DETERMINAÇÃO DA CONFIABILIDADE DE DIFERENTES TESTES DE VELOCIDADE/AGILIDADE APLICADOS NA MODALIDADE FUTSAL 1



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ARTIGO DETERMINAÇÃO DA CONFIABILIDADE DE DIFERENTES TESTES DE VELOCIDADE/AGILIDADE APLICADOS NA MODALIDADE FUTSAL 1 Eloi Ferreira Filho* Hans - Joachim Menzel* Mauro Heleno Chagas* RESUMO Uma das características das modalidades esportivas é a alta exigência na realização de ações sucessivas em velocidade. O futsal como modalidade coletiva possui uma grande exigência da capacidade de velocidade, embora o perfil dessa solicitação não esteja devidamente caracterizado. Além disso, no futsal, ela está relacionada com os pequenos deslocamentos envolvendo arrancadas, acelerações e desacelerações, movimentos cíclicos e acíclicos com mudanças de direção e de ritmo. Por todas essas exigências, podemos caracterizar no futsal a capacidade de velocidade associada à agilidade, formando o binômio velocidade/agilidade. Estudos científicos que comprovam as características do perfil motor no futsal, no que diz respeito ao binômio velocidade/agilidade ainda são escassos. A aplicação de uma bateria de testes de velocidade/agilidade, poderia fornecer informações sobre o perfil motor dessa modalidade no que diz respeito a estas capacidades, e a reaplicação dessa mesma bateria possibilitaria a determinação do seu nível de confiabilidade. O objetivo deste estudo foi determinar a confiabilidade de uma bateria de testes que avalie as capacidades de velocidade/agilidade de forma mais específica. Participaram deste estudo, como voluntários, 13 atletas do sexo masculino, da modalidade futsal, na faixa etária de 15 e 16 anos (média 15,46 ± 0,51 anos), com massa corporal média de 64,2 ± 6,80 kg, altura média de 169,46 ± 6,80 cm e tempo médio de prática de futsal de 4,65 ± 2,52 anos. Foram *Laboratório de Biomecânica BIOLAB CENESP da EEFTO/UFMG. 1 Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Biomecânica do Centro de Excelência Esportiva CENESP, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, sendo parte da Dissertação de Mestrado em andamento realizada pelo primeiro autor. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2003 47

utilizados o teste Shuttle Run, da AAHPERD (1976), o teste de velocidade em linha reta na distância de 30 m (KOLLATH e QUADE, 1993) e o teste de velocidade com mudança de direção modificado de MENZEL (1995). Todos os testes foram avaliados através de um sistema de fotocélulas eletrônicas duplas, de forma que cada atleta fazia duas tentativas em cada teste e o melhor resultado era considerado para análise. O tempo total médio, gasto no teste de 30 metros, 1 a e 2 a medidas, obteve uma correlação significativa de 0,98. O tempo total médio gasto no teste Shuttle Run 1 a e 2 a medidas, obteve uma correlação significativa de 0,95. O tempo total médio obtido nos testes de velocidade com mudança de direção apresentou correlações significativas para a direita (0,80) e para a esquerda (0,98). Em todos os testes, as correlações foram fortes e significativas, com p = 0,00, o que indica que a bateria de testes é confiável. Para verificar se havia diferenças entre as duas medidas, utilizou-se o teste T Pareado. Foi observado que, para o teste de mudança de direção para direita, houve diferença significativa entre as medidas, com p = 0,03. As causas destas diferenças merecem ser investigadas. De acordo com este estudo, foi possível aplicar uma bateria de testes para as capacidades de velocidade/ agilidade confiável, na modalidade futsal. Palavras chaves: confiabilidade, velocidade e agilidade, testes, futsal Introdução As modalidades esportivas coletivas podem ser caracterizadas pela exigência na realização de ações sucessivas em velocidade. De acordo com GONZALES e RIUS (2002), a necessidade de realizar movimentos velozes no futsal tem sido determinada por dois aspectos: o espaço (dimensão de 20 x 40 m) e o tempo (condiciona as ações em função do placar ou da meta durante os vários momentos da partida). Além disso, no futsal, as exigências da capacidade de velocidade estão relacionadas com os pequenos deslocamentos, envolvendo arrancadas, acelerações e desacelerações, movimentos cíclicos e acíclicos, com mudanças de direção e de ritmo. Por todas essas exigências, pode ser identificada no futsal a velocidade associada à agilidade, formando o binômio velocidade/agilidade. Estudos científicos que comprovem as características do perfil motor no futsal, no que diz respeito ao binômio velocidade/agilidade, 48 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2002

ainda são raros. A aplicação de uma bateria de testes de velocidade/ agilidade poderia fornecer informações sobre o perfil motor dessa modalidade no tocante a essas capacidades, e a reaplicação dessa mesma bateria possibilitaria a determinação do seu nível de confiabilidade. O objetivo deste estudo foi determinar a confiabilidade de uma bateria de testes que avalie as capacidades de velocidade/ agilidade em atletas de futsal. Material e métodos Amostra Participaram deste estudo, como voluntários, 13 atletas do sexo masculino, da modalidade futsal, na faixa etária de 15 e 16 anos (15,46 ± 0,51 anos), com massa corporal média de 64,2 ± 6,80 kg, altura média de 169,46 ± 6,80 cm e tempo médio de prática de futsal de 4,65 ± 2,52 anos. Métodos Um dos testes utilizados foi o de velocidade de 30 metros em linha reta (KOLLATH e QUADE, 1994); o segundo foi o teste Shuttle Run, da AAHPERD (1976); e o terceiro foi o teste de velocidade de 6 metros com mudança de direção (modificado de MENZEL, 1995), o qual consiste em uma arrancada com uma mudança de direção de 90 graus, na distância de 3 metros, tanto para a direita quanto para a esquerda. Todos os testes foram mensurados através de um sistema de fotocélulas eletrônicas duplas. Estas podem ser ajustadas na distância que for necessária para a execução de testes dessa natureza. Para cada teste, foi realizada uma rotina que incluía alongamento no tempo de cinco minutos de forma individualizada; entre uma tentativa e outra, havia um tempo de repouso não inferior a 10 minutos. O local utilizado foi uma quadra de cimento liso, aberta, outdoor. As distâncias eram mensuradas com uma fita métrica, assim como a montagem dos testes, seguindo a mesma padronização. Todos os testes foram realizados com duas tentativas, e o melhor resultado foi escolhido para análise. Foi feito o procedimento de teste e reteste, com um período de intervalo de duas semanas entre as medidas. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2003 49

Para verificar a confiabilidade das medidas realizadas nos testes da bateria foi utilizada a correlação intraclasse (MENEZES, 1998). Outro critério para análise da confiabilidade foi comparar as médias no teste e reteste através de um teste t pareado. Foram verificadas as possíveis correlações entre os testes. O nível de significância adotado no estudo foi de p 0,05. A bateria de testes se constituía de: Teste de velocidade em linha reta de 30 metros Conforme KOLLATH e QUADE (1994), este teste é indicado para se avaliar a capacidade de aceleração de atletas. As fotocélulas eram posicionadas no início (0 m), na distância de 7,5 m e no final de 30 m. O início do teste era determinado pelo avaliado. Teste de agilidade Shuttle Run adaptado Este é um dos protocolos mais conhecidos internacionalmente como teste de aptidão física (AAHPERD, 1976). No teste foi medido o tempo gasto para percorrer a distância de 9,14 m, conduzindo um pequeno objeto (bastão de madeira ou plástico de 30 cm). As fotocélulas eletrônicas foram colocadas a 0,82 m das linhas de início e final do Shuttle Run, dentro da distância do percurso do teste. Elas eram acionadas durante as voltas e mediam o tempo gasto para percorrer 7,5 m e o tempo para realizar uma mudança de direção num espaço de 1,64 metro (de forma que elas ficavam dentro do percurso do teste). O início era determinado pelo atleta. Os atletas foram orientados a ultrapassar sempre as linhas onde estavam ou deveriam ser deixados os objetos. Teste de velocidade com mudança de direção O teste consiste numa arrancada com mudança de direção de 90 para a direita e outra para a esquerda, após ter percorrido a distância de 3 metros. O objetivo é verificar a capacidade do atleta em arrancar iniciando uma aceleração e reduzir esta aceleração para realizar uma mudança de direção, numa curta distância, com agilidade. Foi mensurado o tempo gasto para a execução do deslocamento. As fotocélulas foram posicionadas no início (0 m), na posição de 3 metros 50 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2002

(onde ocorria a mudança de direção) e no final. O início do teste foi determinado pelo atleta. Resultados e discussão A Tabela 1 apresenta as variáveis analisadas e suas respectivas siglas; na Tabela 2 é mostrado o resultado da correlação intraclasse, da bateria de teste e reteste de velocidade; e na Tabela 3 encontra-se o resultado do teste pareado, utilizado na comparação dos resultados. Tabela 1 - Definições das variáveis analisadas Variável Definições Medida Observações Sete 30 e Representam a mensuração dos segundos Teste de velocidade de 30 m. Sete30 2 primeiros 7,5 m, do teste de 30 m. (O n. 2 significa reteste). Total30 e Representam o tempo total obtido no segundos Teste de velocidade em linha Total30 2 teste de velocidade de 30 m. reta de 30 m. Mddtotal e Teste de velocidade com mudança de segundos Teste de velocidade com Mddtotal 2 direção para a direita (6 m). mudança de direção. Mdetotal e Teste de velocidade com mudança de segundos Teste de velocidade com Mdetotal 2 direção para a esquerda (6 m). mudança de direção. Shutotal e Teste de agilidade Shuttle Run segundos Teste de agilidade Shuttle Shutotal 2 adaptado. Run. Houve correlação significativa entre os testes de mudança de direção para a direita e para a esquerda, com p = 0,01 e r= 0,80. Houve correlação entre o teste Shutotal e o Mdetotal, com p = 0,03 e r=0,60. Tabela 2 - Correlação intraclasse entre os dados do teste e reteste Testes 1 Medida 2 Medida N Correlação Intraclasse Significância (p). Sete30 Sete 30 2 13 0,86 0,00 Total 30 Total 30 2 13 0,98 0,00 Mddtotal Mddtotal 2 13 0,80 0,00 Mdetotal Mdetotal 2 13 0,98 0,00 Shuttletotal Shuttletotal 2 13 0,95 0,00 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2003 51

Tabela 3- Teste de T Pareado para os valores médios registrados no teste e reteste Variáveis N Médias (s) dp (s) p. 1 Medida 2 Medida Sete30 Sete 30 2 13 1,40-1,41 0.06-0.06 0,294 Total 30 Total 30 2 13 4,35-4,37 0.19-0.19 0,097 Mddtotal Mddtotal 2 13 1,64-1,77 0.14-0.17.003 Mdetotal Mdetotal 2 13 1,64-1,63 0.09-0.10.345 Shuttletotal Shuttletotal 2 13 9,11-9,14 0.39-0.29.530 (dp = desvio-padrão e p = nível de significância p = 0,05) Conforme demonstra a Tabela 1, a bateria de testes de velocidade foi composta de quatro testes, que incluíam velocidade em linha reta e com mudanças de direção (agilidade). De acordo com a Tabela 2, em todos os testes analisados as correlações obtidas ficaram contidas no intervalo compreendido entre 0,80 (foi a menor correlação obtida no teste de velocidade com mudança de direção para a direita) e 0,98. Estas foram fortes e significativas, com o nível de significância p = 0,01. Estes dados indicam que a bateria de testes é confiável quanto à reprodutibilidade das suas medições. Na Tabela 3 está representado o resultado do teste pareado dos valores médios registrados. Com exceção do teste de velocidade com mudança de direção para a direita, em todos os resultados do teste e reteste não houve diferença significativa. A diferença significativa entre os testes de mudança de direção para a direita (mddtotal e mddtotal 2) pode ser explicada pela irregularidade apresentada pela amostra (alta variabilidade no padrão coordenativo ou mesmo fatores relacionados à motivação) entre o teste e o reteste. Observou-se que o mesmo teste para o lado esquerdo não apresentou diferenças entre o teste e reteste. Houve correlação entre o teste de mudança de direção para esquerda com o teste Shuttle Run, com p = 0,01 e coeficiente de correlação r = 0,60. Houve correlação entre o resultado do teste de velocidade de 30 m e o teste de Shuttle Run, com p = 0,01 e r = 0,80. 52 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2002

Conlcusões Velocidade/agilidade são capacidades físicas importantes no futsal; por isso, elas devem ser avaliadas com uma bateria de testes que possam fornecer com maior fidedignidade a diagnose das características do perfil motor. Pelos procedimentos estatísticos utilizados de correlação intraclasse e teste T pareado, foram obtidas correlações substanciais e significativas, o que possibilitou determinar a confiabilidade na aplicação de uma bateria de testes para avaliar as capacidades de velocidade/agilidade em atletas da modalidade futsal. Esta bateria foi utilizada posteriormente em atletas das modalidades handebol, voleibol e basquetebol, com o objetivo de comparar as relações entre desempenho e especificidade de modalidade coletiva de quadra e os testes de velocidade e agilidade. ABSTRACT DETERMINATION OF RELIABLIITY OF THE DIFFERENTS TESTS THE VELOCITY AND AGILITY IN THE SOCCER INDOOR The characteristic of the different sports team is the high exigency in the realization of successive actions with velocity. The soccer indoor as sport team possess the big exigency of the capacity of the velocity, but that the profile solicitation don t is a due to particularize. Moreover, in the soccer indoor the relashionship of the smalls movies, that involvies pull or tear away violent, accelerates cyclical movies or with or don t changes the direction and rithm. For all exigencies, we can characterize in soccer indoor, the capacitiy of velocity associated of agility, to shapping of the double velocity/agility. In respect to the velocity/agility, scientific researchs that comprovate the characteristics motor profile in soccer indoor are insuficient. The aplication of the serie of tests of the velocity/ agility can will be for the side, to provide information about motor profile of this sport in the relasihonship of the capacities and the repetition of the tests, can wil be determinate the reliability. The objective of this study was determinate the reliability of one serie of tests that avaluate the capacities of the velocity/agility on the more specific form. Participated for this study with volunteers, 13 atletes, of sex male, the soccer indoor atletes, in the age 15 and 16 (15.46 ± 0.51 years old), body weight 64.2 ± 6.80 kg, height 169.46 ± 6.80 and medium practice time of soccer R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2003 53

indor of the 4.65 ± 2.52 years. The tests utilized were the Shuttle Run, from the AAHPERD (1976); velocity test of 30 m, from KOLLLATH and QUADE (1993); and the test of velocity with changes of direction, modificated of MENZEL (1995). All tests were avaliated behind the double eletronic photo cells system and each atlete went two attempts and the best results was annotated for the analysis. The medium total time acquired in the test of velocity of the 30 m, on the first and second measurements, obtained the significative correlation of 0.98. The medium total time acquired in the test of agility Shuttle Run, on the first and second measurements, obtained the significative correlation of 0.95. The medium total time acquired in the test of velocity with change of direction, on first and second measurements, obtained the significatives correlations of 0.80 for the right direction and 0.98 for the left direction. In all tests, the correlations were substantial and significative, with p = 0.00, which indicated that the serie tests were reliable. To verify the differences between the measurements, the T paired test. It was observed that, for the velocity with change of direction for the right test had significatives differences behind fot the measurements, with p = 0.03. The reasons of the differences deserve if investigateds. According to this study, it is possible to aplicate on the serie reliability tests for the capacities the velocity/agility, in the indoor soccer sport. Key words: reliability, speed and agility, testing, indoor soccer. Referências Bibliográficas AMERICAN ALLIANCE FOR HEALTH PHYSICAL EDUCATION RECREATION (AAHPERD). Youth fitness test manual. Washington: 1976, 96 p. GONZÁLEZ, M. P.; RIUS, J. B. La velocidad en el fútbol sala. Buenos Aires. Revista Digital Efedeportes, año 8, n. 47, 2002. KOLLATH, E.; QUADE, K. Measurement of spriting speed of professional and amauter soccer players. In: REILY, T.; CLAYRS, J.; STIBE, A. Second World Congress of Science and Football. London: Ed. E & SPON, 1994. p. 31-39. 54 R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2002

MENEZES, P.R. Validade e confiabilidade das escalas de avaliação em psiquiatria.. Revista Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 25, n. 5,. p. 214-216, 1998. Edição Especial. MENZEL, H. J. Desenvolvimento e avaliação de um teste da velocidade e agilidade no futebol. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMECÂNICA, Brasília, 1995. Anais...: [s.n.], 1995. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 11, n. 1, p. 47-55, 2003 55