FORMAÇÃO AMBIENTAL MULTIDISCIPLINAR: A NOVA DEMANDA DO MERCADO E POSSIBILIDADES DE MELHORES NEGÓCIOS PARA OS ENGENHEIROS



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FORMAÇÃO AMBIENTAL MULTIDISCIPLINAR: A NOVA DEMANDA DO MERCADO E POSSIBILIDADES DE MELHORES NEGÓCIOS PARA OS ENGENHEIROS Ogenis Magno Brilhante (1) Professor Doutor do DSSA/ENSP/FIOCRUZ.desde 1990. Pós doutorado em gestão de resíduos (Holanda, 1995), Ph.D. em Ciência Ambiental (França, 1990), pós graduado em Gestão Ambiental (França, 1986) e Engenharia Sanitária (IHE, Holanda, 1983) e graduado em Engenharia civil (1979). Professor titular das disciplinas: tratamento de água, gestão da poluição ambiental e controle e gestão de impacto e risco na saúde ambiental. Consultor e pesquisador na área de gestão e educação ambiental. Especialista em metais e pesticidas Endereço (1) : Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental /ENSP-FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. - Rua Leopoldo Bulhões, 1481 - Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 21041-000 - Brasil - Tel: (021) 590-3789 - ramal 2073 - Fax: (021) 280-8194 - e-mail: ogenis@ensp.fiocruz.br. RESUMO A conferência do Rio, realizada em 1992, consolidou os conceitos de desenvolvimento sustentável, introduziu a dimensão social aos problemas ambientais e reconheceu a interdependência dos fatores ambientais com a saúde. No Brasil. embora algumas mudanças tenham acontecido, os currículos das engenharias sanitária e ambiental, por exemplo, claramente não atendem mais as novas demandas do mercado e pouco motivam a procura por parte de novos alunos. É cada vez mais evidente que o ensino moderno necessita não somente de prover os conceitos e os treinamentos de cada área do saber, mas também formar profissionais multidiciplinares que sejam capazes de trabalhar integrados, isto é, capazes de entender e discutir a linguagem dos diferentes profissionais como sociólogos, biólogos, médicos, etc. O mercado internacional e nacional já demanda este tipo de profissional. Neste artigo sugerimos a revisão dos currículos das engenharias, incluindo disciplinas que aumentem o conhecimento multidisciplinar dos engenheiros a fim de melhor atender a demanda do mercado globalizado, possibilitar melhores oportunidades de negócios e aumentar o interesse pelos cursos de engenharia.. Propomos a inclusão de vários temas com ênfase para as técnicas de gestão, conceitos de análise do ciclo de vida dos produtos, ecologia industrial e saúde ambiental.. A mudança de uma sociedade industrial para sociedade sustentável precisa que os cursos convencionais mudem e que novos cursos sejam desenvolvidos. Estes devem ser atraentes para os estudantes, capazes de atenderem as demandas multidiscplinares ambientais do mercado e proporcionarem melhores oportunidades de negócios. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2720

PALAVRAS-CHAVE: Curriculum, Saúde Ambiental, Multidisciplinar, Gestão, Mercado. INTRODUÇÃO Há cem anos a questão do saneamento era tratada dento da Engenharia civil, no final dos anos sessenta e início dos anos setenta começaram a ser implantados os cursos de engenharia sanitária, quase sempre ao nível de pós-graduação. Nestes cursos as questões ambientais e sociais ainda não estavam completamente incorporadas aos respectivos programas. Com a realização da primeira conferência sobre meio ambiente em Stokolmo em 1972, nasceu a engenharia ambiental que passou então a incluir em seus programas temas ligados diretamente aos problemas de poluição e impactos ambientais. Vinte anos após a conferência de Stokolmo, o mundo mudou radicalmente, a percepção ambiental que antes era restrita apenas a alguns segmentos da sociedade expandiu-se rapidamente. A conferência do Rio, realizada em 1992, consolidou os conceitos de desenvolvimento sustentável, introduziu a dimensão social aos problemas ambientais e reconheceu a interdependência dos fatores ambientais com a saúde. Impactos globais como o efeito estufa e a destruição da camada de ozônio, colocaram a dimensão ambiental em uma escala Mundial. Os seus efeitos no meio ambiente passaram a ser diretamente associados aos efeitos no bem estar social e na saúde das populações (WHO, 1994). O tema saúde ambiental foi definitivamente incorporado as discussões políticas, econômicas e acadêmicas. A globalização da economia, da informação e das tecnologias, o aumento da percepção ambiental, a disseminação dos princípios de gestão integrada e de tecnologias baseadas nos conceitos do desenvolvimento sustentável geraram mudanças importantes e aumentaram a complexidade dos problemas. A solução de tais problemas exige que os profissionais atuais tenham conhecimentos de várias disciplinas, e que abordagens muldisciplinares sejam usadas na solução dos mesmos. Estes profissionais precisam conhecer assuntos diversos tais como : controle integrado da poluição, mudanças dos processos de produção, segurança (prevenção em vez da remediação, princípios e técnicas de controle e gestão de riscos e impactos, epidemiologia ambiental como ferramenta importante na identificação de relações de causa e efeito entre fatores ambientais e saúde, market ambiental de venda de produtos e processos, qualidade total e as séries ISO 9000 e 14000. O atendimento dessa nova demanda do mercado e a necessidade de aumentar a procura pelos cursos de engenharia só será atingido com uma revisão importante dos currículos. No Brasil. embora algumas mudanças tenham acontecido, os currículos das engenharias sanitária e ambiental, por exemplo, claramente não atendem mais as novas demandas do mercado e pouco motivam a procura por parte de novos alunos. É cada vez mais evidente que o ensino moderno necessita não somente de prover os conceitos e os treinamentos de cada área do saber, mas também formar profissionais multidiciplinares que sejam capazes de trabalhar integrados, isto é, capazes de entender e discutir a linguagem dos diferentes profissionais como sociólogos, biólogos, médicos, etc. O mercado internacional e nacional já demanda este tipo de profissional.. O Banco Mundial, a Agência Ambiental Americana (EPA) e empresas de consultoria são alguns exemplos. A formação de profissionais 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2721

com este tipo de conhecimentos não implicará no fim dos especialistas, estes continuarão a existir e terão seu mercado cativo na solução de questões especificas. Neste artigo sugerimos a revisão dos currículos das engenharias, incluindo disciplinas que aumentem o conhecimento multidisciplinar dos engenheiros a fim de melhor atender a demanda do mercado globalizado, possibilitar melhores oportunidades de negócios e aumentar o interesse pelos cursos de engenharia.. Propomos a inclusão de vários temas com ênfase para as técnicas de gestão, conceitos de análise do ciclo de vida dos produtos e ecologia industrial. Propomos ainda a inclusão de uma disciplina sobre gestão da saúde ambiental como ferramenta importante para promover a concientização da interdependência dos fatores sócio/ambientais com a saúde, e aumentar a responsabilidade ambiental.. Currículos Multidisciplinares para os Cursos de Engenharia Na Europa como no EUA e recentemente também no Brasil tem havido uma diminuição de candidatos nos cursos de engenharia, principalmente no curso de engenharia civil. Várias \universidades na Europa tem desenvolvido diversos estudos e implementados novos currículos para atender as novas demandas do mercado e recuperar o interesse dos alunos para as diversas engenharias. Em cumprimento as recomendações da Agenda 21, vários países recomendaram que os currículos introduzissem disciplinas que pudesse contribuir para a solução de problemas interdisciplinares que toquem as interfaces da tecnologia, política e organização, que aumente a percepção e a responsabilidade e que efetivamente contribuam para o desenvolvimento sustentável do Planeta (Brilhante et al. 1995). Assim aspectos que vão desde o saneamento e a saúde humana passando pelo controle e gestão da poluição e dos resíduos, monitoramento e prevenção, até disciplinas tratando de auditoria deveriam fazer parte dos currículos dos cursos de engenharia. Essas disciplinas devem abordar os problemas ambientais integrados com as questões da saúde humana, dos ecossistemas, da economia, do bem estar social, da tecnologia e da política. A abordagem via processos integrados, onde a prevenção tenha prioridade, deve ser preferida como solução para os problemas ambientais em lugar dos processo convencionais (Hakvoort et al. 1995). Os cursos devem enfatizar as possibilidade de otimização dos processos de eficiência de energia, introdução de tecnologia limpas, modificação dos procedimentos legislativos e administrativos para estimular a adoção destas tecnologias. É necessário também que o princípio do desenvolvimento sustentável seja efetivamente considerado e posto em prática em todos os currículos. Sistemas e técnicas de gestão ambiental devem ser inseridas para que possam ser utilizadas nos estudos de avaliação de impacto, risco, auditoria, controle ambiental; avaliação do ciclo de vida de produtos, avaliação de custobeneficio e na aplicação dos conceitos de ecologia industrial. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2722

Acreditamos que nem todos estes assuntos possam ser tratados em todos os tipos de engenharias, más nos cursos de engenharia sanitária e ambiental seria oportuno a inclusão desses temas. Apresentamos a seguir um resumo explicativo do escopo de dois temas que julgamos importantes e de uma ementa resumida da disciplina gestão da saúde ambiental que julgamos importante constarem de um currículo mutidisciplinar das engenharias : Ecologia Industrial Os sistemas industriais podem ser comparados com os ecossistemas naturais, nos quais as plantas consomem minerais, água, e luz do sol, que em seguida são consumidas por outros organismos em um processo interdependente que inclui a produção de resíduos. O ecossistema industrial opera da mesma maneira, consumindo recursos (matéria prima) e produzindo resíduos. Como nos ecossistemas naturais, quando os sistemas industriais são pequenos, os recursos utilizados e os resíduos estocados são quase sempre considerados infinitos (gratuitos). Mas quando o tamanho relativo aumenta, os recursos se tornam mais limitados e mais valiosos. A ecologia industrial reconhece este fato e aceita em adotar a abordagem da produção de resíduo nulo ou o menor possível. No interior da linha de produção, a recuperação e reuso dos materiais são componentes cruciais da ecologia industrial e do novo paradigma da tecnologia ambiental. Neste novo paradigma, as considerações ambientais são incorporadas em todos os aspectos do produto e do desenho do projeto, e a tecnologia desempenha um papel mais ativo e positivo no alcance do desenvolvimento sustentável. Análise do Ciclo de Vida do Produto A análise do ciclo de vida do produto pode ajudar-nos a entender o custo total, o potencial, e o impacto de novos produtos e das tecnologias a eles associadas. Como abordagens sistemáticas, a análise do ciclo de vida examina o cenário total das conseqüências ambientais de um produto, incluindo aqueles que resultam de sua manufatura, uso, e disposição. Devido ao relacionamento complexo que existe entre os processos industriais, a análise do ciclo de vida requer um entendimento sofisticado do fluxo de materiais, reutilização de recursos, e substituição de produtos. Mudar para uma abordagem que considere todos os recursos, produtos, e resíduos como um sistema interdependente levará ainda muito tempo, mas através da inclusão deste tema nos currículos, juntamente com o crescimento da percepção ambiental e o aprimoramento das políticas de incentivos por parte dos governos este objetivo poder ser mais rapidamente alcançado. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2723

Gestão da Saúde Ambiental: Disciplina Obrigatória para todos os Cursos de Engenharia Esta disciplina visa fornecer aos diversos alunos das engenharias uma visão global dos problemas e controvérsias ambientais contemporâneas, incorporando os modernos conceitos de interdependência entre os fatores sócio/ambientais com a saúde. Propomos que uma disciplina introdutória seja incluída em todos os currículos de graduação das engenharias, na. pós graduação os assuntos poderiam ser aprofundados de acordo com a área específica de cada curso. A seguir apresentamos uma proposta resumida desta ementa. Ementa Introdução: epidemiologia ambiental, princípios de gestão e política ambiental, conceitos básicos de ecologia. Doenças ambientais: mutações, câncer e carcinógenos ambientais. Resíduos sólidos e perigosos; Poluição sonora; Pestes e pesticidas: efeitos adversos aos interesses humanos (insetos, nematodos, pombos, ratos etc); vetores :(piolho, moscas, térmitas, aranhas etc) e doenças: (malária, dengue, febre amarela, filariose, encefalite, tifo, cólera, disenteria, poliomielite, tipos de pesticidas e impactos; Substancias tóxicas: Pb, Mg, Cd, asbesto, PCBs, dioxinas, legislação; Poluição do ar, solo e água, doenças, legislação, controle de riscos e impactos, gestão. CONCLUSÃO A sociedade tecnológica e globalizada atual exige que o papel dos engenheiros seja estendido muito além das suas atribuições técnicas e econômicas tradicionais, como projetos e construção mas que inclua a avaliação ambiental de todos os estágios de projeto, considerando aspectos sociais, de saúde, de gestão e tecnologia.. O Brasil, país emergente, dono de vastos recursos ambientais e em fase acelerada de inserção na encomia globalizada mundial precisa reorientar os seus currículos adequando-os a necessidade do mercado e da percepção ambiental atual.. A inserção de conhecimento multidiciplinares nos cursos de engenharia fará com que os engenheiros possam não somente influenciar soluções técnicas mas também possam ajudar na mudanças de atitudes e no aumento da responsabilidade e concientização ambiental. A mudança de uma sociedade industrial para sociedade sustentável precisa que os cursos convencionais mudem e que novos cursos sejam desenvolvidos. Estes devem ser atraentes para os estudantes, capazes de atenderem as demandas multidiscplinares ambientais do mercado e proporcionarem melhores oportunidades de negócios. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2724

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. WHO. Environmental health for all. WHO European Centre for Environment and Health. Environment Health in Europe No 1. Copenhagen, 1994. 2. BRILHANTE, O.M., HAKVOORT, R.A., WEIJNEN, P.C.M. Environmental Education and Research for Engineers: a comparizon between the existig programmes in Rio de Janeiro (Brazil) and Delft (Holland). Procedings of ENTREE 95 (Environmental Training Engineering Education), pg 31-36. October 16-19, Ispra, Italy, 1995. 3. HAKVOORT, R. A., BRILHANTE, O.M., WEINNEN, P.C.M. Training in Environmental Engineering at the Delft School of Systems Engineering, Policy Analysis and Management. Procedings of ENTREE 95 (Environmental Training Engineering Education), pg 253-260. October 16-19, Ispra, Italy, 1995. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2725