fornecer atendimento adequado, ambulatorial ou hospitalar, para que o dependente se recuperasse e o usuário eventual não se transformasse em viciado. No entanto, o Brasil vem seguindo, à risca, a política americana para a questão da droga, que é essencialmente repressiva. (PINSKY; BESSA, 2009, p.76).

Adentrando nesse pensamento, da mesma maneira que o direito concede a liberdade de cada indivíduo fazer aquilo que lhe é conveniente sem ferir os direitos alheios, em igual caso se coloca o direito de usar drogas, ou seja, até o ponto em que não destrua os direitos do próximo. Entretanto, como pode ser dito que o fato de se consumir drogas como um mero e figurante usuário, em sua livre liberdade de expressar-se e viver, não atinge toda a esfera social, uma vez que o tráfico de drogas gera desgraças sociais, ao passo que suas vendas àqueles que dela se utilizam, fazem dele (tráfico de drogas) o sustento de desventuras na total abrangência da sociedade? A lei de drogas (Lei nº. 11.343 de 23 de agosto de 2006), em virtude do caráter educativo, estabelece políticas públicas de combate ao uso de drogas, criando o SISNAD Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas situando em seu artigo 3º, inciso I, a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção social de usuários e dependentes de drogas. Nesse sentido indica o artigo 19 da mesma lei dispondo sobre as diretrizes e os princípios a serem observados para as atividades de prevenção do uso indevido de drogas, estando claramente visível em seu inciso I o reconhecimento do uso indevido de drogas como fator de interferência na qualidade de vida do indivíduo e na sua relação com a comunidade à qual pertence. É constatado, nesse viés, que o uso de drogas não deve apresentar-se como a regra, mas sim como a exceção, sempre sendo coibido pela conscientização advinda do trabalho de prevenção. Em equivalência a esse desordenado mundo das drogas, em que o ser humano foge do real para alimentar a sobrevivência fora da realidade, é sustentado o narcotráfico que irá repercutir em um enquadramento social: jovem matando jovem. A escritora Lya Luft transpassa por meio de um artigo de opinião o demasiado problema iniciado com a droga, postulado através dela e estarrecedor devido a ela: Drogas têm sido o assunto nosso de cada dia, não o pão, mas o veneno da alma. O tema nos atinge com uma tremenda sensação de impotência, pois avassala o mundo, mata a juventude, enriquece os traficantes, e deixa perplexos médicos, psiquiatras e policiais. Uma vez dentro desse labirinto que nos devora, dificilmente encontramos a saída. Então, por que nos drogamos? Irresponsabilidade, desespero pelo excesso de pressão? Tudo nos pressiona: a sociedade (ou a família) quer que sejamos bons, competentes, os melhores; a sexualidade é imposta com precocidade e insensatez; o mercado de trabalho é difícil, somos lançados nele quase sem preparo; os péssimos exemplos vindos de autoridades e líderes nos incutem desesperança; somos atropelados de todos os lados. Então a gente esquece os compromissos, machuca os amores, foge do olhar interrogativo ou do silêncio acusador, sucumbe ao conforto do esquecimento cada vez mais urgente, olvido na garganta, na veia. (Veja, 28 de setembro de 2011).

Correspondendo à citação, compreende-se a fragilidade da humanidade enquanto seres humanos dependentes de afeto, estruturação psicológica e condições mínimas de sobrevivência, sendo que na falta de um desses fatores uma pessoa torna-se tão vulnerável a entrar na drogadição e desencadear um processo doloroso tanto em sua vida, quanto na sociedade e também, em sua própria família. 6. AS CONSEQUÊNCIAS DO USO DE DROGAS EM ÂMBITO SOCIAL A falta de informação da população junto dos problemas de exclusão social fazem com que adolescentes, principalmente os pertencentes à camada hiposuficiente da sociedade, façam uso indiscriminado de drogas acarretando-se em suas vidas inúmeros problemas de saúde físicos e psíquicos exacerbando-se ainda mais a exclusão social, e inúmeras outras consequências que refletem na família e na sociedade. Para a sociedade os principais problemas que se pode enumerar com relação ao indivíduo dependente é a degradação das relações sociais, aumento da vulnerabilidade, o risco a segurança, saúde pública, atividade sexual precoce na adolescência, prejuízos financeiros à União, absentismo laboral, violência, práticas de furto, entre outros problemas de cunho social. A revista do Ministério da Saúde (2004, pág. 20) mostra dados alarmantes com relação aos problemas acarretados pelo uso abusivo de crack e a iniciação precoce á vida sexual sem nenhum tipo de prevenção. A relação entre o uso de crack e o desenvolvimento de comportamento de risco para a infecção de DST/HIV/AIDS, com 150 mulheres usuárias de crack de São Paulo e São José do Rio Preto, demonstram que 80% das entrevistadas referem que a idade da primeira experiência sexual ocorreu antes dos 15 anos de idade, sendo que metade da amostra teve sua iniciação antes dos 14 anos. Constata-se o dado alarmante de 17% da iniciação sexual por estupro. Das entrevistadas, 72% referiram não saber que teriam de se proteger nas relações sexuais, revelando baixo conhecimento sobre doenças sexualmente transmissíveis; conseqüentemente, o percentual dessas mulheres que refere ter usado preservativo na primeira relação sexual é extremamente baixo: 7%. Essas mulheres iniciaram precocemente o uso de crack, geralmente por influência do companheiro, sendo que para algumas o

crack foi a primeira droga psicotrópica utilizada. Citam o álcool e a maconha como substâncias de uso obrigatoriamente associado ao crack. Diante disto, pode-se notar que a falta de informações, de assistência por conta do Estado com campanhas sobre drogas, e campanhas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis são um grande agravante das mazelas sociais que se encontra hoje; refletindo-se de forma direta na saúde púbica. De acordo com a própria Organização Mundial de Saúde (OMS, 2001), cerca de 10% das populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas independentemente de idade, sexo, nível de instrução e poder aquisitivo. Revista Ministério da Educação (2004, pág. 12) O uso de drogas, inclusive álcool e tabaco, tem relação direta e indireta com uma série de agravos à saúde dos adolescentes e jovens, entre os quais destacam-se acidentes de trânsito, agressões, depressões clínicas e distúrbios de conduta, ao lado de comportamento de risco no âmbito sexual e transmissão do HIV pelo uso de drogas injetáveis e de outros problemas de saúde decorrentes dos componentes da substância ingerida, e das vias de administração. Revista do Ministério da Educação (2004, pág.14) Neste sentido, acredita-se que adotar medidas preventivas é a melhor maneira para haver uma conscientização e uma baixa nos índices de dependentes químicos e das mazelas sociais decorrentes do uso de drogas. Para tanto, campanhas e projetos apoiados pelo Estado com o aparato das redes sociais (Facebook, MSN, Orkut, etc) é a forma mais eficaz para atingir a população, principalmente os adolescentes. Educar a população é fundamental, pois promove a redução dos obstáculos relativos ao tratamento e à atenção integral voltada para os consumidores de drogas ilícitas e licitas, aumentando a consciência coletiva sobre a frequência dos transtornos decorrentes do uso indevido de drogas. Revista Ministério Público (2004, pág. 19) Portanto, nota-se que é fundamental educar a população para que sejam reduzidos os números de adolescentes dependentes de drogas, a fim de que a sociedade não sofra e não se degrade ainda mais com esta situação. Pois a impressão que se tem é que este problema atinge somente a família do

dependente, porém o que fica evidenciado é que mesmo de forma indireta, como mostrado a cima, toda a sociedade é atingida pelo problema das drogas. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Salienta-se por meio do descrito trabalho a intenção de reportar as pessoas, as famílias e o Estado ao problema decorrente da drogadição, atingindo a sociedade como um todo de forma a conscientizá-la de que não se trata de um problema exclusivo do Poder Público, mas sim de toda a coletividade o que demanda especial atenção e medidas especificas para sanar o problema. Em conformidade com o que dispõe o artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Na modernidade, vive-se em um modelo narcisista de sociedade, sendo que o individualismo impera sobre o coletivo. Uma das formas de se trabalhar a problemática em questão é fazer uso da interdisciplinariedade, reforçando assim a idéia do coletivo, uma vez que disciplinas e ciências diferentes se unem em prol do atendimento desses jovens. Desta forma, entende-se no estudo aqui apresentado, que a reflexão e a proposição de possíveis práticas interdisciplinares possam amenizar os sofrimentos e danos causados aos jovens que estão sob condição de dependentes químicos. Portanto, é imprescindível a aliança entre a sociedade, a família e o Estado na busca pela amenização das mazelas sociais, como a aqui apresentada. 8. REFERÊNCIAS ÁLCOOL E DROGAS SEM DISTORÇÃO: a família. 2009. Disponível em:< <http://apps.einstein.br/alcooledrogas/novosite/orientacoes_familia.htm>. Acesso em: 24/08/2011.

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