A Experiência da Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva (ITIE) em Moçambique



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Transcrição:

www.iese.ac.mz A Experiência da Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva (ITIE) em Moçambique Rogério Ossemane 3ª Conferencia Internacional sobre Monitoria e Advocacia da Governação Maputo, 06 de Novembro de 2012

Introdução: porque é importante falar de ITIE? Resulta da contatação de que muito países ricos em recursos naturais não foram capazes de transformar essa riqueza em desenvolvimento amplo. A ITIE é uma iniciativa de promoção da transparência na exploração de recursos naturais como um instrumento para promover a sua boa gestão. O PARP (2011-2014) menciona a ITIE como um instrumento para a boa gestão dos recursos naturais de forma a aumentar o seu aproveitamento para a economia nacional e comunidades locais. A ITIE faz a verificação dos recebimentos do governo provenientes do sector extractivo. É implementada por um grupo tripartido: Governo, Empresas e Sociedade Civil Até que ponto a ITIE responde aos desafios de transparência para melhor aproveitamento dos recursos naturais para o desenvolvimento?

A ITIE básica dentro da cadeia dos recursos para o desenvolvimento Empresas revelam pagamentos Governo revela recebimentos Concessão de licenças e contratos Regulamento e monitoria de operações Reconciliação independente Distribuição e gestão dos recursos Implementação de politicas de desenvolvimento A cor azul representa acções cobertas pela ITIE básica Acompanhamento por um CC tripartido Fonte: RWI

A ITIE Básica: Reduzir desvios para aumentar fundos disponiveis para financiar o desenvolvimento Em que fases acontecem os desvios de receita pública? Quem beneficia dos desvios? Fases Assinatura dos contratos Declaração da matéria tributável Pagamentos Recebimentos Implementação da despesa pública Beneficiários Empresas e agentes do (ou com influência no) governo Empresas e agentes do governo Empresas Agentes do governo Agentes do governo ITIE

A implementação da ITIE em Moçambique Estatuto de país candidato atribuído em Maio de 2009 Produção do primeiro relatório de reconciliação em Janeiro de 2011 e o segundo em Março de 2012 Decisão do primeiro processo de validação: progressos significativos Pleno cumpridor em Outubro de 2012

A relevância da ITIE depende de contextos específicos Evidencia a nível internacional de que países cumpridores continuam com elevado niveis de corrupção e incapazes de traduzir a riqueza em recursos naturais em desenvolvimento amplo. Recomendação para que os países caminhem para além da ITIE básica para que a Iniciativa responda aos desafios específicos mais relevantes em cada contexto. A ITIE providencia o fórum para o diálogo e a plataforma para mudanças mais amplas.

Pagamentos totais e por categoria de pagamento efectuados pelas empresas do sector extractivo ao Estado em 2008 e 2009 (MZN) Categorias de Pagamentos 2008 2009 Pagamentos totais 529.666.233 1.273.878.459 Total de Pagamentos directos das empresas 269.533.416 551.170.153 IRPC 70.378.722 95.068.563 Imposto sobre a produção pago em dinheiro 96.315.552 54.725.413 Imposto sobre produção pago em espécie 93.024.000 101.759.490 Imposto de superfície 9.815.142 15.864.288 Licenças 0 11.576.080 Dividendos 0 11.200.325 Fundo de capacitação institucional nd 91.328.899 Fundo de contribuições sociais nd 67.675.155 Contribuições sociais nd 101.971.940 Total de pagamentos indirectos (por via) das empresas 260.132.817 722.708.306 Retenções na fonte 106.493.522 454.194.875 IRPS 153.639.295 268.513.431 Em 2009 os pagamentos directos das empresas representaram menos de 1% das receitas do Estado. Fonte: Ernst & Young 2012; Boas & Associates 2011

Estrutura da retenção de receitas de exportação de dois projectos pela economia nacional em 2009 (como % das receitas de exportação ) Receitas de Exportação (US$ milhões) Pagamentos totais como percentagem do valor das exportações Pagamentos directos das empresas Pagamentos indirectos (por via) das empresas Kenmare Sasol Total 45,3 123,3 168,6 7,6% 7,1% 7,2% 2,5% 6,4% 5,4% 5,1% 0,7% 1,8% Fonte: Ossemane, R. (2012). É a ITIE relevante para melhorar a gestão dos recursos naturais em Moçambique? Uma análise critica da experiência in Desafios para Moçambique 2012

Evolução da retenção de receitas de exportação pela economia nacional entre 2008 e 2009, considerando apenas as empresas em fase de produção e categorias de pagamentos incluídas em ambos relatórios Receitas de Exportação (US$ milhões) Pagamentos realizados como percentagem do valor das exportações Kenmare e Sasol 2008 Kenmare e Sasol 2009 178,0 168,6 4.8% 3.5%

Pagamentos totais e por categoria de pagamento efectuados pelas empresas do sector extractivo em 2008 e 2009, considerando apenas as empresas e categorias de pagamentos incluídas em ambos relatórios (MZN) Categorias de Pagamentos 2008 2009 Variação Total de pagamentos 529.666.233 464.893.721-12% Total de pagamentos directos das empresas 269.533.416 202.506.457-25% IRPC 70.378.722 38.704.866-45% Imposto sobre produção (em dinheiro) 96.315.552 51.390.943-47% Imposto sobre produção em espécie 93.024.000 101.759.490 9% Imposto de superficie 9.815.142 4.202.929-57% Licenças 0 5.000 Dividendos 0 6.443.229 Total de pagamentos indirectos (por via) das empresas 260.132.817 262.387.264 1% Retenções na fonte 106.493.522 82.982.007-22% IRPS 153.639.295 179.405.257 17% Fonte: Ossemane, R. (2012). É a ITIE relevante para melhorar a gestão dos recursos naturais em Moçambique? Uma análise critica da experiência in Desafios para Moçambique 2012

Leitura da informação Pequeno contributo fiscal directo das empresas e decrescente contributo directo médio por empresa; Ou seja, os ganhos da exploração dos recursos naturais ficam maioritariamente nas mãos das empresas e o Estado recebe montantes irrisórios. Por cada 1.000 dólares que a Sasol e Kenmare exportaram em 2009, 946 dólares ficaram com as empresas (para pagar os seus custos de capital e operacionais, lucros e dividendos) e apenas 54 dólares foram pagos por estas empresas ao Estado; Relativamente maior esforço fiscal dos trabalhadores em relação ao capital; Reduzido contributo fiscal devido ao regime fiscal excessivamente generoso e práticas de mispricing não controladas pelo governo. Estes dois aspectos desviam muito mais recursos dos cofres do Estado do que a não declaração de recebimentos por parte do governo (fase monitorada pela ITIE) Tomando como exemplo apenas uma empresa, a Sasol PT, a perca de receita fiscal devido a benefícios por via do IRPC superam as discrepâncias encontradas no sector em mais de 32 vezes. O pagamento do imposto sobre a produção em dinheiro e em especie (valorizado pelo valor unitário das exportações) em 2009 caiu em 40% em relação a 2008 quando as receitas de exportação de gás e condensado caíram em 20%. Se o imposto sobre a produção tivesse caído na mesma proporção das exportações, o valor pago pela Sasol seria 8 vezes superior ao total da discrepância encontrada no sector extractivo.

Como a ITIEM responde aos desafios impostos por uma economia de natureza extractiva? A ITIE permite obter informação sobre o contributo do sector extractivo para economia e se os pagamentos feitos pelas empresas de facto chegaram aos cofres do Estado. Entretanto, não permite saber se as empresas pagaram o que deveriam ter pago e qual o destino dados a esses pagamentos. Estes aspectos são fundamentais na distribuição dos ganhos da actividade extractiva. Portanto, a ITIE não aborda as questões mais relevantes relacionadas com o desvio de fundos dos cofres do Estado e com a socialização dos ganhos da actividade extractiva. A ITIE: Não controla a transparência no processo de atribuição de licenças e uso de recursos (infra-estruturas, àgua, terra, energia); Não controla se o governo fez um bom negócio (termos do contrato); Não controla se as empresas pagam o que devem (sub-declaração da matéria tributável ou não pagamento do devido de acordo com o regime fiscal e matéria tributável declarada); Não controla o uso dos fundos gerados pelo sector; e Não está ligado a nenhum mecanismo de responsabilização. Os desvios de recursos mais relevantes são realizados pela facilitação redundante e fraco monitoramento da extracção e exportação da riqueza do país pelas companhias privadas sem devida consideração pela partilha ampla dos ganhos. Esta partilha pode ser feita através de ligações produtivas, emprego, fiscais e sobretudo pelo uso das rendas geradas no sector para diversificação da base produtiva e de comércio. Esta natureza extractiva da economia, que é reforçada pela implementação das políticas públicas, resulta em ganhos reduzidos para o Estado e, portanto, os incentivos para a corrupção serão concentrados nas fases onde é possível realizar ganhos pessoais ma is elevados: na apropriação dos recursos para aliança com o capital externo, na negociação de obrigações reduzidas para com o Estado, na sub-declaração das riquezas exploradas, e na afectação das despesas públicas. O cometimento do governo em relação a transparência para boa gestão dos recursos naturais deve se concentrar nestas fases. O secretismo em relação a estes processos não beneficia os interesses de desenvolvimento alargado. O desenvolvimento alargado deve ser prioridade do governo e não das empresas, portanto o governo deve ser impulsionador deste tipo de transparência.

Obrigado Rogerio.ossemane@iese.ac.mz www.iese.ac.mz