O justo valor e a obrigação dos benefícios de reforma Cláudio Pais
Introdução A contabilização das pensões é uma questão importante do relato financeiro. O passivo de benefícios definidos pode ser uma percentagem considerável do passivo de uma empresa cotada e pode ter um impacto nos resultados dessas empresas (Severison, 2009). Também é difícil, quando se trata da contabilização de planos de benefícios definidos, porque a quantia da pensão se baseia no ordenado à data da reforma. 2
Breve historial O IASB: Em 1983 emitiu a primeira norma IAS 19 Accounting for retirement benefits in the financial statements of the employers. Em 1998 emitiu uma nova norma a IAS 19 Employee benefits. Em 2011 alterou a IAS 19 de aplicação obrigatória em ou após 1 de Janeiro de 2013. Em Portugal: Diretriz Contabilística (DC) 19 Benefícios de reforma (1997). Norma Contabilistica e de Relato Financeiro (NCRF) 28 Benefícios dos empregados. (2010). 3
Mensuração Obrigação é a justo valor (valor atual) e inclui: O custo dos benefícios definidos (custo dos serviços correntes e custo dos serviços passados). Juros da atualização do passivo. Ganhos (perdas) atuariais. O ativo do fundo é a justo valor (valor de mercado) e inclui: O retorno dos ativos do fundo. Ganhos (perdas) atuariais se o retorno for o esperado. 4
Custos dos benefícios definidos Mensurados pelo valor atual e reconhecidos: Se de custos de serviços correntes na demonstração dos resultados. Se de custos de serviços passados e não adquiridos são ativo e amortizados durante o período em que se tornam adquiridos. Problemas em diferir o custo dos serviços passado: Não tem fundamento teórico. Diminuiu o valor do passivo. 5
Juros No caso da obrigação a taxa de desconto é a das obrigações de alta qualidade de empresas à data do balanço. No caso do ativo do plano a taxa baseia-se em expectativas do rendimento dos ativos. Por e Iannucci (2006) observaram que aumentos significativos em taxas de desconto reduzem substancialmente a obrigação e o contrário aumenta substancialmente a obrigação. Problemas no uso de diferentes taxas: Não está de acordo com a substância e apresentação do passivo que é numa base líquida. A taxa do ativo reflete o retorno para além do que decorre do tempo. 6
Ganhos (perdas) atuariais Os ganhos (perdas) atuariais decorrem de: Alterações no valor da obrigação (alterações em estimativas ou entre estas e o real, tais como em ordenados, rotação empregados, mortalidade, taxa de desconto). Alterações relacionadas com o ativo (o retorno esperado diferente do retorno real). 7
Ganhos (perdas) atuariais Podem ser reconhecidos: Pelo método do corredor. Outro método em que o reconhecimento seja mais acelerado. Imediatamente no capital próprio sem ser em resultados. Imediatamente na demonstração dos resultados. O método do corredor tem por base a presunção de que os ganhos e perdas atuariais se podem compensar (o que a experiência não comprova (Beechy, 2009)). Todos os métodos que diferem os ganhos (perdas) atuariais têm por base evitar a volatilidade do resultado. 8
Ganhos (perdas) atuariais Street e Glaum (2010) analisaram uma amostra de empresas dos 20 maiores índices da Europa e concluíram que o reconhecimento imediato tem aumentado desde 2005, embora o uso do método do corredor continue a ser de aplicação generalizada. Barros (2011) usou uma amostra da Euronext 100 e do PSI General Index para os anos de 2005 a 2009, e das 58 empresas com planos de benefícios definidos, 26 usavam o método do corredor, 3 usavam o método da demonstração dos resultados e as restantes 29 o método do capital próprio. Morais (2011) conclui que o método com maior valor relevante para o investidor é o do capital próprio (amostra de 91 empresas do Euronext 100, de 2005 a 2007), contrariamente a Barros (2011) que conclui que é o método da demonstração dos resultados. 9
Ganhos (perdas) atuariais Problemas quanto à possibilidade do diferimento dos ganhos (perdas) atuariais: Sendo apenas alterações em estimativas deviam ser imediatamente reconhecidos na demonstração dos resultados. Não permitem a comparabilidade e alteram o valor do passivo líquido do ativo porque aumentam ou reduzem o passivo. O método do corredor tem menos valor relevante para o investidor (Fasshauer et al. (2008); Stree e Glaum (2010); Morais (2011); Barros (2011)). 10
Conclusões A mensuração é na base do justo valor. A mensuração da obrigação não é igual à do ativo. A mensuração dos juros da obrigação não é igual à mensuração do retorno do ativo o que aumenta o valor dos ganhos (perdas) atuariais. O reconhecimento dos custos dos serviços passados e ganhos (perdas) atuariais não está alinhado com a teoria contabilística. 11
Muito obrigado. 12