IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 316

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Transcrição:

Página 316 ALGODÃO ORGÂNICO: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E PROMOÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NO MUNICÍPIO DE REMÍGIO PB Luciana Gomes da Silva 1, Perla Joana Souza Gondim 2, Márcia Maria de Souza Gondim 2, Rosemare dos Santos Silva 2, Flávio Ricardo da Silva Cruz 2 ; Vanderleia dos Santos 3 1 UEPB-UFCG, lug_s@hotmail.com; 2 CCA/UFPB, pgondim@yahoo.com.br; msouzagondim@yahoo.com.br; flricardocruz@hotmail.com; 3 CCHSA/UFPB, vandeca23@hotmail.com RESUMO Este trabalho busca dar visibilidade ao assentamento Queimadas, na cidade de Remígio, Paraíba, cujas iniciativas agrícolas vêm ganhando destaque graças às suas características de desenvolvimento econômico pautado na agricultura familiar que produz algodão orgânico destinado à comercialização. Considerando aspectos que atestam que o desenvolvimento econômico na Paraíba tem sua base em práticas agrícolas diversificadas, e que a dinâmica agrária se faz pela evolução de estruturas que passam do nível micro para o macro, conformados em arranjos produtivos locais, faz-se necessária uma análise sobre a importância da produtividade do algodão para a região, os incentivos (ou falta deles) por parte do governo, que tipo de apoio técnico é oferecido e a quem se destina a produção. Toda essa abordagem deve levar em consideração os anseios e valorização de práticas econômicas que primem pela promoção da sustentabilidade que, por sua vez, não deve ser encarada apenas como uma forma eficiente de gerenciamento dos recursos naturais, mas, também, uma nova forma de relação homem-natureza, privilegiando visões alternativas de mundo. PALAVRAS-CHAVE desenvolvimento econômico, agricultura familiar, sustentabilidade. INTRODUÇÃO Grande parte das elaborações textuais que levam em consideração o desenvolvimento econômico na atualidade faz referência às mudanças ambientais globais, associando-as às ações que o homem exerce sobre a natureza. Tal prerrogativa se deve à constante e inevitável interação entre os sistemas humanos e ambientais. Surge, pois, uma preocupação mais significativa em se promover um desenvolvimento que abarque questões que conjuguem as necessidades humanas e o respeito ao meio ambiente. Algumas ações buscam dar um novo direcionamento à forma de gerenciamento do meio ambiente, atestando a possibilidade de se realizar práticas econômicas associadas ao uso consciente dos recursos naturais. Sugere-se no presente momento, uma apresentação sobre as iniciativas

Página 317 fomentadas na zona rural de Remígio, no assentamento Queimadas, que tem sua base econômica em práticas agrícolas de âmbito familiar, pautada na produção do algodão orgânico. Vários aspectos podem ser levantados quando se trata da importância de tal atividade para a região, desde a geração de empregos, até a forma de utilização dos recursos naturais para obtenção do produto que, por possuir apoio de ONGs e órgãos governamentais, tem sua comercialização assegurada. Sendo o algodão um produto primário de grande importância para o desenvolvimento de mercadorias várias a serem comercializadas, tornou-se uma das culturas de maior importância entre as fibras, sendo seu cultivo realizado durante o período de estiagem, o que possibilita que durante o período de chuvas o mesmo solo seja utilizado para o plantio de culturas de subsistência. Tal característica torna viável a produção do algodão enquanto atividade capaz de oferecer suporte financeiro, já que sua produção geralmente é vendida para grupos fabris, sem que tal plantio extinga as iniciativas agrícolas de pequeno porte para a manutenção dos grupos familiares da região em questão. METODOLOGIA Na busca de trabalhar de forma plausível o tema proposto, foram utilizados diferentes modelos metodológicos, partindo inicialmente de análises teóricas que apresentam análises sobre questões voltadas para a sustentabilidade e para o processo de produção do algodão, buscando dar legitimidade indispensável às argumentações formuladas. Como forma indispensável de obtenção de informações específicas sobre o objeto de estudo, foram feitas visitas de campo, momento privilegiado de contato com os agentes envolvidos no processo de produção, o qual resultou na coleta de dados, como forma de produção, substratos utilizados, adubos, fertilizantes, apoio técnico, grupos familiares envolvidos, entre outros aspectos relevantes. A partir da visitação ao campo de estudo, foi possível a compilação e registro de imagens, o que possibilitou conclusões para a elaboração textual do trabalho vigente. Tal etapa foi complementada com as entrevistas realizadas com alguns agentes envolvidos no processo, tais como representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, representantes da ONG Arribaçã, e agricultores envolvidos diretamente no processo de produção e negociação do algodão. Para o processo descritivo ora apresentado foram realizadas também coletas de dados em fontes diversas que estudam casos que se aproximam do que está sendo proposto nesta abordagem, tais como revistas especializadas e pesquisa em sites da internet.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Página 318 O discurso em torno da sustentabilidade sofre sérias e coerentes críticas, posto que, num momento em que se visualiza uma forte crise nos vários aspectos que permeiam a vida humana, marcada por momentos de incertezas, a forma de condução na busca de uma nova realidade apresenta-se obscura, ora por falta de iniciativas políticas, ora por falta de conhecimento de como processar e promover um desenvolvimento que seja de fato sustentável. CAMARGO (2003; 119) afirma em seus estudos acerca de questões envolvendo a sustentabilidade que: O desenvolvimento sustentável traz implícitas em si questões profundas e polêmicas para toda a sociedade humana para muitas das quais ainda não temos respostas. Conceitos como necessidades humanas, qualidade de vida, qualidade ambiental, e palavras como cooperação, coletividade, globalização, entre outras tantas, vêem suas próprias dimensões confrontadas com a complexidade das dimensões e dos desafios inerentes ao desenvolvimento sustentável. Mesmo que o conceito de sustentabilidade não seja consensual, fato é que o desenvolvimento verdadeiro não depende unicamente das ações isoladas de um dado grupo, mas de um compromisso geral dos grupos diversos que formam as várias nações, tendo base consistente em análises teóricas e aplicabilidade metodológica capaz de dar suporte às propostas que têm por intuito fazer a diferença na busca de soluções válidas, de fato. Trazendo a abordagem sobre desenvolvimento sustentável para uma esfera local, a análise recai sobre as iniciativas agrícolas fomentadas no assentamento Queimadas que, de acordo com SANTOS (2010), teve seu processo de formação em 1998, a partir de ocupações territoriais realizadas por um grupo de sem terras que recebeu o apoio do sindicato dos trabalhadores rurais de Remígio, cidade onde se localiza o atual assentamento. Segundo SANTOS, para o êxito do empreendimento comercial agrícola foi imprescindível o apoio técnico e de pesquisa oferecidos pela ONG Arribaçã e a Embrapa, que auxiliaram no projeto para a implementação do plantio do algodão orgânico, tanto colorido como branco que, por utilizar de ações que viabilizavam o combate às pragas a partir dos elementos que a natureza oferecia, e o uso de substratos orgânicos, se tornou uma referência em âmbito nacional. PASSOS (2009) afirma que a produção algodoeira agroecológica de Queimadas teve início em 2006 a partir da organização de 18 famílias, sendo este número ampliado para 50 famílias em 2007. O algodão passa pelo processo de comercialização interno, ou seja, na Paraíba pela Coopnatural, cuja

Página 319 sede se encontra em Campina Grande. O fato da proximidade de órgãos de apoio comercial como a Coopnatural possibilita uma maior comodidade e apoio aos agricultores envolvidos em tal atividade. De acordo com o mesmo autor, a negociação do algodão é feita antecipadamente com a empresa paulista YD Confecções que paga 25% acima do valor de mercado por atestar a forma natural da produção agrícola em questão, posto que não é feito uso de fertilizantes e venenos químicos, as queimadas não são uma prática comum de limpeza do solo, dentre outras ações que fez atestam a produção agroecológica praticada na região. O que chama a atenção em tal assentamento são os vários aspectos que atestam o respeito à natureza e a forma de combate às pragas próprias do algodão que assolam as plantações desse gênero no Nordeste do Brasil. De acordo com PASSOS (2009), o espaçamento do algodão plantado obedece uma medição de 1,10 X 0, 40, o que inibe a ação, reprodução e sobrevivência de uma das principais pragas do algodão: o bicudo. Um dos aspectos de grande relevância quando se analisa as iniciativas agrícolas baseadas na produção algodoeira de Queimadas é sua geração de empregos para o plantio, colheita, transporte e negociação, tornando-se uma iniciativa de grande valia para a população rural por possibilitar sua permanência na região, já que são oferecidos trabalho e renda. Além disso, de acordo com observações de campo e conversa com os produtores do assentamento Queimadas, foi possível se constatar as várias estratégias de produção que se poderia definir como eficazes. É o caso da época de produção. Como o algodão é uma cultura que tem como apto período para plantio e colheita os meses de estiagem, durante os meses chuvosos o agricultor utiliza o solo para realizar outros tipos de plantação capazes de suprir suas necessidades. As sementes utilizadas para o plantio do algodão são obtidas sem técnicas transgênicas, o que facilita a comercialização do produto, que tem venda garantida para a empresa paulista YD Confecções, que se interessa principalmente em comprar o algodão branco, sendo o algodão colorido negociado dentro da Paraíba pela associação COOPNATURAL. Tal preferência se dá pelo incentivo às práticas agrícolas que sejam capazes de poupar o meio ambiente, como o não lançamento de produtos tóxicos no trabalho do algodão colorido, posto que não são usados corantes. CONCLUSÃO As práticas agrícolas realizadas no assentamento Queimadas, que têm como principal produto o algodão, atestam o uso consciente dos recursos naturais já que os agricultores buscam colocar em prática estratégias de produção que promovam a qualidade dos produtos, utilizando-se de ações

Página 320 agrícolas sustentáveis, tais como: alternância das culturas plantadas, o que facilita o combate às pragas do algodão, uma vez que a rotatividade de culturas muda o agroecossistema. Os estudos realizados atestam a importância do auxílio e parceria da ONG Arribaçã, da EMBRAPA e do Sindicato dos trabalhadores, que têm como intuito estimular a retomada do cultivo do algodão na região paraibana, facilitando essa prática agrícola em grupos familiares como uma forma de promover o desenvolvimento de atividades voltadas para ações agroecológicas na Mesorregião da Borborema, estimulando a sustentabilidade ambiental e apoiando a agricultura familiar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMARGO, Ana Luiza de Brasil. Desenvolvimento Sustentável: Dimensões e Desafios. Campinas, São Paulo: Papirus, 2003. PASSOS, S. M. G. Algodão. Volume I. Campinas, São Paulo. Instituto Campineiro de Ensino Agrícola, 1977. SANTOS, E.G. SÁ SOBRINHO, R.G.; GONDIM, V.S.; GONDIM, M.M.S.; GONDIM, P.J.S. O uso de práticas agroecológicas como ferramenta para o desenvolvimento do assentamento Queimadas Remígio-PB. In: 4º Encontro SOBER Nordeste Conhecimento, Território e Sustentabilidade: desafios para o desenvolvimento rural do Nordeste, Campina Grande, 2009.