PALESTRA NO COLÉGIO NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO PÚBLICO-ALVO: ALUNOS DO ENSINO MÉDIO 3º ANO DO SEGUNDO GRAU PROJETO DESVÍNCULO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: DIREITOS, DEVERES, OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADES Delegado de Polícia Christian Nedel Porto Alegre, 18 de novembro de 2011
CENTRO INTEGRADO DE ATENDIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CIACA) Av. Augusto de Carvalho, 2000, Praia de Belas, Porto Alegre DECA URGENTE: 08006426400
I) O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE ECA (LEI FEDERAL 8069/90): a) A Doutrina da Proteção Integral: Doutrina garantista e responsabilizante. Crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, deveres, obrigações e responsabilidades. A responsabilização atinge também a instituição familiar; b) Falsa percepção da mídia e da sociedade: com menor não dá nada ; c) Aplicabilidade do ECA, em relação à prática de atos infracionais: - Crianças: 0 a 12 anos incompletos; - Adolescentes: 12 anos completos a 18 anos incompletos; - Excepcionalidade: 18 anos completos a 21 anos incompletos - art. 2º, único, ECA;
II) O ATO INFRACIONAL: a) Conceito de Ato Infracional: Crimes e contravenções penais praticados por crianças e adolescentes art. 103, ECA; b) Ato Infracional # Ato de Indisciplina; c) Ato de Indisciplina: previsão de círculos restaurativos e mediação de conflitos, como prática educativa e pedagógica, com a possibilidade de aplicação de medidas administrativas e disciplinares por parte da Escola, assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; d) Inimputabilidade: art. 104, ECA; 228, CF; 27, CP; e) Crianças e Adolescentes: Grupos vulneráveis, respaldados por legislação específica;
III) INSTÂNCIAS DE APURAÇÃO: a) Ato Infracional praticado por Criança: Conselho Tutelar (artigos 105 e 136, I, ambos do ECA), ou Autoridade Judiciária (artigos 148, VII e 262, ambos do ECA) MEDIDAS DE PROTEÇÃO previstas no artigo 101, I a IX, ECA; b) Ato Infracional praticado por Adolescente: Polícia Civil Ministério Público - Juizado da Infância e da Juventude (arts. 171 a 190, ECA) MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS previstas no artigo 112, I a VII, ECA, ou MEDIDA DE REMISSÃO prevista nos artigos 126 e 127, ECA;
IV) VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS - CONTEXTUALIZAÇÃO: a) Aumento da violência e das taxas de criminalidade; b) Concentração demográfica desordenada; c) Desajuste e desagregação familiar (falta de limites; ausência da figura paterna; interação negativa com seus pares, ou falta de vínculo familiar; ausência de planejamento familiar; modelos de vida familiar anormais e desestruturados; internet liberada etc); d) Tendência dos adolescentes agruparem-se em turmas, gangues ou bondes (motivação coletiva), muitas vezes à revelia dos pais ou responsáveis; e) O fenômeno bullying, potencializado pelo cyberbullying; f) Não-atendimento de demandas sociais básicas, como educação, emprego, saúde, habitação e urbanização (políticas públicas de base, estruturais);
g) Concentração de renda desigual e ampla desigualdade social; h) Alto grau de privação sociocultural e econômico do adolescente; má-alimentação; baixo desenvolvimento intelectual e baixo nível de escolaridade e instrução; necessidade consumista - sociedade do ter e não do ser ; a crescente mídia sensacionalista e especulativa; i) Modificação ou extinção de padrões éticos básicos (falta de respeito ao próximo, de solidariedade, de alteridade; vulnerabilidade quanto a valores ético-morais; crise, indiferença, desprezo e atrofia de valores morais, sociais, espirituais e éticos); j) Drogadição (facilitação no acesso a drogas, lícitas e ilícitas, e a banalização de seu uso; permissividade da legislação penal etc.); k) Facilitação no acesso a armas de fogo; ETC
V) O FENÔMENO BULLYING: a) No Brasil, os estudos sobre comportamentos violentos na escola só foram surgir a partir da década de 1980; b) O fenômeno bullying, muito comum em países de língua inglesa e que começa a se disseminar fortemente no Brasil, traduz comportamentos agressivos e antissociais, expressando o desejo consciente e deliberado do jovem em maltratar uma outra pessoa e de colocá-la sob tensão; c) Bullying é um termo inglês utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully, valentão) ou grupo de indivíduos, com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo);
d) Violência entre pares: relação horizontal; e) Desequilíbrio de poder; f) Prática reiterada, sistemática e repetitiva; g) Abrange inúmeras formas de violência: física, verbal, moral, psicológica, patrimonial, sexual. Gera danos físicos e mentais por vezes irreparáveis; h) Personagens: Agressores, vítimas, espectadores; i) Meninos: RG - agressões físicas e verbais (BULLYING PRESENCIAL); j) Meninas: RG - isolamento, maledicência e falsos boatos (CYBERBULLYING), com o auxílio das redes sociais ( torpedos, e-mails, blogs, fotoblogs, MSN, Orkut, Skype, MySpace, Facebook, Formspring, YouTube, Twitter etc);
VI) CYBERBULLYING: - Modernidade líquida (tempos líquidos - Bauman): os fatos e idéias se processam de forma tão veloz que tudo parece escorrer por entre nossos dedos; - Problemas do bullying virtual: a) inexistência de padrões legais e éticos para a utilização dos recursos tecnológicos da informação e da comunicação; b) covardia e falta de empatia, de sensibilidade e de responsabilidade nas relações interpessoais; c) anonimato (uso de apelidos nicknames) e dificuldade de responsabilização (ausência de uma legislação efetiva que coíba os abusos praticados pelos meios virtuais); d) a falta de denúncia, motivada pelo silêncio acuado das vítimas;
VII) LEGISLAÇÃO ANTIBULLYING: - Lei Municipal nº 10866, de 26 de março de 2010, de autoria do Vereador Mauro Zacher (PDT) Dispõe sobre o desenvolvimento de política antibullying por instituições de ensino e de educação infantil, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos; - Lei Estadual nº 13474, de 28 de junho de 2010, de autoria do Deputado Estadual Adroaldo Loureiro (PDT) - Dispõe sobre o combate da prática de bullying por instituições de ensino e de educação infantil, públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos;
VIII) INSTÂNCIAS DE CONTROLE SOCIAL: FORMAIS: LEI PENAL, POLÍCIA CIVIL, POLÍCIA MILITAR, GUARDA MUNICIPAL, CONSELHO TUTELAR, MINISTÉRIO PÚBLICO, PODER JUDICIÁRIO, SISTEMA PENITENCIÁRIO, SISTEMA INFRACIONAL ETC; INFORMAIS: FAMÍLIA, ESCOLA, COMUNIDADE, ASSOCIAÇÃO DE BAIRRO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO (MÍDIA), IGREJA, CLUBE ETC;
Educar é acreditar na vida, mesmo que derramemos lágrimas. Educar é ter esperança no futuro, mesmo que os jovens nos decepcionem no presente. Educar é semear com sabedoria e colher com paciência. Educar é ser um garimpeiro, que procura os tesouros do coração. (Augusto Jorge Cury)