Diretrizes Consolidadas sobre Prevenção, Diagnóstico, Tratamento e Cuidados em HIV para as Populações-Chave



Documentos relacionados
REDUÇÃO DE DANOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE A POPULAÇÃO DE GAYS, HSH E TRAVESTIS PARÁ

Objetivo 2 Ampliar e qualificar o acesso integral e universal à prevenção das DST/HIV/aids para Gays, outros HSH e Travestis.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Prevenção PositHIVa. junho Ministério da Saúde

Seminário: Drogas, Redução de Danos, Legislação e Intersetorialidade. Brasília, outubro de 2009.

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SES/GO

154 a SESSÃO DO COMITÊ EXECUTIVO

POLÍTICA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DAS EMPRESAS ELETROBRAS. Política de Responsabilidade Social das Empresas Eletrobras

OFICINA DE ELABORAÇÃO DO PLANO ESTADUAL DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE GAYS, HSH E TRAVESTIS METAS ATIVIDADES RESPONSÁVEIS

RESOLUÇÃO CNAS Nº 11, DE 23 DE SETEMBRO DE 2015.

Programa Promoção dos Direitos de Pessoas com Deficiência

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE POPULAÇÃO DE GAYS, HSH E TRAVESTIS PERNAMBUCO

Comunicação para alterações sociais

Contrata Consultor na modalidade

PLANO INTEGRADO DE ENFRENTAMENTOÀ FEMINIZAÇÃO DA AIDS NO CEARÁ

Orientação para requerentes à Série 8 da Solicitação de Propostas ao Fundo Mundial de Luta contra a SIDA, a Tuberculose e o Paludismo

Protagonismo Juvenil 120ª Reunião da CNAIDS. Diego Callisto RNAJVHA / Youth Coalition for Post-2015

PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO: processo, participação e desafios. Seminário dos/as Trabalhadores/as da Educação Sindsep 24/09/2015

Projeto RI-VIDA Rede de Integração para a Vida Projeto de prevenção de DST s, HIV/AIDS e Hepatites

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE A POPULAÇÃO DE GAYS, HSH E TRAVESTIS RIO GRANDE DO SUL

Política de Sustentabilidade das empresas Eletrobras

5 passos para a implementação do Manejo da Infecção pelo HIV na Atenção Básica

Declaração de Pequim adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres: Ação para Igualdade, Desenvolvimento e Paz (1995)

Atuação do psicólogo na Assistência Social. Iolete Ribeiro da Silva Conselho Federal de Psicologia

Secretaria Nacional de Assistência Social

PORTARIA Nº 1.944, DE 27 DE AGOSTO DE 2009

Carta de Campinas 1) QUANTO AO PROBLEMA DO MANEJO DAS CRISES E REGULAÇÃO DA PORTA DE INTERNAÇÃO E URGÊNCIA E EMERGÊNCIA,

Organização Mundial da Saúde

Seminário estratégico de enfrentamento da. Janeiro PACTUAÇÃO COM GESTORES MUNICIPAIS. Maio, 2013

TRANSVERSALIDADE. 1 Educação Ambiental

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997

Pacto Europeu. para a Saúde. Conferência de alto nível da ue. Bruxelas, de junho de 2008

Plano Decenal dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes

Dados do Ensino Médio

Igualdade de oportunidades e não discriminação: elementos centrais da Agenda do Trabalho Decente

PÚBLICO-ALVO Assistentes sociais que trabalham na área da educação e estudantes do curso de Serviço Social.

SAúDE e PReVENÇãO NaS ESCoLAS Atitude pra curtir a vida

O Projeto Casa Brasil de inclusão digital e social

Agenda Regulatória Ciclo Quadrienal

Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos e o Setor de Petróleo e Gás

Por que esses números são inaceitáveis?

OIT DESENVOLVIMENTO DE EMPRESA SOCIAL: UMA LISTA DE FERRAMENTAS E RECURSOS

SERVIÇO DE ACOLHIMENTO INSTITUCONAL

POLÍTICA BRASILEIRA DE AIDS PRINCIPAIS RESULTADOS E AVANÇOS

Por que Projetos Sociais?

Roteiro de Diretrizes para Pré-Conferências Regionais de Políticas para as Mulheres. 1. Autonomia econômica, Trabalho e Desenvolvimento;

EIXOS E DIMENSÕES DO INSTRUMENTO DE MONITORAMENTO

Política de Sustentabilidade das Empresas Eletrobras

Ministério da Saúde Área Técnica de Saúde Mental Álcool e outras Drogas Miriam Di Giovanni Curitiba/PR - 12/11/2010

Gestão Por Competências nas IFES

EIXO IV QUALIDADE DA EDUCAÇÃO: DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO, PERMANÊNCIA, AVALIAÇÃO, CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO E APRENDIZAGEM

PLANO VIVER SEM LIMITE

Atenção à Saúde e Saúde Mental em Situações de Desastres

II TEXTO ORIENTADOR 1. APRESENTAÇÃO

Política de Sustentabilidade

Sistema Único de Assistência Social

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 4ª CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO SUB-GRUPO DE TRABALHO DE TRATADOS INTERNACIONAIS

Prevenção de HIV e Aids para Pessoas Surdas

QUALIDADE DE VIDA 1. FINALIDADE DO PROJETO ESTRATÉGICO 2. JUSTIFICATIVA. Promover a saúde e a segurança dos servidores e magistrados.

Fórum Paranaense de ONG AIDS.

Capacitação do Núcleo de Evidências em Saúde / Estação BVS da ESP / SES -MG em

ESTA PALESTRA NÃO PODERÁ SER REPRODUZIDA SEM A REFERÊNCIA DO AUTOR. 15:04 1

PROPOSTA PARA CASAS DE APOIO PARA ADULTOS QUE VIVEM COM HIV/AIDS - ESTADO DE SANTA CATARINA

Os direitos das crianças e adolescentes no contexto das famílias contemporâneas. Ana Paula Motta Costa anapaulamottacosta@gmail.

EDITAL ONU MULHERES 2011

Secretaria Municipal de Assistência Social Centro de Referência Especializado de Assistência Social

PLANO OPERATIVO DA POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO DO CAMPO E DA FLORESTA

AGENDA NACIONAL DE TRABALHO DECENTE PARA OS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO SUS (ANTD-SUS)

Plan International e IIDAC com recursos do Fundo União Europeia

de Gays, HSHe Travestis, criado em março de 2008, pelo Governo Federal. Considerando que o plano traça diretrizes de combate às vulnerabilidades

Resolução adotada pela Assembleia Geral em 19 de dezembro de /121. Políticas e programas voltados à juventude

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE A POPULAÇÃO DE GAYS, HSH E TRAVESTIS RIO DE JANEIRO

Harmonização de Conceitos de Ações Afirmativas em DST/Aids para a População Negra e a Interface com a PNSIPN

TRABALHO PEDAGÓGICO NA PERSPECTIVA DE UMA ESCOLA INCLUSIVA. Profa. Maria Antonia Ramos de Azevedo UNESP/Rio Claro.

49 o CONSELHO DIRETOR 61 a SESSÃO DO COMITÊ REGIONAL

A RESPOSTA DA EPIDEMIA DE AIDS EM PARCERIA COM O MUNDO DO TRABALHO

Modelos Assistenciais em Saúde

A CARTA DE BANGKOK PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE EM UM MUNDO GLOBALIZADO

FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃODE RECURSOS HUMANOS DA ANTT

REDE NACIONAL DE ADOLESCENTES E JOVENS VIVENDO COM HIV/AIDS

Bacharelado em Serviço Social

Violência contra crianças e adolescentes: uma análise descritiva do fenômeno

FORMAÇÃO SOBRE: GÉNERO E DESENVOLVIMENTO

PLANO DE ENFRENTAMENTO DA EPIDEMIA DE AIDS E DAS DST ENTRE A POPULAÇÃO DE GAYS, HSH E TRAVESTIS CEARÁ

PROPOSTAS PARA A REDUÇÃO DA VIOLÊNCIA

A PROTEÇÃO SOCIOASSISTENCIAL PARA USUÁRIOS DE CRACK E SUAS FAMÍLIAS: OS DESAFIOS DA INTERSETORIALIDADE

CARTA DE QUITO. Quito Equador 11 e 12 de abril de 2014 COBERTURA UNIVERSAL, MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Declaração de Santa Cruz de la Sierra

QUANTO ANTES VOCÊ TRATAR, MAIS FÁCIL CURAR.

Serviço Social: inovação dos serviços em Bibliotecas Públicas

Transcrição:

Diretrizes Consolidadas sobre Prevenção, Diagnóstico, Tratamento e Cuidados em HIV para as Populações-Chave Gabriela Calazans FCMSCSP, FMUSP II Seminário Nacional sobre Vacinas e novas Tecnologias de Prevenção para o HIV/AIDS Setembro, 2014

Populações-chave 1) os homens que fazem sexo com homens 2) pessoas que injetam drogas 3) as pessoas em prisões e outras instituições fechadas 4) os trabalhadores do sexo 5) as pessoas transgêneros

Definição de População-chave são grupos definidos que, devido a comportamentos de maior risco específicos, estão em maior risco de infecção pelo HIV, independentemente do tipo da epidemia ou do contexto local. muitas vezes têm problemas jurídicos e sociais relacionados com os seus comportamentos que aumentam sua vulnerabilidade ao HIV. grupos desproporcionalmente afetados pela epidemia

A quem se dirigem? Público-alvo: principalmente gestores de programas de HIV e outros tomadores de decisão responsáveis pelas políticas, programas e serviços de saúde, incluindo aqueles responsáveis pelas políticas de saúde no âmbito do sistema prisional; organizações comunitárias e da sociedade civil organizada, pois devem subsidiar ações de advocacy, assim como a ação de agências de fomento e de desenvolvimento.

Foco Oferta de uma combinação de intervenções necessária para responder de forma eficaz à prevenção do HIV entre cada uma das populações-chave. Cuidado em identificar as evidências científicas que justificam a oferta de cada uma das intervenções para cada uma das populações-chave.

Principais fundamentos Evidências científicas e direitos humanos. Sistematiza os principais achados científicos referentes à necessidade de apoiar serviços em toda a cascata de prevenção, diagnóstico, cuidados e tratamento relacionados ao HIV

Valores Respeito à autonomia das pessoas. Pressuposto: as pessoas são diversas, têm diferentes experiências e condições de vida, distintas relações e passam por diferentes momentos em suas vidas. Não se pode ofertar um único método de prevenção, mas deve-se ofertar informação de qualidade e adequada para cada grupo e pessoa sobre os diferentes métodos disponíveis para que as pessoas possam escolher os métodos mais adequados para si a cada momento e relação.

Pacote abrangente de intervenções Intervenções essenciais do setor saúde, que incluem: 1. Programa abrangente de preservativo e lubrificante 2. Intervenções de redução de danos relacionadas ao uso de substâncias, em particular programas de fornecimento de agulhas e seringas e terapia de substituição de opiáceos 3. Intervenções comportamentais 4. Testagem e aconselhamento com vinculação para oferta de tratamento e cuidados para o HIV 6. Prevenção e gestão de coinfecções e outras comorbidades, incluindo hepatites virais, tuberculose e condições de saúde mental 7. Intervenções em saúde sexual e reprodutiva Estratégias essenciais para um ambiente favorável 1. Legislação suportiva, compromisso político e financeiro, incluindo descriminalização de comportamentos das populações-chave 2. Enfrentamento do estigma e da discriminação 3. Envolvimento e fortalecimento da comunidade 4. Enfrentamento da violência contra as pessoas das populações-chave.

Perspectiva de transformação social e cultural O Proteção dos direitos humanos para todos os membros de cada população-chave. O Legisladores e outras autoridades governamentais devem estabelecer e fazer cumprir as leis anti-discriminação e de proteção, derivadas de normas internacionais de direitos humanos, a fim de eliminar o estigma, a discriminação e a violência enfrentada por populações-chave e reduzir sua vulnerabilidade ao HIV.

Princípios norteadores O os direitos humanos O o acesso a cuidados de saúde de qualidade O o acesso à justiça O a aceitabilidade dos serviços O o conhecimento e a educação em saúde O a prestação de serviços integrados

Síntese das recomendações da OMS Relativas às Populações-Chave

Facilitadores críticos O Implicam em estratégias, atividades e abordagens que visam melhorar a acessibilidade, aceitabilidade, a captação, a cobertura equitativa, qualidade, eficácia e eficiência das intervenções e serviços de HIV. O Facilitadores operam em muitos níveis - individual, comunitário, institucionais, sociais e nacional, regional e global. O São cruciais para a implementação abrangente de programas de enfrentamento do HIV para populaçõeschave em todos os contextos de epidemia. O Facilitadores críticos têm como objetivo superar grandes obstáculos à adoção de serviços, incluindo a exclusão social e marginalização, a criminalização, o estigma e a desigualdade.

JANELA DE OPORTUNIDADES Num contexto nacional em que há dificuldades: O em reconhecer os grupos mais afetados pela epidemia de HIV e aids; O em estabelecer ações que reconheçam e promovam os direitos humanos de homossexuais, profissionais do sexo, transgêneros, usuários de drogas e populações privadas de liberdade; O em fomentar políticas, programas e serviços de saúde que acolham tais populações-chave, em especial quando são adolescentes e jovens, e enfrentem aspectos sócio-estruturais que limitam o acesso a serviços, constrangem como tais serviços são prestados e diminuem sua efetividade; O em incorporar inovações e incluir novidades no âmbito das políticas públicas de HIV e aids; Poderá ser extremamente estratégico reivindicar a adoção de tais diretrizes entre nós, com vistas ao fortalecimento de nossa capacidade de resposta à epidemia.

Obrigada! Contato: gajuca@usp.br http://www.who.int/hiv/pub/guidelines/keypopulations/en/