1. Conectividade. Conceito: É sair de casa e poder ir ao bairro do lado sem ter de dar grandes voltas.



Documentos relacionados
What We re Doing For Cycling no município do Seixal

Projecto REDE CICLÁVEL DO BARREIRO Síntese Descritiva

INQUÉRITO À POPULAÇÃO DE BRAGANÇA

Municípios Eco-Escolas apoiam a mobilidade sustentável

RESULTADOS RELATIVOS A GRÂNDOLA INDICADORES DO «CIDADES» (N = 306)

PLANO DE MOBILIDADE SUSTENTÁVEL DE MIRANDELA ESBOÇO DA ANÁLISE E DIAGNÓSTICO

Concurso Planear Estarreja (orientações para a implementação)

DOTS Desenvolvimento Orientado ao Transporte Sustentável

GAPTEC. Estudos de Orientação Para o Planeamento do Concelho de Odivelas. Relatório Final Volume II. Maio 2003

Concurso Público para o Projecto de Concepção Arquitectónica do Novo Edifício da Capitania dos Portos e Optimização da Zona Envolvente

Rita Castel Branco CML - Direcção Municipal de Mobilidade e Transportes

Gestão da mobilidade urbana

A rua como elemento central da mobilidade urbana ciclável

ECOXXI 2011/2012 Indicador Mobilidade Sustentável

Grupos Especiais de Peões. Peões de mobilidade reduzida (velocidade de marcha inferior, falta de visão e audição

DISTÂNCIAS DE SEGURANÇA

CC: não será conveniência?

Regulamento de acesso de viaturas aos arruamentos geridos através de pilaretes retráteis automáticos no Município do Funchal Enquadramento

PLANO DE SINALIZAÇÃO TEMPORÁRIA

CARATERÍSTICAS DE UM BAIRRO AMIGO DAS PESSOAS IDOSAS

RESOLUÇÃO CPA/SMPED 019/2014 PASSEIO PÚBLICO A Comissão Permanente de Acessibilidade CPA, em sua Reunião Ordinária, realizada em 28 de agosto de 2014.

Parque da Sustentabilidade

Mestrado Integrado em Engenharia Civil. Disciplina: TRANSPORTES. Sessão Prática 3 (tipo B): A Observação da Mobilidade

Lei n 1.687/91 De 27 de março de 1991

Alterações Climáticas. Formação e Sensibilização sobre Energia e Alterações Climáticas

Security, Health and Safety

Panorama da Norma NBR 9050 Sistemas de Calçadas

Ante projecto de decreto regulamentar que estabelece um regime experimental de circulação «Segway» em espaços públicos.

ECOXXI Galardão 2013 MODOS DE TRANSPORTE SUAVES EM TORRES VEDRAS

REGULAMENTO INTERNO CENTRO COMUNITÁRIO

PROJECTO MOBILIDADE SUSTENTÁVEL ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE CASTELO BRANCO

Sustentabilidade nas Deslocações Casa-Escola

PLANO DE ESTRUTURA URBANA DO MUNICÍPIO DE MAPUTO

Todo mundo vai passar aqui. EMARKI CONSTRUÇÃO E INCORPORAÇÃO - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

Centro Histórico de Santarém: Como integrar a herança cultural nos desafios do futuro?

Centro Urbano do Futuro Parcerias para a regeneração urbana

Contributos para a melhoria da ciclovia Entrecampos Monsanto

Laudo de Acessibilidade

QUADRA MARÍTIMA - CICLOVIAS Estudo prévio Locais possíveis para implementação de ciclovias

/estudo preliminar análise da norma de acessibilidade ABNT NBR Gustavo Alves Rocha Zago Izabela Dalla Libera

abril/2013 CICLOVIA ZONA NORTE

Avaliação das anomalias construtivas e funcionais das Torres do Alto da Eira

MEMÓRIA DESCRITIVA E CONDIÇÕES TÉCNICAS

A INSERÇÃO DA BICICLETA COMO MODO DE TRANSPORTE NAS CIDADES

Diretrizes para o Plano de Mobilidade Urbana 2015 da Cidade de São Paulo referentes à mobilidade a pé

Mobilidade Sustentável - Melhores Práticas em Lisboa

A Participação Voluntária No Planeamento, Execução E Controlo Social Do Orçamento. Participativo

Alunos do 5º Ano Turma B

TEXTO DE APOIO À EXPLORAÇÃO PEDAGÓGICA DO TEMA

Plano Intermunicipal de Mobilidade e Transportes (PIMT) da Região de Aveiro. PIMT Região de Aveiro 1 16

Mesa Redonda Ouvir a Cidade: as Propostas dos Cidadãos

O ENOTURISMO. Conceito:

Relatório. Avaliação das Acessibilidades. Prédio da Rua de Gondarém, Nevogilde - Porto

PLANEAMENTO DE VIAGENS E PERCURSOS

3. Referenciais. 3.1 Referenciais teóricos O sistema cicloviário e seus elementos componentes

PARAGEM E ESTACIONAMENTO


Parecer e Soluções Alternativas do Automóvel Club de Portugal

CRITÉRIOS TÉCNICOS PARA AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE MOBILIDADE URBANA. Lúcia Maria Mendonça Santos Ministério das Cidades

Acessibilidade & Mobilidade Urbana Plano Diretor de Acessibilidade em Porto Alegre e suas interações com a Política de Mobilidade Urbana


Centro de Estudos de Arquitectura Paisagista Prof. Francisco Caldeira Cabral Instituto Superior de Agronomia

ACIV Associação para o Desenvolvimento da Engenharia Civil ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DA INTERFACE MODAL ESTAÇÃO DA LOUSÃ

INTELI Centro de Inovação (PT)

Projeto Viva a Alameda

Guia Prático para Construção de Calçadas

MUDANÇA DE DIRECÇÃO. Tema 5 Conhecimento das Regras de Trânsito; Tema 6 Domínio das Situações de Trânsito

Município de Torres Vedras

Da rua ao centro comercial

Medidas para a Humanização do Tráfego. A Cidade que Queremos

Assinalar como V (Verdadeiro), F (Falso) ou NSA (Não Se Aplica)

PEÕES MANUAL DO PLANEAMENTO DE ACESSIBILIDADES E TRANSPORTES

CENTRO SOCIAL DA PAROQUIA DE RIO TINTO

ANEXO A. Carta Educativa do Concelho de Mafra Anexo A, Pág. 305

Conceito territorial Projecto de requalificação Empresa pública Projecto decisivo para a criação da Cidade das duas

Analisando viagens a pé e por bicicletas na integração com transporte de massa

MEDIDAS DE GESTÃO DA MOBILIDADE PARA ESCOLAS

IQV INDICADORES DE QUALIDADE DE VIDA SUMÁRIO PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA JOINVILLE, FLORIANÓPOLIS, BLUMENAU, CHAPECÓ, TUBARÃO

Dia 27 de Maio Promoção Imobiliária e Sustentabilidade. Eng.º Gonçalo Costa. Alta de Lisboa

Alexandre Brasil André Prado. Carlos A. Maciel Danilo Matoso. Revitalização do Centro de Goiânia Goiânia, GO projeto: 2000 concurso 1o lugar

Aula 5 : Circulação Vertical Escadas, Rampas e Elevadores

Enquadramento Turismo Rural

E s t r u t u r a V e r d e

O Interface de Transportes

Comité Local de Gestão de Risco de Calamidades CL-GRC

mais do que uma forma de conduzir, ao serviço da mobilidade sustentável Tiago Lopes Farias

Criança como passageiro de automóveis. Tema seleccionado.

IMPACTO NO MERCADO O empreendimento é um sucesso de vendas. Atualmente está com 95,40% comercializados. A entrega está prevista para abril de 2012.

FERRAMENTAS E SOLUÇÕES DE APOIO À GESTÃO E MANUTENÇÃO DE ATIVOS

CIRCULAÇÃO EM ROTUNDAS

Portaria n.º 1136/2001 de 25 de Setembro

Mobilidade e Acessibilidade Mobilidade e em pri ro ugar as PESSOAS Fevereiro 2009

Setembro Dia Europeu Sem Carros 22 Semana Europeia da Mobilidade

OPERAÇÃO 3 - CONSTRUIR UMA CENTRALIDADE - PRAÇA DAS MINAS

Curso de Acessibilidade

ILUMINAÇÃO DE SEGURANÇA

A Mais-Valia de um Plano de Mobilidade e Transportes

PASTOR ALEMÃO CLUBE DE PORTUGAL

Plano Intermunicipal de Mobilidade e Transportes da Região de Aveiro

Transcrição:

1. Conectividade Em que medida o ambiente urbano/pedonal dispõe de uma rede integrada que permite conectar origens e destinos, que passa, por exemplo, pela existência e continuidade de uma infra-estrutura pedonal bem como pela possibilidade de se articular com os territórios envolventes. É sair de casa e poder ir ao bairro do lado sem ter de dar grandes voltas. Menor Conectividade Maior Conectividade O ambiente pedonal apresentará tanta mais conectividade quanto possuir, ao longo de um trajecto: C11: Maior densidade de caminhos (alternativas de rota, cruzamento com outras ruas) C12: Continuidade do percurso (efectuar a viagem sem interrupções no passeio, existência de passadeiras) C13: Condições de fazer um caminho o mais directo possível (origem-destino) C14: Existência de infra-estrutura pedonal acessível (p.ex. nivelamento de lancis, largura mínima) e perceptível C15: Maior integração na rede urbana (quantidade de outros pontos alcançável em determinado tempo)

2. Conveniência Em que medida o ambiente urbano/pedonal possui atributos que permitem poupar tempo e esforço ao andar a pé, com vantagens em relação a outras alternativas de transporte, o que pode passar pela proximidade entre origens e destinos (oferta de emprego, lojas, etc.) e pela adequabilidade da rede pedonal a todos os utilizadores, salientando-se a sua praticabilidade e funcionalidade. É sair de casa e poder ir a pé, pelo passeio, comprar pão e ir ao café. Menor Conveniência Maior Conveniência O ambiente pedonal apresentará tanta mais conveniência quanto possuir, ao longo de um trajecto: C21: Diversidade de usos (lojas, escritórios, residências, parques, etc.) C22: Largura de passeio necessária para acomodar o fluxo pedonal (sem encontrões) C23: Ausência de obstáculos (ou facilmente contornáveis) C24: Quantidade / Densidade de usos do dia-a-dia (alimentação, bebidas, bancos, correios, etc.) C25: Alternativas para vencer desníveis ou declives significativos (elevadores, escadas rolantes, rampas, etc.)

3. Conforto Em que medida o ambiente urbano/pedonal possui atributos que melhoram a experiência de andar a pé, traduzida em bem-estar e tranquilidade. Estes atributos podem passar pela percepção de abrigo e protecção, por elementos de comodidade e pela sensação de segurança. É sair de casa e seguir o meu caminho tranquilo, sem me preocupar em olhar constantemente para o chão e para todos os lados. Menor Conforto Maior Conforto O ambiente pedonal apresentará tanto mais conforto quanto possuir, ao longo de um trajecto: C31: Efeito de vigilância - poder ver e ser visto (janelas e montras, ausência de muros, edifícios emparedados ou devolutos) C32: Qualidade do revestimento (pavimento regular, suave, não escorregadio) C33: Existência de amenidades ou equipamentos de apoio (iluminação, árvores, bancos e mesas, fontanários, sanitários, etc.) C34: Abrigo climático (sombra, chuva, etc.) natural ou construído C35: Qualidade sensitiva do espaço (ruído, odores, elementos naturais, paisagem, etc.)

4. Convivialidade Em que medida o ambiente urbano/pedonal possui atributos que promovem a vivência social, o que passa, por exemplo, pela utilização e interacção nos espaços públicos, ou seja, pela presença e variedade de pessoas e de suas actividades no espaço público (a caminhar, parados, a deambular, etc.). É sair de casa e sentir a vida à minha volta. Menor Convivialidade Maior Convivialidade O ambiente pedonal apresentará tanta mais convivialidade quanto possuir, ao longo de um trajecto: C41: Existência de locais de encontro e paragem (bancos, mesas, esplanadas, bancas de venda, quiosques, etc.) C42: Existência de espaços âncora com efeito de atracção (mercados, praças, jardins, grandes equipamentos, etc.) C43: Mix de usos e horários de funcionamento/utilização (habitação, comércio, serviços, recreio e lazer) C44: Ausência de fronteira mortas edifícios vedados, murados ou montras sem uso C45: Maior densidade populacional

5. Clareza Em que medida o ambiente urbano/pedonal possui atributos que o tornam claro e distintivo, facilitando a sua leitura, tanto em termos de orientação, como em termos de identidade do lugar (com características distintivas). Elementos como a sinalética, toponímia, mapas, pontos notáveis e complexidade arquitectónica contribuem para tornar o ambiente pedonal mais completo e atractivo. É conseguir saber onde estou e por onde devo seguir. Menor Clareza Maior Clareza O ambiente pedonal apresentará tanta mais clareza quanto possuir, ao longo de um trajecto: C51: Pontos notáveis e elementos singulares de referência (praças, torres, bombas de gasolina, lojas conhecidas, etc.) C52: Percepção de profundidade (linhas de vista desimpedidas, contínuas) C53: Toponímia e sinalética adaptada a peões C54: Variedade de características arquitectónicas dos edifícios (cores, materiais, tratamento da fachada) C55: Entendimento do espaço (por exemplo, se central/periférico, residencial/serviços, eixo principal/secundário)

6. Coexistência Em que medida o ambiente urbano/pedonal e outros modos de transporte (motorizado, não motorizado, individual ou colectivo) conseguem manter uma coabitação ou contacto pacífico, ou seja, existirem no mesmo espaço-tempo sem conflitos. Num ambiente de coexistência, para além do comportamento dos condutores, certos elementos do espaço construído contribuem para salvaguardar e segurança do peão em relação aos modos motorizados. É circular sem me sentir secundarizado. Menor Coexistência Maior Coexistência O ambiente pedonal apresentará tanta mais coexistência quanto possuir, ao longo de um trajecto: C61: Segurança face ao trânsito nas travessias pedonais (visibilidade, leitura, exposição ao tráfego) C62: Travessias localizadas nas principais linhas de desejo dos peões C63: Separação de espaço adequada às velocidades de circulação: segregação quando necessária, integração se aplicável C64: Proporção equilibrada entre espaço pró-peão e pró-automóvel C65: Menos situações de invasão do espaço pedonal por outros veículos (carros e motos estacionados, circulação de bicicletas)

7. Compromisso Em que medida o ambiente/pedonal traduz o cuidado, a coordenação e a colaboração das entidades gestoras e das comunidades no planeamento e promoção de ambientes urbanos amigos do peão. Embora todas as acções no espaço público possam ter reflexo nas dimensões apresentadas (ex. criar uma nova passagem de peões, dotar certo espaço de mobiliário urbano, rebaixar lancis), também podem ser lidas numa perspectiva de responsabilidade, dedicação e fidelidade para com o peão. Neste sentido, esta dimensão transversal funciona na prática tanto enquanto indicador de execução dos planos, políticas ( policies ), como da dinâmica das acções pró-peão. É andar na rua e ver que as coisas estão a melhorar, que cada vez há mais e melhores condições para todos andarem a pé. Menor Compromisso Maior Compromisso O ambiente pedonal apresentará tanto mais compromisso quanto possuir, ao longo de um trajecto: C71: Cumprimento da legislação de apoio ao peão (p.ex. DL 163/06 acessibilidade a espaços públicos, equipamentos e edifícios) C72: Limpeza (lixo espalhado, monos, dejectos caninos, etc.) C73: Meios que fomentem a participação pública (reclamações, sugestões, etc.) C74: Iniciativas e eventos que motivam o andar a pé (com carácter regular ou não - caminhadas, pedi-bus, etc.) C75: Padronização das intervenções /soluções/desenho do espaço urbano (o oposto de intervenções avulsas)