PROCESSO ADMINISTRATIVO (PA) N. 3 Relator: Juiz Sérgio Torres Paladino Interessada: Coordenadoría de Pagamento



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Transcrição:

Relator: Juiz Sérgio Torres Paladino Interessada: Coordenadoría de Pagamento ACÓRDÃO N. 25249 - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO - PROPOSIÇÃO - VANTAGEM PECUNIÁRIA INDIVIDUAL - LEI N. 10.698/2003 - INCLUSÃO NAS BASES DE CÁLCULO DA GRATIFICAÇÃO NATALINA E DO ADICIONAL DE FÉRIAS - ACOLHIMENTO. Conforme decisões administrativas dos Tribunais Superiores, constitui direito do servidor o cômputo da vantagem pecuniária individual (VPI) - instituída pela Lei n. 10.698 de 2003 - na base de cálculo utilizada para opagamento da gratificação natalina e do adicional de férias. A C O R D A M os Juizes do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina, à unanimidade, em determinar a inclusão da vantagem pecuniária individual - VPI nas bases de cálculo da gratificação natalina e do adicional de férias dos servidores deste-tribunal, com o pagamento dos efeitos financeiros retroativos à data. prevista., noí art. 4 o da Lei n. 10.698, de 2003, respeitadas a prescrição qüinqüenal e a disponibilidade orçamentária, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante^ã^decisão. Sala de Sessões acstribunal Regional Eleitoral. Florianópolis, 17 de agosto de 2010.

RELATÓRIO Com fundamento em decisões administrativas do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior Eleitoral, nas quais foi autorizada a inclusão da vantagem pecuniária individual (VPI), instituída pela Lei n. 10.698/2003, na base de cálculo para pagamento da gratificação natalina e do adicional de férias aos seus servidores, a Coordenadoria de Pagamento encaminhou expediente à Secretaria de Gestão de Pessoas manifestando-se pela adoção de idêntico entendimento no âmbito deste Tribunal, bem como consultando sobre a extensão dp benefício para fins de cálculo do serviço extraordinário (fls. 2/5). Diante da previsão expressa contida no parágrafo único do art. 1 o da Lei n. 10.698/2003, impedindo que a VPI seja utilizada na base de cálculo de qualquer outra vantagem, a Assessoria de Recursos Humanos da Direção-Geral, concluiu em seu parecer ser temerário encampar a sugestão apresentada, sobretudo porque os pronunciamentos das Cortes Superiores, produzidos na esfera administrativa, alcançam apenas os seus servidores, não possuindo o efeito normativo de eficácia erga omnes (fls. 21/26). De igual modo, a Coordenadoria de Controle Interno (COCIN), por conta do princípio da legalidade, entendeu não ser possível à Administração deste Tribunal adotar referido posicionamento (fls. 28/29). Aderindo às conclusões das unidades técnicas, o Diretor-Geral opinou pela impossibilidade de se afastar da previsão legal que impede a inclusão da VPI na base de'cálculo,das vantagens acima enumeradas, propondo ao Presidente, "em face da repercussão do tema e dos benefícios advindos da padronização procedimental na esfera desta Justiça Especializada", levar a matéria ao conhecimento e à apreciação do Pleno (fls. 31/32). Em consonância com os pareceres técnicos emitidos, os quais adotou como razão de decidir, o Presidente concluiu que nãò há permissivo legal para adoção, da inclusão remuneratória em discussão, determinando, porém, que a matéria fosse levada à consideração do Pleno (fls. 33/34). Após ser distribuído, o feito foi encaminhado à Procuradoria Regional Eleitoral que se manifestou pela possibilidade de inclusão da VPI na base de cálculo da gratificação natalina e do adicional de férias, deixando de estender essa possibilidade para as verbas provenientes do serviço extraordinário por não ter sido alvo de detido e meticuloso exame por qua quer das Cortes Superiores (fls. 38/41). VOTO O SENHOR SÉRGIO TORRES PALADINO (Relator): ' 1. Sr. Presidente, o presente feito se origina de consulta formulada pela Coordenadoria de Pagamento desta Casa sobre a possibilidade jurídica de inclusão da vantagem pecuniária individual (VPI) na base de cálculo utilizada para o 2

C^^^iií^í^ 3^' Scm/iz ^afcwítfta- PROCESSO ADMINISTRATIVO (PA) N. 3 pagamento da gratificação natalina e do adicional de férias aos servidores no âmbito deste Tribunal - a exemplo de decisões administrativas dos Tribunais Superiores -, bem como da extensão do cômputo na determinação dos valores a serem pagos em razão de serviço extraordinário. 2. De início, convém menção à norma que instituiu referida vantagem: Lei n. 10.698, de 2.7.2003 "Art. 1 o. Fica instituída, a partir de 1 o de maio de 2003, vantagem pecuniária individual,devida aos servidores públicos federais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário da União, das autarquias e fundações públicas federais, ocupantes de cargos eletivos ou empregos públicos, no valor de R$ 59,87 (cinqüenta e nove reais e oitenta e sete centavos). Parágrafo único. A vantagem de que trata o caput será paga cumulativamente com as demais vantagens que compõem a estrutura remuneratória do servidor e não servirá de base de cálculo para qualquer outra vantagem." Art. 2 Sobre a vantagem de que trata o 1 incidirão revisões gerais e anuais de remuneração dos servidores públicos federais Art. 3 o " Aplicam-se às disposições desta Lei às aposentadorias e pensões. Art. 4 o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, com efeitos financeiros a partir de 1 de maio de 2003." Da leitura dos dispositivos, notadamenté dp parágrafo único do primeiro artigo, evidencia-se aparente óbice à inclusão da VPI para cálculo de outros acréscimos pecuniários a que o"servidorfaz jus. Por isso mesmo, considerando a necessidade de adstrição ao princípio da legalidade - exigida sobretudo dos ordenadores de despesa no âmbito da Administração Pública -; mostra-se perfeitamente compreensível e razoável a posição do Presidente de negar a aplicação do entendimento firmado nas esferas dos Tribunais Superiores a respeito da matéria. Todavia, sem qualquer demérito à prudência administrativa, mais do que prestigiar a literalidade dos dispositivos legais que norteiam a gestão da res publica, deve o administrador público atentar para os fins visados. No expressivo dizer do Ministro Marco Aurélio, "toda e qualquer interpretação consubstancia ato de vontade, devendo o intérprete considerar o objetivo da norma. Vescabe a fixação de alcance de modo a prejudicar aquele que a norma almeja proteger" (STF, AgRgAI n 218.668). Já alertava o Ministro José Delgado que "na hermenêutica jurídica, o aplicador do direito deve se ater ao seu aspecto finalístico para saber o verdadeiro sentido e alcance da norma" (STF, REsp n. 330.677). Fixada essa premissa, adentra-se no exame de mérito da questão jurídica posta nos autos. 3

' 3. O regime jurídico dos servidores públicos civis da União estabeleceu que "remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas emlei"(le\ n. 8.112 de 1990, art. 41, caput). Vale dizer: o conceito de remuneração, no âmbito da Administração Pública, abrange não somente o vencimento do cargo efetivo, mas também as "vantagens pecuniárias permanentes" que, por lei, são concedidas aos servidores públicos em geral. - Prova disso, é a inclusão dessa espécie de acréscimo salarial na base de cálculo da contribuição social do servidor público e na fixação do seu teto remuneratório, consoante os dispositivo abaixo transcritos: Lei n. 10.887, de 18.6.2004 "Art. 4 A contribuição social do servidor público ativo de qualquer dos Poderes da União, incluídas suas autarquias e fundações, para a manutenção do respectivo regime próprio de previdência social, será de 11% (onze por cento), incidente sobre a totalidade da base de contribuição. 1- Entende-se como base de contribuição o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, os adicionais de caráter individual ou quaisquer outras vantagens, excluídas: I - as diárias para viagens; II -a ajuda de custo em razão de mudança de sede;, tll - a indenização de transporte; IV-o salário-familia; V-o auxílio-alimentação; VI-o auxílio-creçhe; Vil - as parcelas remuneratórias pagas em decorrência de local de trabalho; VIU - a parcela percebida em decorrência do exercício de cargo em comissão ou de função de confiança; e IX-o abono de permanência de que tratam o 19 do art. 40 da Constituição Federal, o 5 o do art. 2 e o 1 o do art. 3 o da Emenda Constitucional n 41, de 19 de dezembro de 2003". (sem o grifo no original) Lei n. 8.852. de 4.2.1994 "Art. 1 o Para os efeitos desta Lei, a retribuição pecuniária devida na administração pública direta, indireta e fundacional de qualquer dos Poderes da União compreende: [-.] ' /// - como remuneração, a soma dos vencimentos com os adicionais de caráter individual e demais vantagens, nestas compreendidas as relativas à natureza ou ao local de trabalho e a prevista no art. 62 da Lei n 8.112, de 1990, ou outra paga sob o mesmo fundamento, sendo excluídas: a) diárias; b) ajuda de custo em razão de mudança de sede ou indenização de transporte; c) auxílio-fardamento; 4

(^riâwnal ^te^ioma/ ^çéetàwaéd& Ó^amfa ^a/a^na- PROCESSO ADMINISTRATIVO (PA) N. 3 d) gratificação de compensação orgânica, a que se refere o art. 18 da Lei n 8.237, de 1991; e) salário-familia; ' f) gratificação ou adicionai natalino, ou décimo-terceiro salário; g)' abono pecuniário resultante da conversão de até 1/3 (um terço) das férias; h) adicional ou auxílio natalidade; i) adicional ou auxílio funeral; j) adicional de férias, até o limite de 1/3 (um terço) sobre a retribuição habitual; I) adicional pela prestação de serviço- extraordinário, para atender situações excepcionais e temporárias, obedecidos os limites de duração previstos em lei, contratos, regulamentos, convenções, acordos ou dissídios coletivos e desde que o valor pago não exceda em mais de 50% (cinqüenta por cento) o estipulado para a hora de trabalho na jornada normal; m) adicional noturno, enquanto o serviço permanecer sendo prestado em horário que fundamente sua concessão; n) adicional por tempo de serviço; o) conversão de licença-prêmio em pecúnia facultada para os empregados de empresa pública ou sociedade de economia mista por ato normativo,, estatutário ou regulamentar anterior a,1 de fevereiro de 1994; p) adicional de ínsalubrídade, de periculosidade ou pelo exercício de atividades penosas percebido durante o período em que o beneficiário estiver sujeito às condições ou aos riscos que deram causa à sua concessão; q) hora repouso e alimentação e adicional de sobreaviso, a que se referem, respectivamente, o inciso II do art. 3 o e o inciso II do art. 6 da Lei n 5.811, de 11 de outubro de 1972; r) (Vetado) r) outras parcelas cujo caráter indenizatório esteja definido em lei, ou seja reconhecido, no âmbito das empresas públicas e sociedades de economia mista, por, ato do Poder Executivo. (Parte mantida pelo Congresso Nacional)" (sem o grifo no original) Dentro desse contexto, não há como negar o caráter eminentemente remuneratório das "vantagens pecuniárias permanentes" instituídas por lei em favor do servidor público, entre as quais, a VPI. Reforçam essa conclusão, as regras da Lei n. 10.698/2003 estabelecendo que sobre a VPI "incidirão revisões gerais e anuais de remuneração dos servidores públicos federais" (art. 2 o ) e que a ela "aplicam-se as disposições desta Lei às aposentadorias e pensões" (art. 3 o ). Oportuno ressaltar, ainda, que a VPI foi utilizado pelo governo federal como instrumento de autêntica revisão geral da remuneração, no intuito de produzir melhoria financeira linear a todos os servidores, em detrimento de pontuais e segmentados reajustes. Assim, demonstrado que a VPI é parte integrante da remuneração do servidor público federal, não há como prevalecer, salvo melhor juízo, a posição da Presidência, tendo em vista as fórmulas legais de cálculo da gratificação natalina e do adicional de férias a que faz jus o servidor: 5

Lei n. 8.112, de 11,12.1990 Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 (um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por mês de exercício no respectivo ano. Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das férias, um adicional correspondente a 1/3 (um terço) da remuneração do período das férias. Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vantagem será considerada no cálculo do adipional de que trata este artigo. (sem os grifos no original) Como se vê, tanto a gratificação natalina como o adicional de férias trazem como base de cálculo a "remuneração" do servidor, assim entendida como sendo "o vencimento do cargo efetivo acrescido das vantagens permanentes previstas em lei", nos exatos termos do art. 41 da Lei n. 8.112/1990. Em resumo: a VPI compõe o quantum remuneratório do servidor público federal e, por essa razão, deve ser computada no cálculo da gratificação natalina e do adicional de férias, em consonância com o entendimento firmado pelo Tribunal Superior Eleitoral, verbis: i "Petição. Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário e do Ministério Público da União no Distrito Federal (SINDJUS-DF). Vantagem pecuniária individual. Lei n 10.698/2003. Inclusão. Cálculo. Gratificação natalina e adicional de férias. Deferimento. 1. Conforme recentemente decidido pelo Supremo Tribunal Federal (sessão administrativa de 21.2.2008), constitui direito do servidor o cômputo da vantagem pecuniária individual (VPI), instituída pela Lei n 0.698/2003, para pagamento da gratificação natalina e do adicionai de férias. 2. Em face desse pronunciamento e também daqueles oriundos do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior do Trabalho, é de se reconhecer o direito dos servidores do Tribunal Superior Eleitoral à percepção da referida vantagem, para fins de cálculo da gratificação natalina e do adicional de férias, a partir de 1.5.2003, data dos efeitos financeiros da referida lei (art. 4 ), observada, ainda, a disponibilidade orçamentária desta Corte Superior. ' Pedido deferido" (Res. TSE n. 22.732, de 11.3.2008, Rei. Min. Caputo Bastos). A propósito da aparente vedação manifesta no parágrafo único do art. 1 o da Lei n. 10.698/2003, oportuna a transcrição dos fundamentos da referida decisão administrativa: "Diferente é o caso das rubricas acima citadas, cuja base de cálculo é especificada no próprio texto legal que as criou. Em geral, elas constituem-se em direitos de todo trabalhador associados a fatos geradores específicos, condicionais, mutáveis, como férias, extensão da jornada diária de trabalho, 6

C^^^^iíí^^ía^' ^^^p^i^^ca^ ^^^^3<?í<a^*aí^ G^avtda, < ^<zda& wa PROCESSO ADMINISTRATIVO (PA) N. 3 mudança de local de trabalho, etc, não havendo como relacioná-las com a vedação constitucional (art. 37, inciso XIV) e outros textos legais. É nesse sentido a interpretação do parágrafo único, art. 1, da Lei n 10.698/2003 pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão do Poder Executivo, verbis: 'Em verdade, a Lei n 10.698/2003 determinou a vantagem pecuniária no valor de R$ 59,87 e seu artigo 1 o estabelece que a referida vantagem não servirá de base de cálculo para qualquer outro ganho. Esse artigo se refere a benefícios que nãò podem ter em seu cálculo o cômputo do valor da vantagem pecuniária. É o caso, por exemplo, de gratificações como a Gratificação de Atividade Executiva. A vantagem pecuniária é de R$ 59,87, no entanto, é considerada remuneração, de acordo com o conceito da Lei n. 8.112/90 (...) Assim, tanto a gratificação natalina como o adicional de férias são vantagens permanentes. Portanto, nesse caso a vantagem pecuniária será computada - no cálculo das 'duas.'" (Res. TSE n. 22.732, de 11.3.2008, excerto do voto do Min. Caputo Bastos) Por fim, e ainda mais relevante, há que se atentar para o fato de que há outras decisões administrativas do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Superior do Trabalho respaldando a conclusão acima exposta. No âmbito da Justiça Eleitoral, além da Corte Superior, o Tribunal Regional do Rio Grande do Sul já reconheceu o direito dos servidores, conforme se extrai da leitura da Resolução TRE/RS n. 172, de 2008. Logo, a resposta negativa à indagação implicaria em fomentar o tratamento desigual a servidores públicos que se encontram em idêntica situação jurídica, o que, salvo melhor juízo, não se coaduna com o princípio constitucional da igualdade. A questão foi muito bem trabalhada pelo Procurador Regional Eleitoral. Disse Sua Excelência: "O que não parece razoável, coerente ou adequado ao tratamento da espécie sob exame, é que se negue aos servidores dessa Justiça Eleitoral benefício já reconhecido como legitimo por Tribunais Superiores a outros servidores de carreiras equivalentes situados em idêntico patarnar funcional. Este rompimento' do princípio isonômico dará ensanchas aos servidores assim discriminados em perseguir a igualdade pelas vias judiciais, pois consabido que a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. E esses potenciais processos haverão de chegar às instâncias máximas, que, certamente, manterão o entendimento já firmado: é legítima a inclusão da VPI na base de cálculo para pagamento da gratificação natalidade do adicional de férias. Nesse norte, apesar de a concessão da VPI ter induvidoso caráter jurídícoadministrativo-, o conceito dos institutos remuneratórios debatidos tem morada na própria Constituição da República. 7

Cabendo ao Supremo a guarda da Carta Magna, os desencontros quanto a preceitos dela constantes devem ser por ele definidos; uma vez decidido pelo próprio STF - intérprete mor do texto constitucional - que gratificação natalina e adicional de férias não são vantagens acessórias e, portanto, admitida a incidência da VPI sobre eles, por óbvio que tal entendimento deve servir de bússola às demais instâncias judiciárias, não por força vinculativa, mas como reconhecimento da autoridade máxima das decisões daquela Suprema - Corte." 4. No que se refere à inclusão da VPI na base cálculo do serviço extraordinário, conquanto seja possível sustentar sua legalidade, a falta de amparo em precedentes administrativos dos Tribunais Superiores recomenda que se mantenha - ao menos por enquanto - a posição defendida pela Presidência no sentido de que "não há permissivo legal para a inclusão tratada nos autos". 5. Pelo exposto, vota-se pela inclusão da vantagem pecuniária individual (VPI) tão somente nas bases de cálculo da gratificação natalina e do adicional de férias dos servidores deste Tribunal Regional Eleitoral, com o pagamento dos efeitos financeiros retroativos à data prevista no art. 4 o da Lei n. 10.698, de 2003, respeitadas a prescrição qüinqüenal e a disponibilidade orçamentária. 8

Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina EXTRATO DE ATA PROCESSO ADMINISTRATIVO N 3 (9999343-32.2008.6.24.0000) - MATÉRIA ADMINISTRATIVA RELATOR: JUIZ SÉRGIO TORRES PALADINO INTERESSADO(S): COORDENADORIA DE PAGAMENTO PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ NEWTON TRÍSOTTO PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: CLÁUDIO DUTRA FONTELLA Decisão: Após a apresentação do voto de vista do Juiz Newton Trisotto, o Tribunal decidiu, à unanimidade, determinar a inclusão da vantagem pecuniária individual - VPI nas bases de cálculo da gratificação natalina e do adicional de férias dos servidores deste Tribunal, com o pagamento dos efeitos financeiros retroativos à data prevista no art. 4 o da Lei n. 10.698, de 2003, respeitadas a prescrição qüinqüenal e a disponibilidade orçamentária. Foi assinado o Acórdão n. 25249. Presentes os Juizes Newton Trisotto, Sérgio Torres Paladino, Eliana Paggiarin Marinho, Carlos Vicente da Rosa Góes, Oscar Juvêncio Borges Neto, Cláudia Lambert de Faria e Leopoldo Augusto Brüggemann. SESSÃO DE 17.08.2010.