Percepções sobre um lugar: Israel Andressa Turcatel Alves Boligian Levon Boligian Falar sobre lugares nos revela amplas possibilidas. Isso porque os lugares são possuidores significados coletivos e, sobretudo, significados íntimos, experiências vividas, sentidos e sentimentos. E é ntro nós que construímos esses significados. O perceber os lugares revela, ainda, muitas impressões e iias, que fazem parte da história e da construção do pensamento cada um. Desse modo, ter a oportunida conhecer um lugar que se encontrava, até então, apenas em nosso imaginário, frontando-se com sua realida cultural, ambiental e econômica, mostrou-se como uma oportunida única. A visita a Israel, em julho 2012, nos proporcionou uma série percepções e experiências um tanto profundas. Ao conhecer melhor a história da socieda israelense, as características suas culturas, dos costumes, dos símbolos e suas práticas, do espaço ocupado e transformado, revelaram-se observações que alcançaram mais do que um olhar geográfico, proporcionaram um olhar íntimo sobre esse lugar. Um lugar coexistências A relação das pessoas com seu sentimento pertencimento à comunida, à religião, à política e ao território, causaram uma série impressões que se sobrepuseram umas às outras. O espaço em Israel é mais do que um território finido por um grupo ou por iais. Ele é também produto pactos e parâmetros uso finidos, Coabitar, conviver, dividir o mesmo espaço, aspectos que proporcionaram impressões e iias em Israel. interdições, limitações, segregações, limites e fronteiras, ou seja, coexistências. Pessoas com diferentes origens encontraram e encontram em Israel seu lugar, seu refúgio, seu lar, suas origens, sua fé. Mais do que o habitar, percebe-se em Israel o significado viver, seja nos prédios mornos em Tel-Aviv, nas comunidas dos kibutzim e moshavim no interior, seja nos bairros históricos das cidas sagradas.
É certo que em muitos outros lugares do mundo coabitam grupos com diferentes origens étnicas e culturais, mas, então, o que faz Israel um exemplo excepcional interesse e atenção no mundo todo? Indicações um mesmo lugar, povos diferentes. A intida secular do sagrado certamente é uma das formas mais espetaculares se sentir Israel. E Jerusalém, Yerushalayim como ouvimos tanto durante a viagem, é o ponto alto ssa intida. Andar pelas ruelas da Cida Velha po ser consirado o exemplo mais vivo on sentir a emoção dominando a razão, sentir o seu próprio ser, sua própria existência e a transcendência que se revela. É inegável que a religião po terminar características da organização do espaço, cria os lugares e termina refúgios, mas porque isso nos importa tanto? Crenças e convicções, o que se ouve no noticiário, se lê nos jornais, as discussões mais calorosas sobre as leis e regras nossa socieda, nossos tabus, têm em suas origens as convicções regidas pela socieda judaico-cristã. Por isso, quando disser a alguém que irá a Israel, porá ouvir que, mesmo uma pequena pedra ou um punhado terra trazida lá, serão recordações maravilhosas. O sagrado e o profano Terra Santa. Assim, intificamos essa proximida, ou seja, percebemos um lugar santo, relacionando-o às nossas recordações e sentimentos mais íntimos. Sob a luminosida do Céu e do fogo, pessoas do mundo todo confessam sua fé.
A emoção súbita em lugares como o Santo Sepulcro, o Muro das Lamentações ou a igreja da Nativida, vai além da intificação do sagrado, é a percepção com todos os sentidos: vendo, ouvindo e tateando pares on certamente milhares pessoas, há séculos, impregnam com sua energia, professam sua fé, agracem e pem por suas vidas. São lugares que estão em nosso imaginário e guardam aquilo que u sentido às nossas raízes e, certa forma, consolidaram os vínculos familiares nossos antepassados. Nas ruas da Cida Velha Yerushalayim percebe-se o sagrado, mas também o profano, ou seja, mais uma vez a coexistência estampada na paisagem, caracterizada por uma explosão cores, aromas, sons e movimentos rápidos dos comerciantes, dos turistas, dos peregrinos, que se revelam em cada microespaço, em cada conversa, em cada câmbio. Cores, aromas e sons intensos latam o profano no espaço sagrado. A floresta e o serto É importante citar também a marcante intida ambiental em Israel. De um lado, as montanhas verjantes recobertas pela floresta pinheiros exóticos e as plantações irrigadas das planícies do litoral, outro o serto e as pressões absolutas mar Morto e do mar da Galileia. Aspectos relacionados à geomorfologia e ao clima, que influenciam o uso do espaço e recursos naturais preciosos, como a água. Para nós que vivemos em um dos países com maior disponibilida hídrica, temos percepções diferentes da água e seu uso. Lá, olhos atentos vêem a menor planta um jardim com gotejamento constante florescer no Sol absoluto e na terra arenosa. Vêem também os uadis, vales secos on, nos poucos dias chuva durante o ano, brotam os cursos água intermitentes que cortam os vales em As características do clima que atua na diferentes regiões Israel. Eles são um leite aos região, dos tipos solo, do relevo e da que buscam explicações para a vida vegetal tão hidrografia, entretanto, não são capazes necessária aos olhos ocintais. impedir o uso agrícola da terra.
O fascínio que as regiões sérticas causam, por outro lado, prova que, mesmo sendo realida distante do nosso cotidiano, esses são lugares que fazem parte nosso imaginário. As tendas dos beduínos, por exemplo: tendas que não encontramos, mas casas com materiais diversos, como chapas metal, que abrigam as comunidas pastores. Como vivem ali? Como é possível viver em meio a um clima tão hostil. Uma hostilida que fascina o olhar estrangeiro. Texturas: permanecias e transformações A história dinâmica em Israel, seja ela a recentíssima história ou os fatos milenares, as lutas, rrotas e conquistas seus povos, coabitantes, do Estado, das marcas na paisagem cada lugar, suas permanências e transformações, nos levam a refletir sobre como somos pequenos diante tanta complexida. Essa história, presente em cada pequeno pedaço terra, nos prédios, nos monumentos, no espaço da arte, nos sítios arqueológicos, em diferentes lugares enfim, é parte do cotidiano em Israel, ela se revela nas pequenas pistas ixadas pelas texturas das coisas. Sim, texturas. A textura alguma coisa po dizer muito sobre ela: que material é feita, quando foi criada, como foi usada e porque pomos vê-la como é. As texturas dos lugares pisados, das pares tocadas por mãos ou pelo tempo. Asseguradas pela licença poética, texturas vêm em talhes indicando o que foi gasto pelo tempo, por passos, pela ação humana. As texturas falam do passado e do presente e algumas das impressões sobre Israel estão nelas reveladas, Textura da seiva nos galhos cortados em frente ao Museu do Holocausto: como não ficar imune às impressões percebidas em Yad Vashem? Como como se pussem oferecer a scoberta do perceber o que agora se mostra, modo a tornar mundo pelo tato uma criança, mas com isso improvável no futuro? olhar minucioso. Lugares antagônicos, que possibilitam impressões ampliadas do antigo e do novo, da fé profunda e da sconfiança, do amor puro e da indiferença velada, iias e iais, intimida e distanciamento.
Kibutz Sa ad. Cesarea. Nazaré. Yafo. Tel Aviv. Embora impregnadas impressões, iias e experiências, a percepção um visitante, um estranho, quem não vive o cotidiano um lugar, nunca se aproximará da percepção e da experiência do espaço vivido. Ainda assim, Israel é uma terra a ser visitada, conhecida e compreendida pois, como já comentado, embora distante nosso cotidiano, aspectos importantes da cultura israelense tem papel preponrante em nossas vidas. Israel olha o presente e quer ver sua história no futuro.