DETERMINAÇÃO E ANÁLISE DOS NÍVEIS SONOROS NOS HABITÁCULOS DE COLHEDORAS AGRÍCOLAS



Documentos relacionados
Treinamento de Prot. Auditiva. Treinamento aos usuários de protetores auriculares

DISCUSSÕES SOBRE ERGONOMIA E CONFORTO TÉRMICO EM RELAÇÃO AO VESTUÁRIO. Maristela Gomes de Camargo

Ruído. 1) Introdução. 2) Principais grandezas e parâmetros definidores do som

Protocolo em Rampa Manual de Referência Rápida

Avaliação dos Efeitos do Ruído sobre o Homem

ANÁLISE DE RUÍDO CONFORME NR-15 EM UMA EMPRESA METAL MECÂNICA

Qualificação dos Profissionais da Administração Pública Local RISCOS FÍSICOS RUÍDO. Formadora - Magda Sousa

Ruído. Acção de Formação. Associação de Municípios do Oeste. Outubro de 2008

FICHAS DE PROCEDIMENTO PREVENÇÃO DE RISCOS

SIMULADOS - Professor Flávio Nunes Segurança e Saúde no Trabalho

O PAPEL DA ERGONOMIA NO DESIGN DE INTERIORES

Diminua seu tempo total de treino e queime mais gordura

AVALIAÇÃO DOS GARÇONS À EXPOSIÇÃO DA PRESSÃO SONORA EM AMBIENTES FECHADOS COM MÚSICA AO VIVO

XX Encontro de Iniciação à Pesquisa Universidade de Fortaleza 20 à 24 de Outubro de 2014

O SOM. 2. Um fenómeno vibratório que produz essa sensação;

O que caracteriza um som?

2. Função Produção/Operação/Valor Adicionado

8. Abordagem Sistêmica

Curso Técnico Segurança do Trabalho. Higiene, Análise de Riscos e Condições de Trabalho MÄdulo 8 Programa de ConservaÇÉo Auditiva

Proposta de Trabalho para a Disciplina de Introdução à Engenharia de Computação PESQUISADOR DE ENERGIA

PADRONIZAÇÃO INTERNACIONAL

DECLARAÇÃO DE GUERRA AO RUÍDO

Descobertas do electromagnetismo e a comunicação

PESQUISA OPERACIONAL: UMA ABORDAGEM À PROGRAMAÇÃO LINEAR. Rodolfo Cavalcante Pinheiro 1,3 Cleber Giugioli Carrasco 2,3 *

APURAÇÃO DO RESULTADO (1)

Ouvir melhor é viver melhor. Descobrindo sua audição

O Sentido da Audição Capítulo10 (pág. 186)

POLUIÇÃO SONORA. Luís Filipe F. Ferreira DTABN, ESAS, IPS

Administração de Pessoas

Sitec Power Soluções em Energia ENERGIA REATIVA E FATOR DE POTÊNCIA

AS VARIAÇÕES DE EXERCÍCIOS FÍSICOS APLICADOS NAS SESSÕES DE GINÁSTICA LABORAL

EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

Universidade Católica de Petrópolis Centro de Engenharia e Computação Introdução as Telecomunicações. Professor: Erasmus Couto de Miranda Aluno: Rgu:

Banco de Interpretação ISO 9001:2008. Gestão de recursos seção 6

Gestão da Qualidade Políticas. Elementos chaves da Qualidade 19/04/2009

Aplicações da FPA em Insourcing e Fábrica de Software

TECNOLOGIA EM CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS. CONFORTO AMBIENTAL Aula 12

A importância da audição e da linguagem

GERENCIAMENTO DE MODIFICAÇÕES

Audição e Trabalho. Marcelo Madureira

Filtros Prof. Eng Luiz Antonio Vargas Pinto

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO. Prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos L E R

O SOM E SEUS PARÂMETROS

Projeto Qualidade de Vida: Cuide-se, se Informe e Viva Melhor.

A ADAPTAÇÃO SEMPRE OCORRE DO TRABALHO PARA O HOMEM E NÃO VICE-VERSA. ERGO = TRABALHO NOMOS = REGRAS, LEIS NATURAIS

FACULDADE CENECISTA DE OSÓRIO CURSO DE EXTENSÃO PROJETO NOSSA ESCOLA PESQUISA SUA OPINIÃO - PÓLO RS CURSO ESCOLA E PESQUISA: UM ENCONTRO POSSÍVEL

Proposta de melhoria de processo em uma fábrica de blocos de concreto

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO E S C O L A D E A R T E S, C I Ê N C I A S E H U M A N I D A D E

O decibel e seus mistérios - Parte II

Esse barulho me deixa surda!

Redução do Encalhe de Jornais Impressos. Como transformar informação em resultado

3 Classificação Resumo do algoritmo proposto

ERGONOMIA, QUALIDADE e Segurança do Trabalho: Estratégia Competitiva para Produtividade da Empresa.

Disciplina: Introdução à Informática Profª Érica Barcelos

O RUÍDO LABORAL E A SUA PREVENÇÃO

Plano de Trabalho Docente Ensino Técnico

TÍTULO: A nova lei do ruído. AUTORIA: Ricardo Pedro. PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 166 (Setembro/Outubro de 2006) INTRODUÇÃO

10 DICAS DE TECNOLOGIA PARA AUMENTAR SUA PRODUTIVIDADE NO TRABALHO

A Tecnologia e Seus Benefícios Para a Educação Infantil

-~~ PROVA DE FÍSICA - 2º TRIMESTRE DE 2014 PROF. VIRGÍLIO

OTRABALHO NOTURNO E A SAÚDE DO TRABALHADOR: ESTUDO EXPLORATÓRIO EM TAUBATÉ E SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUIDO PAIR. Ana Cláudia F.B. Moreira Fonoaudióloga

Instalações Máquinas Equipamentos Pessoal de produção

A importância da Manutenção de Máquina e Equipamentos

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

RETRATOS DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Média aritmética dos 80% maiores salários de contribuição, multiplicado pelo fator previdenciário.

Unidade 13: Paralelismo:

FATEC Cruzeiro José da Silva. Ferramenta CRM como estratégia de negócios

Exercícios de aquecimento. 1. Introdução

Prova Discursiva de SST Professor Flávio Nunes

SAC

O uso de práticas ergonômicas e de ginástica laboral nas escolas

Proteção Auditiva. Existem coisas que você não precisa perder. A audição é uma delas. Proteja se!

Integrando com sucesso o Flex:trial em suas atividades. Guia de aconselhamento 2.0 do Flex:trial

Disciplina: GESTÃO RECURSO AR Curso: ENGENHARIA AMBIENTAL Código Créditos Carga Horária Período Có-requisito Pré-requisito ENG (AED)

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Manual SAGe Versão 1.2 (a partir da versão )

MANUAL PRÁTICO DE AVALIAÇÃO E CONTROLE DO RUÍDO PPRA

APARELHO DE AMPLIFICAÇÃO SONORA INDIVIDUAL: ESTUDO DOS FATORES DE ATRASO E DE ADIAMENTO DA ADAPTAÇÃO

A NATUREZA DO SOM. Diogo Maia

MRP II. Planejamento e Controle da Produção 3 professor Muris Lage Junior

O QUE É A NR 35? E-Book

Período São Bernardo SB Zero SB 20 SB 40 CDI. Janeiro 0,92% 1,05% -0,29% -1,71% 0,93% Fevereiro 0,81% 0,74% 1,93% 3,23% 0,82%

EXERCÍCIO DE PREENCHIMENTO DOS QUADROS III E VI DA NR 04

OLIMPÍADA BRASILEIRA DE MATEMÁTICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS (OBMEP): EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS A PARTIR DO PIBID UEPB MONTEIRO

2. Representação Numérica

BANCO CENTRAL DO BRASIL 2009/2010

INSTITUTO DE ENGENHARIA DE SÃO PAULO SOLUÇÕES PARA RUÍDO OCUPACIONAL

O IMPACTO DO PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NO AUMENTO DA FLEXIBILIDADE

Prova bimestral. história. 4 o Bimestre 3 o ano. 1. Leia o texto e responda.

SOM. Ruído. Frequência. Ruído. Amplitude da vibração. Ruído. Isabel Lopes Nunes FCT/UNL. Som - produz vibrações (ondas) que entram no ouvido interno

Elaboração de Projetos

Resumo. Leonel Fonseca Ivo. 17 de novembro de 2009

Relatório de Pesquisa de monitoramento de resultados de ações conjuntas ABDI -ANVISA SEBRAE

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS DE JI-PARANÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL LISTA DE EXERCÍCIOS 3

A desigualdade de renda parou de cair? (Parte I)

Freqüência dos sons audíveis: entre 20Hz (infra-sônica) e Hz (ultra-sônica, audíveis para muitos animais).

Transcrição:

DETERMINAÇÃO E ANÁLISE DOS NÍVEIS SONOROS NOS HABITÁCULOS DE COLHEDORAS AGRÍCOLAS Daniel dos Santos Almeida Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI Graduando em Engenharia Industrial Mecânica URI Campus Santo Ângelo RS Brasil dalmeida@urisan.tche.br Norberto Otmar Ilgner, M Eng Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI Departamento das Engenharias e Ciência da Computação - Campus Santo Ângelo RS Brasil nilgner@urisan.tche.br Suzana Russo, Dra Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI Departamento das Ciências Exatas e da Terra - Campus Santo Ângelo RS Brasil jss@urisan.tche.br RESUMO As colhedoras agrícolas fabricadas no Brasil, num primeiro momento não possuem análise ergonômica, existindo pouca preocupação quanto a segurança e conforto físico do operador. Com a introdução a partir da década de 1980 dos conceitos de ergonomia e antropometria no âmbito industrial, as colhedoras agrícolas começam a ser fabricadas com habitáculos, para satisfazerem principalmente a segurança e o conforto do operador, obtendo assim, aumento da produtividade, através da redução do esforço físico. Níveis sonoros acima de certos limites em habitáculos de máquinas agrícolas, provocam desconforto e fadiga, podendo ainda provocar lesões permanentes no operador, e acidentes. Os ruídos intensos tendem a prejudicar tarefas que exigem concentração mental e certas tarefas que exigem atenção ou velocidade de precisão dos movimentos, e os resultados tendem a piorar após 2 horas de exposição ao ruído. Este projeto serviu de auxílio no dimensionamento e análise do nível sonoro nos habitáculos de colhedoras agrícolas, nas marcas de colhedoras mais utilizadas em nossa região (John Deere, Massey Fergunson, New holland), fornecendo subsídios que permitam o desenvolvimento ou aperfeiçoamento de projetos existentes, para a adequação às normas técnicas vigentes, com conseqüente aumento da Produtividade. Palavras chave: ergonomia, ruído, máquinas INTRODUÇÃO As colhedoras e implementos agrícolas existentes atualmente no mercado caracterizam-se de uma maneira geral por não usarem perfis ergonométricos

contextuados com a realidade do agricultor brasileiro, isto é, não são projetadas quanto ao seu dimensionamento ergonômico. Ao entrarmos em contato com determinado ambiente artificialmente produzido pelo homem, constatamos que alguns objetos são muito altos ou muito baixos, muito largos ou muito estreitos, muito próximo ou muito distantes. Níveis sonoros acima de certos limites em habitáculos de colhedoras agrícolas, provocam desconforto e fadiga, podendo ainda provocar lesões permanentes no operador, e acidentes. Este projeto irá servir de auxílio no dimensionamento e análise do nível sonoro nos habitáculos de colhedoras agrícolas, fornecendo subsídios que permitam o desenvolvimento ou aperfeiçoamento de projetos existentes, para a adequação às normas técnicas vigentes, com conseqüente aumento da produtividade. OBJETIVO OBJETIVO GERAL Determinar e analisar o nível sonoro nos habitáculos de colhedoras agrícolas. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Ajustar o dispositivo já elaborado no projeto Determinação e Análise do Nível Sonoro nos Habitáculos de Máquinas Agrícolas de modo que se adapte nos habitáculos das colhedoras agrícolas. Determinar o nível sonoro das colhedoras agrícolas de acordo com o regime de trabalho do motor; Comparar os dados obtidos com as normas técnicas ISO, UNE e NBR; Representar graficamente os resultados obtidos. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA CONCEITOS BÁSICOS DE ERGONOMIA Segundo IIDA,1990, a ergonomia tem uma data oficial de nascimento: 12 de julho de 1949. Nesse dia, reuniram-se, pela primeira vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Foi proposto o neologismo ergonomia, formado dos termos gregos ergo, que significa trabalho e nomos, que significa regras, leis naturais. Em 1948, através do projeto da cápsula espacial norteamericana, nasceu um conceito moderno de ergonomia. Segundo ele, a ergonomia é definida como o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Assim a ergonomia tem por objetivo, através do estudo do ser humano, aumentar a eficiência do seu trabalho, fornecendo dados para que este possa ser dimensionado de acordo com as reais capacidades e limitações do organismo. A ergonomia ajuda a projetar máquinas adequadas ao uso humano, reduz a fadiga e o desconforto físico do trabalhador, diminui o índice de acidentes e ausência no trabalho. Em outras palavras aumenta a eficiência, reduz os custos e proporciona mais conforto e bem-estar ao ser humano. Segundo HUDSON, 1995, dependendo da situação a ergonomia pode ser classificada como:

a) Ergonomia de concepção ocorre quando a contribuição ergonômica se faz durante a fase inicial de projeto do produto, da máquina ou do ambiente; b) Ergonomia de correção é aplicada em situações reais, já existentes, para resolver problemas que se refletem na segurança, na fadiga excessiva, em doenças do trabalhador ou na quantidade e qualidade da produção; c) Ergonomia de conscientização consiste na conscientização do operador, através de cursos de treinamento e freqüentes reciclagens, ensinando-o a trabalhar de forma segura, reconhecendo os fatores de riscos que podem surgir, a qualquer momento, no ambiente de trabalho. 5.3 RUÍDO Existem diversas conceituações de ruído. Aquela mais usual é a considerada o ruído como um som indesejável. Este conceito é um tanto quanto subjetivo, pois um som pode ser indesejável para uns e pode não sê-lo para outros, ou mesmo para a mesma pessoa, em ocasiões diferentes (Ver IIDA, 1990). Uma outra definição, de natureza mais operacional, considera o ruído um "estímulo auditivo que não contém informações úteis para a tarefa em execução". Assim, o "bip" intencional de uma máquina, ao final de um ciclo de operação, pode ser considerado útil ao operador, porque é um aviso para ele iniciar um novo ciclo, mas o mesmo pode ser considerado um ruído pelo seu vizinho, cuja atenção está concentrada em outra tarefa. Fisicamente, o ruído é uma mistura complexa de diversas vibrações, medido em uma escala logarítmica, em uma unidade chamada decibel (db). O ouvido humano é capaz de perceber uma grande faixa de intensidades sonoras, desde aquelas próximas de zero, até potências 10.000.000.000.000 (1013) superiores, equivalentes a 130 db. Esse é o ruído correspondente ao do avião a jato, e é praticamente o máximo que o ouvido humano pode suportar. Acima disso, situa-se o limiar da percepção que pode produzir danos ao aparelho auditivo. Surdez Provocada pelo Ruído A conseqüência mais evidente do ruído é a surdez. Ela pode ser de duas naturezas: a surdez de condução e a surdez nervosa. A surdez de condução resulta de uma redução da capacidade de transmitir as vibrações, a partir do ouvido externo para o interno. Pode ser causada por diversos fatores, como acúmulo de cera, infecção ou perfuração no tímpano. A surdez nervosa ocorre no ouvido interno e é devida à redução da sensibilidade das células nervosas. Essa insensibilidade ocorre principalmente nas faixas de maior freqüência, acima de 1000 hertz. Essa perda de audição para sons agudos, acima de 1000 hertz, pode ser devida à idade, sobretudo após os 40 anos. Nesse particular, os homens apresentam uma perda auditiva mais rápida que as mulheres, principalmente na faixa de 2000 a 4000 Hz. Surdez temporária ou permanente - A surdez pode ter um caráter temporário, reversível, ou pode ser permanente. Uma exposição diária, durante a jornada de trabalho, a um nível elevado de ruído, sempre provoca algum tipo de surdez temporária, que pode desaparecer com o descanso diário. Contudo, dependendo de vários fatores como freqüência, intensidade e tempo de duração dessa exposição,

pode ser que o descanso diário não seja suficiente para a recuperação e, então, há um efeito cumulativo, e a surdez temporária se transforma em permanente, de caráter irreversível. Tempo de exposição - Para ruídos de até 80dB, o trabalhador pode se expor durante toda a jornada de trabalho sem nenhuma conseqüência grave. Contudo, acima desse nível, começam a surgir riscos para os trabalhadores expostos a ruídos contínuos, principalmente na faixa de 2000 a 6000Hz. Por exemplo, para ruídos de 4000 Hz com 100dB, o tempo máximo de exposição contínua sem riscos é de apenas 7 minutos. Influência do Ruído no Desempenho Os ruídos intensos, acima de 90 db, dificultam a comunicação verbal, sendo necessário falar mais alto e prestar mais atenção, para tornar possível a compreensão entre as pessoas Isso tudo faz aumentar a tensão psicológica e o nível de atenção. Os ruídos intensos tendem a prejudicar tarefas que exigem concentração mental e certas tarefas que exigem atenção ou velocidade e precisão dos movimentos, e os resultados tendem a piorar após 2 horas de exposição ao ruído. O ruído também produz aborrecimentos, devido a uma interrupção forçada da tarefas ou aquilo que as pessoas gostariam de estar fazendo, como conversar ou dormir, e isso provoca tensões e dores de cabeça. Não é fácil caracterizar aquele ruído que mais perturba as pessoas, porque isso depende de uma série de fatores como freqüência, intensidade, duração, timbre, o nível máximo alcançado e, inclusive, o horário em que ocorre. Em geral, ruídos mais agudos são menos tolerados. Assim, ao nível de 100Hz, a pessoa pode suportar até 100dB enquanto a 4000Hz esse nível cai para 85dB. Segundo MARQUEZ, 1997, os tipos de ruído classificam-se em: Ruídos de curta duração - Em ruídos de curta duração (um ou dois minutos) observa-se uma queda no rendimento, tanto no início como no final do período ruidoso. Isso significa que, logo no início do ruído, o desempenho cai, mas se o ruído for mantido, o desempenho retoma ao nível que estava antes de começar o ruído. Quando o ruído cessa, há novamente uma queda do desempenho que retoma ao nível normal após alguns segundos. Portanto, dentro de certos limites, parece que não é propriamente o ruído, mas a intermitência do mesmo que provoca alterações do desempenho. Ruídos de longa duração - Para ruídos de longa duração (horas), na faixa de a 70 a 90 db, não se observam mudanças significativas em experimentos realizadas em laboratório, tanto em tarefas intelectuais como naquelas manuais. Para ruídos acima de 90 db, o desempenho começa a cair. Em tarefas que exigem atenção, o número de erros aumenta significativamente. Contudo, o organismo tem o poder de se adaptar a ambientes ruidosos. Um experimento feito com dois grupos, submetidos, respectivamente, a ruído 70 e 100 db, mostrou que o segundo grupo apresentava um desempenho significativamente menor no primeiro dia. Entretanto, no segundo dia, essa diferença já não era significativa, comprovando o efeito de adaptação ao ruído, do segundo grupo. A partir de 90 ou 100 db começam a haver reações fisiológicas prejudiciais do organismo, que aumentam o stress e a fadiga. Notam-se também diferenças individuais aos efeitos do ruído, e as pessoas treinadas em uma tarefa sofrem menos influência em relação aquelas sem treinamento.

Música ambiental - A música de fundo tem sido recomendada como um meio de quebrar a monotonia e reduzir a fadiga, principalmente em situações de trabalho altamente repetitivo. Os defensores da mesma dizem que ela melhora a atenção e vigilância, e produzem sensações de bem-estar, que melhoram o rendimento do trabalho e reduzem os índices de acidentes e de absenteísmo. Os trabalhadores em geral apreciam a música e a consideram agradável, principalmente se não houver mascaramento pelo ruído de fundo. Contudo, alguns estudos demonstraram que a música tocada continuamente não produz esses efeitos desejados, perdendo o efeito estimulador. Ela deve ser tocada, então, durante uma parte da jornada de trabalho, preferivelmente nos horários em que a fadiga manifesta-se com maior intensidade. Esses estudos indicam que não é a música em si, mas é a mudança que ela provoca no ambiente quebrando a monotonia, que influi no desempenho. Notou-se também que o tipo de música, popular ou erudita, não faz diferença. 6.2 ANÁLISE DOS DADOS A análise dos dados será efetuada da seguinte maneira: Os dados coletados serão tabulados em planilha eletrônica, para a comparação com os níveis sonoros recomendados para habitáculos de colhedoras agrícolas existentes nas normas técnicas ISO, UNE e NBR. Os resultados obtidos serão apresentados em forma de gráficos. CONCLUSÃO Constatou-se que nas marcas testadas os níveis sonoros encontrados estão abaixo da faixa permitida para jornadas de trabalho até oito horas diárias. Em muitos casos nas operações de campo ultrapassa-se este número de horas, operando-se com jornadas de trabalho de até 10 horas diárias. No caso das colhedoras testadas, os níveis de ruído encontrados nos testes efetuados permitem também este tipo de jornada de trabalho dispensando a necessidade de uso de protetor auricular para o operador da máquina. Na atividade agrícola, as máquinas que possuem maior importância, nas operações de preparação de terra e plantio, bem como nas operações pós-plantio são: o trator agrícola e a colhedora. Ambas as máquinas necessitam de operador para a sua atividade, normalmente em regime de trabalho de 8 horas diárias, logo, como constatado depois da análise dos dados obtidos, as colhedoras cabinadas podem trabalhar mais do que oito horas de trabalho sem prejudicar o operador das mesmas quanto ao ruído. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Anais do Seminário Internacional de Modernização Agrícola. 1988. Antropometria III - Estatística. In: CIPA - Caderno Informativo de Prevenção de Acidentes. Ed.197, São Paulo,1996, p.20.

AZEVEDO, Alberto Vieira. Avaliação e controle do ruído industrial. 3ª. Rio de Janeiro: CNI, 1990. BALASTREIRE, Luiz Antônio. Máquinas Agrícolas. Ed. Manole Ltda. 1998. CATTANI, Antonio David et al. Trabalho e tecnologia - dicionário crítico. Petrópolis: Vozes, Porto Alegre: EdUFRGS, 1997. CRUZ, Beatriz Mânica da, Santo Ângelo, um município em construção: Das Missões até 1930. Dissertação de Mestrado PUC/Porto Alegre. RS. 1986. DUL, J. e WEERDMEESTER. Ergonomia Prática. Ed. Edgar Blücher LTDA, São Paulo, 1998. GRANDJEAN, Etiene, Manual de Ergonomia - Adaptando o Trabalho ao Homem. 4ª ed., Porto Alegre: Artes Médicas. RS. 1998 HUDSON, Araújo Couto, Ergonomia Aplicada ao Trabalho O manual técnico da máquina humana. Ed. Ego editora Ltda., 1995. Vol I. HUDSON, Araújo Couto, Ergonomia Aplicada ao Trabalho O manual técnico da máquina humana. Ed. Ego editora Ltda., 1995. Vol II. IIDA, Itiro. Ergonomia, Projeto e Produção. Ed. Edgard Blücher Ltda, 1973. IIDA, Itiro. Ergonomia, Projeto e Produção. Ed. Edgard Blücher Ltda, 1990. ILGNER, Norberto et ali. Determinação e Análise do Nível Sonoro nos Habitáculos de Máquinas Agrícolas. URI. 2000. LAVILLE, Antoine. Ergonomia. Ed. Pedagógica e Universitária. 1977. MACHADO, José Olavo. História de Santo Ângelo e das Missões nos nossos dias. 1981. MARQUEZ, Luiz. Ergonomia e Segurança no Projeto e Utilização de Máquinas Agrícolas. Ed. UFSM, Santa Maria, 1997. MIRANDA, Carlos Roberto. Introdução à saúde no trabalho. São Paulo: Atheneu, 1998. PEDROTTI, Irineu Antonio. Doenças profissionais ou do trabalho. 2ª. São Paulo: LEUD, 1998. RUSSO, Suzana et ali. Perfil Ergonométrico do Agricultor na Área de Abrangência de Santo Ângelo: Uma Abordagem Estatística. URI. 1987. RUSSO, Suzana et ali. Verificação Dimensional de Máquinas Agrícolas com Relação ao Perfil Antropométrico do Agricultor da Área de Abrangência de Santo Ângelo. URI.1998. SANTOS, Ubiratan de Paula et al. Ruído - riscos e prevenção. 2ª. São Paulo: HUCITEC, 1996. VELÁZQUEZ, Francisco Farrer et al. Manual de ergonomía. 2ª. Madri: Fundación MAPFRE, 1997. WIERZZBICKI, Henri e IIDA, Itiro. Ergonomia. Ed. Faculdade de Engenharia Ind. 1975.