DOENÇA DIARREICA AGUDA. Edição nº 9, fevereiro / 2014 Ano III. DOENÇA DIARRÉICA AGUDA CID 10: A00 a A09



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Transcrição:

NOME DO AGRAVO CID-10: DOENÇA DIARRÉICA AGUDA CID 10: A00 a A09 A doença diarreica aguda (DDA) é uma síndrome clínica de diversas etiologias (bactérias, vírus e parasitos) que se caracteriza por alterações do volume, consistência e frequência das fezes, mais comumente associada com a liquidez das fezes e o aumento no número de evacuações. Com frequência é acompanhada de vômito, febre e dor abdominal. Em alguns casos há presença de muco e sangue. A doença diarreica aguda é uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil no Brasil, especialmente nas crianças menores de 6 meses que não estão em aleitamento materno exclusivo. Se não for abordada adequadamente, pode causar desidratação e contribuir para a desnutrição. A morte de uma criança com diarreia aguda se deve geralmente à desidratação. Devido a magnitude da doença, a tentativa de manter uma vigilância que envolva a notificação de casos isolados e a investigação constante é considerada uma ação improdutiva. A estratégia mais viável é a medição contínua da ocorrência das diarreias através da MONITORIZAÇÃO DAS DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDAS - MDDA. No geral, é auto-limitada, com duração de 2 a 14 dias. As formas variam desde leves até graves, com desidratação e distúrbios eletrolíticos, principalmente quando associadas à desnutrição. REGISTRO O registro dos casos deve ser feita pelas unidades sentinelas que tiverem implantada a Monitorização das Doenças Diarreicas Agudas (MDDA). NOTIFICAÇÃO - SURTOS A notificação de surtos de DDA, incluindo rotavírus, norovírus e outros agentes é compulsória e imediata. Todo cidadão deve comunicar à autoridade sanitária a ocorrência de surto. A MDDA é um programa do Ministério da Saúde que visa o conhecimento das diarreias agudas e medidas cabíveis para evitar a morbidade e mortalidade por diarreia. Para o sucesso do programa, é preciso realizar além do tratamento adequado, o preenchimento oportuno dos impressos da MDDA, assim como a análise das informações consolidadas. Desse modo, a equipe local capacitada, conseguirá identificar mudanças no comportamento sazonal da doença em tempo de se adotar medidas de contenção, controle e prevenção de um surto. Em Minas Gerais, a Vigilância Epidemiológica das Doenças Diarreicas Agudas - VE-DDA foi implantada em 2001 com a capacitação de técnicos do nível central e das regionais. Contudo, foi somente a partir de 2003 que a SES passou a contar com um sistema de informação consolidado para a MDDA (Gráfico 1).

No inicio da implantação da MDDA no Estado, não se sabia quantas eram as unidades que atendiam casos sindrômicos de diarreia aguda, assim, o numero oficial destas unidades nos primeiros anos representou apenas a quantidade de unidades existentes nos municípios capacitados (998 unidades em 2001). Nos anos seguintes, com a descentralização do programa pelos Regionais, pôde-se conhecer melhor a quantidade de unidades que atendiam os casos e também o número daquelas que passaram a realizar o MDDA.

Em 2004, o Ministério da Saúde iniciou a implantação do sistema de informação das doenças diarreicas agudas - SIVEP DDA no Brasil, desenvolvido em plataforma WEB / internet com base de dados centralizada em servidor do DATASUS. Naquela ocasião, com ajustes nos formulários de rotina, as unidades sentinelas puderam também ser monitorizadas semanalmente pela forma que trabalhavam o MDDA; se estavam notificando semanalmente (positiva e negativa) ou se estavam silenciosas. Em Minas Gerais, entre os anos de 2003 e 2012, os dados do MDDA eram consolidados em planilhas eletrônicas e o SIVEP DDA só foi implantado em maio de 2012, inicialmente com digitação centralizada nas 29 unidades regionais de sáude URS do Estado. A demora na implantação do sistema aconteceu devido à diferença existente entre os instrumentos de monitorização que são utilizados pelo Estado (mais detalhados), e os que o Ministério da Saúde utiliza. Como o SIVEP DDA não poderia ser ajustado aos detalhes dos formulários estaduais do MDDA, mas levando em consideração que as informações trabalhadas nos formulários poderiam facilmente alimentar o sistema WEB sem prejuízo à rotina das unidades sentinelas, o sistema de informação nacional pôde ser implantado. Figura 1 Mapa de descentralização do Sistema de Informação das Doenças Diarreicas Agucas SIVEP DDA, segundo a regional de saúde, Minas Gerais, nov/2013.

Em 2013 as regionais iniciaram a descentralização do sistema SIVEP DDA a todos os municípios que já realizam regularmente a monitorização sentinela da doença. Até o final do mês de novembro de 2013, 74% dos municipios mineiros (633/853) já alimentavam o sistema de modo autônomo e o restante dos municipios (220/853) tinham seus dados digitados pela regional de saúde a que estavam subordinados. Das 29 URSs de Minas Gerais, 48% (14/29) descentralizaram o sistema a todos seus municipios, 38% das regionais (11/29) descentralizaram parcialmente o sistema e 14% (04/29) centralizavam a digitação das informações. Com a capacitação das unidades sentinelas de MDDA e a informatização do processo de trabalho, Estado, regionais e municípios passaram a contar com uma monitorização mais dinâmica e efetiva, identificando as mudaças de comportamento da doença nas regioes sanitárias. O sistema também tem contribuído para a integração das informações entre outros sistemas de informação como o SINAN (módulo de surtos), identificação de eventos associados a doenças alimentares e água. Tabela 1 Série histórica de surtos identificados, investigados e com coleta de amostra ANOS segundo ano, Minas Gerais, 2003-2013 Detectados na MDDA SURTOS Investigados Com coleta e amostra N % N % 2003 17 13 76,47 0 0,00 2004 108 76 70,37 0 0,00 2005 219 126 57,53 0 0,00 2006 1067 371 34,77 198 53,37 2007 469 393 83,80 108 27,48 2008 613 530 86,46 76 14,34 2009 449 252 56,12 74 29,37 2010 576 455 78,99 46 10,11 2011 491 324 65,99 84 25,93 2012 478 367 76,78 145 39,51 2013 261 225 86,21 135 60,00

Recentemente, O MDDA passou a ter maior destaque nas ações municipais em virtude da sua inclusão no Projeto de Fortalecimento da Vigilância em Saúde PFVS (2012). Em 2012 a 2ª fase do PFVS enfocou as ações para uma adequada investigação dos surtos de doenças de trasnmisão hídrica e alimentar DTHA, sendo que o acompanhamento regular das informações dos sistema foram destacadas como uma das estratégias para alcance da meta pactuada. Com a descentralização do SIVEP DDA, a identificação de epidemias pela MDDA, o sistema de informação de agravos de notificação SINAN, no módulo de notificação de surtos, teve um significativo acrescimo dos registros diante da retroalimentação destes eventos As ações tratadas pelo PFVS tem como objetivo a qualificação da atividade de vigilância em nível local, que deverá seguir os passos para realização de uma investigação de surto. Resta agora o desafio de se conseguir realizar as ações de investigação, coleta e encerramento em tempo oportuno de todo evento conhecido, contribuindo para a adoção de medidas de controle eficientes. Até o mes de novembro de 2013, a proporção de surtos investigados pela MDDA e com coleta de amostra aumentou percentualmente se comparado aos registros dos ultimos anos. Todo surto identificado pela MDDA precisa ser notificado também no SINAN. O CID para notificação de surto ou epidemia da doença no SINAN é o A08 SÍNDROME DIARREICA AGUDA. A ocorrência de surtos ou epidemias é fato compulsório e precisa ser comunicada imediatamente a autoridade sanitária local.

PLANO DE TRATAMENTO A proporção de planos de tratamento da diarreia realizados pela unidade sentinela e/ou consolidada pelo conjunto de unidades de um município, são parâmetros na identificação da qualidade prestada pela atenção básica local. O aumento de planos C está associado ao agravamento dos casos de DDA (agente etiológico virulento), condições sanitárias precárias ou mesmo às falhas com o tratamento da diarreia. Figura2 - Série Histórica de planos de tratamento da MDDA, Minas Gerais, 2001-2013 1 É importante destacar que, para que uma unidade seja realmente sentinela para MDDA esta precisará realizar atendimento uniforme (todas as faixas de idade e planos de tratamento, classes sociais) ou o município precisar ter esta condição no conjunto de suas unidades sentinelas. Se esta condição não for atendida, o monitoramento poderá ser ineficaz, uma vez que não conseguirá revelar mudanças de comportamento da doença (gravidade, concentração etária ou geográfica, e outros). Um eficiente monitoramento local da doença dependerá destes ajustes para que o resultado do trabalho não se baseie em viés de informação. UNIDADE SENTINELA PARA MONITORIZAÇÃO DA DOENÇA DIARRÉICA AGUDA Atendimento universal no município por unidade ou conjunto de unidades ELABORAÇÃO: Eduardo Dolabella Cesar Gilmar José Coelho da Silva