Quarta-feira 26/08/2009 N 151/2009 MEIO AMBIENTE Água ganha mais atenção das empresas (O Estado de São Paulo) Provável escassez do produto nas próximas décadas leva companhias a mapear seu consumo A utilização de selos em produtos informando quanto foi emitido de carbono (CO2) na sua produção, conhecida como pegada de carbono, já vem sendo adotada por empresas de diferentes setores, como celulose e papel, química e cosméticos. Mas a mais nova tendência entre as empresas é estampar, na embalagem, a informação sobre a quantidade de água necessária para se fabricar um produto, a chamada pegada hídrica. "O aquecimento global trouxe todas as atenções para os efeitos do carbono no meio ambiente e para os negócios das companhias. Mas, ao lado da questão climática, há uma crise hídrica que começa a preocupar as empresas", afirmou Andrew Savitz, presidente da Sustainable Business Strategies, consultoria americana especializada em estratégia empresarial e autor do livro A Empresa Sustentável. "A água é a?mudança climática? da próxima década", diz o consultor. Segundo Savitz, o conceito de pegada hídrica está se fortalecendo nas empresas, especialmente dos setores de agronegócio, bebidas, alimentos e farmacêutica, que são mais dependentes do insumo. Para criar uma ferramenta de medida da pegada hídrica em âmbito internacional, foi criada uma rede de pesquisas, a Water Footprint Network, formada pelas Nações Unidas, empresas, institutos de pesquisa e ONGs. A primeira empresa a imprimir sua pegada hídrica nas embalagens foi a Raisio, fabricante finlandesa de alimentos. Mas gigantes do consumo, como Unilever e Pepsico, já começam a se interessar pela tendência, que deve chegar às prateleiras dos supermercados nos próximos cinco anos, aponta Savitz. "Grandes empresas alimentícias já começam a perceber que não basta gerenciar a água nas fábricas, criando programas de reúso e reduzindo o desperdício. Para evitar uma crise hídrica no futuro, será preciso trabalhar a cadeia de fornecedores, ou seja, o quanto se gasta de água no campo." No Brasil, empresas ligadas ao agronegócio já começam a se preparar para a tendência. A Daterra Coffees, empresa de café premium do grupo DPaschoal,
teve a primeira fazenda no mundo a obter a certificação ambiental ISO 14.001 e realiza estudos hidrológicos frequentes para monitorar o consumo de águas nas plantações. "Em dez anos, o mercado para cafés finos exigirá padrões mais apurados de sustentabilidade, e a água é um dos pontos cruciais", diz Luis Norberto Paschoal, presidente da DPaschoal. Para se fazer uma xícara de café, são necessários 140 litros de água. ENERGIA E PETRÓLEO Proposta de marco do pré-sal sai dia 31, diz Lula (Reuters) A proposta sobre o novo marco regulatório do petróleo do pré-sal será divulgada na próxima segunda-feira, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento em São Bernardo do Campo. O presidente lembrou que 71 por cento do pré-sal ainda não foi licitado, e que o governo quer aproveitar os recursos petrolíferos para, não somente realizar investimentos no social, mas também fomentar o desenvolvimento tecnológico e econômico. "Não é que o governo vá ficar com 71 por cento do pré-sal. Eu quis dizer que 29 por cento já foram licitados nas regras antigas. Então, o que vai entrar na nova regulamentação é 71 por cento", disse Lula em evento nesta terça-feira, corrigindo afirmação feita mais cedo, de que "71 por cento serão partilha para a União". Segundo um assessor da Presidência, os recursos para o fundo social serão provenientes da parte que caberá à União dentro desses 71 por cento. "Ou seja, a União vai depositar esse dinheiro num fundo, para a gente resolver três problemas crônicos: investimento em educação, investimento em ciência e tecnologia e investimento para combater a pobreza no país", declarou o presidente no primeiro evento. O governo ainda avalia, segundo entrevista do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, à Reuters, se recolherá royalties do petróleo do pré-sal. SALTO TECNOLÓGICO "Queremos aproveitar o pré-sal para dar um avanço tecnológico extraordinário. O pré-sal é a hora e a vez de deixar de ser o país do futuro e ser o país de agora", declarou o presidente. Lula disse que o governo quer atrair investidores "de dentro e fora do país" para a formação de uma grande plataforma exportadora de derivados. "A gente não pode ficar tirando petróleo e vendendo como se faz, primeiro queremos exportar derivados de qualidade, queremos fazer um grande pólo petroquímico do pré-sal", afirmou em discurso de cerca de 50 minutos, em um segundo evento na cidade do ABC paulista. "Vamos precisar de plataformas, sondas, o complexo petroquímico, um enorme contingente de mão-de-obra será convocado, e queremos que comporte o nacional (a tecnologia e mão-de-obra)", completou o presidente. EXPORTAÇÕES Lula defendeu ainda a política de seu governo de diversificar as exportações do país para além de Estados Unidos e Europa, rebatendo os críticos de suas viagens a outros locais.
"Sobre as exportações, em 2003, 28 por cento eram para a Europa e 26 por cento para os Estados Unidos. Tomamos a decisão de diversificar, para América do Sul, África e países árabes e do Oriente Médio. O Brasil compete com produtos mais sofisticados? Só com iguais ou menores, como Rússia, China, Índia, África", afirmou durante encontro com lideranças da região do ABC paulista. "A indústria automobilística tem que aprender a vender seus carros para a América Latina, e não esperar para vender uma pecinha para a Alemanha", completou ele, afirmando que, após ouvir críticas quando comprou o avião presidencial conhecido como Aerolula, agora o considera pequeno "porque tenho que parar duas vezes para chegar na China". "Vamos terminar este ano crescendo e no ano que vem vamos crescer bem. O Brasil hoje figura aos olhos do mundo como um dos países mais promissores." Lula afirmou ainda que até janeiro pretende fazer uma nova proposta para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para 2011 a 2015, e fez um alerta aos prefeitos das cidades brasileiras sobre a liberação de recursos. "Um bom projeto é a grande arma que o prefeito tem para conquistar as coisas no governo federal, esse é um alerta que dou aos prefeitos." ECONOMIA Brasil cresce ao ritmo pré-crise, afirma Meirelles (Folha de São Paulo) O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que tanto o crescimento anualizado da economia brasileira como o do crédito ao consumo já voltaram aos níveis pré-agravamento da crise, em setembro de 2008. Em palestra a investidores e empresários, em Nova York, Meirelles disse que o país elevou as reservas internacionais de US$ 205,1 bilhões para US$ 214,8 bilhões entre agosto do ano passado e agora. O presidente do BC não antecipou a expectativa de crescimento para 2009, mas afirmou que há projeções dando conta que o Brasil já cresce a uma taxa anualizada entre 4% e 8%. "Creio que estamos mais perto dos 8%", disse. No último trimestre antes da explosão da crise (de julho a setembro de 2008) o PIB evoluiu 6,3%. Para 2010, Meirelles disse que o comportamento da inflação (a meta do BC é de 4,5%) poderá abrir espaço para novos cortes na taxa básica de juros, atualmente em 8,75% ao ano. Em sua apresentação, organizada pela Câmara de Comércio Brasil-EUA, Meirelles mostrou números dando conta de que, dos US$ 39 bilhões em financiamentos em dólar injetados no pior da crise no mercado de dólar "spot" (à vista) e para o financiamento a exportações, cerca de US$ 28 bilhões já voltaram aos cofres do BC. Meirelles foi enfático ao dizer que a crise entrou no Brasil pelo mercado de crédito, principalmente em moeda estrangeira para exportadores e empresas. E que o Brasil foi rápido na resposta ao que comparou a um "ataque cardíaco". Ele afirmou que o fato de o Brasil exigir que os bancos mantenham depósitos compulsórios no Banco Central foi fundamental no combate à falta de liquidez no agravamento da crise. No total, o BC disponibilizou R$ 99,8 bilhões para o
sistema financeiro em dinheiro que era do compulsório. Meirelles destacou o aumento da participação dos bancos estatais nos financiamentos. Os bancos públicos concederam 33% mais crédito a partir de setembro de 2008. O aumento foi de 9,1% nas grandes instituições privadas. Questionado se o Brasil manteria ou ampliaria medidas de ajuda ao mercado financeiro e ao consumo (como corte de impostos no setor automotivo), Meirelles afirmou que o PAC e os aumentos recentes ao funcionalismo público não fazem parte do programa, mas que ajudarão a dar fôlego para a economia. DIVERSOS Aposentados do Rio queriam mais (O Dia/RJ) Governo e sindicatos fecham acordo e benefício do INSS acima do piso terá 6,19% de reajuste Rio - Após nova e desgastante reunião em Brasília, centrais sindicais e governo federal atravessaram a noite negociando o acordo que define o reajuste dos aposentados e pensionistas do INSS que ganham acima do salário mínimo. E chegaram a consenso: o reajuste será de 6,19% em 2010, com aumento real de 2,55%. O mínimo será reajustado em 8,9%. A proposta feita pelas representações de segurados foi aceita pelo governo. Em 2010 e 2011, a correção será feita pelo INPC (inflação) mais 50% da variação do PIB. Foi ótimo, avaliou o presidente do Sindicato dos Aposentados, João Batista Inocentini. O percentual pode ser pouco maior e se aproximar de 7%, dependendo da inflação. O cálculo leva em conta a previsão de variação de 3,64% até o fim deste ano. Foi aprovado pacote de benefícios para trabalhadores, relacionados à aposentadoria. Aqueles que receberam seguro-desemprego ou estiveram em aviso prévio terão esse tempo contado para a aposentadoria. Trabalhador que estiver a 12 meses da aposentadoria não poderá ser demitido. O fator previdenciário foi mantido, com a inclusão da fórmula 85/95, proposta pelo relator do projeto de lei nº 3.299, deputado Pepe Vargas (PT-RS). A fórmula servirá como alternativa ao fator. A tábua de sobrevida fica congelada quando o trabalhador atinge condições para se aposentar. A média salarial para cálculo do benefício será pelos 70% maiores salários de contribuição. O governo queria 80%. O presidente da Confederação Brasileira dos Aposentados (Cobap), Warley Martins, anunciou que a entidade respeitaria a decisão das federações que inclui o Rio e não compareceu à reunião. Ele procurou o presidente da Câmara, Michel Temer, e outros parlamentares e disse estar otimista quanto à votação dos projetos 4.434/08 ( recompõe as perdas dos benefícios em mínimos) e 1/2007 (reajuste único). José Brás, 78 anos, apoia a decisão da Federação das Associações dos Aposentados e Pensionistas do Rio de não aplaudir o acordo: Ao longo de 15 anos, 4,5 milhões de aposentados já caíram para a faixa do salário mínimo. Precisamos interromper essa situação.
O QUE MUDA A PARTIR DO ACORDO ESTABILIDADE Trabalhador a 12 meses da aposentadoria não pode ser demitido. Se for, empregador e governo assumem as contribuições que faltam. SEGURO-DESEMPREGO Período em seguro-desemprego e aviso prévio vão contar para a Previdência. Para trabalhadores que já foram demitidos, por exemplo, quatro vezes, isso pode representar quase dois anos de contribuição. REAJUSTE Para os 8,3 milhões de aposentados e pensionistas que ganham acima do salário mínimo (R$ 465), o aumento real vai garantir reajuste de 6,19%. Teto do INSS subirá para R$ 3.418 em janeiro de 2010. A mesma fórmula valerá para 2011 (inflação mais metade do PIB, Produto Interno Bruto). Comissão estudará política permanente de reajustes para os segurados. FATOR PREVIDENCIÁRIO A fórmula 85/95, apresentada pelo relator do projeto de lei nº 3.299, Pepe Vargas (PT-RS), determina a aposentadoria após a soma da idade e do tempo de contribuição: 85 anos ( mulheres) e 95 anos (homens). Quando o trabalhador reunir condições, o fator é eliminado. Caso atinja as condições para se aposentar, terá a tábua de expectativa de vida congelada. O fator permanece, se o trabalhador quiser se aposentar por ele. A média base para a aposentadoria passa de 80% para 70% dos maiores salários. Aneel aprova acesso à internet por meio da rede elétrica (Agência Brasil Brasília - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou hoje (25) o regulamento que permite a utilização da rede de energia elétrica para a transmissão de internet banda larga. Com o sistema, conhecido como PLC (do inglês, Power Line Communications), as tomadas residenciais passam a ser pontos de rede, quando conectadas a um modem. A Aneel estabeleceu que o uso dessa tecnologia não poderá comprometer a qualidade do fornecimento de energia elétrica para os consumidores e, se houver necessidade de investimento na rede, o custo será de responsabilidade da empresa de telecomunicações. As redes também poderão ser utilizadas para levar televisão por assinatura aos consumidores. Segundo o regulamento aprovado hoje, as concessionárias de energia deverão criar uma empresa subsidiária para ofertar o serviço. A agência também prevê que as receitas obtidas pelas concessionárias de energia com o aluguel dos fios para as empresas de internet serão revertidas para a redução de tarifas de eletricidade. A Aneel garante que o emprego da tecnologia vai permitir novos usos para as redes de distribuição de energia elétrica, sem que haja necessidade de
expansão ou adequação da infra-estrutura já existente. Segundo a agência, a economia deve representar uma redução de custos para os consumidores. O acesso à internet banda larga por meio da rede elétrica já tinha sido aprovado pelo conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e foi submetido à consulta pública pela Aneel por 90 dias.