1. Conectividade Em que medida o ambiente urbano/pedonal dispõe de uma rede integrada que permite conectar origens e destinos, que passa, por exemplo, pela existência e continuidade de uma infra-estrutura pedonal bem como pela possibilidade de se articular com os territórios envolventes. É sair de casa e poder ir ao bairro do lado sem ter de dar grandes voltas. Menor Conectividade Maior Conectividade O ambiente pedonal apresentará tanta mais conectividade quanto possuir, ao longo de um trajecto: C11: Maior densidade de caminhos (alternativas de rota, cruzamento com outras ruas) C12: Continuidade do percurso (efectuar a viagem sem interrupções no passeio, existência de passadeiras) C13: Condições de fazer um caminho o mais directo possível (origem-destino) C14: Existência de infra-estrutura pedonal acessível (p.ex. nivelamento de lancis, largura mínima) e perceptível C15: Maior integração na rede urbana (quantidade de outros pontos alcançável em determinado tempo)
2. Conveniência Em que medida o ambiente urbano/pedonal possui atributos que permitem poupar tempo e esforço ao andar a pé, com vantagens em relação a outras alternativas de transporte, o que pode passar pela proximidade entre origens e destinos (oferta de emprego, lojas, etc.) e pela adequabilidade da rede pedonal a todos os utilizadores, salientando-se a sua praticabilidade e funcionalidade. É sair de casa e poder ir a pé, pelo passeio, comprar pão e ir ao café. Menor Conveniência Maior Conveniência O ambiente pedonal apresentará tanta mais conveniência quanto possuir, ao longo de um trajecto: C21: Diversidade de usos (lojas, escritórios, residências, parques, etc.) C22: Largura de passeio necessária para acomodar o fluxo pedonal (sem encontrões) C23: Ausência de obstáculos (ou facilmente contornáveis) C24: Quantidade / Densidade de usos do dia-a-dia (alimentação, bebidas, bancos, correios, etc.) C25: Alternativas para vencer desníveis ou declives significativos (elevadores, escadas rolantes, rampas, etc.)
3. Conforto Em que medida o ambiente urbano/pedonal possui atributos que melhoram a experiência de andar a pé, traduzida em bem-estar e tranquilidade. Estes atributos podem passar pela percepção de abrigo e protecção, por elementos de comodidade e pela sensação de segurança. É sair de casa e seguir o meu caminho tranquilo, sem me preocupar em olhar constantemente para o chão e para todos os lados. Menor Conforto Maior Conforto O ambiente pedonal apresentará tanto mais conforto quanto possuir, ao longo de um trajecto: C31: Efeito de vigilância - poder ver e ser visto (janelas e montras, ausência de muros, edifícios emparedados ou devolutos) C32: Qualidade do revestimento (pavimento regular, suave, não escorregadio) C33: Existência de amenidades ou equipamentos de apoio (iluminação, árvores, bancos e mesas, fontanários, sanitários, etc.) C34: Abrigo climático (sombra, chuva, etc.) natural ou construído C35: Qualidade sensitiva do espaço (ruído, odores, elementos naturais, paisagem, etc.)
4. Convivialidade Em que medida o ambiente urbano/pedonal possui atributos que promovem a vivência social, o que passa, por exemplo, pela utilização e interacção nos espaços públicos, ou seja, pela presença e variedade de pessoas e de suas actividades no espaço público (a caminhar, parados, a deambular, etc.). É sair de casa e sentir a vida à minha volta. Menor Convivialidade Maior Convivialidade O ambiente pedonal apresentará tanta mais convivialidade quanto possuir, ao longo de um trajecto: C41: Existência de locais de encontro e paragem (bancos, mesas, esplanadas, bancas de venda, quiosques, etc.) C42: Existência de espaços âncora com efeito de atracção (mercados, praças, jardins, grandes equipamentos, etc.) C43: Mix de usos e horários de funcionamento/utilização (habitação, comércio, serviços, recreio e lazer) C44: Ausência de fronteira mortas edifícios vedados, murados ou montras sem uso C45: Maior densidade populacional
5. Clareza Em que medida o ambiente urbano/pedonal possui atributos que o tornam claro e distintivo, facilitando a sua leitura, tanto em termos de orientação, como em termos de identidade do lugar (com características distintivas). Elementos como a sinalética, toponímia, mapas, pontos notáveis e complexidade arquitectónica contribuem para tornar o ambiente pedonal mais completo e atractivo. É conseguir saber onde estou e por onde devo seguir. Menor Clareza Maior Clareza O ambiente pedonal apresentará tanta mais clareza quanto possuir, ao longo de um trajecto: C51: Pontos notáveis e elementos singulares de referência (praças, torres, bombas de gasolina, lojas conhecidas, etc.) C52: Percepção de profundidade (linhas de vista desimpedidas, contínuas) C53: Toponímia e sinalética adaptada a peões C54: Variedade de características arquitectónicas dos edifícios (cores, materiais, tratamento da fachada) C55: Entendimento do espaço (por exemplo, se central/periférico, residencial/serviços, eixo principal/secundário)
6. Coexistência Em que medida o ambiente urbano/pedonal e outros modos de transporte (motorizado, não motorizado, individual ou colectivo) conseguem manter uma coabitação ou contacto pacífico, ou seja, existirem no mesmo espaço-tempo sem conflitos. Num ambiente de coexistência, para além do comportamento dos condutores, certos elementos do espaço construído contribuem para salvaguardar e segurança do peão em relação aos modos motorizados. É circular sem me sentir secundarizado. Menor Coexistência Maior Coexistência O ambiente pedonal apresentará tanta mais coexistência quanto possuir, ao longo de um trajecto: C61: Segurança face ao trânsito nas travessias pedonais (visibilidade, leitura, exposição ao tráfego) C62: Travessias localizadas nas principais linhas de desejo dos peões C63: Separação de espaço adequada às velocidades de circulação: segregação quando necessária, integração se aplicável C64: Proporção equilibrada entre espaço pró-peão e pró-automóvel C65: Menos situações de invasão do espaço pedonal por outros veículos (carros e motos estacionados, circulação de bicicletas)
7. Compromisso Em que medida o ambiente/pedonal traduz o cuidado, a coordenação e a colaboração das entidades gestoras e das comunidades no planeamento e promoção de ambientes urbanos amigos do peão. Embora todas as acções no espaço público possam ter reflexo nas dimensões apresentadas (ex. criar uma nova passagem de peões, dotar certo espaço de mobiliário urbano, rebaixar lancis), também podem ser lidas numa perspectiva de responsabilidade, dedicação e fidelidade para com o peão. Neste sentido, esta dimensão transversal funciona na prática tanto enquanto indicador de execução dos planos, políticas ( policies ), como da dinâmica das acções pró-peão. É andar na rua e ver que as coisas estão a melhorar, que cada vez há mais e melhores condições para todos andarem a pé. Menor Compromisso Maior Compromisso O ambiente pedonal apresentará tanto mais compromisso quanto possuir, ao longo de um trajecto: C71: Cumprimento da legislação de apoio ao peão (p.ex. DL 163/06 acessibilidade a espaços públicos, equipamentos e edifícios) C72: Limpeza (lixo espalhado, monos, dejectos caninos, etc.) C73: Meios que fomentem a participação pública (reclamações, sugestões, etc.) C74: Iniciativas e eventos que motivam o andar a pé (com carácter regular ou não - caminhadas, pedi-bus, etc.) C75: Padronização das intervenções /soluções/desenho do espaço urbano (o oposto de intervenções avulsas)