ESTADO NUTRICIONAL DE ESCOLARES DE UM PROJETO SOCIAL DE CAMPO GRANDE/MS

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Transcrição:

ESTADO NUTRICIONAL DE ESCOLARES DE UM PROJETO SOCIAL DE CAMPO GRANDE/MS Tamir Freitas Fagundes 1, Jarina Gomes Gabilan 2, Caroline Silva de Oliveira 2, Fernanda Karolline de Oliveira Guimarães 2, Leonardo Liziero 2 RESUMO O estado nutricional é uma importante ferramenta para determinação da saúde dos indivíduos, por isso, o presente estudo tem como objetivo verificar o estado nutricional a partir do IMC com base nos dados de Score Z de indivíduos entre seis e 15 anos de um Projeto Social da cidade de Campo Grande/MS. Para isso 232 crianças entre 06 e 15 anos, sendo 127 do sexo masculino e 105 do sexo feminino tiveram estatura e peso aferidos. Os dados foram passados para o Programa SPSS.10 no qual se calculou o Índice de Massa Corporal (IMC) e foi feita comparação com dados de referencia do Score Z do National Center for Health Statistics (NCHS). A partir da comparação verificou-se que a maioria dos indivíduos, ou 68,8%, estavam no intervalo considerado normal ou eutrófico; 9,3% com baixo peso e 2,6% se caracterizavam como desnutridos; 16,6% com sobrepeso e 2,2% obesos. Diante disso, e após discussão dos dados conclui-se que as meninas apresentaram valores de escore Z de sobrepeso significativamente superior ao dos meninos; em ambos os sexos foram observados prevalência de IMC eutrófico; as crianças do projeto social mostraram baixa coexistência de índices de desnutrição e obesidade. Palavras-chave: Estado nutricional; IMC; Score Z. ABSTRACT Nutritional status is an important tool for determining the health of individuals, therefore, the present study aims to check the nutritional status from the Body Mass Index (BMI) based on the data of Z Score of individuals between six and 15 years of a Social Project city of Campo Grande / MS. For that 232 children between 06 and 15 years, with 127 of the males and 105 females had height and weight measured. The data were passed to the program SPSS.10 in which he calculated the BMI and was compared with data of reference of the Z Score of the National Center for Health Statistics (NCHS). From the comparison found that the majority of individuals, or 68.8%, were in the range considered normal or eutrophic; 9.3% with low weight and 2.6% were characterized as malnourished; 16.6% overweight and 2.2% obese. Given that, and after discussion of the data concluded that the girls had values of Z score of overweight significantly higher than that of boys, in both sexes were observed prevalence of BMI eutrophic, the children of the social project showed coexistence of low rates of malnutrition and obesity. Key-words: Nutritional status, BMI, Score Z. INTRODUÇÃO O estado nutricional é importante para a determinação da saúde dos indivíduos. Souza e Cruz (2006) afirmam que o estado nutricional se dá através do equilíbrio entre o consumo de nutrientes e o gasto energético, e os distúrbios nutricionais são conseqüências do desequilíbrio ou abuso no consumo de nutrientes. Com a avaliação do estado nutricional podem ser encontrados indivíduos em risco tanto de obesidade quanto de desnutrição. A obesidade, de acordo com Gibney (2005), é o acúmulo excessivo de energia corporal na forma de gordura ou tecido adiposo, enquanto a desnutrição, de acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (1998) é definida como as conseqüências do consumo impróprio de nutrientes. Um dos fatores fenotípicos que mais interfere no crescimento e desenvolvimento infantil, são as condições nutricionais as quais a criança é submetida. A nutrição consiste em consumir alimentos, nutrientes para suprir o gasto energético do organismo, desde atividades físicas até a simples realização das funções vitais. O estado nutricional segundo Christakis, (1973; apud VASCONCELOS, 1993), é a condição de saúde de um indivíduo, influenciada pelo consumo e utilização de nutrientes, identificada pela correlação de informações obtidas de estudos físicos, bioquímicos, clínicos e dietéticos (pág.19). 235

As alterações do estado nutricional podem ser tanto de nível qualitativo como de nível quantitativo. Vasconcelos (1993), em seu estudo coloca que as variáveis qualitativas descrevem as variações referentes a propriedades ou atributos do processo objeto de estudo e são expressas em escalas nominais (pág.22). E ainda, as variáveis quantitativas descrevem as variações relativas a intensidades ou grandezas do processo objeto de estudo e são expressas em escalas numéricas (Granda e Breilh, 1989; apud VASCONCELOS, 1993) (pág.22). São volumosos os estudos de estado nutricional, desde países desenvolvidos até os países em desenvolvimento. Nos grandes países desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos, já se tornou comum a preocupação com o estado nutricional infantil, devido a grande população obesa que vêm crescendo dentro destes países, ou seja, o cuidado que é tomado com as crianças são para detectar se as mesmas estão com prevalência de sobrepeso desde a infância, já seguindo o caminho de grande parte da população. Já nos países em desenvolvimento, os estudos são realizados procurando detectar a desnutrição. A mortalidade infantil devido à desnutrição começou a aumentar e a partir daí começou a preocupação com estudos deste ramo, nestes países (PRISTA et al, 2002; ). A antropometria é um dos meios utilizados para avaliar o estado nutricional de indivíduos. Segundo Sigulem et al (2000) a antropometria consiste na avaliação das dimensões físicas e da composição global do corpo humano, e pode ser considerada como uma importante ferramenta com vantagens como baixo custo e facilidade de execução. A autora afirma ainda que os parâmetros antropométricos usuais para avaliar a condição nutricional de crianças são o peso e a estatura. Além disso, Mello (2002) afirma que a avaliação do estado nutricional é uma etapa fundamental no estudo de uma criança, para que possamos verificar se o crescimento está se afastando do padrão esperado por doença e/ou por condições sociais desfavoráveis. Assim será possível verificar o crescimento e as proporções corporais em um indivíduo ou em uma comunidade, visando estabelecer atitudes de intervenção. Deste modo, quanto mais populações e/ou indivíduos são avaliados do ponto de vista nutricional, e quanto mais seriadas são essas avaliações, mais intervenções precoces podem ser instituídas, certamente melhorando a qualidade de vida da população de uma forma geral. Para a avaliação do estado nutricional pode ser utilizado o IMC, que consiste na medida da altura (expressa em cm, com uma casa decimal) e peso (expresso em kg, com uma casa decimal), sendo que o peso é dividido pelo quadrado da altura. Para compor a utilização do IMC, é necessário considerar o crescimento físico. Para Marcondes (1994) crescimento físico é o processo em que cada tecido e cada órgão crescem segundo um grau, padrão e velocidade próprios e dispondo-se de um padrão de crescimento é possível verificar o grau de "normalidade" no crescimento de uma criança. No entanto, para Malina e Bouchard (1991), crescimento físico refere-se ao aumento do tamanho do corpo como um todo ou em partes dele. Quando falamos especificamente de crescimento, pode-se afirmar que em termos antropométricos, este consiste no aumento e nas modificações dos componentes corporais, tanto longitudinais como transversais. (Waltrick e Duarte, 2000). Ao falar de avaliação do estado nutricional, podemos afirmar que não existe um método sem críticas, entretanto o método utilizado para o estudo foi o IMC, sendo classificado de acordo com o Escore Z, que segundo Sigulem et al (2000) significa o número de desvios-padrão que o dado obtido está afastado de sua mediana de referência. A OMS considera como desnutridas crianças com índices inferiores a < -2 desvios padrão; com baixo peso as com índices entre -2 a -1; estróficas com índices de -1 a +1; com sobrepeso as com índices entre +1 e +2 e obesas as com índices >+2. Diante do exposto, o presente estudo tem o objetivo de verificar o estado nutricional a partir do IMC de indivíduos entre seis e 15 anos de um Projeto Social da cidade de Campo Grande/MS. MATERIAIS E MÉTODOS O tipo de pesquisa utilizado foi à descritiva. Segundo Gil (1987), a pesquisa descritiva tem por objetivo básico descrever as características de determinada população ou fenômeno e estabelecer possíveis relações entre variáveis, sem nela interferir para modificá-la. 236

Foram coletados dados de peso e estatura de 232 crianças entre 06 e 15 anos de um projeto social da cidade de Campo Grande MS, sendo 127 do sexo masculino e 105 do sexo feminino. A estatura e o peso foram aferidos pelos acadêmicos do 1º e do 3º ano do curso de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), no laboratório de cineantropometria do Departamento de Educação Física (DEF) nos dias 03 e 04 do mês de setembro de 2007. Foram utilizados para aferir a estatura, uma fita métrica e um esquadro de madeira, para aferir o peso foi utilizada uma balança digital Soehnle Professional com grau de precisão de 100 gramas. A permissão para participação no estudo e data de nascimento das crianças foram obtidos pela coordenação do projeto social. Utilizando a lista com o nome e data de nascimento das crianças as aferições foram feitas em forma de circuito, para o qual as crianças foram divididas em turmas de acordo com a idade. As idades foram calculadas a partir das datas de nascimento, seguindo recomendação de Eveleth e Tanner (1990:8). As turmas foram chamadas uma a uma para a sala de cineantropometria, ao entrar, eram orientadas a ficarem descalças. Os avaliadores com a lista em mãos chamavam as crianças por ordem alfabética e a esta passava por duas estações. A primeira para aferição de estatura onde se encontravam dois avaliadores; nesta estação havia uma fita métrica colada a um metro do solo na parede, a criança era orientada a posicionar-se de costas para a fita encostando os calcanhares juntos na parede, um avaliador aferia a estatura enquanto outro anotava os dados. Então ela passava a segunda estação, onde era aferido o peso, na qual também se encontravam dois avaliadores sendo que um aferia o peso e o outro anotava os valores. A análise dos dados baseou-se no cálculo do IMC realizado pelo programa de estatística SPSS 10.0, em seguida os dados foram comparados com valores de Escores Z calculados a partir da população de referência norte-americana compilada pelo NCHS e divididos entre as faixas de classificação. Foi empregado o programa SPSS 10.0 para análise quantitativa dos dados antropométricos. RESULTADOS No presente estudo 96,9% (n=225) dos dados coletados foram elegíveis para análise dos dados, o que correspondeu a 97,6% (n=124) de indivíduos do sexo masculino e 96,2% (n=101) de indivíduos do sexo feminino. A partir da comparação dos dados de IMC da amostra com a referência do NCHS (2000) de Escore Z verificou-se que 68,8% dos indivíduos estavam no intervalo de -1 a +1 desvios padrão, o que segundo a OMS (2006) é considerado normal ou eutrófico; 9,3% dos indivíduos estavam no intervalo de -2 a -1, o que é um indicativo de baixo peso e 2,6% se caracterizavam como desnutridos; 16,6% estavam no intervalo de +1 a +2 o que indica sobrepeso e 2,2% estavam no intervalo >+2 o que os caracterizavam como obesos. Entre os sexos, como mostra o Gráfico 01 havia maior porcentagem de indivíduos do sexo masculino na faixa considerada eutrófica (Z -1/0 e Z 0/+1), sendo que 35,5% dos indivíduos do sexo masculino e 33,7% dos indivíduos do sexo feminino no score Z -1/0 e 35,5% dos indivíduos do sexo masculino e 32,7% dos indivíduos do sexo feminino score Z 0/+1. No escore que indica sobrepeso (Z +1/+2) encontravam-se 14,5% dos indivíduos do sexo masculino e 19,8% dos indivíduos do sexo feminino; 2,4% dos indivíduos do sexo masculino e 1,9% dos indivíduos do sexo feminino estavam no escore que indica obesidade( Z>+2). No que se refere a baixo peso(z-2/-1) estavam 10,5% dos indivíduos do sexo masculino e 7,9% dos indivíduos do sexo feminino. E quanto à desnutrição(z<-2) estavam 1,6% dos indivíduos do sexo masculino e 4,0% dos indivíduos do sexo feminino. 237

Gráfico 01 - Percentual de indivíduos distribuídos de acordo com o Escore Z de IMC. DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES O crescimento e desenvolvimento motor adequado de uma criança depende diretamente do estado nutricional favorável em relação à saúde. Conhecer o peso, estatura e Índice de Massa Corporal de uma criança permitem diversas correlações quando se fala nas características que influenciam diretamente na saúde e bem-estar das crianças e conseqüentemente determinam as causas da desnutrição, por exemplo. A discussão deste estudo foi feita a partir da comparação com o Trabalho de Conclusão de Curso de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, intitulado Crescimento físico e estado nutricional de escolares: um estudo com medidas repetidas (YONAMINE, 2007), conforme mostra a tabela 1. Tabela 1 - Comparação dos níveis de estado nutricional das pesquisas. Estado nutricional Pesquisa 01* Pesquisa 02* Desnutrido 5,4% 2,6% Baixo peso 9,1% 9,3% Normal 54,1% 68,8% Sobrepeso 28,5% 16,6% Obeso 4,5% 2,2% * Considerando Pesquisa 01 como as crianças da escola particular e Pesquisa 02, as crianças do projeto social. 238

A pesquisa a ser comparada com este estudo avaliou o IMC de crianças de 3 a 14 anos de uma escola particular de uma cidade de Campo Grande. Da comparação se observou que o índice de sobrepeso nas crianças da pesquisa 01 foi maior se comparado a este estudo que avaliou crianças de um projeto social (tabela 1). Podemos relacionar esses dados à classe econômica partindo do princípio que as crianças do projeto social pertencem a um nível econômico inferior àquelas que estudam em uma escola particular, ou seja, a alimentação dessas crianças é deficiente na maioria das vezes. Outra relação que podemos fazer é que as crianças do projeto social passam meio período na escola e no período oposto estão participando das atividades do projeto, de maneira que ficam pouco tempo em casa e mais tempo praticando alguma atividade física ou brincadeiras que ocupam o tempo livre, prevenindo assim o sobrepeso e obesidade por sedentarismo e alimentação exagerada. No presente estudo observou-se que a maior parte das crianças estão na faixa normal de IMC (68,8%), não houveram diferenças significantes entre os sexos nessa faixa. Os dados mostraram que entre as meninas o índice de sobrepeso (19,8%) foi maior em relação aos meninos (14,5%) para a mesma idade. Essa diferença pode ser explicada pelo fato de que as meninas têm o estirão de crescimento mais cedo que os meninos o que interfere diretamente no peso, visto que as crianças avaliadas, tem entre 6 e 15 anos. Outro motivo que pode explicar essa desigualdade é a mudança hormonal que atinge as meninas a partir dos 11 anos de idade geralmente, o que faz com que se tenha o desenvolvimento da massa muscular e tecido adiposo, e conseqüentemente aumentando o peso das meninas. Considerando o objetivo deste estudo de verificar o estado nutricional de escolares de um projeto social da cidade de Campo Grande: a) as meninas apresentaram valores de escore Z de sobrepeso (Z +1/+2), significativamente superior ao dos meninos; b) Em ambos os sexos, foram observados prevalência de IMC eutrófico (Z 1/0 e Z 0/+1); c) As crianças do projeto social mostraram baixa coexistência de índices de desnutrição e obesidade. Com esta pesquisa podemos concluir que diversos fatores podem interferir no crescimento e desenvolvimento motor de uma criança. Os fatores socioeconômicos, a partir do momento em que comprometem a saúde de uma criança, se tornam indicativos de que podem ser a causa de um distúrbio no estado nutricional. REFERÊNCIAS EVELETH, P. B & TANNER, J. M. Worldwide Variation in Human Growth. Cambridge: Cambridge University Press,1990. YONAMINE, E. S. F. Crescimento físico e estado nutricional de escolares: um estudo com medidas repetidas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, 2007. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Situação mundial da criança. Brasília: Unicef, 1998. GIBNEY, M.J. Introdução à nutrição humana.tradução: Telma Lúcia de Azevedo Hennemann. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1987. MALINA, R.M. & BOUCHARD, C..Growth, maturation and physical activity. Champaign (Il): Human Kinetics, 1991. MARCONDES, E. Desenvolvimento da criança: desenvolvimento biológico/crescimento. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Pediatria,1994. MELLO, E. D. O que significa avaliação do estado nutricional. Jornal de Pediatria. v. 78, n.05, 2002,p.357-358. 239

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